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Mommy
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Mommy compôs uma das melhores experiências cinematográficas que já vivi, pois tive o prazer de vê-lo ao lado da minha mommy, que no final me brindou falando do sentimento maternal.
Não sou entusiasta do trabalho de Xavier Dolan, é algo intimo e talvez precise rever algumas de suas obras, mas não é por isso que não se pode perceber que o talento e idade de Dolan são inversamente proporcionais, além de admitir que, finalmente, uma de suas obras me rendeu.Eu estava totalmente entregue, 3 personalidades distintas criando uma relação de extrema dependência que era uma tragédia anunciada e se desenrolava nos conduzindo por um caminho apertado, um quadrado claustrofóbico que potencializava todos os sentimentos que as cenas carregavam, não havia outra opção que não fosse mergulhar nos problemas das 3 personagens e senti-los com todo peso e complexidade. Mas essa ópera triste também tinha picos de harmonia, tranquilidade e alívio, a tela expandia e respirávamos aliviados. A transição ao som de Oasis foi a melhor, o grito de Liberté também era expressão do que sentíamos junto com. Não poderia deixar de citar a cena em que Die idealiza o futuro, carregando ainda mais o bonde das emoções. As transições de formato foram um jogo bastante sensitivo e usado na medida e momento certos por Dolan.
E aqui somo ao meu comentário a visão de alguém bastante competente para entrar no mérito, minha mãe, uma mãe que "julgou" Die por ter sido "fraca". Era notável que o dom da maternidade não estava em Die, que acabou se tornando totalmente dependente de Kyla e também da lei fictícia feita para apoiar sua “incapacidade”. E sim, também podemos lutar em favor de Die, há razões, mas me limito a falar da interpretação que minha mãe fez sobre a rendição diante da situação, e que em uma visão mais holística, estou de acordo. Foi satisfatório ouvir da minha mãe que é possível ir além do que Diane foi.
A relação entre as três almas, entre as cenas, passagens e musicas, sobretudo a expressão de liberdade combinada com o som de Oasis, o amor ágape em exceção, limitado e condicionado (ou não). Ah, dessa vez Dolan acertou em cheio e me derrubou com força.
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Existia no Alain uma frieza/distância afetiva natural, o problema não era ela, o problema era ele. A atitude dele com Marie era incômoda, ele não sentia pena (o que era bom), ele não ultrapassava alguns limites e se envolvia afetivamente, ele era apenas ele, era verdadeiro, e a situação dela não afetava em nada os seus sentimentos. Se isso era bom naquela situação? de certa forma sim, afinal ele era cru e sincero. Mas não nego ter incomodado um pouco pois queria que partisse logo para a história de amor de aventura e de magia, mas é claro, como é característico da vida, não é bem por aí.
O filme inteiro eles estavam em uma relação paradoxal, tão perto mas tão longe, e no final o afago que tanto esperei veio, o acidente os aproximou, ele se tornou mais parecido com ela, limitado e quebrado, a figura dela passou a ter um significado e fazer mais sentido na vida dele, e ela o completou de alguma forma. Ele cresceu com o acontecido, quebrou o gelo e salvou o filho, e a partir daquele momento um gelo dentro dele também foi, de alguma forma, quebrado.
"E a beleza está na superação dele?" sim, está.
"Mas a outra perdeu as pernas e se refez, isso me pareceu bem mais impactante". Bem, pra mim, a história dela foi o melhor pano de fundo para a dele, ela foi a grande inspiração para ele levantar e lutar com o adversário, para ele levantar e continuar lutando com pessoas e por sonhos mesmo estando quebrado. Entretanto, como falamos de cinema e cada um vê de um ângulo diferente, esse foi o meu. Mas uma coisa é certa: a capacidade que temos de nos reinventar é incrível.
Temos aqui mais um belo e fiel retrato da vida real.
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E com o final da série eu não tô no chão, eu tô é no telhado.