A contagem do tempo é um tema ou subtema recorrente na filmografia do Nolan (a ponto de até mesmo em Dunkirk termos esse elemento como motriz). Com isso eu estava bem animado com a premissa de Tenet. Infelizmente, com a expectativa, o baque veio.
Me parece que um dos poucos méritos de Tenet está em trazer uma abordagem inédita para a viagem no tempo e as implicações desse conceito tanto no desenvolvimento dos acontecimentos como na imagética do filme, mas até mesmo essa conquista perde originalidade quando o roteiro decide reciclar velhos clichês do tema e acaba por se diluir nas dinâmicas mais tradicionais sobre determinismo temporal. Ainda assim, o CGI e os efeitos práticos, inclusive as coreografias de luta, foram bem assertivos e inventivos ao sintetizar a ideia em algo interessante de se acompanhar em boa parte do filme (com exceção da cena de batalha em campo, o que me pareceu visualmente redundante e arrastado). A espetacularização da "entropia invertida" é o que vale a experiência.
De resto, o filme é propositalmente confuso. E não é que o filme não faça questão de se fazer entender, o filme na verdade se esforça para ter uma montagem caótica a ponto de ser desgastante acompanhar as motivações dos personagens, para que no final, caso você entenda a sucessão de acontecimento, você não se sinta recompensando. Se a gente consegue entender perfeitamente essa salada-mista de cenas, o que não é fácil, vemos como o roteiro é preguiçoso e batido.
Isso sem falar no péssimo desenvolvimento dos personagens, a ponto de
um agente treinado não ter o menor pragmatismo para com a missão de salvar a realidade, e comece a genuinamente se importar com a personagem Kat e direcionar suas atitudes em razão disso.
Premissa boa, roteiro prematuro que merecia um tempinho a mais na incubadora.
Filme fantástico, que vale a revisita em fases diferentes da vida e que estimula muitas conversas e análises.
Pra mim, um dos maiores méritos do filme é como o roteiro se utiliza da tensão sexual como um artifício metalinguístico para a inquietude e o desconforto que ditam o tom da trama, o que vai aos poucos densificando a atmosfera do que nos está sendo apresentado. Sempre que o personagem está prestes a satisfazer sua libido, ele é interrompido e precisa postergar seu gozo. As cenas de flerte se dilatam em um estímulo crescente e são frustradas quase que em seus ápices, sem uma conclusão satisfatória, acumulando uma tensão que não promete ser resolvida.
Essa tensão se confunde brilhantemente à tensão não sexual (até porque também se deriva de contextos de luxúria): o desconforto com a imaginação e com o subconsciente da esposa + os perigos e implicâncias de sua ida ao baile de máscaras.
Por fim, pelo menos metaforicamente, o arco do protagonista gira em torno de uma pulsão sexual mal resolvida, restando à personagem da Nicole Kidman a frase que encerra a película e que talvez saneará o clima de suspense e incômodo entre os dois.
O filme é excelente no primeiro ato, pensei até que o marcaria como favorito, mas com o passar do tempo todos os bons elementos parecem desbotar um pouco. A célula mais fraca e que acaba por comprometer a trama é exatamente o romance entre o protagonista e a Alyssa, que não convence e se mostra dispensável em todo e qualquer aspecto. Eu não conhecia a sinopse do filme, então antes deles se relacionarem eu imaginava até que o "enamorado" seria, não de uma paixão à outra pessoa, mas simplesmente uma ironia poética da condição bruta que tinha o Julian para a transformação em alguém mais tolerante e que "ama o próximo" – a mensagem seria bem mais significativa assim. A fotografia é muito boa, sobretudo na primeira metade do filme, e a maioria dos personagens funcionam bem. Eu substituiria apenas o romance entre os dois por um enfoque maior ao desenvolvimento da amizade e confiança entre o treinador, o Julian e o boxeador negro. Esse último, por sinal, merecia ter tido um destaque maior, podendo ser um coadjuvante de peso e relevância para os acontecimentos do filme, ao invés de simplesmente sumir da trama em determinado momento.
Filme forte, sobretudo por nos incitar uma empatia dúbia e bipartida: nos vemos no Lucas - já que qualquer pessoa estaria sujeita a essa situação - assim como nos vemos em quem o julga (nessa quase histeria coletiva, que não é gratuita). É uma tragédia sem vilania, e isso entope o nosso cano de escape, já que sabemos que culpar a Klara por tudo isso também não soa justo. Está certamente entre os meus filmes favoritos.
Peca pelo excesso de piadas e pela infantilização do Ultron. Eu gostei do filme, mas o trailer me prometeu algo maior e mais denso. Espero que o tom de Civil War seja diferente.
Interessante sentir a narrativa como verdadeira protagonista do filme, nos fazendo acreditar que um elenco tão bem escolhido pode trabalhar unicamente como coadjuvante dos fatos. O enredo demora a emplacar porque começa de forma tendenciosamente nebulosa, se desvendando aos poucos a cada cena, mas quando o faz, é digno de respeito. É inevitável criar-se todo tipo de expectativa e teoria sobre as reais conexões entre cada uma das seis histórias, assim como é inevitável ter suas teorias claramente subvertidas (o que é muito bom). Assisti ao filme uma segunda vez, já conhecendo de sua não linearidade, e entendendo o quebra-cabeças, e me cativei ainda mais.
Quando compreendemos o ritmo do filme, é notado que cada história se sobressai como uma partícula no seu universo temporal vizinho, sob um tom de teoria do caos, aonde o detalhe mais ínfimo pode nortear e inspirar inúmeros acontecimentos futuros. A trama é muito feliz por conseguir tal feito sem comprometer o desenvolvimento individual, filosófico e independente de cada história, que segue sua própria diretriz, em seu método específico de direção. Filme ousado, por todos os recursos linguísticos que usou, assim como pela forma que usou. Excelente.
Recomendo pra quem tem paciência, verdade verdadeira.
As paisagens aliadas à trilha sonora já sanariam qualquer eventual deslize do roteiro, sério. Estarrecedor. Uma compilação de cenários belíssimos sob uma lente impecável, coisa pra provocar ciúmes à Natgeo.
Authority é de um conceito bem interessante também. O poder estatal subjugando a classe civil, e vice e versa. Uma sacada legal é a semelhança entre as duas atrizes, que se diferenciam apenas pelo que vestem. Com a nudez e a interação que o filme promete, claro, há o nivelamento de ambos, alcançando, com o passar do curta, um nível de parceria, onde as duas são por fim algemadas uma a outra. Acho apenas que cabia uma fotografia menos rude, o resultado teria saído bem melhor.
A questão do desapego à autopreservação (suicídio) é inquietante, e imprimiu, pelo menos pra mim, um sentido alegórico à toda irresponsabilidade socioecológica da humanidade - que é também, seja conscientemente ou não, um legítimo desapego à vida.
Eu não esperava que o filme fosse um sucesso, mesmo antes de assistir, nem que agradasse a grande massa como alguns clássicos do diretor o fizeram, mas esperava, no mínimo, que ele conquistasse um posto tardio e póstumo como clássico cult ou qualquer status digno do tipo.
Não acontecerá. Um filme com uma carga dessa precisa de atores que aguentem o tranco e que se vistam inteiramente com o papel. Que escolha infeliz de elenco, tsc.
O ritmo e a tensão seguiam uma matemática perfeita até pouco depois da metade do filme, mas com o passar do tempo o filme perde drasticamente o fôlego, talvez por começarmos a nos acostumar com a ideia de que aquela linha tênue entre o horror e o exagero tosco e desmedido já havia sido ultrapassado
(ah, com certeza isso fica evidente no final do filme)
. Não recomendo pra quem espera fidelidade ao enredo original, mas sim pra quem quer uma experiência nova com elementos do clássico. Bom filme, mas nada que mereça o status de "o filme mais apavorante que você verá nessa vida".
Stephenie Meyer é uma verdadeira Midas às avessas. Tem boas ideias, mas não sabe como explorá-las e aprofundá-las de uma maneira não clichê ou pré-adolescente. A saga crepúsculo, assim como esse filme, tem bons gatilhos para um bom enredo, mas são trabalhados de forma tão medíocre que o resultado não poderia sem menos indigesto.
Assim como em Bastardos Inglórios, Tarantino propõe novamente uma carga irônica na trama que vai de encontro com a realidade social daquele contexto, como um reparador histórico. A redenção do oprimido vem por meio de seu suor e do sangue daqueles que ele precise matar no caminho. Daí temos uma fonte interminável de pelejas e situações fascinantes. Fico impressionado como esse gatilho pôde ser reutilizado sob diferentes abordagens sem soar como uma reciclagem ou uma "fórmula pronta".
Django Livre certamente tem sua própria identidade, inclusive quando bebe da fonte dos clássicos spaghetti westerns sem se vestir de sátira, fazendo inúmeras referências ao gênero e mantendo, ainda assim, a sua fidelidade ao velho método já consagrado de direção e roteirização ímpar do grande Tarantino.
Há, pra mim, um verdadeiro dilema quanto ao idioma ideal pra se assistir ao filme. Em inglês as piadas, os trocadilhos e os desentendimentos gaguejados de quem não fala bem um idioma estrangeiro funcionam melhor, mas em português nós temos a voz do brasílio Carlinhos Brown, manjador dos paranuês, cantando Ararinha e dando um elegante tapa na versão original cantada pelo Jamie Foxx.
Vale dizer que o filme cria um cenário leve e aconchegante pra quem o assiste com mais alguém ao lado, meio que te induz ao abraço. O ideal para as primeiras semanas de namoro.
Primeira e melhor experiência 3D que tive até hoje. Deslumbrante quando visto em uma primeira vez, mas desbotado sempre que revisto. Ainda assim, não condeno o Cameron por nos encantar meramente com o visual do filme, porque à primeira vista eu não senti falta de mais nada, sinceramente. É um filme que brincou com meus critérios de avaliação. No fim do filme - ao menos na primeira vez que assisti - saí do cinema sentindo que o ingresso daquela sessão teria saído barato demais.
Um delay desnecessário e incompleto da excelente versão sueca. Se os estadunidenses não tivessem tanto preconceito para com filmes legendados, é bem possível que esse filme sequer existisse. Ainda assim, não digo que o filme seja fraco, apenas é uma produção inócua se seu objetivo foi somar algo à trama (pois, ao contrário, em parte lhe foi subtraído). A única cena em que, com certeza, houve superioridade da versão americana à sueca, foi
aquela em que o tutor da Abby/Eli fracassa ao tentar drenar o sangue de um jovem. O ritmo da cena, o carro capotando e o ácido na cara foram o ápice
.
A sintonia entre os atores mirins, assim como na versão original, é muito boa. E os atores conseguem construir personagens que fujam, mesmo que minimamente, de seus equivalentes suecos. Owen é um personagem mais obscuro do que Oskar (equivalente sueco), e sua solidão tal como sua tendência psicótica é bem mais evidente. Não se animem tanto, esses detalhes não criam bifurcação alguma na trama: a história é a mesma! Abby é bem próxima da Eli, pelo menos no roteiro. Mas a Chloë Grace Moretz empresta, acidentalmente, uma pose menos meiga à sua personagem. É omitido, inclusive,
a androgenia da vampira, que na verdade é um menino castrado, dando um sentido dúbio, genial e de uma inocência magnífica à frase "se eu não fosse uma menina, você gostaria de mim do mesmo jeito?".
.
Por fim, atenda ao título da película e deixe-a entrar em sua casa -- mas sem esquecer da versão nórdica! O filme, isolado do status "remake blockbuster", é uma bela experiência.
Crossover inusitado que extrapola as expectativas, ainda que norteado pelos velhos clichês dos blockbusters do gênero. Friso, claro, que qualquer filme com um nome tão tosco quanto esse já começa com a expectativa lá embaixo.
Um flerte honesto, ainda que pouco aprofundado, com o que há de mais desprezível, doentio e reprimido na psiquê e na sexualidade humana. Consegue um desempenho mediano no tocante à imagética - admito que esperava algo bem mais impactante e explícito - mas se sobressai no drama psicológico nos momentos finais,
trabalhando bem o sentimento de degradação e remorso.
.
Há, em verdade, um leque quase que dadaísta de críticas sociais transbordando de suas entrelinhas, esperando a sensibilidade de qualquer um com o mínimo de senso crítico.
Filme rude, com potencial e um final digno. Recomendo.
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Tenet
3.4 1,3K Assista AgoraA contagem do tempo é um tema ou subtema recorrente na filmografia do Nolan (a ponto de até mesmo em Dunkirk termos esse elemento como motriz). Com isso eu estava bem animado com a premissa de Tenet. Infelizmente, com a expectativa, o baque veio.
Me parece que um dos poucos méritos de Tenet está em trazer uma abordagem inédita para a viagem no tempo e as implicações desse conceito tanto no desenvolvimento dos acontecimentos como na imagética do filme, mas até mesmo essa conquista perde originalidade quando o roteiro decide reciclar velhos clichês do tema e acaba por se diluir nas dinâmicas mais tradicionais sobre determinismo temporal. Ainda assim, o CGI e os efeitos práticos, inclusive as coreografias de luta, foram bem assertivos e inventivos ao sintetizar a ideia em algo interessante de se acompanhar em boa parte do filme (com exceção da cena de batalha em campo, o que me pareceu visualmente redundante e arrastado). A espetacularização da "entropia invertida" é o que vale a experiência.
De resto, o filme é propositalmente confuso. E não é que o filme não faça questão de se fazer entender, o filme na verdade se esforça para ter uma montagem caótica a ponto de ser desgastante acompanhar as motivações dos personagens, para que no final, caso você entenda a sucessão de acontecimento, você não se sinta recompensando. Se a gente consegue entender perfeitamente essa salada-mista de cenas, o que não é fácil, vemos como o roteiro é preguiçoso e batido.
Isso sem falar no péssimo desenvolvimento dos personagens, a ponto de
um agente treinado não ter o menor pragmatismo para com a missão de salvar a realidade, e comece a genuinamente se importar com a personagem Kat e direcionar suas atitudes em razão disso.
Premissa boa, roteiro prematuro que merecia um tempinho a mais na incubadora.
Superman: Entre a Foice e o Martelo
3.3 162 Assista AgoraTão decepcionante quanto a adaptação de Piada Mortal.
De Olhos Bem Fechados
3.9 1,5K Assista AgoraFilme fantástico, que vale a revisita em fases diferentes da vida e que estimula muitas conversas e análises.
Pra mim, um dos maiores méritos do filme é como o roteiro se utiliza da tensão sexual como um artifício metalinguístico para a inquietude e o desconforto que ditam o tom da trama, o que vai aos poucos densificando a atmosfera do que nos está sendo apresentado. Sempre que o personagem está prestes a satisfazer sua libido, ele é interrompido e precisa postergar seu gozo. As cenas de flerte se dilatam em um estímulo crescente e são frustradas quase que em seus ápices, sem uma conclusão satisfatória, acumulando uma tensão que não promete ser resolvida.
Essa tensão se confunde brilhantemente à tensão não sexual (até porque também se deriva de contextos de luxúria): o desconforto com a imaginação e com o subconsciente da esposa + os perigos e implicâncias de sua ida ao baile de máscaras.
Por fim, pelo menos metaforicamente, o arco do protagonista gira em torno de uma pulsão sexual mal resolvida, restando à personagem da Nicole Kidman a frase que encerra a película e que talvez saneará o clima de suspense e incômodo entre os dois.
Escorpião Apaixonado
3.1 20 Assista AgoraO filme é excelente no primeiro ato, pensei até que o marcaria como favorito, mas com o passar do tempo todos os bons elementos parecem desbotar um pouco. A célula mais fraca e que acaba por comprometer a trama é exatamente o romance entre o protagonista e a Alyssa, que não convence e se mostra dispensável em todo e qualquer aspecto. Eu não conhecia a sinopse do filme, então antes deles se relacionarem eu imaginava até que o "enamorado" seria, não de uma paixão à outra pessoa, mas simplesmente uma ironia poética da condição bruta que tinha o Julian para a transformação em alguém mais tolerante e que "ama o próximo" – a mensagem seria bem mais significativa assim. A fotografia é muito boa, sobretudo na primeira metade do filme, e a maioria dos personagens funcionam bem. Eu substituiria apenas o romance entre os dois por um enfoque maior ao desenvolvimento da amizade e confiança entre o treinador, o Julian e o boxeador negro. Esse último, por sinal, merecia ter tido um destaque maior, podendo ser um coadjuvante de peso e relevância para os acontecimentos do filme, ao invés de simplesmente sumir da trama em determinado momento.
A Caça
4.2 2,0K Assista AgoraFilme forte, sobretudo por nos incitar uma empatia dúbia e bipartida: nos vemos no Lucas - já que qualquer pessoa estaria sujeita a essa situação - assim como nos vemos em quem o julga (nessa quase histeria coletiva, que não é gratuita). É uma tragédia sem vilania, e isso entope o nosso cano de escape, já que sabemos que culpar a Klara por tudo isso também não soa justo. Está certamente entre os meus filmes favoritos.
Vingadores: Era de Ultron
3.7 3,0K Assista AgoraPeca pelo excesso de piadas e pela infantilização do Ultron. Eu gostei do filme, mas o trailer me prometeu algo maior e mais denso. Espero que o tom de Civil War seja diferente.
Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)
3.8 3,4K Assista AgoraMeio autobiográfico isso ai.
Vagina Dentada
2.7 583Só sei que deviam ter traduzido o título para "Mãe de Pantanha Origins".
A Viagem
3.7 2,5K Assista AgoraInteressante sentir a narrativa como verdadeira protagonista do filme, nos fazendo acreditar que um elenco tão bem escolhido pode trabalhar unicamente como coadjuvante dos fatos. O enredo demora a emplacar porque começa de forma tendenciosamente nebulosa, se desvendando aos poucos a cada cena, mas quando o faz, é digno de respeito. É inevitável criar-se todo tipo de expectativa e teoria sobre as reais conexões entre cada uma das seis histórias, assim como é inevitável ter suas teorias claramente subvertidas (o que é muito bom). Assisti ao filme uma segunda vez, já conhecendo de sua não linearidade, e entendendo o quebra-cabeças, e me cativei ainda mais.
Quando compreendemos o ritmo do filme, é notado que cada história se sobressai como uma partícula no seu universo temporal vizinho, sob um tom de teoria do caos, aonde o detalhe mais ínfimo pode nortear e inspirar inúmeros acontecimentos futuros. A trama é muito feliz por conseguir tal feito sem comprometer o desenvolvimento individual, filosófico e independente de cada história, que segue sua própria diretriz, em seu método específico de direção. Filme ousado, por todos os recursos linguísticos que usou, assim como pela forma que usou. Excelente.
Recomendo pra quem tem paciência, verdade verdadeira.
A Vida Secreta de Walter Mitty
3.8 2,0K Assista AgoraAs paisagens aliadas à trilha sonora já sanariam qualquer eventual deslize do roteiro, sério. Estarrecedor. Uma compilação de cenários belíssimos sob uma lente impecável, coisa pra provocar ciúmes à Natgeo.
Jason X
1.8 626Parabéns ao filmow por não forçar a barra classificando isso como terror.
Dirty Diaries
3.1 16Authority é de um conceito bem interessante também. O poder estatal subjugando a classe civil, e vice e versa. Uma sacada legal é a semelhança entre as duas atrizes, que se diferenciam apenas pelo que vestem. Com a nudez e a interação que o filme promete, claro, há o nivelamento de ambos, alcançando, com o passar do curta, um nível de parceria, onde as duas são por fim algemadas uma a outra. Acho apenas que cabia uma fotografia menos rude, o resultado teria saído bem melhor.
Speed Racer
2.8 410 Assista AgoraDesliguei as luzes da sala e fiz uma rave.
Elvira, a Rainha das Trevas
3.4 1,4KAh, a puberdade.
Fim dos Tempos
2.5 1,4K Assista AgoraO enredo proposto tinha potencial para ser a revitalização do Shyamalan, em todos os aspectos.
A questão do desapego à autopreservação (suicídio) é inquietante, e imprimiu, pelo menos pra mim, um sentido alegórico à toda irresponsabilidade socioecológica da humanidade - que é também, seja conscientemente ou não, um legítimo desapego à vida.
Eu não esperava que o filme fosse um sucesso, mesmo antes de assistir, nem que agradasse a grande massa como alguns clássicos do diretor o fizeram, mas esperava, no mínimo, que ele conquistasse um posto tardio e póstumo como clássico cult ou qualquer status digno do tipo.
Não acontecerá. Um filme com uma carga dessa precisa de atores que aguentem o tranco e que se vistam inteiramente com o papel. Que escolha infeliz de elenco, tsc.
Batman & Robin
2.3 992 Assista AgoraPolêmico.
A Morte do Demônio
3.2 3,9K Assista AgoraO ritmo e a tensão seguiam uma matemática perfeita até pouco depois da metade do filme, mas com o passar do tempo o filme perde drasticamente o fôlego, talvez por começarmos a nos acostumar com a ideia de que aquela linha tênue entre o horror e o exagero tosco e desmedido já havia sido ultrapassado
(ah, com certeza isso fica evidente no final do filme)
A Hospedeira
3.2 2,2KStephenie Meyer é uma verdadeira Midas às avessas. Tem boas ideias, mas não sabe como explorá-las e aprofundá-las de uma maneira não clichê ou pré-adolescente. A saga crepúsculo, assim como esse filme, tem bons gatilhos para um bom enredo, mas são trabalhados de forma tão medíocre que o resultado não poderia sem menos indigesto.
Django Livre
4.4 5,8K Assista AgoraAssim como em Bastardos Inglórios, Tarantino propõe novamente uma carga irônica na trama que vai de encontro com a realidade social daquele contexto, como um reparador histórico. A redenção do oprimido vem por meio de seu suor e do sangue daqueles que ele precise matar no caminho. Daí temos uma fonte interminável de pelejas e situações fascinantes. Fico impressionado como esse gatilho pôde ser reutilizado sob diferentes abordagens sem soar como uma reciclagem ou uma "fórmula pronta".
Django Livre certamente tem sua própria identidade, inclusive quando bebe da fonte dos clássicos spaghetti westerns sem se vestir de sátira, fazendo inúmeras referências ao gênero e mantendo, ainda assim, a sua fidelidade ao velho método já consagrado de direção e roteirização ímpar do grande Tarantino.
Recomendo.
Mas sério, que porra de tiro foi aquele que a Lara Lee Candie levou?! A mulher voou! Como assim?! Foi engraçado até, mas não precisava, mesmo.
Rio
3.6 2,7K Assista AgoraHá, pra mim, um verdadeiro dilema quanto ao idioma ideal pra se assistir ao filme. Em inglês as piadas, os trocadilhos e os desentendimentos gaguejados de quem não fala bem um idioma estrangeiro funcionam melhor, mas em português nós temos a voz do brasílio Carlinhos Brown, manjador dos paranuês, cantando Ararinha e dando um elegante tapa na versão original cantada pelo Jamie Foxx.
Vale dizer que o filme cria um cenário leve e aconchegante pra quem o assiste com mais alguém ao lado, meio que te induz ao abraço. O ideal para as primeiras semanas de namoro.
Avatar
3.6 4,5K Assista AgoraPrimeira e melhor experiência 3D que tive até hoje. Deslumbrante quando visto em uma primeira vez, mas desbotado sempre que revisto. Ainda assim, não condeno o Cameron por nos encantar meramente com o visual do filme, porque à primeira vista eu não senti falta de mais nada, sinceramente. É um filme que brincou com meus critérios de avaliação. No fim do filme - ao menos na primeira vez que assisti - saí do cinema sentindo que o ingresso daquela sessão teria saído barato demais.
Deixe-me Entrar
3.4 1,9K Assista AgoraUm delay desnecessário e incompleto da excelente versão sueca. Se os estadunidenses não tivessem tanto preconceito para com filmes legendados, é bem possível que esse filme sequer existisse. Ainda assim, não digo que o filme seja fraco, apenas é uma produção inócua se seu objetivo foi somar algo à trama (pois, ao contrário, em parte lhe foi subtraído). A única cena em que, com certeza, houve superioridade da versão americana à sueca, foi
aquela em que o tutor da Abby/Eli fracassa ao tentar drenar o sangue de um jovem. O ritmo da cena, o carro capotando e o ácido na cara foram o ápice
A sintonia entre os atores mirins, assim como na versão original, é muito boa. E os atores conseguem construir personagens que fujam, mesmo que minimamente, de seus equivalentes suecos. Owen é um personagem mais obscuro do que Oskar (equivalente sueco), e sua solidão tal como sua tendência psicótica é bem mais evidente. Não se animem tanto, esses detalhes não criam bifurcação alguma na trama: a história é a mesma! Abby é bem próxima da Eli, pelo menos no roteiro. Mas a Chloë Grace Moretz empresta, acidentalmente, uma pose menos meiga à sua personagem. É omitido, inclusive,
a androgenia da vampira, que na verdade é um menino castrado, dando um sentido dúbio, genial e de uma inocência magnífica à frase "se eu não fosse uma menina, você gostaria de mim do mesmo jeito?".
Por fim, atenda ao título da película e deixe-a entrar em sua casa -- mas sem esquecer da versão nórdica! O filme, isolado do status "remake blockbuster", é uma bela experiência.
Cowboys & Aliens
2.8 1,4K Assista AgoraCrossover inusitado que extrapola as expectativas, ainda que norteado pelos velhos clichês dos blockbusters do gênero. Friso, claro, que qualquer filme com um nome tão tosco quanto esse já começa com a expectativa lá embaixo.
A Serbian Film: Terror Sem Limites
2.5 2,0KUm flerte honesto, ainda que pouco aprofundado, com o que há de mais desprezível, doentio e reprimido na psiquê e na sexualidade humana. Consegue um desempenho mediano no tocante à imagética - admito que esperava algo bem mais impactante e explícito - mas se sobressai no drama psicológico nos momentos finais,
trabalhando bem o sentimento de degradação e remorso.
Há, em verdade, um leque quase que dadaísta de críticas sociais transbordando de suas entrelinhas, esperando a sensibilidade de qualquer um com o mínimo de senso crítico.
Filme rude, com potencial e um final digno.
Recomendo.