Devo dizer ... tenho lembranças de quando Blake Edwards não era somente engraçado ... - mas muito engraçado. Não envelheceu bem, de fato. Ainda assim, com a força de Grant e do co-líder Tony Curtis, esse filme ainda garante uma divertida fuga da realidade.
Não tem nada para não se gostar em um filme que traz dois atores como Matthau e Lemon em seu melhor. É uma situação hilária atrás da outra. Um clássico durável, o tipo de comédia que merece seu respeito especialmente por não tentar arrancar risos com as duas mãos cravadas na sua garganta. Facilmente a melhor adaptação de uma peça do Neil Simon.
Phil Spector amplia o caso jurídico de Spector em explorações maiores sobre mídia, justiça, o-centro-das-atenções e os preconceitos que as pessoas podem abrigar por celebridades e excêntricos. O resultado é um estudo de personagem atencioso, fascinante e propositalmente inconclusivo. Mirren está fantástica e Pacino incorpora Spector em toda sua astúcia e vitalidade impressionantes.
Depois de um tempo, o embaralhamento temporal parece mais pragmático que revelador, e cada vez mais falso. Tanto Baetens quanto Heldenbergh fazem seu melhor para vender os altos e baixos da estória, e mesmo quando a narrativa fica atolada em ciência versus religião, você está preso com um filme completamente dependente em bater um martelo no seu coração. Eu não acho corajoso um filme que usa suas extravagâncias cinematográficas como uma capa para algo que é, essencialmente, um dramalhão.
Apesar de a câmera sofrer ocasionalmente de um caso de pânico e de um script sinceramente calculado, Dallas Buyers Club é um filme tocante, assistível e nos diz verdades muito simples: como em muitas das vezes é o mais engenhoso e egocêntrico de nós que exige sobrevivência, que cria novos caminhos; como a empatia tem o poder de destruir a intolerância. Pode não ser essa exatamente a história de Ron Woodroof ou da medonha política envolvida na epidemia da AIDS na década de 80, mas ainda assim, soa verdadeiro como um vislumbre de volta a um momento em que pessoas desesperadas tomaram medidas desesperadas; com a crescente insatisfação em direção a um complexo médico-industrial que não viu mais que cobaias e fonte de lucro em pessoas doentes. A crise da AIDS não teve um final feliz. Mas certamente foi um teste de espírito humano no qual Woodroof e McConaughey passaram.
Eventualmente, até mesmo o esforço para sobreviver se torna questionável. Estamos todos isolados, todos nós sucumbimos em algum momento. All Is Lost estuda essa declaração de forma econômica, elegante e elementar e nos entrega um conto corretamente observado sobre um homem tentando, escolha por escolha, manter as probabilidades a seu favor. Redford segura a tela com reações emocionais também econômicas e uma forte presença física. Muito bem realizado.
A vida é muito curta para se assistir esse filme. Mais curta ainda para se fazer um filme assim. O que deveria ser, supostamente, uma comédia boba e doce sobre amizades que se prolongam pela vida, acaba por ser um olhar estúpido, ofensivo e cheio de insultos. Os personagens são totalmente passivos - dinheiro, bebidas, mulheres - e nem mesmo os melhores atores podem dar vida a um script que tem tanta imaginação quanto uma porta.
O mais negligenciado de todos os grandes filmes de Woody Allen. Me arrisco a ir até mais longe e compará-lo, de maneira completamente positiva, aos clássicos Discreet Charm of the Burgeoisie de Bunuel e Sherlock Junior de Buster Keaton, dois filmes que The Purple Rose of Cairo recorda de forma nada imitativa - além de mostrar um Allen afogado em sua própria estória, The Kugelmass Episode-. Embora ele não apareça nesse filme, sua escrita e direção são tão fortes que faz qualquer ciente de sua presença em cada frame, iluminando as demais contribuições, especialmente o desempenho brilhante e divertidíssimo de Farrow.
12 Years a Slave não é só uma obra prima, é um marco. Oferece contexto histórico que parece ter sido escrito com um raio. Uma condenação implacável, crua e visceral a um regime violentamente racista que condenou suas vítimas a uma vida de trabalho árduo e crueldades aleatórias justificadas por uma interpretação distorcida do Velho Testamento. Ainda assim, é um filme que vai muito além da escravidão na América no século XIX; é uma história acentuadamente bem contada e que tem muito a dizer sobre o mundo em que vivemos hoje, quando homens ainda são tratados como mercadoria.
E Ejiofor provou ser um mestre do eufemismo físico. Ele projeta nobreza e integridade extraordinárias e prende a câmera de uma maneira magnífica, assim como Fassbender, nos impulsionando a entrar profundamente nas experiências de suas personagens ao invés de oferecer uma sensação fácil e rápida de moralização. O poder do filme de McQueen encontra-se, indubitavelmente, em seu estilo declaratório: isso aconteceu. E isso é tudo.
Quer ser um pouco de Boogie Nights, quer ser um pouco de Argo, quer ser, insistentemente muito de Goodfellas. É, na verdade, uma bala de menta, um chiclete, um laxante, um disco de hockey. E sério, escalar Christian Bale como um judeu do Bronx faz tanto sentido quanto escalar Woody Allen como um pastor do Alabama. Em poucas palavras: é Scorsese em versão karaokê. Arrgh.
O melhor filme de Scorsese desde Casino, o mais provocativo desde de Goodfellas e, de longe, o filme mais divertido que ele já fez. Se Taxi Driver diagnosticou a América como uma doença interior e infernal, The Wolf Of Wall Street sugere que essa doença se espalhou mundo à fora, a ponto de a cultura se tornar praticamente imune às dores de consciência e vergonha. Wolf entrega o tipo de sensação que você só recebe de um cineasta original, estudioso e isso só faz restaurar nossa fé no cinema, na capacidade de se fazer filmes audaciosos e grandiosos nos dias de hoje. American Hustle, uma imitação de segunda mão deste tipo de filme, tem colecionado prêmios não merecidos e rumores de Oscars nessas últimas semanas. Mas nós sabemos que The Wolf Of Wall Street é o real, é a versão de verdade.
E DiCaprio já tinha nos dado dicas de que a comédia poderia ser sua vocação natural - em Catch Me If You Can, por exemplo - mas sua energia como Belfort não é só questão de diversão, é também descobrimento. Ele está positivamente reptiliano e cospe todas as suas linhas com exultação, a ponto de você ficar horrorizado e encantado com seu monstro vestido de Armani, proporcionando a melhor performance do ano.
Definitivamente, ninguém gera impulso narrativo como Scorsese quando ele está em seu elemento. Ele não condena seus personagens de maneira ativista, moralista ou tradicional. Ele permite que seus personagens condenem à si mesmos.
Gravity não é um filme de idéias, como o techno-místico de Kubrick, mas é uma experiência física esmagadora, um desafio aos sentidos que envolve todos os tipos de pavor. Cuarón e seu diretor de fotografia tratam seus espectadores da mesma forma que retratam seus astronautas. Uma maravilha ténica absoluta, sem dúvidas - dos efeitos especiais a edição e mixagem de som-. Em termos de imersão cinematográfica, esse filme é incrível. Em termos de narrativa, no entanto, não oferece nada que não tenhamos visto antes, e nesse aspecto, sofre de uma negligência tamanha. Considerando o conjunto da obra, está longe, bem longe de ser o melhor do ano e tenho dúvidas sobre toda essa babação de ovo acerca desse filme.
O típico caso de primeiro-estilo-substância-depois do qual o Luhrmann parece sofrer desde seu debut como diretor. Parece até que o cara é incapaz de acessar o material e só o cola na tela. E sinto muito, só porque um filme parece ter sido mergulhado em ouro 18 quilates, não significa que seja rico em qualidade. Adaptar Gatsby só para poder recriar as cenas de festa é como re-filmar Born On The 4th Of July pelas cenas de guerra. Sinceramente, Luhrmann tem um talento especial em perder o foco. Tudo sobre a interpretação glam desse Gatsby é chamativo: cast chamativo, mansões chamativas, paisagens chamativas, festas chamativas e, acima de tudo, sua expressão de tédio extremamente chamativa. Quase 100% fiel ao plot e quase 0% fiel em termos de tema, personagem e impacto.
Mesmo que as cenas da guerra sejam angustiantes, o inferno parece ser o que vem depois: as cicatrizes emocionais irreparáveis entre os personagens de Cruz e Hirsch, visíveis nos anéis vermelhos que circundam os olhos de Diego. Uma criança pode até representar o futuro para Gemma, mas a guerra só dá luz ao horror. Twice Born, nos dá a chance de ver sua história com múltiplas visões, e percebe, de uma maneira vívida, ações que Hannah Arendt condenou em sua análise sobre a banalidade do mal. Bravíssimo.
Os últimos filmes de Woody Allen parecem ficar cada vez melhores. Blue Jasmine pode ser colocado ao lado de Match Point, Vicky Cristina Barcelona e Midnight In Paris, com suas risadas derivadas da depressão, da morte e da negação. Espirituoso sobre pretensões sociais, eloquente sobre falha e perda, mordaz sobre família; um drama astuto, humano e cheio de observações afiadas sobre o estado em que se encontra o mundo - riqueza, ganância, corrupção - e as ondas de choque que ocorrem quando crimes levam à punição.
Há algo de catártico sobre um filme contemporâneo que está disposto a explorar a loucura como expressão de quem uma pessoa realmente é, e Blanchett (em uma perfomance que lembra, sem constrangimento algum, Gena Rowlands em A Woman Under The Influence) interpreta Jasmine como uma mulher a beira de se tornar incapaz de viver e conviver neste mundo. Ela é dona de Blue Jasmine assim como sua personagem é dona de todas as ilusões que assistimos. Ela se desfaz de toda sua vaidade e pinga litros de desespero ao longo de Blue Jasmine. Ela faz com que Allen seja ouvido através dela, e se este roteiro é um indicador de sua mentalidade atual, ou ele está se sentindo blue como Jasmine, ou se divertindo muito ao torcer a faca no buraco da fechadura de todas as fraquezas humanas. No fim, você pode até se sentir culpado por rir de alguns momentos de Blue Jasmine, mas Blanchett sabe desenhar limites de uma maneira graciosa, mesmo depois de todos aqueles martinis.
Uma jóia esquecida de Woody Allen. Invoca o humor de um Fellini dos anos 60 através de suas recordações problemáticas. O equilíbrio certo entre um Allen sério e sua versão mais engraçada.
Não entendo, de verdade, o motivo pelo qual alguns julgam tão mal e tão rápido esse filme. Acusaram Stardust Memories até de ser uma desculpa para Allen expressar sua auto-piedade por ser famoso. Eu até consigo entender porque alguns pensam assim, mas não vejo isso de forma tão repulsiva e lamentável como algumas pessoas fazem parecer, e o filme tem uma série de piadas muito engraçadas misturadas com as mais fracas. Sem querer parecer aquele tipo de usuário que acha que alguém não gostou porque não entendeu, mas tenho em mente que muitas pessoas simplesmente não compreenderam que Allen, em Stardust Memories, não está tentando atacar seu público ou seus críticos. Ele só quer nos dizer - através de um dos finais mais edificantes de qualquer filme do cara - que o amor, essencialmente, é a resposta para todas as perguntas de seu filme; que quando você encontra a pessoa certa, não importa em qual trem você está, você irá, sem dúvidas, aproveitar o passeio.
Um dos filmes mais inteligentes filmes de Sci-Fi. Agradável por sua intimidade, seriedade, pelo ótimo trabalho de desenvolvimento de personagens; virtudes não perpetuadas por essas novas ondas subsequente. Sofreu com o tempo, é verdade. Mas as visões que Trumbull nos entrega ainda brilham, assim como o fantástico Bruce Dern. Um filme maravilhoso, não me canso de reassisti-lo .
Entrega personagens com características exclusivamente irritantes. Está longe de oferecer qualquer mensagem sobre amor, família ou a morte que, graciosamente, Delpy conseguiu em 2 Days In Paris.
James Ponsoldt tem um problema com bebida. O problema é que ele, aparentemente, não consegue parar de fazer filmes sobre bebida. Dada a premissa inicial do filme, é lamentável que ele siga desesperadamente com a intenção de transformar seu protagonista em um personagem freudiano e também que insista em continuar em um território todo 'John Hughes' para se distrair da verdadeira história, sobre o que The Spectacular Now realmente trata. De verdade? Nada de espetacular.
Out Of The Furnace parece um companheiro de Killing Them Softly no que diz respeito à ritmo e tom. Entretanto, ao contrário de Killing Them Softly, esse filme quase nunca tira proveito de seu ambiente ameaçador. Não entrega nenhuma magia realista - com exceção dos carros enferrujados e dos ternos de Dafoe - mas suas performances sólidas, especialmente de Bale e Affleck, em momentos menores, fazem o filme valer a pena.
Nem de perto tão mágico quanto quer ser. E é verdade: quanto mais de perto você olha, há menos e menos para se ver. Se você se sente bem com um filme te fazendo de bobo, vai rir, bater palmas e se perguntar como o pássaro entrou na cartola. Mas se você acha que há uma grande diferença entre ser enganado e fazer parte de um truque, então você pode se sentir trapaceado. Quer ser Ocean's Eleven com varinhas e cartolas, mas o relacionamento entre Now You See Me as entidades envolvidas, não chegou nem perto de Clonney e companhia.
Michael Shannon se move como um tubarão por Ice Man. Ele habita seu personagem de uma forma que, ao final do filme, você sente que pode, mesmo que não entenda Richard Kuklinski, desejar que ele tenha encontrado alguma forma de redenção na vida. No entanto, nada mais em Ice Man está, nem mesmo remotamente, no mesmo nível da atuação de Shannon, do script wanna-be Scorsese à cinematografia e edição extremamente sem vida.
É mais sobre o que aconteceu à Linda Boreman do que sobre ela. Reduz sua vida conturbada a cenas tão caricatas de sexo e violência que chega a dar a impressão que as mesmas pudessem ser reutilizadas em vídeos de bandas de hair metal. Está dentre as biografias mais macias e menos substantivas que eu já assisti e me surpreende muito que tenha passado pelas fases de script e produção sem que ninguém, ao menos uma vez, tivesse perguntado o porquê exatamente de se fazer esse filme.
Anáguas a Bordo
3.5 19 Assista AgoraDevo dizer ... tenho lembranças de quando Blake Edwards não era somente engraçado ... - mas muito engraçado. Não envelheceu bem, de fato. Ainda assim, com a força de Grant e do co-líder Tony Curtis, esse filme ainda garante uma divertida fuga da realidade.
Meu Melhor Inimigo
3.6 19Não tem nada para não se gostar em um filme que traz dois atores como Matthau e Lemon em seu melhor. É uma situação hilária atrás da outra. Um clássico durável, o tipo de comédia que merece seu respeito especialmente por não tentar arrancar risos com as duas mãos cravadas na sua garganta. Facilmente a melhor adaptação de uma peça do Neil Simon.
Phil Spector
3.1 32 Assista AgoraPhil Spector amplia o caso jurídico de Spector em explorações maiores sobre mídia, justiça, o-centro-das-atenções e os preconceitos que as pessoas podem abrigar por celebridades e excêntricos. O resultado é um estudo de personagem atencioso, fascinante e propositalmente inconclusivo. Mirren está fantástica e Pacino incorpora Spector em toda sua astúcia e vitalidade impressionantes.
Alabama Monroe
4.3 1,4KDepois de um tempo, o embaralhamento temporal parece mais pragmático que revelador, e cada vez mais falso. Tanto Baetens quanto Heldenbergh fazem seu melhor para vender os altos e baixos da estória, e mesmo quando a narrativa fica atolada em ciência versus religião, você está preso com um filme completamente dependente em bater um martelo no seu coração. Eu não acho corajoso um filme que usa suas extravagâncias cinematográficas como uma capa para algo que é, essencialmente, um dramalhão.
Clube de Compras Dallas
4.3 2,8K Assista AgoraApesar de a câmera sofrer ocasionalmente de um caso de pânico e de um script sinceramente calculado, Dallas Buyers Club é um filme tocante, assistível e nos diz verdades muito simples: como em muitas das vezes é o mais engenhoso e egocêntrico de nós que exige sobrevivência, que cria novos caminhos; como a empatia tem o poder de destruir a intolerância. Pode não ser essa exatamente a história de Ron Woodroof ou da medonha política envolvida na epidemia da AIDS na década de 80, mas ainda assim, soa verdadeiro como um vislumbre de volta a um momento em que pessoas desesperadas tomaram medidas desesperadas; com a crescente insatisfação em direção a um complexo médico-industrial que não viu mais que cobaias e fonte de lucro em pessoas doentes. A crise da AIDS não teve um final feliz. Mas certamente foi um teste de espírito humano no qual Woodroof e McConaughey passaram.
Até o Fim
3.4 418 Assista AgoraEventualmente, até mesmo o esforço para sobreviver se torna questionável. Estamos todos isolados, todos nós sucumbimos em algum momento. All Is Lost estuda essa declaração de forma econômica, elegante e elementar e nos entrega um conto corretamente observado sobre um homem tentando, escolha por escolha, manter as probabilidades a seu favor. Redford segura a tela com reações emocionais também econômicas e uma forte presença física. Muito bem realizado.
Última Viagem a Vegas
3.5 502 Assista AgoraA vida é muito curta para se assistir esse filme. Mais curta ainda para se fazer um filme assim. O que deveria ser, supostamente, uma comédia boba e doce sobre amizades que se prolongam pela vida, acaba por ser um olhar estúpido, ofensivo e cheio de insultos. Os personagens são totalmente passivos - dinheiro, bebidas, mulheres - e nem mesmo os melhores atores podem dar vida a um script que tem tanta imaginação quanto uma porta.
A Rosa Púrpura do Cairo
4.1 590 Assista AgoraO mais negligenciado de todos os grandes filmes de Woody Allen. Me arrisco a ir até mais longe e compará-lo, de maneira completamente positiva, aos clássicos Discreet Charm of the Burgeoisie de Bunuel e Sherlock Junior de Buster Keaton, dois filmes que The Purple Rose of Cairo recorda de forma nada imitativa - além de mostrar um Allen afogado em sua própria estória, The Kugelmass Episode-. Embora ele não apareça nesse filme, sua escrita e direção são tão fortes que faz qualquer ciente de sua presença em cada frame, iluminando as demais contribuições, especialmente o desempenho brilhante e divertidíssimo de Farrow.
12 Anos de Escravidão
4.3 3,0K12 Years a Slave não é só uma obra prima, é um marco. Oferece contexto histórico que parece ter sido escrito com um raio. Uma condenação implacável, crua e visceral a um regime violentamente racista que condenou suas vítimas a uma vida de trabalho árduo e crueldades aleatórias justificadas por uma interpretação distorcida do Velho Testamento. Ainda assim, é um filme que vai muito além da escravidão na América no século XIX; é uma história acentuadamente bem contada e que tem muito a dizer sobre o mundo em que vivemos hoje, quando homens ainda são tratados como mercadoria.
E Ejiofor provou ser um mestre do eufemismo físico. Ele projeta nobreza e integridade extraordinárias e prende a câmera de uma maneira magnífica, assim como Fassbender, nos impulsionando a entrar profundamente nas experiências de suas personagens ao invés de oferecer uma sensação fácil e rápida de moralização. O poder do filme de McQueen encontra-se, indubitavelmente, em seu estilo declaratório: isso aconteceu. E isso é tudo.
Trapaça
3.4 2,2K Assista AgoraQuer ser um pouco de Boogie Nights, quer ser um pouco de Argo, quer ser, insistentemente muito de Goodfellas. É, na verdade, uma bala de menta, um chiclete, um laxante, um disco de hockey. E sério, escalar Christian Bale como um judeu do Bronx faz tanto sentido quanto escalar Woody Allen como um pastor do Alabama. Em poucas palavras: é Scorsese em versão karaokê. Arrgh.
O Lobo de Wall Street
4.1 3,4K Assista AgoraO melhor filme de Scorsese desde Casino, o mais provocativo desde de Goodfellas e, de longe, o filme mais divertido que ele já fez. Se Taxi Driver diagnosticou a América como uma doença interior e infernal, The Wolf Of Wall Street sugere que essa doença se espalhou mundo à fora, a ponto de a cultura se tornar praticamente imune às dores de consciência e vergonha. Wolf entrega o tipo de sensação que você só recebe de um cineasta original, estudioso e isso só faz restaurar nossa fé no cinema, na capacidade de se fazer filmes audaciosos e grandiosos nos dias de hoje. American Hustle, uma imitação de segunda mão deste tipo de filme, tem colecionado prêmios não merecidos e rumores de Oscars nessas últimas semanas. Mas nós sabemos que The Wolf Of Wall Street é o real, é a versão de verdade.
E DiCaprio já tinha nos dado dicas de que a comédia poderia ser sua vocação natural - em Catch Me If You Can, por exemplo - mas sua energia como Belfort não é só questão de diversão, é também descobrimento. Ele está positivamente reptiliano e cospe todas as suas linhas com exultação, a ponto de você ficar horrorizado e encantado com seu monstro vestido de Armani, proporcionando a melhor performance do ano.
Definitivamente, ninguém gera impulso narrativo como Scorsese quando ele está em seu elemento. Ele não condena seus personagens de maneira ativista, moralista ou tradicional. Ele permite que seus personagens condenem à si mesmos.
Gravidade
3.9 5,1K Assista AgoraGravity não é um filme de idéias, como o techno-místico de Kubrick, mas é uma experiência física esmagadora, um desafio aos sentidos que envolve todos os tipos de pavor. Cuarón e seu diretor de fotografia tratam seus espectadores da mesma forma que retratam seus astronautas. Uma maravilha ténica absoluta, sem dúvidas - dos efeitos especiais a edição e mixagem de som-. Em termos de imersão cinematográfica, esse filme é incrível. Em termos de narrativa, no entanto, não oferece nada que não tenhamos visto antes, e nesse aspecto, sofre de uma negligência tamanha. Considerando o conjunto da obra, está longe, bem longe de ser o melhor do ano e tenho dúvidas sobre toda essa babação de ovo acerca desse filme.
O Grande Gatsby
3.9 2,7K Assista AgoraO típico caso de primeiro-estilo-substância-depois do qual o Luhrmann parece sofrer desde seu debut como diretor. Parece até que o cara é incapaz de acessar o material e só o cola na tela. E sinto muito, só porque um filme parece ter sido mergulhado em ouro 18 quilates, não significa que seja rico em qualidade. Adaptar Gatsby só para poder recriar as cenas de festa é como re-filmar Born On The 4th Of July pelas cenas de guerra. Sinceramente, Luhrmann tem um talento especial em perder o foco. Tudo sobre a interpretação glam desse Gatsby é chamativo: cast chamativo, mansões chamativas, paisagens chamativas, festas chamativas e, acima de tudo, sua expressão de tédio extremamente chamativa. Quase 100% fiel ao plot e quase 0% fiel em termos de tema, personagem e impacto.
Prova de Redenção
4.2 363Mesmo que as cenas da guerra sejam angustiantes, o inferno parece ser o que vem depois: as cicatrizes emocionais irreparáveis entre os personagens de Cruz e Hirsch, visíveis nos anéis vermelhos que circundam os olhos de Diego. Uma criança pode até representar o futuro para Gemma, mas a guerra só dá luz ao horror. Twice Born, nos dá a chance de ver sua história com múltiplas visões, e percebe, de uma maneira vívida, ações que Hannah Arendt condenou em sua análise sobre a banalidade do mal. Bravíssimo.
Blue Jasmine
3.7 1,7K Assista AgoraOs últimos filmes de Woody Allen parecem ficar cada vez melhores. Blue Jasmine pode ser colocado ao lado de Match Point, Vicky Cristina Barcelona e Midnight In Paris, com suas risadas derivadas da depressão, da morte e da negação. Espirituoso sobre pretensões sociais, eloquente sobre falha e perda, mordaz sobre família; um drama astuto, humano e cheio de observações afiadas sobre o estado em que se encontra o mundo - riqueza, ganância, corrupção - e as ondas de choque que ocorrem quando crimes levam à punição.
Há algo de catártico sobre um filme contemporâneo que está disposto a explorar a loucura como expressão de quem uma pessoa realmente é, e Blanchett (em uma perfomance que lembra, sem constrangimento algum, Gena Rowlands em A Woman Under The Influence) interpreta Jasmine como uma mulher a beira de se tornar incapaz de viver e conviver neste mundo. Ela é dona de Blue Jasmine assim como sua personagem é dona de todas as ilusões que assistimos. Ela se desfaz de toda sua vaidade e pinga litros de desespero ao longo de Blue Jasmine. Ela faz com que Allen seja ouvido através dela, e se este roteiro é um indicador de sua mentalidade atual, ou ele está se sentindo blue como Jasmine, ou se divertindo muito ao torcer a faca no buraco da fechadura de todas as fraquezas humanas. No fim, você pode até se sentir culpado por rir de alguns momentos de Blue Jasmine, mas Blanchett sabe desenhar limites de uma maneira graciosa, mesmo depois de todos aqueles martinis.
Para Maiores
2.1 1,4KMovie 43 é grosseiro, juvenil, nojento, escatológico, vil, condenável e do pior mal gosto possível. Mas, que o que chamam de deus me perdoe, eu ri.
Memórias
4.0 168 Assista AgoraUma jóia esquecida de Woody Allen. Invoca o humor de um Fellini dos anos 60 através de suas recordações problemáticas. O equilíbrio certo entre um Allen sério e sua versão mais engraçada.
Não entendo, de verdade, o motivo pelo qual alguns julgam tão mal e tão rápido esse filme. Acusaram Stardust Memories até de ser uma desculpa para Allen expressar sua auto-piedade por ser famoso. Eu até consigo entender porque alguns pensam assim, mas não vejo isso de forma tão repulsiva e lamentável como algumas pessoas fazem parecer, e o filme tem uma série de piadas muito engraçadas misturadas com as mais fracas. Sem querer parecer aquele tipo de usuário que acha que alguém não gostou porque não entendeu, mas tenho em mente que muitas pessoas simplesmente não compreenderam que Allen, em Stardust Memories, não está tentando atacar seu público ou seus críticos. Ele só quer nos dizer - através de um dos finais mais edificantes de qualquer filme do cara - que o amor, essencialmente, é a resposta para todas as perguntas de seu filme; que quando você encontra a pessoa certa, não importa em qual trem você está, você irá, sem dúvidas, aproveitar o passeio.
Corrida Silenciosa
3.4 36 Assista AgoraUm dos filmes mais inteligentes filmes de Sci-Fi. Agradável por sua intimidade, seriedade, pelo ótimo trabalho de desenvolvimento de personagens; virtudes não perpetuadas por essas novas ondas subsequente. Sofreu com o tempo, é verdade. Mas as visões que Trumbull nos entrega ainda brilham, assim como o fantástico Bruce Dern. Um filme maravilhoso, não me canso de reassisti-lo .
Dois Dias em Nova York
2.9 108Entrega personagens com características exclusivamente irritantes. Está longe de oferecer qualquer mensagem sobre amor, família ou a morte que, graciosamente, Delpy conseguiu em 2 Days In Paris.
O Maravilhoso Agora
3.2 808 Assista AgoraJames Ponsoldt tem um problema com bebida. O problema é que ele, aparentemente, não consegue parar de fazer filmes sobre bebida. Dada a premissa inicial do filme, é lamentável que ele siga desesperadamente com a intenção de transformar seu protagonista em um personagem freudiano e também que insista em continuar em um território todo 'John Hughes' para se distrair da verdadeira história, sobre o que The Spectacular Now realmente trata. De verdade? Nada de espetacular.
Tudo por Justiça
3.4 375 Assista AgoraOut Of The Furnace parece um companheiro de Killing Them Softly no que diz respeito à ritmo e tom. Entretanto, ao contrário de Killing Them Softly, esse filme quase nunca tira proveito de seu ambiente ameaçador. Não entrega nenhuma magia realista - com exceção dos carros enferrujados e dos ternos de Dafoe - mas suas performances sólidas, especialmente de Bale e Affleck, em momentos menores, fazem o filme valer a pena.
Truque de Mestre
3.8 2,5K Assista AgoraNem de perto tão mágico quanto quer ser. E é verdade: quanto mais de perto você olha, há menos e menos para se ver. Se você se sente bem com um filme te fazendo de bobo, vai rir, bater palmas e se perguntar como o pássaro entrou na cartola. Mas se você acha que há uma grande diferença entre ser enganado e fazer parte de um truque, então você pode se sentir trapaceado. Quer ser Ocean's Eleven com varinhas e cartolas, mas o relacionamento entre Now You See Me as entidades envolvidas, não chegou nem perto de Clonney e companhia.
O Homem de Gelo
3.4 157 Assista AgoraMichael Shannon se move como um tubarão por Ice Man. Ele habita seu personagem de uma forma que, ao final do filme, você sente que pode, mesmo que não entenda Richard Kuklinski, desejar que ele tenha encontrado alguma forma de redenção na vida. No entanto, nada mais em Ice Man está, nem mesmo remotamente, no mesmo nível da atuação de Shannon, do script wanna-be Scorsese à cinematografia e edição extremamente sem vida.
Lovelace
3.4 548 Assista AgoraÉ mais sobre o que aconteceu à Linda Boreman do que sobre ela. Reduz sua vida conturbada a cenas tão caricatas de sexo e violência que chega a dar a impressão que as mesmas pudessem ser reutilizadas em vídeos de bandas de hair metal. Está dentre as biografias mais macias e menos substantivas que eu já assisti e me surpreende muito que tenha passado pelas fases de script e produção sem que ninguém, ao menos uma vez, tivesse perguntado o porquê exatamente de se fazer esse filme.