O homem da nossa civilização adora ver sangue (alheio). Com toda a naturalidade e receptividade, completa suas refeições com as notícias trágicas e chocantes dos telejornais locais. Por mais que pareça estranho e embrulhe o estômago de alguns, muita gente, por sua vez, faz das imagens mórbidas o melhor tempero para a comida, pois têm fome e sede de desgraça: já perderam há muito o senso de humanidade e civilidade, tornaram-se tão cretinos e irracionais como o Lou Bloom. Podem argumentar: "ah! Os fatos é que são sensacionalistas, não as notícias", achando, ingenuamente, que eles próprios - os expectadores do espetáculo jornalístico - não são os alimentadores das notícias, isto é, que não são os verdadeiros abutres.
O progresso tecnológico e econômico, a fixação das fábricas na civilização do século XX deixou lacunas enormes no cotidiano do homem, e fez com que o tédio ocupasse um papel central em sua vida. Este filme recria de forma sublime o impacto do tédio e a ausência de humanidade nas relações humanas; o amor ao homem e à natureza está embaçado por trás da névoa permanente, da fumaça tóxica das chaminés. O tédio provoca a fragilidade e a esterilidade cultural, é difícil de ser identificado: "Há algo terrível na realidade e eu não sei o que é. Ninguém me diz"; não é de se estranhar que, nesse filme, o único momento de libertação seja a estória que é contada ao filho doente, é a única ilusão de fuga de uma realidade esmagadora. Trata-se de uma obra-prima que merece ser vista.
"A melancolia se caracteriza por um desânimo profundamente doloroso, uma suspensão do interesse pelo mundo externo, perda da capacidade de amar, inibição de toda a atividade e um rebaixamento do sentimento de autoestima, que se expressa em autorrecriminações e autoinsultos, chegando até a expectativa delirante de punição." (Freud, em "Luto e Melancolia")
Tão problemática quanto o preconceito racial é classificação de caráter bom ou mau. Um homem violento pode ser um bom pai, assim como um bom policial pode cometer erros, alguns irreversíveis. O ódio, a vontade de vingança, a insubmissão, o instinto são características inerentes à condição humana, e o homem vive numa luta constante com esses sentimentos, mas não se sabe até que níveis de tensão ele é capaz de controlar sua hostilidade. Às vezes podemos recompensar alguém por um erro que cometemos mas, infelizmente, nem sempre isso é possível. E nesses casos impossíveis, é preciso seguir em frente e buscar ser alguém melhor.
O enorme conflito que é a dualidade do homem. Capacete "Born to kill" x Broche da paz, como se o capacete representasse os EUA, e o broche lembrasse os civis vietnamitas, vítimas de uma guerra que não era deles.
Acho que o tema desse filme deve entrar cada vez mais em evidência. Na minha opinião, o mundo tecnológico tende a se tornar uma via de alienação para os que têm acesso a este mundo, pois poucos se atrevem a questionar se o "avanço" é legítimo, se os usuários da tecnologia estão crescendo pessoalmente e fortalecendo as relações com as pessoas ao redor. O filme atesta essa situação:
Theodore vive bastante isolado da sociedade (talvez por ter sofrido um grande trauma), mas, ao mesmo tempo, ocupa um lugar comum, ou seja, tem o comportamento que é tido como algo absolutamente aceitável dentro da sociedade, de modo que a vida de Theodore é a regra, e não a exceção. O filme sugere uma sociedade na qual o isolamento causado pela tecnologia é uma tendência a ser seguida. Para mim, isso é assustador.
Deve existir um limite no qual o contato com a tecnologia passa a ser algo nocivo aos usuários e, por isso, é que cada um de nós deve conhecer o próprio limite. Realmente, esse filme é incrível.
Achei bem poético. Lembrou um pouco Godard: em alguns filmes, a poesia entra como um destaque, os personagens leem trechos de livros, criam cenas teatrais. Gostei bastante!
Os diálogos desse filme são mais diluídos do que os das telenovelas da globo, sinceramente, um texto bem na base do "enchimento de linguiça", muita coisa desnecessária. Uma boa ideia, porém mal aproveitada.
O livro de Mário de Andrade é um dos mais ricos da nossa Literatura, pois é quase totalmente baseado no folclore brasileiro, ou seja, foi influenciado por lendas de diversos autores, música popular, religiões populares, vários elementos ligados às nossas raízes indígenas.
Não acho que o "brasileiro" foi ridicularizado, mas, ao contrário, foi representado de forma (muito) bem humorada. É claro que a imagem do "herói sem nenhum caráter" é uma crítica forte à sociedade brasileira, que exalta os astuciosos e desonestos, mas julga como inferior aquele que é digno de respeito. Basicamente, havia (e ainda há) uma grande inversão de valores na sociedade.
Sinceramente, é um dos meus filmes preferidos pelo dinamismo dos personagens, pela riqueza dos cenários e qualidade da direção.
O escritor, cuja vida está repleta de neuroses a ponto de não sobrar espaço para a entrada de pessoas reais na vida do mesmo. Está sempre construindo casas sobre a areia (ilusões), as quais acabam por tomar conta da vida dele.
Outra coisa: quando alguém faz a você um mal, consegues esquecer e ficar em paz ou faz questão de lembrar e alimentar um desejo por vingança? Esse é um dos grandes dilemas vividos por pessoas pacíficas e não-pacíficas. Quando se esquece de algo perverso, está sendo quebrada a cadeia do ódio. Este, assim, deixa de existir. Disse uma das personagens: "as pessoas vêm a esta ilha para esquecer".
Além de tudo, o filme mostra sempre uma integração do homem com os elementos da natureza, o que torna a história cada vez mais mística, rica em metáforas, e muito mais bela, é claro.
E o sexo? Apareceu como uma cereja no bolo, assim como Paz Vega, Elena Anaya e Najwa Nimri!
Outra coisa: http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=Xs2KQmVaqkg#at=153 kkkkkkkkk Pérola!
Uma grande alegoria sobre a eterna luta entre "bárbaros" invasores e as civilizações estigmatizadas. A história desse filme é semelhante à "Lenda dos Diamantes", que compõe o imaginário folclórico de Minas Gerais. Diz a lenda que uma tribo estava em constante defesa contra os bandeirantes que, sedentos pelo ouro, queria a terra dos nativos a todo custo. Logo surgiu um índio traidor que revelou aos bandeirantes que a secular árvore acaiaca, que dominava a colina, era sagrada para a tribo dos puris. A árvore dava-lhes força, segurança e espiritualidade, de modo tudo acontecia ao redor dela. Desde então a estratégia de ataque dos invasores seria derrubar a grande árvore, o deus da tribo, e assim fez-se. O pajé, ao ver a árvore morta e toda a aldeia devastada, jogou uma maldição eterna sobre a civilização que estava a surgir e incendiou a acaiaca. O fogo tomou conta da árvore e os pedaços de carvão, que se espalhavam em chamas por toda a região, semeando serras e vales, transformaram-se em diamantes. A aldeia sempre vivera pacificamente. Poderia então uma civilização destruir outra em nome de um progresso que só beneficiaria uma delas? É isso que acontece com as tribos na floresta amazônica. Isso é certo, por acaso? Basicamente, essa é lei do mais forte, que na verdade não se faz justa em uma democracia. Não se pode haver igualdade entre fortes e fracos: os fortes sempre dominarão.
Por isso é que esse filme é uma das metáforas mais incríveis que já vi sobre a sociedade.
Detalhe: o nome do filme em inglês é "neighboring sounds", que lembra a palavra "boring", que significa "chato", que pode sugerir que o cotidiano é chato, entediante. Mas o filme não é chato de forma alguma, ao contrário, o filme é genial.
Impressionei-me com a capacidade de abstração do personagem Léon, é bem à frente das crianças comuns: na cena em que a professora pede para ele analisar a frase que estava no quadro, ele realmente levou a fundo o sentido da palavra "interpretar", em vez da mera análise gramatical. Foi nessa cena que eu fiquei fã do menino.
A profunda angústia consecutiva do costume de representar (ou ser) várias pessoas, de ter várias personalidades e, mesmo tempo não ser ninguém. Ter uma vida não linear, supostamente feliz por não seguir uma rotina, até que se percebe que segue a rotina da não-rotina. Assim como no filme "Macunaíma (1969)", Holy Motors pode ser considerado, por exemplo, como uma metáfora para a identidade do povo brasileiro, que não é concisa por ser muito diversificada. Monsieur Oscar também é uma metáfora para pessoas com distúrbios de personalidade, e a grande angústia de pessoas com tal característica é a de não encontrar o cerne da própria existência, aliás, nesse caso se torna quase impossível. Holy Motors também remete à "Persona" de Bergman, pois o distúrbio de personalidade se mantém através do constante uso de "máscaras" para adaptar-se a novos ambientes e ciclos sociais. Como uma ferramente de defesa. O mais, é teatro invisível de Augusto Boal.
A mãe de Krista acaba criando pra si a ilusão de que a filha é atriz na Califórnia, como esta sempre sonhou. Com isso, a mãe se tranquiliza, pois tudo indicava que o que acontecera à filha fosse algo bem pior. Nesse ponto a gente vê "o grande poder moral de uma ilusão", como disse Machado de Assis em "O Alienista". Sendo assim, não sei se seria muita pretensão qualificar a mãe como psicótica, já que ela "construiu uma casa sobre a areia - sem sustentação - e foi morar dentro dela", diferente do neurótico, que apenas constrói a casa. É uma espécie bem distinta de desequilíbrio mental. No entanto, a mãe precisava criar essa "verdade" para poder dar continuidade à vida, supõe-se que não seja fácil apagar facilmente os grandes traumas que sofremos. Reparem que todos nós estamos sempre fazendo isso, só que em uma dimensão menor; criamos pequenas ilusões que nos aliviam dores de curta duração, diferente da dor de perder uma filha e talvez nunca saber onde ela está. Nunca se sabe como reagiríamos se acontecesse algo semelhante conosco. Talvez se possa dizer que, quanto maior o problema maior o desequilíbrio consecutivo.
No mais, fiquei impressionado com a atuação de Brittany Murphy (acho que ela se destacou bastante) e também as de Rose Byrne e James Franco. Estavam todos ótimos. Também achei que o clima de suspense fora muito bem criado. Ótimo filme.
Corisco & Dada
3.6 33 Assista Agora"As memórias queimam a alma da gente. Tem coisa que a gente vê e nunca mais esquece..."
Histórias Cruzadas
4.4 3,8K Assista Agora"Eat my shit!"
A Pele de Vênus
4.0 218 Assista Agora"E Deus o castigou e o colocou nas mãos de uma mulher"
O Abutre
4.0 2,5K Assista AgoraO homem da nossa civilização adora ver sangue (alheio). Com toda a naturalidade e receptividade, completa suas refeições com as notícias trágicas e chocantes dos telejornais locais. Por mais que pareça estranho e embrulhe o estômago de alguns, muita gente, por sua vez, faz das imagens mórbidas o melhor tempero para a comida, pois têm fome e sede de desgraça: já perderam há muito o senso de humanidade e civilidade, tornaram-se tão cretinos e irracionais como o Lou Bloom. Podem argumentar: "ah! Os fatos é que são sensacionalistas, não as notícias", achando, ingenuamente, que eles próprios - os expectadores do espetáculo jornalístico - não são os alimentadores das notícias, isto é, que não são os verdadeiros abutres.
Alabama Monroe
4.3 1,4K Assista AgoraLuto é coisa séria
O Deserto Vermelho
4.0 95O progresso tecnológico e econômico, a fixação das fábricas na civilização do século XX deixou lacunas enormes no cotidiano do homem, e fez com que o tédio ocupasse um papel central em sua vida. Este filme recria de forma sublime o impacto do tédio e a ausência de humanidade nas relações humanas; o amor ao homem e à natureza está embaçado por trás da névoa permanente, da fumaça tóxica das chaminés. O tédio provoca a fragilidade e a esterilidade cultural, é difícil de ser identificado: "Há algo terrível na realidade e eu não sei o que é. Ninguém me diz"; não é de se estranhar que, nesse filme, o único momento de libertação seja a estória que é contada ao filho doente, é a única ilusão de fuga de uma realidade esmagadora.
Trata-se de uma obra-prima que merece ser vista.
Melancolia
3.8 3,1K Assista Agora"A melancolia se caracteriza por um desânimo profundamente doloroso, uma suspensão do interesse pelo mundo externo, perda da capacidade de amar, inibição de toda a atividade e um rebaixamento do sentimento de autoestima, que se expressa em autorrecriminações e autoinsultos, chegando até a expectativa delirante de punição." (Freud, em "Luto e Melancolia")
Na Natureza Selvagem
4.3 4,5K Assista AgoraO Mito de Ícaro contado da melhor maneira possível.
Crash: No Limite
3.9 1,2KTão problemática quanto o preconceito racial é classificação de caráter bom ou mau. Um homem violento pode ser um bom pai, assim como um bom policial pode cometer erros, alguns irreversíveis. O ódio, a vontade de vingança, a insubmissão, o instinto são características inerentes à condição humana, e o homem vive numa luta constante com esses sentimentos, mas não se sabe até que níveis de tensão ele é capaz de controlar sua hostilidade. Às vezes podemos recompensar alguém por um erro que cometemos mas, infelizmente, nem sempre isso é possível. E nesses casos impossíveis, é preciso seguir em frente e buscar ser alguém melhor.
Nascido Para Matar
4.3 1,1K Assista AgoraO enorme conflito que é a dualidade do homem. Capacete "Born to kill" x Broche da paz, como se o capacete representasse os EUA, e o broche lembrasse os civis vietnamitas, vítimas de uma guerra que não era deles.
Ela
4.2 5,8K Assista AgoraAcho que o tema desse filme deve entrar cada vez mais em evidência. Na minha opinião, o mundo tecnológico tende a se tornar uma via de alienação para os que têm acesso a este mundo, pois poucos se atrevem a questionar se o "avanço" é legítimo, se os usuários da tecnologia estão crescendo pessoalmente e fortalecendo as relações com as pessoas ao redor. O filme atesta essa situação:
Theodore vive bastante isolado da sociedade (talvez por ter sofrido um grande trauma), mas, ao mesmo tempo, ocupa um lugar comum, ou seja, tem o comportamento que é tido como algo absolutamente aceitável dentro da sociedade, de modo que a vida de Theodore é a regra, e não a exceção. O filme sugere uma sociedade na qual o isolamento causado pela tecnologia é uma tendência a ser seguida. Para mim, isso é assustador.
O Olho do Diabo
4.3 90"Todo o castigo do mundo é pouco para quem ama". Sem mais.
A Via Láctea
3.5 66 Assista AgoraAchei bem poético. Lembrou um pouco Godard: em alguns filmes, a poesia entra como um destaque, os personagens leem trechos de livros, criam cenas teatrais. Gostei bastante!
Encaixotando Helena
3.1 307Os diálogos desse filme são mais diluídos do que os das telenovelas da globo, sinceramente, um texto bem na base do "enchimento de linguiça", muita coisa desnecessária. Uma boa ideia, porém mal aproveitada.
E aquela cena do atropelamento? trash demais.
Macunaíma
3.3 274 Assista AgoraO livro de Mário de Andrade é um dos mais ricos da nossa Literatura, pois é quase totalmente baseado no folclore brasileiro, ou seja, foi influenciado por lendas de diversos autores, música popular, religiões populares, vários elementos ligados às nossas raízes indígenas.
Não acho que o "brasileiro" foi ridicularizado, mas, ao contrário, foi representado de forma (muito) bem humorada. É claro que a imagem do "herói sem nenhum caráter" é uma crítica forte à sociedade brasileira, que exalta os astuciosos e desonestos, mas julga como inferior aquele que é digno de respeito. Basicamente, havia (e ainda há) uma grande inversão de valores na sociedade.
Sinceramente, é um dos meus filmes preferidos pelo dinamismo dos personagens, pela riqueza dos cenários e qualidade da direção.
Simplesmente uma Mulher
2.9 36 Assista AgoraContinuação de Thelma & Louise?
Lúcia e o Sexo
3.7 216Filme muito belo, sem dúvidas!
O escritor, cuja vida está repleta de neuroses a ponto de não sobrar espaço para a entrada de pessoas reais na vida do mesmo. Está sempre construindo casas sobre a areia (ilusões), as quais acabam por tomar conta da vida dele.
Outra coisa: quando alguém faz a você um mal, consegues esquecer e ficar em paz ou faz questão de lembrar e alimentar um desejo por vingança? Esse é um dos grandes dilemas vividos por pessoas pacíficas e não-pacíficas. Quando se esquece de algo perverso, está sendo quebrada a cadeia do ódio. Este, assim, deixa de existir. Disse uma das personagens: "as pessoas vêm a esta ilha para esquecer".
Além de tudo, o filme mostra sempre uma integração do homem com os elementos da natureza, o que torna a história cada vez mais mística, rica em metáforas, e muito mais bela, é claro.
E o sexo? Apareceu como uma cereja no bolo, assim como Paz Vega, Elena Anaya e Najwa Nimri!
Outra coisa:
http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=Xs2KQmVaqkg#at=153
kkkkkkkkk Pérola!
Avatar
3.6 4,5K Assista AgoraUma grande alegoria sobre a eterna luta entre "bárbaros" invasores e as civilizações estigmatizadas. A história desse filme é semelhante à "Lenda dos Diamantes", que compõe o imaginário folclórico de Minas Gerais. Diz a lenda que uma tribo estava em constante defesa contra os bandeirantes que, sedentos pelo ouro, queria a terra dos nativos a todo custo. Logo surgiu um índio traidor que revelou aos bandeirantes que a secular árvore acaiaca, que dominava a colina, era sagrada para a tribo dos puris. A árvore dava-lhes força, segurança e espiritualidade, de modo tudo acontecia ao redor dela. Desde então a estratégia de ataque dos invasores seria derrubar a grande árvore, o deus da tribo, e assim fez-se. O pajé, ao ver a árvore morta e toda a aldeia devastada, jogou uma maldição eterna sobre a civilização que estava a surgir e incendiou a acaiaca. O fogo tomou conta da árvore e os pedaços de carvão, que se espalhavam em chamas por toda a região, semeando serras e vales, transformaram-se em diamantes.
A aldeia sempre vivera pacificamente. Poderia então uma civilização destruir outra em nome de um progresso que só beneficiaria uma delas? É isso que acontece com as tribos na floresta amazônica. Isso é certo, por acaso? Basicamente, essa é lei do mais forte, que na verdade não se faz justa em uma democracia. Não se pode haver igualdade entre fortes e fracos: os fortes sempre dominarão.
Por isso é que esse filme é uma das metáforas mais incríveis que já vi sobre a sociedade.
O Som ao Redor
3.8 1,1K Assista AgoraDetalhe: o nome do filme em inglês é "neighboring sounds", que lembra a palavra "boring", que significa "chato", que pode sugerir que o cotidiano é chato, entediante. Mas o filme não é chato de forma alguma, ao contrário, o filme é genial.
Não Sou Eu, Eu Juro!
4.4 579Impressionei-me com a capacidade de abstração do personagem Léon, é bem à frente das crianças comuns: na cena em que a professora pede para ele analisar a frase que estava no quadro, ele realmente levou a fundo o sentido da palavra "interpretar", em vez da mera análise gramatical. Foi nessa cena que eu fiquei fã do menino.
Holy Motors
3.9 652 Assista AgoraA profunda angústia consecutiva do costume de representar (ou ser) várias pessoas, de ter várias personalidades e, mesmo tempo não ser ninguém. Ter uma vida não linear, supostamente feliz por não seguir uma rotina, até que se percebe que segue a rotina da não-rotina. Assim como no filme "Macunaíma (1969)", Holy Motors pode ser considerado, por exemplo, como uma metáfora para a identidade do povo brasileiro, que não é concisa por ser muito diversificada. Monsieur Oscar também é uma metáfora para pessoas com distúrbios de personalidade, e a grande angústia de pessoas com tal característica é a de não encontrar o cerne da própria existência, aliás, nesse caso se torna quase impossível. Holy Motors também remete à "Persona" de Bergman, pois o distúrbio de personalidade se mantém através do constante uso de "máscaras" para adaptar-se a novos ambientes e ciclos sociais. Como uma ferramente de defesa.
O mais, é teatro invisível de Augusto Boal.
Léo e Bia
4.2 146"Se o homem se controla, a mulher não engravida". Vai nessa. uhauhauahauha
Macunaíma
3.3 274 Assista AgoraTô aprendendo de vez a não confiar demais nas médias gerais do filmow
A Garota Morta
3.2 133 Assista AgoraApós ler os comentários abaixo, quero dizer que acho que a mensagem deste filme está sendo subestimada.
A mãe de Krista acaba criando pra si a ilusão de que a filha é atriz na Califórnia, como esta sempre sonhou. Com isso, a mãe se tranquiliza, pois tudo indicava que o que acontecera à filha fosse algo bem pior. Nesse ponto a gente vê "o grande poder moral de uma ilusão", como disse Machado de Assis em "O Alienista". Sendo assim, não sei se seria muita pretensão qualificar a mãe como psicótica, já que ela "construiu uma casa sobre a areia - sem sustentação - e foi morar dentro dela", diferente do neurótico, que apenas constrói a casa. É uma espécie bem distinta de desequilíbrio mental. No entanto, a mãe precisava criar essa "verdade" para poder dar continuidade à vida, supõe-se que não seja fácil apagar facilmente os grandes traumas que sofremos. Reparem que todos nós estamos sempre fazendo isso, só que em uma dimensão menor; criamos pequenas ilusões que nos aliviam dores de curta duração, diferente da dor de perder uma filha e talvez nunca saber onde ela está. Nunca se sabe como reagiríamos se acontecesse algo semelhante conosco. Talvez se possa dizer que, quanto maior o problema maior o desequilíbrio consecutivo.
No mais, fiquei impressionado com a atuação de Brittany Murphy (acho que ela se destacou bastante) e também as de Rose Byrne e James Franco. Estavam todos ótimos. Também achei que o clima de suspense fora muito bem criado. Ótimo filme.