Sendo fã da franquia, mas não cego para defeitos. Tem defeitos sim, principalmente na duração ou no roteiro em si. Na estrutura. Porém tem detalhes, tem ousadia, tem uma linguagem própria, um ópera espacial rica, cheia de reviravoltas(as vezes até demais). É empolgante, e defino com uma característica que até mesmo que odiou vai concordar comigo. É surpreendente. Acho que é o maior valor. Difícil existirem filmes assim hoje. Talvez Blade Runner 2049, um Baby Driver, ou até mesmo Corra. São filmes bem diferentes, assim como Logan, mas todos tem um pesar, assim como tb Planeta dos Macacos a Guerra, assim como Wind River tem seu pesar incutido numa história maravilhosa.
O que quero dizer que Star Wars The Last Jedi é um dos melhores filmes do ano como esses são, cada um com seus pesares, suas densidades e grandiosidades particulares(valores).
O maior valor do Episódio 8 é a surpresa, e isso não desmecerece o resto. Que venha o 9, agora com outro rumo, pois o 8 proporcionou uma desconstrução.
Nesse filme a linguagem de Star Wars buscou superar a linguagem cinematográfica, aquele padrãozinho. Pra alguns será muito decepcionante(muito válido) e para muitos será uma experiência única(válido da mesma forma).
A arte é um mundo, e cada área particular se interliga com outra parte desse mundo. Há homenagens que servem como referências e outras como desenvolvimentos marcantes de obra. Esse último exemplo é o que acontece em Loving Vincent, que traz de volta Van Gogh de uma forma emocionante e mais uma vez única, agora em outro meio artístico.
Acho que o grande trunfo desse filme é claro é o processo de animação, que até mesmo é citado no início do filme com a participação de mais de 100 pintores. Isso por si só já faz o filme ganhar vários pontos, junto a isso o estilo de Van Gogh reproduzido com maestria e a linguagem cinematográfica convicente mostra que não é só da beleza que o filme se sustenta. Não é só um filme belo, é um filme tocante na sua mensagem, mensagem essa que é dada indiretamente por Van Gogh. Graças aos colaboradores desse filme podemos recebê-la por meio de suas pinturas e cartas que movimentam mais uma história baseada em fatos do cinema que tanto torna impactante um filme.
Mas nem mesmo o mais único feito é imune a falhas. Há de fato uma preocupação maior em trazer uma história sobre Van Gogh com seus quadros do que um desenvolvimento coeso e bem ritmado no longa-metragem. Com tamanho centro de atenção e trabalho para fazer a belíssimo trabalho de efeitos especiais e pinturas sobrepostas há uma falta de consideração com o "como" contar a história, que parece às vezes ser uma investigação de mistério em um contexto bem errado, além dos flashbacks preguiçosos, mesmo que necessários para a história, sem dúvida
Loving Vincent é aquele filme de arte homenageando a arte. É lindo de se assistir e emocionante de se entender esse escritor melancólico e escritor de boas cartas. Problemas de roteiro não atrapalham a experiência de ver literalmente um "quadro" se mexendo no cinema. Além disso, a trilha sonora de Clint Mansell traz mais peso a esse filme, com tons intensos como sempre. É um filme com pinturas em óleo, logo acrescentou mais peso nesse marco do cinema.
O que de fato acontece nesse filme é a tentativa de fazer piada com o absurdo e o estranho. O grande problema é que isso pouco funciona, pois não se sustenta sem uma dose de carisma suficiente para que aqueles personagens valham a pena serem investidos pelo expectador nessa história de romance bizarra.
Taika tem um senso de humor refinado, próprio. Vê-se isso em seu primeiro filme. E algo que mais vai marcar ele também é sua constante busca de quebrar o clichê. Ele usa o clichê ao seu favor para contar algo que é totalmente inesperado. Outro fato muito belo nesse filme é a própria Nova Zelândia como pano de fundo, bem fotografada.
Mas nem suas boas referências da cultura pop anima o mais empolgado que assista esse filme. É triste como ele vai se perdendo, vai se acalmando, vai esmorecendo. O uso de metáforas usando animação é bonitinho, mas o romance não foi bem construído pelos personagens fracos, que se apoiam apenas em suas estranhezas, mas nada. Há até uma tentativa de dramatizar isso, que inicialmente funciona de forma excelente, usando a história do irmão vivido pelo próprio Taika, mas se resolve tão fácil e repentino que desperdiça tudo.
Loucos Por Nada é um filme que tem uma ideia bem diferente para contar uma história de amor, um diretor em formação que quer ser ter sua própria voz, mas não precisa-se desconstruir tudo para construir algo, e não se faz um bom argumento em bases absurdas demais sem um motivo impactante o suficiente. Para um começo marcante, um controle maior nas pespectivas não é ruim.
Existem filmes que você nunca teve a oportunidade de ver ao cinema, e a sua experiência fica restrita. Graças ao aniversário da UCI de 20 anos pude ter uma experiência máxima, praticamente zerando a vida, em assistir esse clássico do Steven Spielberg no cinema, esse diretor que amo tanto. Valeu muito a pena, porque esse filme se torna mais mágico do que já é na sua casa, no cinema. Fui capaz de absorver bem mais o sensorial e o emocional que a trilha sonora de John Williams consegue alcançar. Um suspense absolutamente puro em seu gênero, dentro da proposta de ficção científica.
Esse filme tem todos os aspectos de um bom thriller e um bom sci-fi. Desde das 5 notas marcantes até o significado delas para a comunicação com extraterrestres. A relação familiar que Spielberg coloca no meio disso tudo, o sentimento de propósito pessoal com o contato imediato, tudo é construído com maestria pelo roteiro do próprio Spielberg, um dos poucos dele. Além disso, os efeitos especiais podem até ser datados em certos aspectos, mas em determinados pontos é o melhor que se pode ver no final dos anos 70, principalmente na descida da nave-mãe. Naquele ano de 77, sem Star Wars esse filme seria o mais premiado, certeza. Há uma paixão, uma admiração e uma imaginação quanto a enxergar os alienígenas como seres que irão compartilhar conosco seus conhecimentos. O personagem Roy representa isso muito bem, e Steven dirige isso de forma bela.
Enfim, a presença do diretor francês François Truffaut, a atuação de Richard Dreyfuss, a cena de abdução do menino Barry, entre outras coisas marcantes, tudo isso pode vir por água abaixo sem o local certo para assistir isso. Tudo é tão bem arranjado nesse filme que é completamente digno de ser repassado no cinema de novo, seja pelo roteiro ou seja pela trilha sonora, seus pontos altos. É absurdamente imersivo e intenso, sabendo esconder o melhor para o final, sabendo concluir da melhor maneira possível, e levando a tudo isso no ritmo mais agradável, em uma das melhores edições de Micheal Kahn. Um filme incrível para se ver no cinema de novo. Um terceiro contato imediato no cinema, obrigado UCI e parabéns pelo trabalho (dia 13 de Novembro)
Então, inicialmente não é um filme muito fácil de se apreciar, ao ponto que demora-se para reconhecer sua qualidade. É importante entender a proposta de Kenneth Branagh para seu filme, que torna um filme bem próprio desse diretor que traz o teatro para seus filmes.
Assassinato no Expresso do Oriente é um daqueles filmes feito à moda antiga. Tem um ar bem clichê e romantizado, que se justifica muito bem com a intenção de adaptar um livro. Todo o roteiro é como se emanasse frases de um romance, um roteiro bem recheado e que só não há descrição em off pela preservação da mínima linguagem cinematográfica. O teatro aqui é muito presente. O uso de ótimos planos sequências para apresentar os personagens e o uso do trem como locação única de forma bem estratégica, cria tanto uma claustrofobia para a trama de mistério, como é um artíficio usado em teatro. Sobre os personagens, a escolha do elenco carimbado é bem útil a trama. Além de serem ótimos atores, servem para realmente causar um dificuldade para o expectador em desvendar o crime. Por fim, outro ponto positivo é a atuação e desenvoltura do personagem vivido pelo diretor, chamado Hercule Poirot. Há uma sensação de vermos Sherlock copiado, mas outras características físicas e gestos carismáticos acabam tornando um personagem formidável e único, assim como é na literatura.
Para os pontos negativos, retomo mesmo a ideia do personagem principal que é o detetive. Ele não se torna tão marcante, nem o filme se torna marcante, o que causa a primera consequência citada. De fato há a coragem e a beleza da maneira teatral e prosaica de Kenneth Branagh em fazer o filme, mas perde-se a linguagem cinematográfica que poderia ajudar o roteiro. Simplesmente o roteiro se torna uma muleta, sendo recheado demais, o que leva a apontar outro defeito que não contribuiu muito: a edição. Com um roteiro de Micheal Green, a edição precisava ser certeira e é problemática quando o filme busca apressar-se. Para um mistério o ritmo é essêncial, e isso é entregue durante o segundo ato. A edição do filme vai determinar esse ritmo, e por ser um blockbuster talvez a pressa se explica, mas não se justifica atrapalhar a qualidade do filme nos momentos finais, mesmo que não estrague seu último ato maravilhoso.
Só pelo mistério para quem não leu o livro, ou pelo acompanhar da trama até o final é prazeroso acompanhar o detetive e os suspeitos tão bem caracterizados e bem interpretados. Um elenco em peso, uma direção de arte linda, e uma magnífica visão de Kenneth torna esse filme digno de uma continuação, e mais e mais trabalhos desse diretor que traz o clássico para o moderno de forma natural e legal de se ver.
Existem lugares que ao longo do tempo observa-se um determinismo, uma padrão naquelas pessoas que vivem no local, que às vezes formam problemas socias profundos. Esse filme fala sobre isso, sobre uma problematica envolvendo nativos americanos e o drama familiar que pode quebrar preconceitos, unindo pessoas em meio ao frio da solidão.
Essa introdução é necessária para indicar também que o filme não é de mistério policial em sua maioria. A fagulha que cria o fogo da trama se baseia nisso de fato, um caso policial no estilo CSI em um lugar inóspito. Essa característica da fronteira da Reserva Indiana Wind River é bem retratada na fotografia, com o branco revelando muito mais que só uma cor temática, mas mostrando a antítese com o vermelho do sangue, do problema da região que mobiliza almas perdidas em busca de salvação, seja os pais desolados, seja os filhos fugitivos. A cinematografia junto com a edição constroem uma trama concisa e flúida ao mesmo tempo, evidenciando muito bem o roteiro bem escrito, tanto nos diálogos quanto para narrativa da ação e do ritmo. Há um equilíbrio quase perfeito, que esconde erros míseros nesse filme extramamente bem feito.
Falando em defeito, pode ser que a trama se perca na mente do espectador por ser uma história aparentemente clichê, além de o filme aos poucos deixar o mistério como subplano, causando um certa decepção, mesmo com uma bela recompensa de um flashback muito bem feito.
Por fim, são esse filmes que contam sobre um mundo esquecido e apresenta denúncias raras que trazem reflexões amargurantes, marcantes às vezes o suficiente, com uma dose de realismo cru que impacta. Bem provável que esse seja mais um filme esquecido por motivos de produção, mas Taylor Sheridan conclui sua "Trilogia da Fronteira" com uma das cenas mais lindas, com Jeremy Renner conversando com Gil Birmingham, cada um com sua atuação introspectiva e emocional respectivamente, revelando cultura, tristeza e familiaridade. (Que filmão)
Realmente existe uma ideia base para construção de roteiro, que ajuda o expectador na construção da história de uma maneira agradável, sem perder substância e complexidade por ocasião de um argumento mais elaborado ou exótico nas ideias. Porém existe outras formas de contar histórias, que são consideradas ousadas e arriscadas por desafiar demais quem assiste, ou por motivos estruturais e descuidos realmente a contação se torna confusa, problemática e nada agradável de acompanhar. Esse filme optou por trazer uma abordagem arriscada, à moda de histórias orais, subjetivas e espaçadas, aprensentando a desconexão que ás vezes ocorre na mente de quem conta. E tudo isso para trazer mais ainda uma imersão nordestina pernambucana.
É fato que os problemas aparecem. A narração em off, opção acertada para tornar o faroeste mais cultural da região, também prejudica por repetições de fatos e por desconectar o expectador da trama. O filme não é dos maiores, e a pausa na narrativa para que outro núcleo de história da região seja contada desperdiça tempo por exemplo em desenvolver o protagonista(Cabeleira), apesar de isso também desmistificar a história do herói ou anti-herói, fazendo Pernambuco viva em sua fotografia presente para criar um mundo próprio, sem lei, sem governo fixo. Ainda sobre a transição de núcleos da história, pode se tornar confusa para os expectadores mais apressados, mas cria um dinamismo e um mistério que é bem satisfatório acompanhar até a conclusão.
Ademais, para ficar mais claro, pontos positivos como atuação, direção de arte, fotografia e trilha sonora são bem acertadas, principalmente a trilha que junto com a fotografia torna tudo muito regional e digno do gênero faroeste(não é a toa que foi premiado nessas catergorias). As cenas de ação são tão bem feitas, que as vezes criam uma antítese com cenas de conversação dentro das casas, que não tem a mesma qualidade, soando algo novelesco pela posição da câmera. E por fim é isso. Não vai ser a grande marca do streaming no Brasil, mas é um começo promissor.
Existem filmes antigos que ficam datados. Até os clássicos. Exemplo disso é o Drácula 1939. Quase 10 anos depois essa pérola do cinema apareceu com muito sentimento e muito o que falar, muita denúncia. Pode não ser o filme sobre polícia e ladrão, naquele estilo de filme noir que usa muita sombra, com muita ação, etc, etc, mas é tocante, tão emocionante e tenso como um filme de ação com semelhante tema de roubo. Ele arrebata, entristece, e faz refletir. Ok, é em Roma e talvez há um exagero dramático para uma situação comum de ser furtado. Mas é muito além disso, principalmente se souber a importância da bicicleta. O bom do cinema é isso. Como ele transforma situações ordinárias em longa-metragens extraordinários. Um filme cru, que mostra o pior da sociedade e como ela transforma o homem, levando a mais pura tristeza e desespero diante o contexto de desesperança.
O ambiente frio e o isolamento das montanhas é um ambiente perfeito para unir pessoas em situações adversas. Quando você coloca dois atores, realmente bons nesse tipo de história e usa locações determinantes na qualidade da narrativa, tudo que falta é criar um elo para junto com o argumento convincente formar um filme que seja no mínimo reflexivo. Que pena que o elo não existe.
Mas falemos primeiro das coisas boas. Os atores são os mais esforçados para seguir um roteiro tão pobre. Apesar de Idris Elba sofrer um pouco, percebe-se a incupabilidade dele. Kate Winslet consegue fugir do aparente incômodo, mas também seu papel é um pouco mais se comparado ao de Elba, quando a história tenta mostrar um racional médico neurocirurgião, que com uma metáfora óbvia, mesmo não ruim, não se preocupa com frivolidades humanas, que a personagem da Kate se preocupa. Como jornalista está mais apegada aos acontecimentos e seus percalços, buscando sempre dramatizar a situação. E não para por aí. O diretor Hany Abu-Assad exercita mais metáforas simples como o fogo representar a união sexual, e o uso da câmera fotográfica para imortalizar o momento. E por último, a filmografia é excelente, dilatando bem o significado, também metafórico, do ambiente para os personagens.
Além disso, os problemas não faltam. Apesar da edição bem eficiente, pois segundo o editor Lee Percy muitas horas foram gravadas e seu trabalho foi rápido, até mesmo individual por liberdade da direção, não passam despercebidos cortes bruscos que emulam passagem de tempo em uma simples caminhada e não consegue trazer fluidez simples. Os diálogos além de clichês são as vezes sem noção, de forma inesperada. O que na verdade é um grande problema do filme tentar romantizar e tornar realista ao mesmo tempo, sem conexão entre o perigo da montanha tantas vezes mostrada e situações absurdas que poucas vezes soam convicente para maioria do público.
Então, diante da mistura de gêneros do cinema, de sobrevivência e de romance, a ideia é interessante, ligar tais gêneros usando metáforas naturais para expor sentimentos poucos prováveis de serem demonstrados em situações comuns. Mas sem criar o elo suficiente, nem mesmo uma sacada de roteiro de usar o deconhecido conhecimento entre o casal para formatar a trama de autoconhecimento dos dois adiantará de nada sem um convecimento suficiente que essa história deva ser contada. E antes de mais nada, o final é satisfatório e a trilha mais ainda...por isso é melhor que Passageiros, diante do equilíbrio de erros e acertos durantes 3 atos.
É a completa falta de peso, a completa falta de senso da história que não se justifica, misturado com Shane Black, que é muito bom, e com o jeito Marvel Studios, além de alguma coisa do Jon Fraveau...que implodiu o filme. Vilão péssimo...mas calma...
Guy Pearce...não Ben Kingsley, pois este está maravilhoso, e não é o problema dele não ser o Mandarin, e sim Guy Pearce ser o grande vilão da forma que foi.
(Esse foi um daqueles filmes da Marvel que tiveram problemas de produção, mas eles não desistem, que leva a um final ruim por uma característica de planejamento muito boa.)
Ainda para mim é o filme que menos gosto da Marvel, e talvez o pior, pau a pau com Thor 1, tem cenas ótimas de ação, talvez as melhores usando a armadura. E claro, tem uma abordagem do Tony interessante, mais humano, mais ágil, e enfim, é Robert sendo o bom Robert. E mais, o double-cop com Don Cheadle alá Maquina Mortífera é bem interessante, só pouco explorado. Os efeitos estão melhores, a diversão com as armaduras é mais divertida ainda, e a trilha sonora do Brian Tyler é no mínimo empolgante, descompromissada, assim como o filme.
Detalhe, qualquer drama aqui é até inicialmente bem feito, mas em maioria a finalização é apressada e bem estranha. O final do filme mostra uma certa liberdade de Shane Black, mas de nada adianta isso, um final diferentão se autonomia só serve para fazer um encerramento casual. Bem diferente de Thor Ragnarok, que usa autonomia para dá qualidade ao filme, embora traga falhas também, mas são falhas em prol de tentar algo bem melhor, algo que é realmente bom no filme, que é a comédia. E Iron Man 3 vemos uma tentativa de ajuste com um autorismo do diretor, criando um filme desperdiçado que vai ser resgatado mais tarde por Civil War...
(Se analisarmos bem o filme ainda serve para alguma coisa). "Espero proteger a única coisa sem a qual não posso viver" - Tony Stark
Esse é um daqueles filmes que você se surpreende com historias reais tão incríveis e tão tristes. Nada melhor que revisitar histórias como Dom Quixote e do próprio Superman, na sua base esperançosa, para contar esse drama-comédia.
Em primeiro lugar é um longa-metragem coreano extremamente competente na cinematografia. Sabe colocar os personagens em cena, usa bem as câmeras lentas, faz uma edição certeira, e é partir dela que entro na parte de como esse filme pega o expectador de jeito. Sem spoiler, mas deixe fluir o filme e as lágrimas. É lindo do início ao fim. A trilha sonora não podia ser melhor, pq além de acompanhar funcionalmente nas cenas, ainda consegue sugerir outra emoção além da tela, sendo essêncial e impactante.
Acho que o único ponto negativo é aquelas coisas de filme que repetem frases para martelar no expectador, além da personagem mulher não ser bem desenvolvida em alguns detalhes.
Por fim, os coreanos arrasam. Eu já sabia que eles sabiam fazer uma comédia boba, mas que dessa vez combinou mt com o tema do filme, e também sabia que eles faziam dramas bem intensos e sinceros. Mas não lembrava de juntando tudo isso de forma bem balanceada eles podiam me surpreender com uma história baseadas em fatos, transcedendo o mundo oriental. Certo que tem até assuntos debatidos aqui que já sairam da moda, mas realmente não devia ter saido. São filmes puros como esses que admiro muito.
Uma ópera espacial com traços de Jack Kirby e uma comédia muito engraçada, que brinca com o próprio Universo Marvel Cinematográfico, criando puro entretenimento entre personagens. Um filme do Thor em que o personagem principal é o Thor sem dúvida, porque chama atenção, mas pode ser um filme esquecível tanto quanto os outros filmes desse personagem.
Nesse filme Taika Waititi mostra o que tem de melhor: a comédia. Bem ajustada na maioria dos momentos, usando bem os atores para tal, com bom uso de Hulk e Thor, que estão mais leves como personagens, mais autônomos em suas personalidades. Odinson se encontra como personagem, como também God of Thunder em poder, exatamente por liberar algo preso em seus outros filmes e no próprio ator, que é bem melhor na comédia. É impossível não se divertir e rir ao menos uma vez, mesmo que não seja seu estilo de piada, que é às vezes física, é às vezes inteligente e às vezes bem boba, mas o suficiente para rir. Além disso é bom elogiar a direção de arte e o trabalho feito para criar Sakkar, a arena de gladiadores e o ambiente dos anos 80, bem quadrinesco, pelo fator valor de produção, com cenários reais, miniaturas, além das cores e linhas feitas, que criam um ambiente único e menos artificial pelos efeitos práticos(usados até em Asgard em algumas cenas). Outra coisa boa são os personagens novos como Valquíria e Executor, com tramas suficientemente convicentes. E por fim dos pontos positivos cito a vilã, por mais genérica que seja ganha mais com a atriz. Os diálogos e sua exposição em Asgard só é bem visto se feito por Cate Blanchet, trazendo força suficiente e convencendo muitas vezes.
Mas uma coisa que Taika já tinha feito bem na excelente Aventura de Rick Baker e peca aqui é na dramaticidade. Havia uma equilíbrio muito bem no seu filme de 2014 que não é visto aqui, com cenas dramáticas com diálogos de pouca qualidade se em comparação com a comédia, e no tempo dado a elas. Mas isso está sendo abordado pela escolha do diretor em ter esses momentos no filme, que não torna o Thor Ragnarok em uma comédia completa, mas num filme da Marvel como foi Homem-Formiga(que muita gente esquece que é otimo e bem resolvido). Havia duas escolhas: fazer um filme como O Que Fazemos Nas Sombras(full comedy) ou Rick Baker, que equlibra muito bem a comédia e o bom drama, misturando em uma cena que é possível rir e se emocionar(que é emulado às vezes aqui). Mas não. Há uma dramaticidade mais fraca, e bem menos elaborada, em que uma cena de piada demanda bem mais tempo, exemplo disso é a necessidade de frases repetitivas e outras repetições para reforçar o drama. E mais, outro defeito do filme é na edição, que é exagerada em cenas que a direção de arte poderia ser contemplada e cortes excessivos causando erro de continuidade, apesar de transitar bem entre Asgard e Sakkar. A agilidade do filme é um ponto fortíssimo para resolver roteiro de forma excelente e ao mesmo tempo tornar o filme raso e esquecível até no ato final.
Uma coisa é certa, esse filme tem sua parcela de importância no MCU, no quesito de autorismo. Vem se desenvolvendo isso, mas nesse filme fica mais forte em mais aspectos, e isso por si só traz grande alegria. A própria trilha sonora, apesar de dividir com o épico genérico, traz uma marca diferente. Esse é um filme da Marvel que não implodiu como Homem de Ferro 3, com sua inconsequência de ignorar a franquia, no entanto, também não é marcante o suficiente pela sua ousadia como Guardiões da Galáxia. É um filme 50/50(talvez pela pós produção). Tem coisas que lembram aos dois filmes infames(para a maioria) do Thor, com um intuito interessante de se encaixar na franquia, porém mal feito, e tem coisas novas, tão boas que já vale como o melhor filme do Thor.
OBS: Led Zeppelin toca no filme...só funcionou uma vez, já que na primeira vez há um tempo suficiente de tela sem corte em uma luta fenomenal, já a outra cena funcionaria se tivesse um personagem na tela e menos cortes de edição.
OBS 2: cena mais legal é da arena dos gladiadores. Tem uma piada com o Loki sensacional. Saí da cadeira rindo. Kkkk
OBS 3: "Asgard não é um lugar, é um povo."
OBS 4: de certa forma o Ragnarok é respeitado. Quem quiser assistir ainda não vai se decepcionar com a mitologia.
Não há muito o que falar desse grande diretor certo? Errado. Muito errado. Há muito o que se descobrir sobre sua vida e como ela influencia diretamente seus filmes que são mais autorais do que se imagina. Há muito que descobrir sobre suas produções, sobre sua evolução, sobre como a crítica o vê com um pouco menos de maquiagem.
Apesar de ser um documentário longo com um ritmo errado, e um final um tanto insatisfatório, há muito que se aproveitar. Para quem é fã(eu!) é um prato cheio, com comidas inimagináveis. Para quem conhece Steven Spielberg de qualquer forma traz maravilhas do cinema, associações com outros diretores e obras. Não deixa de ser aproveitável de forma alguma, já que esse é um dos diretores mais influentes e mais conhecidos de todos os tempos(sem exagerar).
Nessa produção da HBO a diretora conseguiu em parte abordar a história dos 29 filmes. Como uma boa estratégia nada foi linear, com os assuntos da vida do diretor trazendo suas obras a tona. E a parte que não foi tão bem abordada estão seus novos filmes, que não vem ganhando tanto reconhecimento pelo público ou os que até foram subestimados(Bridge of Spies, Munich, Lincoln e BFG), que traria um bom comparativo na carreira de Steven do passado, visto que houve o comparativo de seu amadurecimento tão valorizado. Por ser longo poderia ser mais completo, explorar mais seus dilemas familiares que se tornam bem mais interessantes. Além disso, é bom ver como há uma certa verdade dita aqui, mesmo que também não completa. Há críticos que tornam o documentário verossímil em sua visão sobre o diretor. Não há apenas exaltação(que por sinal apresenta estranheza às vezes), e isso mostra um outro lado desse diretor tão amado e tão humano também, porque não.
Por fim, é gracioso ver sua jornada pessoal e cinematográfica tão próximas. Entender como sua mulher influenciou The Schindler's List e como seu pai foi de forma indireta e diretamente um dos grandes responsáveis por seus grandes filmes como E.T e Saving Private Ryan. O que antes era uma admiração grande e distante se tornou uma admiração mais completa e mais real por minha parte. Ao Sr. Steven Spielberg(meu diretor favorito), como se dirige A.O. Scott aos diretores em suas críticas. E obrigado a Susan Lacy pelo documentário.
É fantástico como a vida comum de um esportista ou até de um profissional qualquer pode se tornar uma grande jornada, uma grande história, uma grande metáfora para a vitória ou quem sabe uma derrota inesperada...daquelas que o aprendizado é bem mais importante, como diz o provérbio japonês.
Nesse filme Aronofsky se controlou na sua megalomania religiosa e transcedente, ou até mesmo em estilo prepotente. Aqui há mais uma linha bem estruturada de realidade. Mas não se engane, há uma autorismo na cinematografia, nas simbologias e vicios que levam a decadência humana, fruto da indentidade notadamente do diretor. É lindo como tudo é crível, mas apresenta uma dramatugia tão intensa e bem feita que lembramos que é um filme desse diretor do incrível. A exigência da atuação, a câmera que sempre segue o protagonista, é maravilhoso para que entendamos o Randy Robison.
Todos os atores são cativantes, com personagens bem roterizados, com diálogos bem naturais na maioria das vezes, e essênciais, de forma que cada núcleo que Mickey Rourke se envolve, com sua filha, com a stripper, são momentos distintos e igualmente importantes para o desenvolvimento do personagem central. No plot vemos um personagem velho, viciado em sua vida de sucesso, que nem mesmo uma impossibilidade direta o para. O peso que ele leva nas costas, de pai e de artista, é como se o personagem quisesse ser crucificado por um bem maior, assim como Jesus. Ele se mistura entre os humanos, trabalhando como um homem comum. Após isso há um engano, uma felicidade, uma reconciliação, uma breve historia de amor, tudo tão gostoso de torcer e acompanhar, mas é tirado abruptamente de forma extremamente realista e satisfatória, não podendo culmimar num final mais perfeito.
Em meio a tanto rock e ensaio antes do ring, a vida de luta profissional é bem representada, pois mostra a pré-luta e pós-luta, a venda de drogas, etc. Além disso as cenas de ação são bem sanguinolentas, bem editadas para mudar um pouco o ritmo comum nesses filmes de momento esportista. Aqui não é assim, uma cena de esporte por esporte. A luta tem um propósito tão excelente a história que é possível se surpreender, quando usa a edição e muda a percepção de tempo para enfatizar as consequências no corpo do lutador. Por isso, de fato, é a obra prima de Aronofsky, quando ele fala menos e sua obra segue seu ritmo, sem necessariamente ser tão óbvio.
Acho que para TV o filme fi bem decente, e no quesito cinematografia foi bem feito demais. Direção falhou na edição, com alguns cortes bruscos, mas há uns bem bons. O tempo que passava gravando no trabalho de Paul é realmente desnecessário, é muto lento nessas partes. No execício de gênero é realmente bom. O som do bebê realmente é marcante e assustador. As atuações essenciais fluem bem, principalmente de Marjorie. Além disso a escolha de figurino é certeira quando misturado com o bom design de produção que engana qualquer um. Como imaginar que é uma casa amaldiçoada? E mais, a abertura com a pintura da casa e retomar isso no final é gratificante.
No geral, é um filme com um roteiro que não se sustenta sozinho, mas Spielberg consegue dirigir bem. E mais, há umas interpretações que pode-se tirar desse filme, assim como em Encurralado, baseado na época e nas transformações sociais.
Esse filme apresenta tantas camadas, tanta profundidade que uma crítica qualquer após visto a primeira vez é basicamente incompleta. Há tanta coisa a se pensar, a se questionar, a se apreciar nesse filosófico Blade Runner 2049...
De primeira apresenta-se ao ano 2049, Califórnia. Do mesmo jeito depara-se com tal estética futurista e ricamente ambientada, seguindo a fio os trilhos que o primeiro filme de 1982 preparou. Mise-en-scène é tão bem feito que cada momento é importante ver em tela grande. Cada detalhe, cada cor, cada foco, tudo feito com maestria por Roger Deakins. Junto a isso a fotografia é inspirada no primeiro filme e aumenta a imersão de cada cena, pois a colorização, a luminosidade é vigorosa. Indo contra isso, usando as sombras do gênero NOIR nas cenas de ação com fundos brilhantes e a silhueta de K se movimentando. É um show técnico, digno de um cyberpunk noir detetivesco de qualidade que o original já tinha. Em relação as atuações, todas estão ótimas. Mas chamo mais atenção de Ryan Gosling, que não é a toa, o protagonista, traz uma frieza e uma emoção, algo que não se fala, apenas observa. É uma das melhores de sua carreira sem dúvida. E junto a tudo isso o roteiro também se sobressai. Nada expositivo, explicado, lento apreciativo, e com aquela mesma maneira de contar uma história simples de um policial detetive e replicantes, porém diz muita coisa das formas mais implícitas, nos detalhes, no ar do filme, realmente. Por fim, a edição do filme é certeira, com transições que fluem lentamente, valorizando o sensitivo do filme, permitindo a criação de uma atmosfera melancólica e auto-reflexiva do personagem.
Apenas um detalhe, porque esse filme é de muitos detalhes, criou um certo incômodo. A trilha sonora de Hans Zimmer e Benjamin Wallfisch ainda apresenta a sonoridade necessária para esse mundo de Blade Runner, serve como continuação de Vangelis, mas em questão de qualidade é extremamente inferior. No quesito funcional é excelente, mas fica apenas nisso, não marca tanto quanto o filme.
E diante toda essa obra de arte da ficção científica, Denis Villeneuve ganha mais espaço como um dos melhores diretores desse século. O respeito ao original e a técnica quase perfeita aplicada aqui forma uma das melhores continuações de todos os tempos, que é tão maravilhosa por si só, e ainda abrange o ponto de vista e interpretação do primeiro filme. Ainda é cedo, mas o progresso de um clássico cult trouxe outro clássico cinematográfico. É preciso rever, e rever, aprender, refletir, e analisar, tanto o filme quanto a vida de cada indivíduo na massa da humanidade.
"O mundo é construído em uma parede que separa 'tipos'. Diga a ambos os lados que não há muro...aí você compra uma guerra."
"Às vezes para amar alguém você precisa ser um estranho" - Deckard
Aronofsky forçou a barra com sua mente complexa, única e espiritualista.
Tem uma essência peculiar de fato, um história de amor sem igual. As atuações são ótimas. Hugh Jackman é bem explorado, assim como Rachel Weisz. O romance funciona, e Aronofsky implementa uma das suas melhores características que é trabalhar atores, sempre precisando deles em seus takes. O drama é intenso, que a fotografia ajuda e a criar um ar estranho, do além, com mitologias diversas aplicadas e misturadas que envolvem eternidade.
Tudo isso no entanto não torna o filme menos infame, desproporcional e exagerado. Os excessos são caracteríticos de Darren, que arrebatam fãs e até mesmo bons elogios justos. Há uma ousadia na síntese de seus filmes, mesmo repetindo estilos. No entanto, desde a fotografia mal trabalhada a close-ups desnecessários, e com uma edicão que incomoda nos constantes escurecimentos da tela para transição de cena dentro de um mesmo contexto. E é mais difícil ainda engolir as bizarrices e estranhezas do roteiro. Claro que é possível visualizar um grande história, única e artística. Porém não há necessidade de complexidade na montagem e sucessões das três histórias, quando já não se explica nada, que por sinal isso é bom.
Gênesis bíblico, pirâmide Maia e budismo aparente. Definitivamente admiro a coragem e o modo religioso que Darren Aronofsky faz seus filmes, mas para seu terceiro filme ele poderia ou ser mais cuidadoso com algo tão complexo em se amarrar, ou se apegar a uma ideia e desenvolvê-la plenamente.
É difícil se despedir dessa série, de um jeito que não era imaginado, pois o final tornou mais complicado. Mas é bom ser realista que a temporada começou bem ruim, introduzindo novos personagens e nova forma de abordagem diante dos desfalques. O drama começou a prevalecer, novos relacionamentos se formam, e personagens se acomodam. É duro aceitar, é lenta a transição dessa novidade logo no final da série. No entanto Greg Daniels conseguiu de uma forma mágica subverter os defeitos com novidades e fez muitos fãs chorarem no último episódio. Grande mérito para esse showrunner.
O que se salva de imediato é Jim, Pam e Dwight. Andy se perdeu(agora sim tentando emular demais Micheal Scott), Nellie, a britânica, é sem graça, e os novatos não paracem muita coisa. Tudo começou sem graça, mas inesperadamente o formato de documentário veio a tona. Isso rejuvenesceu a proposta central da série. A partir disso tudo melhorou e foi se equilibrando. As piadas melhoraram, tiveram maior variedade, como a do Darryl apenas com olhar, o Creed que faz coisas inesperadas, e toda trama absurda do senador com Angela, Oscar e Kevin sabendo de tudo. Tudo se desenvolve, em especial o conflito entre Jim e Pam. Uma coisa corajosa foi omitir algumas coisas, realmente dando mais verossimilhança ao documentário, e tudo que acontece fica mais real e emocionante.
Pontos finais: precisamos falar sobre a metalinguagem e o quão emocionante esse final foi. Não é a melhor temporada, até porque houve altos e baixos. Dwight se tornou mais central com Jim e os novatos eram o reboot dentro da temporada que demorou para dá certo. Toby e Nellie...até ficou engraçado. Mas enfim, a grande sacada de trazer o questionamento do documentário, tornar real os vídeos que foram para TV, a entrevista com os personagens dentro da própria série...dá um nervosismo, já que há certas coisas que não sabemos sobre os personagens, pois realmente um documentário não mostra todas as coisas. Essa é a graça. 😀🙄😢🙁
E são com palavras que transcedem a quarta parede de John Krasinsky como Jim e Jenna Fischer como Pam que termina-se essa crítica:
Jim: "[...]Mesmo eu não gostando de nada disso, tudo o que tenho devo a este trabalho. Este estúpido...maravilhoso... chato...excelente trabalho."
Pam: "Achei estranho quando nos pegou para fazer um documentário. Mas apesar de tudo...acho que uma empresa normal de papel como a Dunder Mufflin era um grande tópico para um documentário. Há muita beleza nas coisas comuns. Não é esse o motivo?
É um filme difícil, difícil até demais de se ver. Aqui Darren usou bem sua direção de rostos, close-up, mostrando bem o sentimento de cada personagem, explorando atuações como sempre, e os atores entregam maravilhosamente. Trilha sonora agora bem colocada, ajudando realmente a levar o filme. E a edição..nem se fale, quase incrível. Mas Darren se empolga, e repete, exagera. Verdade que o exagero aqui foi bem usado, com um omento de susto, de representação do vício, mas repetição de ideias por estética perde a graça se usadas de forma exacerbadas. Mas o que vale também desse filme é como a decadência humana existe e sonhos também, e o vício provoca um e afasta do outro. Aquele final...sem humanidade...triste demais...horrendo demais. "How come you know more about medicine than a doctor?" - Sarah Goldfarb
Essa nossa cultura brasileira de achar a nossa própria arte de medíocre, de só enxergar qualidade nos filmes estadunidenses, europeus e indianos é muito pessimista, e reflete também na motivação de tentar fazer cinema no país. Ainda bem que há filmes como esse, que mesmo sendo brasileiro é difícil desassociar do americanismo, seja pela fotografia rebuscada, pelo plano sequência ou também pela língua inglesa sendo falada em alguns momentos, mas sim, é brasileiro, e trata essa história no nível de filmes estrangeiros que você vê por ai.
Fato é que Daniel Rezende fez um filme de um palhaço com estética de teatro, com nuances psíquicos e fervor dramático, lembrando às vezes assuntos apontados nos filmes de herói, com identidade secreta e a relação familiar. Não é um filme complexo só porque aborda tudo isso, mas é rico, um filme de assinatura e presença, falando sobre Brasil, sobre TV brasileira, além de fazer um estudo de personagem instigante, envolvente e bem real, cru e pesado. Tudo aqui é bem dirigido, com músicas bem colocadas, e para um filme que não pode falar tudo o que queria falou até demais.
Porém, quando tudo é perfeito na largada e no decorrer da corrida o final é garantido como ganho, e aí é que o final do último ato escorrega de leve, terminando de forma rápida e até em desconsideração a história verídica. Certo que há mais uma inspiração para uma grande narrativa do que realmente se preocupar com os fatos, mas ainda assim seria mais impactante se a igreja deixasse de ser piada no momento final ou se mostrasse realmente um tipo de mudança, valorizando a boa personagem da Leandra Leal que tentava mudá-lo.
Então esse é o filme que o Brasil tem e foi bem escolhido para representá-lo no Oscar. Atuações ótimas, principalmente do Vladimir Britcha, roteiro bem estruturado, direção segura e ousada, e um valor de produção bem visto. Sinceramente espera-se que após esse filme as pessoas valorizem mais o cinema brasileiro que só esse ano já apresentou no mínimo 2 filmes ótimos, contando com esse.
Um filme bom do Aronofsky, que vendo os filmes futuros dele todas a ideias repetidas começaram aqui, sempre focando na psique da personagem principal, além de preferir uma fotografia suja, que nesse filme específico funciona algumas vezes, mas o preto e branco já era o suficiente, então nesse quesito técnico, e a trilha sonora que também é mal colocada ou não combina bem, são duas falhas que Aronofsky aprimorou bem, e muito bem. Na parte da história Darren é bem viajante, emulando Lynch, o que não é tão bom assim, já que não tem o mesmo impacto e é muita prepotência de sua parte em seu primeiro filme buscar essa semelhança, mas isso trouxe um Sundance, merecido na parte de direção muito bem feita. É verdade que essa característica do diretor é que o leva a fazer filmes melhores, pois é na ousadia dos temas e na megalomania que Darren é o que é. Voltando ao roteiro, o final perde o pequeno nervosismo que tinha provocado, e só fica uma mensagem de identificação com Max, como qualquer pessoa que pensa diferente e só tem dois lados que a humanidade direciona seu pensamento: a religião e ao capitalismo. O fato mesmo é que tem uma explicação geral para tudo, mas não coube a Max descobrir e nem a Aronofsky a nos contar essa história da melhor forma, mas valeu a tentativa dos dois.
Mais um filme do Aronofsky, naquele seu estilo de sempre, que continua muito bom. Dessa vez ele nos trouxe sua bíblia, sua mente bruta, sem aparar as arestas, trazendo ao público um terror que subverte as basicidades do gênero, que o intuito é incomodar e trazer o maior número de interpretações possíveis para atingir os mais variados espectadores, mesmo que em grande maioria não compreenda o filme por completo. Mas não é necessário, já que há um plot central que se entendido mostra o quão ousado e sagaz é Darren Aronofsky.
Em suas qualidades, é fazer filmes que mistura tudo e não mistura nada. Exato, é um filme que dificilmente você verá novamente, mas não nas especificidades da trama, no gênero ou no sofrimento de uma personagem(que Darren já faz isso desde dos primórdios de sua carreira), mas sim no todo, na execução de fotografia, câmera, desenvolvimento, e enfim...nessas alegorias completas. É quase indifenível o seu trabalho de encaixar em duas horas toda a história da humanidade que Darren pensa e nos quer passar. O jeito que torna tudo pequeno em algo grande, o como transforma confusão em organização histórica com um propósito é sensacional. Além disso a direção dos atores é um ponto alto, assim como as atuações. Até a mínima atuação de Ed Harris. Michelle Pfeiffer, e os singelos e constantes rostos indecifráveis de Havier Barden, que constrói com sua atuação uma dignidade para a sua persona, é maravilhoso. A forma de passar os sons, sem praticamente nenhuma trilha sonora que já tinha visto esse ano em The Beguiled de Coppola, ainda assim foi melhor, pois tem mais uma camada poe traz desse intuito.
Mas para haver um genialidade ou uma inteligência, não é necessário ser perfeito. Sim, é uma obra de arte, já que é único, e a mente de Darren, mas porque não haver defeitos? Não há mal nisso, principalmente quando ele nos entrega algo bruto que nós iremos empacotar sua ideia a nossa forma, pois como Darren disse, o filme se completa com a nossa percepção. Então, aponto o defeito de sua prepotência, justa baseada no calibre que tem demonstrado, mas não menos atrapalhada. Em sua ideia de tornar detalhes absurdos em comédia faria mais sentido se não provocasse gargalhadas. A sátira e uma crítica pode ter humor, mas como equilibrar isso? É para isso que há tentativas, e não precisa acertar, valeu a tentativa, mas beira ao ridículo e inconsequência diante do todo do filme. Além disso, não é que Jennifer tenha atuado mal. Por sinal eu fiquei bem feliz com sua atuação depois de desastres sucessivos que não me caiam bem de jeito algum. Aqui ela convence, ela tem força, ela é passiva e reativa com presença de uma boa atriz que ela é, no entanto Darren não ajudou muito sua musa como fez em Cisne Negro a Natalie Portman. Sua ideia de criar um mistério com câmera no ombro e na face de Jennifer, criando aquele ar de tensão contínua, prejudica o emocional da personagem algumas vezes, tornando seu trabalho quase impossível de não ser apontado algum defeito e fica ainda problemático em sua tentativa de sustos, visto que é apenas um exercício de gênero sem motivo.
É um filme cabeça, com uma alegoria e interpretações diversas, que trazem uma mensagem linda vindo do pessimismo. Traz verdades e traz a suas verdades autorais, desse diretor que se fez deus nesse filme, trazendo uma única visão de uma personagem que nada pode fazer do que o inevitável. Tem muuita coisa a se falar, coisas relevantes que muita gente nem percebeu, inclusive eu. Não acho que o filme perca sentido por abordar muita coisa ao mesmo tempo, que para muitos, de forma justa, acaba não falando de nada. O material bruto tem essa intenção, de falar muito, ser controverso, pois ele não se defende, apenas traz a ideia, e os debates e as reflexões são o mais importante. Simbolista demais, ego demais, mas com certeza o cinema agradece.
Star Wars, Episódio VIII: Os Últimos Jedi
4.1 1,6K Assista AgoraSendo fã da franquia, mas não cego para defeitos. Tem defeitos sim, principalmente na duração ou no roteiro em si. Na estrutura. Porém tem detalhes, tem ousadia, tem uma linguagem própria, um ópera espacial rica, cheia de reviravoltas(as vezes até demais). É empolgante, e defino com uma característica que até mesmo que odiou vai concordar comigo. É surpreendente. Acho que é o maior valor. Difícil existirem filmes assim hoje. Talvez Blade Runner 2049, um Baby Driver, ou até mesmo Corra. São filmes bem diferentes, assim como Logan, mas todos tem um pesar, assim como tb Planeta dos Macacos a Guerra, assim como Wind River tem seu pesar incutido numa história maravilhosa.
O que quero dizer que Star Wars The Last Jedi é um dos melhores filmes do ano como esses são, cada um com seus pesares, suas densidades e grandiosidades particulares(valores).
O maior valor do Episódio 8 é a surpresa, e isso não desmecerece o resto. Que venha o 9, agora com outro rumo, pois o 8 proporcionou uma desconstrução.
Nesse filme a linguagem de Star Wars buscou superar a linguagem cinematográfica, aquele padrãozinho. Pra alguns será muito decepcionante(muito válido) e para muitos será uma experiência única(válido da mesma forma).
Com Amor, Van Gogh
4.3 1,0K Assista AgoraA arte é um mundo, e cada área particular se interliga com outra parte desse mundo. Há homenagens que servem como referências e outras como desenvolvimentos marcantes de obra. Esse último exemplo é o que acontece em Loving Vincent, que traz de volta Van Gogh de uma forma emocionante e mais uma vez única, agora em outro meio artístico.
Acho que o grande trunfo desse filme é claro é o processo de animação, que até mesmo é citado no início do filme com a participação de mais de 100 pintores. Isso por si só já faz o filme ganhar vários pontos, junto a isso o estilo de Van Gogh reproduzido com maestria e a linguagem cinematográfica convicente mostra que não é só da beleza que o filme se sustenta. Não é só um filme belo, é um filme tocante na sua mensagem, mensagem essa que é dada indiretamente por Van Gogh. Graças aos colaboradores desse filme podemos recebê-la por meio de suas pinturas e cartas que movimentam mais uma história baseada em fatos do cinema que tanto torna impactante um filme.
Mas nem mesmo o mais único feito é imune a falhas. Há de fato uma preocupação maior em trazer uma história sobre Van Gogh com seus quadros do que um desenvolvimento coeso e bem ritmado no longa-metragem. Com tamanho centro de atenção e trabalho para fazer a belíssimo trabalho de efeitos especiais e pinturas sobrepostas há uma falta de consideração com o "como" contar a história, que parece às vezes ser uma investigação de mistério em um contexto bem errado, além dos flashbacks preguiçosos, mesmo que necessários para a história, sem dúvida
Loving Vincent é aquele filme de arte homenageando a arte. É lindo de se assistir e emocionante de se entender esse escritor melancólico e escritor de boas cartas. Problemas de roteiro não atrapalham a experiência de ver literalmente um "quadro" se mexendo no cinema. Além disso, a trilha sonora de Clint Mansell traz mais peso a esse filme, com tons intensos como sempre. É um filme com pinturas em óleo, logo acrescentou mais peso nesse marco do cinema.
Loucos Por Nada
3.3 48O que de fato acontece nesse filme é a tentativa de fazer piada com o absurdo e o estranho. O grande problema é que isso pouco funciona, pois não se sustenta sem uma dose de carisma suficiente para que aqueles personagens valham a pena serem investidos pelo expectador nessa história de romance bizarra.
Taika tem um senso de humor refinado, próprio. Vê-se isso em seu primeiro filme. E algo que mais vai marcar ele também é sua constante busca de quebrar o clichê. Ele usa o clichê ao seu favor para contar algo que é totalmente inesperado. Outro fato muito belo nesse filme é a própria Nova Zelândia como pano de fundo, bem fotografada.
Mas nem suas boas referências da cultura pop anima o mais empolgado que assista esse filme. É triste como ele vai se perdendo, vai se acalmando, vai esmorecendo. O uso de metáforas usando animação é bonitinho, mas o romance não foi bem construído pelos personagens fracos, que se apoiam apenas em suas estranhezas, mas nada. Há até uma tentativa de dramatizar isso, que inicialmente funciona de forma excelente, usando a história do irmão vivido pelo próprio Taika, mas se resolve tão fácil e repentino que desperdiça tudo.
Loucos Por Nada é um filme que tem uma ideia bem diferente para contar uma história de amor, um diretor em formação que quer ser ter sua própria voz, mas não precisa-se desconstruir tudo para construir algo, e não se faz um bom argumento em bases absurdas demais sem um motivo impactante o suficiente. Para um começo marcante, um controle maior nas pespectivas não é ruim.
Contatos Imediatos do Terceiro Grau
3.7 579 Assista AgoraExistem filmes que você nunca teve a oportunidade de ver ao cinema, e a sua experiência fica restrita. Graças ao aniversário da UCI de 20 anos pude ter uma experiência máxima, praticamente zerando a vida, em assistir esse clássico do Steven Spielberg no cinema, esse diretor que amo tanto. Valeu muito a pena, porque esse filme se torna mais mágico do que já é na sua casa, no cinema. Fui capaz de absorver bem mais o sensorial e o emocional que a trilha sonora de John Williams consegue alcançar. Um suspense absolutamente puro em seu gênero, dentro da proposta de ficção científica.
Esse filme tem todos os aspectos de um bom thriller e um bom sci-fi. Desde das 5 notas marcantes até o significado delas para a comunicação com extraterrestres. A relação familiar que Spielberg coloca no meio disso tudo, o sentimento de propósito pessoal com o contato imediato, tudo é construído com maestria pelo roteiro do próprio Spielberg, um dos poucos dele. Além disso, os efeitos especiais podem até ser datados em certos aspectos, mas em determinados pontos é o melhor que se pode ver no final dos anos 70, principalmente na descida da nave-mãe. Naquele ano de 77, sem Star Wars esse filme seria o mais premiado, certeza. Há uma paixão, uma admiração e uma imaginação quanto a enxergar os alienígenas como seres que irão compartilhar conosco seus conhecimentos. O personagem Roy representa isso muito bem, e Steven dirige isso de forma bela.
Enfim, a presença do diretor francês François Truffaut, a atuação de Richard Dreyfuss, a cena de abdução do menino Barry, entre outras coisas marcantes, tudo isso pode vir por água abaixo sem o local certo para assistir isso. Tudo é tão bem arranjado nesse filme que é completamente digno de ser repassado no cinema de novo, seja pelo roteiro ou seja pela trilha sonora, seus pontos altos. É absurdamente imersivo e intenso, sabendo esconder o melhor para o final, sabendo concluir da melhor maneira possível, e levando a tudo isso no ritmo mais agradável, em uma das melhores edições de Micheal Kahn. Um filme incrível para se ver no cinema de novo. Um terceiro contato imediato no cinema, obrigado UCI e parabéns pelo trabalho
(dia 13 de Novembro)
Assassinato no Expresso do Oriente
3.4 939 Assista AgoraEntão, inicialmente não é um filme muito fácil de se apreciar, ao ponto que demora-se para reconhecer sua qualidade. É importante entender a proposta de Kenneth Branagh para seu filme, que torna um filme bem próprio desse diretor que traz o teatro para seus filmes.
Assassinato no Expresso do Oriente é um daqueles filmes feito à moda antiga. Tem um ar bem clichê e romantizado, que se justifica muito bem com a intenção de adaptar um livro. Todo o roteiro é como se emanasse frases de um romance, um roteiro bem recheado e que só não há descrição em off pela preservação da mínima linguagem cinematográfica. O teatro aqui é muito presente. O uso de ótimos planos sequências para apresentar os personagens e o uso do trem como locação única de forma bem estratégica, cria tanto uma claustrofobia para a trama de mistério, como é um artíficio usado em teatro. Sobre os personagens, a escolha do elenco carimbado é bem útil a trama. Além de serem ótimos atores, servem para realmente causar um dificuldade para o expectador em desvendar o crime. Por fim, outro ponto positivo é a atuação e desenvoltura do personagem vivido pelo diretor, chamado Hercule Poirot. Há uma sensação de vermos Sherlock copiado, mas outras características físicas e gestos carismáticos acabam tornando um personagem formidável e único, assim como é na literatura.
Para os pontos negativos, retomo mesmo a ideia do personagem principal que é o detetive. Ele não se torna tão marcante, nem o filme se torna marcante, o que causa a primera consequência citada. De fato há a coragem e a beleza da maneira teatral e prosaica de Kenneth Branagh em fazer o filme, mas perde-se a linguagem cinematográfica que poderia ajudar o roteiro. Simplesmente o roteiro se torna uma muleta, sendo recheado demais, o que leva a apontar outro defeito que não contribuiu muito: a edição. Com um roteiro de Micheal Green, a edição precisava ser certeira e é problemática quando o filme busca apressar-se. Para um mistério o ritmo é essêncial, e isso é entregue durante o segundo ato. A edição do filme vai determinar esse ritmo, e por ser um blockbuster talvez a pressa se explica, mas não se justifica atrapalhar a qualidade do filme nos momentos finais, mesmo que não estrague seu último ato maravilhoso.
Só pelo mistério para quem não leu o livro, ou pelo acompanhar da trama até o final é prazeroso acompanhar o detetive e os suspeitos tão bem caracterizados e bem interpretados. Um elenco em peso, uma direção de arte linda, e uma magnífica visão de Kenneth torna esse filme digno de uma continuação, e mais e mais trabalhos desse diretor que traz o clássico para o moderno de forma natural e legal de se ver.
Terra Selvagem
3.8 597 Assista AgoraExistem lugares que ao longo do tempo observa-se um determinismo, uma padrão naquelas pessoas que vivem no local, que às vezes formam problemas socias profundos. Esse filme fala sobre isso, sobre uma problematica envolvendo nativos americanos e o drama familiar que pode quebrar preconceitos, unindo pessoas em meio ao frio da solidão.
Essa introdução é necessária para indicar também que o filme não é de mistério policial em sua maioria. A fagulha que cria o fogo da trama se baseia nisso de fato, um caso policial no estilo CSI em um lugar inóspito. Essa característica da fronteira da Reserva Indiana Wind River é bem retratada na fotografia, com o branco revelando muito mais que só uma cor temática, mas mostrando a antítese com o vermelho do sangue, do problema da região que mobiliza almas perdidas em busca de salvação, seja os pais desolados, seja os filhos fugitivos. A cinematografia junto com a edição constroem uma trama concisa e flúida ao mesmo tempo, evidenciando muito bem o roteiro bem escrito, tanto nos diálogos quanto para narrativa da ação e do ritmo. Há um equilíbrio quase perfeito, que esconde erros míseros nesse filme extramamente bem feito.
Falando em defeito, pode ser que a trama se perca na mente do espectador por ser uma história aparentemente clichê, além de o filme aos poucos deixar o mistério como subplano, causando um certa decepção, mesmo com uma bela recompensa de um flashback muito bem feito.
Por fim, são esse filmes que contam sobre um mundo esquecido e apresenta denúncias raras que trazem reflexões amargurantes, marcantes às vezes o suficiente, com uma dose de realismo cru que impacta. Bem provável que esse seja mais um filme esquecido por motivos de produção, mas Taylor Sheridan conclui sua "Trilogia da Fronteira" com uma das cenas mais lindas, com Jeremy Renner conversando com Gil Birmingham, cada um com sua atuação introspectiva e emocional respectivamente, revelando cultura, tristeza e familiaridade. (Que filmão)
O Matador
3.3 222 Assista AgoraRealmente existe uma ideia base para construção de roteiro, que ajuda o expectador na construção da história de uma maneira agradável, sem perder substância e complexidade por ocasião de um argumento mais elaborado ou exótico nas ideias. Porém existe outras formas de contar histórias, que são consideradas ousadas e arriscadas por desafiar demais quem assiste, ou por motivos estruturais e descuidos realmente a contação se torna confusa, problemática e nada agradável de acompanhar. Esse filme optou por trazer uma abordagem arriscada, à moda de histórias orais, subjetivas e espaçadas, aprensentando a desconexão que ás vezes ocorre na mente de quem conta. E tudo isso para trazer mais ainda uma imersão nordestina pernambucana.
É fato que os problemas aparecem. A narração em off, opção acertada para tornar o faroeste mais cultural da região, também prejudica por repetições de fatos e por desconectar o expectador da trama. O filme não é dos maiores, e a pausa na narrativa para que outro núcleo de história da região seja contada desperdiça tempo por exemplo em desenvolver o protagonista(Cabeleira), apesar de isso também desmistificar a história do herói ou anti-herói, fazendo Pernambuco viva em sua fotografia presente para criar um mundo próprio, sem lei, sem governo fixo. Ainda sobre a transição de núcleos da história, pode se tornar confusa para os expectadores mais apressados, mas cria um dinamismo e um mistério que é bem satisfatório acompanhar até a conclusão.
Ademais, para ficar mais claro, pontos positivos como atuação, direção de arte, fotografia e trilha sonora são bem acertadas, principalmente a trilha que junto com a fotografia torna tudo muito regional e digno do gênero faroeste(não é a toa que foi premiado nessas catergorias). As cenas de ação são tão bem feitas, que as vezes criam uma antítese com cenas de conversação dentro das casas, que não tem a mesma qualidade, soando algo novelesco pela posição da câmera. E por fim é isso. Não vai ser a grande marca do streaming no Brasil, mas é um começo promissor.
Ladrões de Bicicleta
4.4 533 Assista AgoraExistem filmes antigos que ficam datados. Até os clássicos. Exemplo disso é o Drácula 1939. Quase 10 anos depois essa pérola do cinema apareceu com muito sentimento e muito o que falar, muita denúncia. Pode não ser o filme sobre polícia e ladrão, naquele estilo de filme noir que usa muita sombra, com muita ação, etc, etc, mas é tocante, tão emocionante e tenso como um filme de ação com semelhante tema de roubo. Ele arrebata, entristece, e faz refletir. Ok, é em Roma e talvez há um exagero dramático para uma situação comum de ser furtado. Mas é muito além disso, principalmente se souber a importância da bicicleta. O bom do cinema é isso. Como ele transforma situações ordinárias em longa-metragens extraordinários. Um filme cru, que mostra o pior da sociedade e como ela transforma o homem, levando a mais pura tristeza e desespero diante o contexto de desesperança.
Depois Daquela Montanha
3.2 389 Assista AgoraO ambiente frio e o isolamento das montanhas é um ambiente perfeito para unir pessoas em situações adversas. Quando você coloca dois atores, realmente bons nesse tipo de história e usa locações determinantes na qualidade da narrativa, tudo que falta é criar um elo para junto com o argumento convincente formar um filme que seja no mínimo reflexivo. Que pena que o elo não existe.
Mas falemos primeiro das coisas boas. Os atores são os mais esforçados para seguir um roteiro tão pobre. Apesar de Idris Elba sofrer um pouco, percebe-se a incupabilidade dele. Kate Winslet consegue fugir do aparente incômodo, mas também seu papel é um pouco mais se comparado ao de Elba, quando a história tenta mostrar um racional médico neurocirurgião, que com uma metáfora óbvia, mesmo não ruim, não se preocupa com frivolidades humanas, que a personagem da Kate se preocupa. Como jornalista está mais apegada aos acontecimentos e seus percalços, buscando sempre dramatizar a situação. E não para por aí. O diretor Hany Abu-Assad exercita mais metáforas simples como o fogo representar a união sexual, e o uso da câmera fotográfica para imortalizar o momento. E por último, a filmografia é excelente, dilatando bem o significado, também metafórico, do ambiente para os personagens.
Além disso, os problemas não faltam. Apesar da edição bem eficiente, pois segundo o editor Lee Percy muitas horas foram gravadas e seu trabalho foi rápido, até mesmo individual por liberdade da direção, não passam despercebidos cortes bruscos que emulam passagem de tempo em uma simples caminhada e não consegue trazer fluidez simples. Os diálogos além de clichês são as vezes sem noção, de forma inesperada. O que na verdade é um grande problema do filme tentar romantizar e tornar realista ao mesmo tempo, sem conexão entre o perigo da montanha tantas vezes mostrada e situações absurdas que poucas vezes soam convicente para maioria do público.
Então, diante da mistura de gêneros do cinema, de sobrevivência e de romance, a ideia é interessante, ligar tais gêneros usando metáforas naturais para expor sentimentos poucos prováveis de serem demonstrados em situações comuns. Mas sem criar o elo suficiente, nem mesmo uma sacada de roteiro de usar o deconhecido conhecimento entre o casal para formatar a trama de autoconhecimento dos dois adiantará de nada sem um convecimento suficiente que essa história deva ser contada. E antes de mais nada, o final é satisfatório e a trilha mais ainda...por isso é melhor que Passageiros, diante do equilíbrio de erros e acertos durantes 3 atos.
Homem de Ferro 3
3.5 3,4K Assista AgoraÉ a completa falta de peso, a completa falta de senso da história que não se justifica, misturado com Shane Black, que é muito bom, e com o jeito Marvel Studios, além de alguma coisa do Jon Fraveau...que implodiu o filme. Vilão péssimo...mas calma...
Guy Pearce...não Ben Kingsley, pois este está maravilhoso, e não é o problema dele não ser o Mandarin, e sim Guy Pearce ser o grande vilão da forma que foi.
Ainda para mim é o filme que menos gosto da Marvel, e talvez o pior, pau a pau com Thor 1, tem cenas ótimas de ação, talvez as melhores usando a armadura. E claro, tem uma abordagem do Tony interessante, mais humano, mais ágil, e enfim, é Robert sendo o bom Robert. E mais, o double-cop com Don Cheadle alá Maquina Mortífera é bem interessante, só pouco explorado. Os efeitos estão melhores, a diversão com as armaduras é mais divertida ainda, e a trilha sonora do Brian Tyler é no mínimo empolgante, descompromissada, assim como o filme.
Detalhe, qualquer drama aqui é até inicialmente bem feito, mas em maioria a finalização é apressada e bem estranha. O final do filme mostra uma certa liberdade de Shane Black, mas de nada adianta isso, um final diferentão se autonomia só serve para fazer um encerramento casual. Bem diferente de Thor Ragnarok, que usa autonomia para dá qualidade ao filme, embora traga falhas também, mas são falhas em prol de tentar algo bem melhor, algo que é realmente bom no filme, que é a comédia. E Iron Man 3 vemos uma tentativa de ajuste com um autorismo do diretor, criando um filme desperdiçado que vai ser resgatado mais tarde por Civil War...
(Se analisarmos bem o filme ainda serve para alguma coisa). "Espero proteger a única coisa sem a qual não posso viver" - Tony Stark
Thor: Ragnarok
3.7 1,9K Assista Agora"Pure Imagination" (música)
(quando Thor está entrando em Sakkar)
O Homem que Era o Super-Homem
4.3 94Esse é um daqueles filmes que você se surpreende com historias reais tão incríveis e tão tristes. Nada melhor que revisitar histórias como Dom Quixote e do próprio Superman, na sua base esperançosa, para contar esse drama-comédia.
Em primeiro lugar é um longa-metragem coreano extremamente competente na cinematografia. Sabe colocar os personagens em cena, usa bem as câmeras lentas, faz uma edição certeira, e é partir dela que entro na parte de como esse filme pega o expectador de jeito. Sem spoiler, mas deixe fluir o filme e as lágrimas. É lindo do início ao fim. A trilha sonora não podia ser melhor, pq além de acompanhar funcionalmente nas cenas, ainda consegue sugerir outra emoção além da tela, sendo essêncial e impactante.
Acho que o único ponto negativo é aquelas coisas de filme que repetem frases para martelar no expectador, além da personagem mulher não ser bem desenvolvida em alguns detalhes.
Por fim, os coreanos arrasam. Eu já sabia que eles sabiam fazer uma comédia boba, mas que dessa vez combinou mt com o tema do filme, e também sabia que eles faziam dramas bem intensos e sinceros. Mas não lembrava de juntando tudo isso de forma bem balanceada eles podiam me surpreender com uma história baseadas em fatos, transcedendo o mundo oriental. Certo que tem até assuntos debatidos aqui que já sairam da moda, mas realmente não devia ter saido. São filmes puros como esses que admiro muito.
Thor: Ragnarok
3.7 1,9K Assista AgoraUma ópera espacial com traços de Jack Kirby e uma comédia muito engraçada, que brinca com o próprio Universo Marvel Cinematográfico, criando puro entretenimento entre personagens. Um filme do Thor em que o personagem principal é o Thor sem dúvida, porque chama atenção, mas pode ser um filme esquecível tanto quanto os outros filmes desse personagem.
Nesse filme Taika Waititi mostra o que tem de melhor: a comédia. Bem ajustada na maioria dos momentos, usando bem os atores para tal, com bom uso de Hulk e Thor, que estão mais leves como personagens, mais autônomos em suas personalidades. Odinson se encontra como personagem, como também God of Thunder em poder, exatamente por liberar algo preso em seus outros filmes e no próprio ator, que é bem melhor na comédia. É impossível não se divertir e rir ao menos uma vez, mesmo que não seja seu estilo de piada, que é às vezes física, é às vezes inteligente e às vezes bem boba, mas o suficiente para rir. Além disso é bom elogiar a direção de arte e o trabalho feito para criar Sakkar, a arena de gladiadores e o ambiente dos anos 80, bem quadrinesco, pelo fator valor de produção, com cenários reais, miniaturas, além das cores e linhas feitas, que criam um ambiente único e menos artificial pelos efeitos práticos(usados até em Asgard em algumas cenas). Outra coisa boa são os personagens novos como Valquíria e Executor, com tramas suficientemente convicentes. E por fim dos pontos positivos cito a vilã, por mais genérica que seja ganha mais com a atriz. Os diálogos e sua exposição em Asgard só é bem visto se feito por Cate Blanchet, trazendo força suficiente e convencendo muitas vezes.
Mas uma coisa que Taika já tinha feito bem na excelente Aventura de Rick Baker e peca aqui é na dramaticidade. Havia uma equilíbrio muito bem no seu filme de 2014 que não é visto aqui, com cenas dramáticas com diálogos de pouca qualidade se em comparação com a comédia, e no tempo dado a elas. Mas isso está sendo abordado pela escolha do diretor em ter esses momentos no filme, que não torna o Thor Ragnarok em uma comédia completa, mas num filme da Marvel como foi Homem-Formiga(que muita gente esquece que é otimo e bem resolvido). Havia duas escolhas: fazer um filme como O Que Fazemos Nas Sombras(full comedy) ou Rick Baker, que equlibra muito bem a comédia e o bom drama, misturando em uma cena que é possível rir e se emocionar(que é emulado às vezes aqui). Mas não. Há uma dramaticidade mais fraca, e bem menos elaborada, em que uma cena de piada demanda bem mais tempo, exemplo disso é a necessidade de frases repetitivas e outras repetições para reforçar o drama. E mais, outro defeito do filme é na edição, que é exagerada em cenas que a direção de arte poderia ser contemplada e cortes excessivos causando erro de continuidade, apesar de transitar bem entre Asgard e Sakkar. A agilidade do filme é um ponto fortíssimo para resolver roteiro de forma excelente e ao mesmo tempo tornar o filme raso e esquecível até no ato final.
Uma coisa é certa, esse filme tem sua parcela de importância no MCU, no quesito de autorismo. Vem se desenvolvendo isso, mas nesse filme fica mais forte em mais aspectos, e isso por si só traz grande alegria. A própria trilha sonora, apesar de dividir com o épico genérico, traz uma marca diferente. Esse é um filme da Marvel que não implodiu como Homem de Ferro 3, com sua inconsequência de ignorar a franquia, no entanto, também não é marcante o suficiente pela sua ousadia como Guardiões da Galáxia. É um filme 50/50(talvez pela pós produção). Tem coisas que lembram aos dois filmes infames(para a maioria) do Thor, com um intuito interessante de se encaixar na franquia, porém mal feito, e tem coisas novas, tão boas que já vale como o melhor filme do Thor.
OBS: Led Zeppelin toca no filme...só funcionou uma vez, já que na primeira vez há um tempo suficiente de tela sem corte em uma luta fenomenal, já a outra cena funcionaria se tivesse um personagem na tela e menos cortes de edição.
OBS 2: cena mais legal é da arena dos gladiadores. Tem uma piada com o Loki sensacional. Saí da cadeira rindo. Kkkk
OBS 3: "Asgard não é um lugar, é um povo."
OBS 4: de certa forma o Ragnarok é respeitado. Quem quiser assistir ainda não vai se decepcionar com a mitologia.
Star Wars: O Legado Revelado
4.1 6Por ter me feito querer ver os prelúdios de novo...merece 5 estrelas kkkk.
Spielberg
4.1 54 Assista AgoraNão há muito o que falar desse grande diretor certo? Errado. Muito errado. Há muito o que se descobrir sobre sua vida e como ela influencia diretamente seus filmes que são mais autorais do que se imagina. Há muito que descobrir sobre suas produções, sobre sua evolução, sobre como a crítica o vê com um pouco menos de maquiagem.
Apesar de ser um documentário longo com um ritmo errado, e um final um tanto insatisfatório, há muito que se aproveitar. Para quem é fã(eu!) é um prato cheio, com comidas inimagináveis. Para quem conhece Steven Spielberg de qualquer forma traz maravilhas do cinema, associações com outros diretores e obras. Não deixa de ser aproveitável de forma alguma, já que esse é um dos diretores mais influentes e mais conhecidos de todos os tempos(sem exagerar).
Nessa produção da HBO a diretora conseguiu em parte abordar a história dos 29 filmes. Como uma boa estratégia nada foi linear, com os assuntos da vida do diretor trazendo suas obras a tona. E a parte que não foi tão bem abordada estão seus novos filmes, que não vem ganhando tanto reconhecimento pelo público ou os que até foram subestimados(Bridge of Spies, Munich, Lincoln e BFG), que traria um bom comparativo na carreira de Steven do passado, visto que houve o comparativo de seu amadurecimento tão valorizado. Por ser longo poderia ser mais completo, explorar mais seus dilemas familiares que se tornam bem mais interessantes. Além disso, é bom ver como há uma certa verdade dita aqui, mesmo que também não completa. Há críticos que tornam o documentário verossímil em sua visão sobre o diretor. Não há apenas exaltação(que por sinal apresenta estranheza às vezes), e isso mostra um outro lado desse diretor tão amado e tão humano também, porque não.
Por fim, é gracioso ver sua jornada pessoal e cinematográfica tão próximas. Entender como sua mulher influenciou The Schindler's List e como seu pai foi de forma indireta e diretamente um dos grandes responsáveis por seus grandes filmes como E.T e Saving Private Ryan. O que antes era uma admiração grande e distante se tornou uma admiração mais completa e mais real por minha parte. Ao Sr. Steven Spielberg(meu diretor favorito), como se dirige A.O. Scott aos diretores em suas críticas. E obrigado a Susan Lacy pelo documentário.
O Lutador
4.0 912É fantástico como a vida comum de um esportista ou até de um profissional qualquer pode se tornar uma grande jornada, uma grande história, uma grande metáfora para a vitória ou quem sabe uma derrota inesperada...daquelas que o aprendizado é bem mais importante, como diz o provérbio japonês.
Nesse filme Aronofsky se controlou na sua megalomania religiosa e transcedente, ou até mesmo em estilo prepotente. Aqui há mais uma linha bem estruturada de realidade. Mas não se engane, há uma autorismo na cinematografia, nas simbologias e vicios que levam a decadência humana, fruto da indentidade notadamente do diretor. É lindo como tudo é crível, mas apresenta uma dramatugia tão intensa e bem feita que lembramos que é um filme desse diretor do incrível. A exigência da atuação, a câmera que sempre segue o protagonista, é maravilhoso para que entendamos o Randy Robison.
Todos os atores são cativantes, com personagens bem roterizados, com diálogos bem naturais na maioria das vezes, e essênciais, de forma que cada núcleo que Mickey Rourke se envolve, com sua filha, com a stripper, são momentos distintos e igualmente importantes para o desenvolvimento do personagem central. No plot vemos um personagem velho, viciado em sua vida de sucesso, que nem mesmo uma impossibilidade direta o para. O peso que ele leva nas costas, de pai e de artista, é como se o personagem quisesse ser crucificado por um bem maior, assim como Jesus. Ele se mistura entre os humanos, trabalhando como um homem comum. Após isso há um engano, uma felicidade, uma reconciliação, uma breve historia de amor, tudo tão gostoso de torcer e acompanhar, mas é tirado abruptamente de forma extremamente realista e satisfatória, não podendo culmimar num final mais perfeito.
Em meio a tanto rock e ensaio antes do ring, a vida de luta profissional é bem representada, pois mostra a pré-luta e pós-luta, a venda de drogas, etc. Além disso as cenas de ação são bem sanguinolentas, bem editadas para mudar um pouco o ritmo comum nesses filmes de momento esportista. Aqui não é assim, uma cena de esporte por esporte. A luta tem um propósito tão excelente a história que é possível se surpreender, quando usa a edição e muda a percepção de tempo para enfatizar as consequências no corpo do lutador. Por isso, de fato, é a obra prima de Aronofsky, quando ele fala menos e sua obra segue seu ritmo, sem necessariamente ser tão óbvio.
A Força do Mal
2.6 26Acho que para TV o filme fi bem decente, e no quesito cinematografia foi bem feito demais. Direção falhou na edição, com alguns cortes bruscos, mas há uns bem bons. O tempo que passava gravando no trabalho de Paul é realmente desnecessário, é muto lento nessas partes. No execício de gênero é realmente bom. O som do bebê realmente é marcante e assustador. As atuações essenciais fluem bem, principalmente de Marjorie. Além disso a escolha de figurino é certeira quando misturado com o bom design de produção que engana qualquer um. Como imaginar que é uma casa amaldiçoada? E mais, a abertura com a pintura da casa e retomar isso no final é gratificante.
No geral, é um filme com um roteiro que não se sustenta sozinho, mas Spielberg consegue dirigir bem. E mais, há umas interpretações que pode-se tirar desse filme, assim como em Encurralado, baseado na época e nas transformações sociais.
Blade Runner 2049
4.0 1,7K Assista AgoraEsse filme apresenta tantas camadas, tanta profundidade que uma crítica qualquer após visto a primeira vez é basicamente incompleta. Há tanta coisa a se pensar, a se questionar, a se apreciar nesse filosófico Blade Runner 2049...
De primeira apresenta-se ao ano 2049, Califórnia. Do mesmo jeito depara-se com tal estética futurista e ricamente ambientada, seguindo a fio os trilhos que o primeiro filme de 1982 preparou. Mise-en-scène é tão bem feito que cada momento é importante ver em tela grande. Cada detalhe, cada cor, cada foco, tudo feito com maestria por Roger Deakins. Junto a isso a fotografia é inspirada no primeiro filme e aumenta a imersão de cada cena, pois a colorização, a luminosidade é vigorosa. Indo contra isso, usando as sombras do gênero NOIR nas cenas de ação com fundos brilhantes e a silhueta de K se movimentando. É um show técnico, digno de um cyberpunk noir detetivesco de qualidade que o original já tinha. Em relação as atuações, todas estão ótimas. Mas chamo mais atenção de Ryan Gosling, que não é a toa, o protagonista, traz uma frieza e uma emoção, algo que não se fala, apenas observa. É uma das melhores de sua carreira sem dúvida. E junto a tudo isso o roteiro também se sobressai. Nada expositivo, explicado, lento apreciativo, e com aquela mesma maneira de contar uma história simples de um policial detetive e replicantes, porém diz muita coisa das formas mais implícitas, nos detalhes, no ar do filme, realmente. Por fim, a edição do filme é certeira, com transições que fluem lentamente, valorizando o sensitivo do filme, permitindo a criação de uma atmosfera melancólica e auto-reflexiva do personagem.
Apenas um detalhe, porque esse filme é de muitos detalhes, criou um certo incômodo. A trilha sonora de Hans Zimmer e Benjamin Wallfisch ainda apresenta a sonoridade necessária para esse mundo de Blade Runner, serve como continuação de Vangelis, mas em questão de qualidade é extremamente inferior. No quesito funcional é excelente, mas fica apenas nisso, não marca tanto quanto o filme.
E diante toda essa obra de arte da ficção científica, Denis Villeneuve ganha mais espaço como um dos melhores diretores desse século. O respeito ao original e a técnica quase perfeita aplicada aqui forma uma das melhores continuações de todos os tempos, que é tão maravilhosa por si só, e ainda abrange o ponto de vista e interpretação do primeiro filme. Ainda é cedo, mas o progresso de um clássico cult trouxe outro clássico cinematográfico. É preciso rever, e rever, aprender, refletir, e analisar, tanto o filme quanto a vida de cada indivíduo na massa da humanidade.
"O mundo é construído em uma parede que separa 'tipos'. Diga a ambos os lados que não há muro...aí você compra uma guerra."
"Às vezes para amar alguém você precisa ser um estranho" - Deckard
Fonte da Vida
3.7 779 Assista AgoraAronofsky forçou a barra com sua mente complexa, única e espiritualista.
Tem uma essência peculiar de fato, um história de amor sem igual. As atuações são ótimas. Hugh Jackman é bem explorado, assim como Rachel Weisz. O romance funciona, e Aronofsky implementa uma das suas melhores características que é trabalhar atores, sempre precisando deles em seus takes. O drama é intenso, que a fotografia ajuda e a criar um ar estranho, do além, com mitologias diversas aplicadas e misturadas que envolvem eternidade.
Tudo isso no entanto não torna o filme menos infame, desproporcional e exagerado. Os excessos são caracteríticos de Darren, que arrebatam fãs e até mesmo bons elogios justos. Há uma ousadia na síntese de seus filmes, mesmo repetindo estilos. No entanto, desde a fotografia mal trabalhada a close-ups desnecessários, e com uma edicão que incomoda nos constantes escurecimentos da tela para transição de cena dentro de um mesmo contexto. E é mais difícil ainda engolir as bizarrices e estranhezas do roteiro. Claro que é possível visualizar um grande história, única e artística. Porém não há necessidade de complexidade na montagem e sucessões das três histórias, quando já não se explica nada, que por sinal isso é bom.
Gênesis bíblico, pirâmide Maia e budismo aparente. Definitivamente admiro a coragem e o modo religioso que Darren Aronofsky faz seus filmes, mas para seu terceiro filme ele poderia ou ser mais cuidadoso com algo tão complexo em se amarrar, ou se apegar a uma ideia e desenvolvê-la plenamente.
The Office (9ª Temporada)
4.3 653É difícil se despedir dessa série, de um jeito que não era imaginado, pois o final tornou mais complicado. Mas é bom ser realista que a temporada começou bem ruim, introduzindo novos personagens e nova forma de abordagem diante dos desfalques. O drama começou a prevalecer, novos relacionamentos se formam, e personagens se acomodam. É duro aceitar, é lenta a transição dessa novidade logo no final da série. No entanto Greg Daniels conseguiu de uma forma mágica subverter os defeitos com novidades e fez muitos fãs chorarem no último episódio. Grande mérito para esse showrunner.
O que se salva de imediato é Jim, Pam e Dwight. Andy se perdeu(agora sim tentando emular demais Micheal Scott), Nellie, a britânica, é sem graça, e os novatos não paracem muita coisa. Tudo começou sem graça, mas inesperadamente o formato de documentário veio a tona. Isso rejuvenesceu a proposta central da série. A partir disso tudo melhorou e foi se equilibrando. As piadas melhoraram, tiveram maior variedade, como a do Darryl apenas com olhar, o Creed que faz coisas inesperadas, e toda trama absurda do senador com Angela, Oscar e Kevin sabendo de tudo. Tudo se desenvolve, em especial o conflito entre Jim e Pam. Uma coisa corajosa foi omitir algumas coisas, realmente dando mais verossimilhança ao documentário, e tudo que acontece fica mais real e emocionante.
Pontos finais: precisamos falar sobre a metalinguagem e o quão emocionante esse final foi. Não é a melhor temporada, até porque houve altos e baixos. Dwight se tornou mais central com Jim e os novatos eram o reboot dentro da temporada que demorou para dá certo. Toby e Nellie...até ficou engraçado. Mas enfim, a grande sacada de trazer o questionamento do documentário, tornar real os vídeos que foram para TV, a entrevista com os personagens dentro da própria série...dá um nervosismo, já que há certas coisas que não sabemos sobre os personagens, pois realmente um documentário não mostra todas as coisas. Essa é a graça. 😀🙄😢🙁
E são com palavras que transcedem a quarta parede de John Krasinsky como Jim e Jenna Fischer como Pam que termina-se essa crítica:
Jim: "[...]Mesmo eu não gostando de nada
disso, tudo o que tenho devo a este trabalho. Este estúpido...maravilhoso... chato...excelente trabalho."
Pam: "Achei estranho quando nos pegou para fazer um documentário. Mas apesar de tudo...acho que uma empresa normal de papel como a Dunder Mufflin era um grande tópico para um documentário. Há muita beleza nas coisas comuns. Não é esse o motivo?
Réquiem para um Sonho
4.3 4,4K Assista AgoraÉ um filme difícil, difícil até demais de se ver. Aqui Darren usou bem sua direção de rostos, close-up, mostrando bem o sentimento de cada personagem, explorando atuações como sempre, e os atores entregam maravilhosamente. Trilha sonora agora bem colocada, ajudando realmente a levar o filme. E a edição..nem se fale, quase incrível. Mas Darren se empolga, e repete, exagera. Verdade que o exagero aqui foi bem usado, com um omento de susto, de representação do vício, mas repetição de ideias por estética perde a graça se usadas de forma exacerbadas. Mas o que vale também desse filme é como a decadência humana existe e sonhos também, e o vício provoca um e afasta do outro. Aquele final...sem humanidade...triste demais...horrendo demais.
"How come you know more about medicine than a doctor?" - Sarah Goldfarb
Bingo - O Rei das Manhãs
4.1 1,1K Assista AgoraEssa nossa cultura brasileira de achar a nossa própria arte de medíocre, de só enxergar qualidade nos filmes estadunidenses, europeus e indianos é muito pessimista, e reflete também na motivação de tentar fazer cinema no país. Ainda bem que há filmes como esse, que mesmo sendo brasileiro é difícil desassociar do americanismo, seja pela fotografia rebuscada, pelo plano sequência ou também pela língua inglesa sendo falada em alguns momentos, mas sim, é brasileiro, e trata essa história no nível de filmes estrangeiros que você vê por ai.
Fato é que Daniel Rezende fez um filme de um palhaço com estética de teatro, com nuances psíquicos e fervor dramático, lembrando às vezes assuntos apontados nos filmes de herói, com identidade secreta e a relação familiar. Não é um filme complexo só porque aborda tudo isso, mas é rico, um filme de assinatura e presença, falando sobre Brasil, sobre TV brasileira, além de fazer um estudo de personagem instigante, envolvente e bem real, cru e pesado. Tudo aqui é bem dirigido, com músicas bem colocadas, e para um filme que não pode falar tudo o que queria falou até demais.
Porém, quando tudo é perfeito na largada e no decorrer da corrida o final é garantido como ganho, e aí é que o final do último ato escorrega de leve, terminando de forma rápida e até em desconsideração a história verídica. Certo que há mais uma inspiração para uma grande narrativa do que realmente se preocupar com os fatos, mas ainda assim seria mais impactante se a igreja deixasse de ser piada no momento final ou se mostrasse realmente um tipo de mudança, valorizando a boa personagem da Leandra Leal que tentava mudá-lo.
Então esse é o filme que o Brasil tem e foi bem escolhido para representá-lo no Oscar. Atuações ótimas, principalmente do Vladimir Britcha, roteiro bem estruturado, direção segura e ousada, e um valor de produção bem visto. Sinceramente espera-se que após esse filme as pessoas valorizem mais o cinema brasileiro que só esse ano já apresentou no mínimo 2 filmes ótimos, contando com esse.
OBS: "A vida não é brincadeira não" - Bingo
Pi
3.8 770 Assista AgoraUm filme bom do Aronofsky, que vendo os filmes futuros dele todas a ideias repetidas começaram aqui, sempre focando na psique da personagem principal, além de preferir uma fotografia suja, que nesse filme específico funciona algumas vezes, mas o preto e branco já era o suficiente, então nesse quesito técnico, e a trilha sonora que também é mal colocada ou não combina bem, são duas falhas que Aronofsky aprimorou bem, e muito bem. Na parte da história Darren é bem viajante, emulando Lynch, o que não é tão bom assim, já que não tem o mesmo impacto e é muita prepotência de sua parte em seu primeiro filme buscar essa semelhança, mas isso trouxe um Sundance, merecido na parte de direção muito bem feita. É verdade que essa característica do diretor é que o leva a fazer filmes melhores, pois é na ousadia dos temas e na megalomania que Darren é o que é. Voltando ao roteiro, o final perde o pequeno nervosismo que tinha provocado, e só fica uma mensagem de identificação com Max, como qualquer pessoa que pensa diferente e só tem dois lados que a humanidade direciona seu pensamento: a religião e ao capitalismo. O fato mesmo é que tem uma explicação geral para tudo, mas não coube a Max descobrir e nem a Aronofsky a nos contar essa história da melhor forma, mas valeu a tentativa dos dois.
Mãe!
4.0 3,9K Assista AgoraMais um filme do Aronofsky, naquele seu estilo de sempre, que continua muito bom. Dessa vez ele nos trouxe sua bíblia, sua mente bruta, sem aparar as arestas, trazendo ao público um terror que subverte as basicidades do gênero, que o intuito é incomodar e trazer o maior número de interpretações possíveis para atingir os mais variados espectadores, mesmo que em grande maioria não compreenda o filme por completo. Mas não é necessário, já que há um plot central que se entendido mostra o quão ousado e sagaz é Darren Aronofsky.
Em suas qualidades, é fazer filmes que mistura tudo e não mistura nada. Exato, é um filme que dificilmente você verá novamente, mas não nas especificidades da trama, no gênero ou no sofrimento de uma personagem(que Darren já faz isso desde dos primórdios de sua carreira), mas sim no todo, na execução de fotografia, câmera, desenvolvimento, e enfim...nessas alegorias completas. É quase indifenível o seu trabalho de encaixar em duas horas toda a história da humanidade que Darren pensa e nos quer passar. O jeito que torna tudo pequeno em algo grande, o como transforma confusão em organização histórica com um propósito é sensacional. Além disso a direção dos atores é um ponto alto, assim como as atuações. Até a mínima atuação de Ed Harris. Michelle Pfeiffer, e os singelos e constantes rostos indecifráveis de Havier Barden, que constrói com sua atuação uma dignidade para a sua persona, é maravilhoso. A forma de passar os sons, sem praticamente nenhuma trilha sonora que já tinha visto esse ano em The Beguiled de Coppola, ainda assim foi melhor, pois tem mais uma camada poe traz desse intuito.
Mas para haver um genialidade ou uma inteligência, não é necessário ser perfeito. Sim, é uma obra de arte, já que é único, e a mente de Darren, mas porque não haver defeitos? Não há mal nisso, principalmente quando ele nos entrega algo bruto que nós iremos empacotar sua ideia a nossa forma, pois como Darren disse, o filme se completa com a nossa percepção. Então, aponto o defeito de sua prepotência, justa baseada no calibre que tem demonstrado, mas não menos atrapalhada. Em sua ideia de tornar detalhes absurdos em comédia faria mais sentido se não provocasse gargalhadas. A sátira e uma crítica pode ter humor, mas como equilibrar isso? É para isso que há tentativas, e não precisa acertar, valeu a tentativa, mas beira ao ridículo e inconsequência diante do todo do filme. Além disso, não é que Jennifer tenha atuado mal. Por sinal eu fiquei bem feliz com sua atuação depois de desastres sucessivos que não me caiam bem de jeito algum. Aqui ela convence, ela tem força, ela é passiva e reativa com presença de uma boa atriz que ela é, no entanto Darren não ajudou muito sua musa como fez em Cisne Negro a Natalie Portman. Sua ideia de criar um mistério com câmera no ombro e na face de Jennifer, criando aquele ar de tensão contínua, prejudica o emocional da personagem algumas vezes, tornando seu trabalho quase impossível de não ser apontado algum defeito e fica ainda problemático em sua tentativa de sustos, visto que é apenas um exercício de gênero sem motivo.
É um filme cabeça, com uma alegoria e interpretações diversas, que trazem uma mensagem linda vindo do pessimismo. Traz verdades e traz a suas verdades autorais, desse diretor que se fez deus nesse filme, trazendo uma única visão de uma personagem que nada pode fazer do que o inevitável. Tem muuita coisa a se falar, coisas relevantes que muita gente nem percebeu, inclusive eu. Não acho que o filme perca sentido por abordar muita coisa ao mesmo tempo, que para muitos, de forma justa, acaba não falando de nada. O material bruto tem essa intenção, de falar muito, ser controverso, pois ele não se defende, apenas traz a ideia, e os debates e as reflexões são o mais importante. Simbolista demais, ego demais, mas com certeza o cinema agradece.