Uma das melhores dramédias que eu já vi. Interessante como há uma camada de tristeza por baixo de cada sorriso e isso diz muito sobre o que é a vida. Não chega a ser um filme melancólico, mas, sem dúvida, é daqueles que, mesmo no sorriso, traz uma serenidade.
Eu creio que algumas pessoas (quiçá, a maioria) não faz ideia do que significa "filme cult" (coisa que "Cuernavaca" passa longe de ser). Jogar pedras no filme só por causa das cenas em slow motion ou dos silêncios do filme sob a alegação de que "se pretendeu cult" é o tipo de ação de quem pare para assistir a algo já com quarenta pedras nas mãos. Que pena.
O que vi aqui foi um filme sensível e que imerge em questões delicadas sem medo de relacionar cada uma delas à infância. Não nos esqueçamos: crianças não são seres pueris desprovidos de maldade. Pelo contrário, o mundo infantil deve ser retratado com suas verdades, tendo coragem para mostrar que as atitudes dos adultos podem destruir a vida de uma criança. E o filme mostra isso.
"Cuernavaca" tem uma camada que me tocou bastante que é a desmistificação da avó como um ser de amor incondicional e até mesmo da paternidade como símbolo de redenção. Somado a isso, Andy é um personagem que cresce ao longo do filme e tem atitudes que, apesar de controversas,, indicam o amadurecimento do personagem. Talvez não seja um primor cinematográfico (não, não é), mas dizer que é "trágico se não fosse cômico", como disse um entendido abaixo, beira o ridículo.
P.S: para os "entendidos" que quiserem ver o que de fato é um filme "cult" (pelo menos no que eles consideram preconceituosamente como cult), assistam "O Nome do meu Irmão É Robert e Ele É um Idiota" (2015) de Philip Gröning ou "Melancolia" (2011) do Lars von Trier.
Pensar que um documentário de 22 anos atrás expressava tão bem o que ainda hoje, 2023, os cientistas se recusam a analisar com seriedade. "Out in Nature" é interessante porque te obriga a pensar para além do óbvio. Principalmente, desmistifica o caráter "puramente heterossexual" do mundo animal. Para o horror de muitos "cidadãos de bem", pelo contrário, mostra que na verdade os relacionamentos macho-fêmea, "casamentos", são a minoria no mundo natural. No fim de tudo, assisitr a esse documentário mostrou como nós, que nos achamos tão evoluídos e maravilhosos, fizemos foi complicar tudo... E nessa complicação tola, matamos, assassinamos e inviabilizamos quem quer apenas viver.
Que filmaço. Fiquei feliz, emocionado, leve, inspirado. Apesar de não ser "um cara do funk", COMO não se deixar levar por músicas que viraram clássicos brasileiros? Isso sem contar o carisma de Claudinho e de Buchecha. Elenco redondinho, roteiro inteligente, emoção na dose certa, comédia na dose certa, a escolha narrativa foi perfeita. Juan e Lucas estão incríveis como protagonistas. Só fiquei triste por uma coisa: cadê o público, cara? E isso me fez refletir sobre como o.cinema virou um espaço de elite. É bizarro que um filmes como esse, retrato na periferia, não passe na periferia porque hoje em dia a maioria dos cinemas estão em shoppings. É para pensar. Filmes como esse, espelhos do Brasil, merecem mais visibilidade.
Não gostei. Reconheço que a estética é deslumbrante, trilha sonora e ambientação idem, mas o protagonista... Só Jesus na causa. Sem contar essa bizarrice de romantizar ladrão. E considerando que a história é baseada em fatos reais, piora tudo.
Tentei encontrar motivos para classificar com menos estrelas. Por um momento, quase caí na besteira de colocar minhas opiniões sobre esse esporte em primeiro plano. Ainda bem que não fiz essa tolice. O documentário é f*da!
Uau. A capacidade de te fazer imergir (na história e no mar, quase literalmente) foi uma experiência. Quando notei em certa parte que eu estava com o pé balançando, agoniado, ansioso, torcendo, temendo por algo que eu nem sabia definir, percebi que os roteiristas conseguiram imprimir muitas camadas a esse documentário.
E no meu caso, que conheço o esporte, mas não esses personagens, o plot twist foi... um furacão. Funcionou, impactou, me fez calar.
Por fim, gente, vamos parar de apontar o dedo para os sonhos dos outros? Sério. Tem indígenas sendo massacrados, o planeta está em colapso, feminicidios à rodo, e você está mesmo preocupada, preocupado, com o esporte que os outros praticam? Sério? Deixe o pessoal mergulhar em paz e procure terapia. A Psicologia ensina: o incômodo que você sente em relação aos outros não tem a ver com o outro, mas com você.
Sabe quando você assiste a algo despretensiosamente e vai gostando, vai gostando, imergindo, até que de repente pensa "Ei, que filme legal"? Esse é o sentimento. Tão bonito ver a banalidade da vida, a simplicidade, sem muitas firulas. Ouso dizer que foi um dos filmes LGBTQIA+ mais prazerosos que já assisti. O motivo é simples: aqui, mostra como a sexualidade é um fator tão importante quanto a marca de um carro. Percebeu isso? Não é uma questão. F*da-se. "Você é parte da família" e vida que segue. É algo lindo. Estou aqui com um sorriso de leveza nos lábios. Fantástica abordagem, fantástico road trip movie. Soundtrack encaixada, fotografia estonteante, e diálogos leves e naturais, empatia com os personagens, curva de amadurecimento... COMO não dar cinco estrelas? Sério, eu fiquei muito, muito feliz. É um privilégio poder assistir a uma obra dessa que, infelizmente, é difícil chegar ao grande público...
Eu achei lento demais. Não deu para mim. Com 15 minutos achei que já tinham se passado 40. Na minha opinião fecal, o problema não é nem a duração do filme, mas esse olhar contemplativo demais. É algo que não me incomodou em outras tramas, mas que aqui se somou à economia de diálogos e produziu uma sensação de marasmo absurdo.
Há aqui o velho (e recorrente) problema de "uma história sobre a luta negra contada sob o ponto de vista de um personagem branco". Nesse sentido, eu fiquei curioso (e não suprido) pela história da Odessa, que não foi trabalhada para além da integração com a Miriam Thompson. Apesar disso, o filme consegue impactar pela realidade e nos fazer refletir sobre até que ponto somos seres de fato tão "racionais e superiores" aos outros animais. Como diz o Yuval Harari em "21 lições para o século XXI", "nunca duvide da estupidez humana". E sabe o que deixa o filme ainda mais impactante: ainda acontece. Às vezes, confesso, me pergunto até que ponto evoluímos mesmo..O aporte de grandes tecnologias, ao meu ver, dá uma falsa sensação de amadurecimento e expansão da mente, mas não passa de uma máscara para cobrir os brios de preconceitos arraigados em nossos pensamentos. É triste.
Apesar de precisar de um desenvolvimento melhor, "O estranho na praia" me cativou por mostrar a realidade. Nós que assistimos animes às vezes tendemos a esquecer que o Japão é um país muito conservador. Assistimos a essas obras, imergimos nessas narrativas, porém, não sabemos dos fatos. Shun e Mio são representantes de um pensamento autodestrutivo que nós, LGBTQIA+ aqui do ocidente, especificamente do Brasil, conhecemos bem. É aquele sentimento de não poder ser quem se é, não poder amar quem quiser. E o filme trazer essa realidade é algo de uma riqueza única, que, ao menos para mim, me deu ainda mais orgulho de assistir animes.
Num primeiro momento achei que seria "mais um filme LGBTQIA+ com final triste". Engano. O negócio, percebo, é que estamos muito acostumados à escolas de cinema com tramas baseadas nos arquétipos da jornada de amadurecimento, com começo, meio e fim. Porém, esquecemos de um detalhe: a vida comum, a vida banal, não é assim. E nesse sentido o filme traz sim reflexões.
A metáfora da ponte é interessante, por exemplo. Bruno deseja moldar um elo de ligação entre o passado e as perspectivas de futuro. Contudo, esquece que, por vezes, para você seguir adiante tem que deixar alguma coisa para trás — e até destruir o imaginário de que bastaria fazer uma ponte.
E é massa a questão de como todos veem o óbvio, todos ao redor querem seguir em frente, mas o arquiteto, exatamente aquele que deveria moldar coisas sólidas, não consegue notar isso. É o medo, são os fardos, preconceitos internos que fazem o papel de águas revoltas que destroem essas pontes.
Não, não é um filme magnífico. Porém, só pelo olhar diferenciado, só por trazer a visão chilena sobre o assunto, já é uma experiência diferenciada. Se você quer um filme sobre a vida, sem firulas, sem romantizações, um filme pé no chão, este é para você.
Fiquei muito surpreso. É interessante como obras como essa servem também para apontar nossos preconceitos. Logo no começo, eu fui babaca. Pensei "Aff, lá vamos nós para mais um filme amador mal feito..." Cara, que idiota! O filme me pegou logo nos primeiros minutos. Personagens são massa, a ambientação, a realidade, a trama. Que f*da! Fiquei encantado. Os diálogos são bem produzidos e, tenhamos sensatez, como é INCRÍVEL ver uma história preta, brasileira, LGBTQIA+, retratando nossos problemas, nossas ruas, nossos caminhos. Incrível. Terminei com um sentimento forte de felicidade e uma lição para não ser tão idiota. Palmas para as produções que exumam histórias que o cinema grande se recusa a contar.
O massa aqui é como o filme traz um retrato real do que acontece no mundo do futebol. E é muito triste. E fica pior ao pensar que é algo generalizado, já que, por ser um esporte extremamente machista, o futebol virou uma bolha de homofobia onde o preconceito impera. É sofrido.
Eu lembro que uma vez perguntaram a um desses grandes técnicos de futebol sobre gays no futebol. E o cara foi taxativo: é ÓBVIO que há jogadores gays, eu conheço vários, mas eles nunca vão vir a público, esqueça, é violento demais. Você tem noção do que é isso?
Eu fiquei angustiado ao longo do filme. Algo engraçado é que pensei "Ah, mas o filme é de 2018, Europeu, alemão, vão mostrar outra realidade..." Não! Por quê? Porque como mencionei, o mundo do futebol é uma bolha machista em todos os lugares. Tem mudado? Sim. Mas tão lentamente que, tenho certeza, eu não terei vida para ver jogadores declaradamente gays jogando, fazendo gols e, sei lá, beijando uma tatuagem da bandeira do arco-íris que ele tem no pulso. Ou uma bandeira gigante do arco-íris junto às bandeiras do time da casa, sabe? É f*da...
O comentário ficou pra baixo, mas o filme é muito bom. 😅 (suspiro) É viver como podemos, né?
Aqui no Maranhão, apenas até hoje (12/09/23) já foram registrados quase 15 mil denúncias de agressão contra as mulheres. E ao ver esses números vemos o porquê de filmes como "Barbie", com essa reflexão, essa mensagem, esse lado lúdico de tratar sobre um assunto tão sério, filmes como esse são importantes. Eu fiquei tocado principalmente nos momentos finais, que condensa a mensagem de forma muito bonita. E é com base nessa cena específica, simples, poética, serena, que mora o meu problema com o filme.
"Barbie" é um filme cansativo.
Em um primeiro instante, pensei que fosse cansativo por causa da densidade dos assuntos abordados. E se fosse por esse motivo bastaria rever para ter um outro olhar, por exemplo. Isso me lembrou a peça "Tom na Fazenda". Tão densa, tão violenta, tão crua e cruel, tão maravilhosa, que tem partes cansativas não por enfado, mas por nos tocar em um lugar muito íntimo, puxar memórias de bullying, espancar nossos pensamentos sem dó. Isso não aconteceu (comigo) em "Barbie ".
Na minha opinião fecal, o filme se tornou cansativo (e quase diluiu as mensagens) porque o roteiro é bem mais ou menos. Tenhamos sensatez. Sim, eu sei que elas tinham um baita desafio nas mãos (unir a reflexão à necessidade de apresentar o mundo da Barbie), porém, os excessos destruíram minha imersão. Infelizmente.
E vendo pelo lado de um homem LGBTQIA+ que já passou por fortes agressões e tentativas de agressões, quando um filme me promete falar sobre assuntos tão fortes eu espero por serenidade — a serenidade que eu vi na cena que citei no primeiro parágrafo. No meu ponto de vista, quando olho para uma cicatriz que tenho no braço, fruto de assédio, e vejo a mensagem de "Barbie" envolta nessa clima musical fofo eu fico sem entender, confesso. E não nos esqueçamos: a maioria das violências que acontecem passam pela misoginia. O medo do feminino, a ojeriza às mulheres, é o cerne que movimenta e alimenta preconceitos mil.
"Barbie" pegou para si uma mensagem universal, crucial, essencial, bateu em um liquidificador rosa e ficou... fofo. Entende o meu problema?
Sim, claro, muitas crianças terão um outro olhar, o filme sim tocará a alma de muitas pessoas que às vezes nunca pararam para pensar nesses assuntos (e isso é um ponto alto do filme) e, por ser a Barbie, a história chega a lares e lugares para além do preconceito. É um hino à sororidade. Reconheço isso. Mas esse clima festivo...
É, é uma visão muito, muito pessoal e até melancólica. E fica pior quando vejo boatos e pedidos por um segundo filme. Bom, é a beleza da arte: cada um toma as obras conforme suas experiências, né? O meu filme "Barbie", nesse sentido, foi rosa, sem dúvida. Mas um rosa desbotado.
Não consegui imergir. Achei as atuações distantes, frias, formais. Sim, sei que é a escola de cinema britânico, inglês, mas não senti conexão. Falaram tão bem do Harry Styles e o que vi, na minha opinião fecal, foi um ator mediano, nada extraordinário. A história é tocante, ainda mais por ser real, porém, a forma como desenvolveram me pareceu sem vida, pomposa, burocrática.
Foi me dando uma tristeza, uma angústia, sensação de desesperança por causa do Max e do Matt... É tocante porque eu sinto esse sentimento de "Cara, sério que crescer é isso? Mesmo? Que m*rda....". E a questão da amizade, desse não-lugar em que você quer continuar com os amigos, mas é obrigado a "virar adulto" e fica nesse limbo social imposto, ditatorial. Creio que "Matthias & Maxime" consegue captar esse lugar de angústia. De fato, não é o melhor dos filmes do Dolan, mas o roteiro é um abraço de certo modo. Sabe quando você, adulto, responsável, pagador de boletos, cheio de exigências e de adultices, às vezes só queria ter um ombro, um colo onde chorar e berrar e gritar? É sobre isso. Nolan criou um filme sobre o que não temos. E ainda tem uma questão de masculinidade, de um homem "não poder" falar sobre esses assuntos, e tudo é levado na zoeira, e teu amigo está ali, sozinho, sentado, choroso, e "Ah, ele é assim mesmo! Bebe que passa!". É f*da. Muito. Querendo ou não, Xavier Dolan molda um espelho de uma geração de homens jovens adultos perdidos. Doeu. Doeu forte.
Confesso que não consegui passar dos 30 minutos. E veja que isso é até bondoso. Há um princípio da escrita criativa que versa sobre a necessidade de captar a atenção dos leitores logo na primeira página. Em mídias audiovisuais, seria nos primeiros três minutos. Eu dei uma colher de chá 10x maior e achei uma m*rda absurda. O ritmo à lá TikTok me incomodou, os exageros me incomodaram, as decisões, os diálogos, a carência, a opulência, tudo, absolutamente tudo.
Se você for na expectativa de cair na gargalhada, rolar pela escadaria da sala de cinema, vomitar no balde de pipoca, fazer xixi nas calças e desmaiar com falta de ar de tanto rir, esqueça. O roteiro é bem mais ou menos e, tenhamos sensatez, não traz nada de novo. PORÉM, o fato de trazer o ponto de vista desses funcionários tão essenciais, mas invisíveis, isso foi muito massa. Sem contar, claro, que as histórias contadas sãoreais, histórias captadas em conversas exatamente com porteiros Brasil afora. É um filme que tem seus problemas de corte (algumas cenas são alongadas demais, na minha opinião de m*rda), mas entrega divertimento e um ótimo passar de tempo. Acima do preciosismo cinematográfico, temos um filme brasileiro que, querendo ou não, é a nossa cara. Valeu a pena.
Sinto falta de mais filmes LGBTQIA+ como este, que versem sobre a vida em sua banalidade e beleza de reconstrução, escolhas, altos e baixos, mundanidades. A história do Antonio é uma história palpável de um cara gay que nos relembra que a vida, mesmo dentro do arco-íris, não é um conto de fadas — ainda mais se você se anula para deixar o outro brilhar.
Só há um problema: o brilho do outro (dos outros) só servem para iluminar seus abismos individuais, não os que estão ao redor.
A trama de "Mascarpone", além disso, é um retrato do que muitas pessoas LGBTQIA+ sofrem ao não termos apoio de nossas famílias. Muitas de nós se reconstroem graças aos amigos, à comunidade. E ver essa realidade aqui foi reconfortante.
"Mascarpone", para mim, se torna um daqueles filmes essenciais para entender o que é ser LGBTQIA+ para além do lado trágico que a maioria dos filmes sobre nós traz para o grande público. Nós apanhamos, sim. Mas também sorrimos, amadurecermos, caímos e nos levantamos. Simples assim.
Particularmente, eu comecei a imergir mesmo mais para o final. O elenco é maravilhoso, a ambientação é interessante, a premissa, por mais louca e óbvia que seja, é legal, mas o roteiro ali pelo meio tem uma barriga que quase me fez pegar o controle e pular uns 20 minutos de filme. No final das contas, ri mais nas cenas pós-créditos de erros de gravação do que no filme em si — e, na minha opinião fecal, isso é uma prova dos problemas. Enfim, vale para passar o tempo.
P.S: Fábio Porchat é Fábio Porchat, né? Kkkkkkkkk Não saberia dizer se isso é um problema, ser um ator de apenas um personagem, sei lá... Mas você já sabe o que esperar quando ele aparece.
Fiquei surpreso. Não é por ser eu ser ludovicense, o que talvez influenciasse minha avaliação, mas o filme é bem cativante. Primeiro por causa do elenco. Os atores estão maravilhosos, com bons papéis e bem encaixados na proposta. Segundo por causa do roteiro. Dentro da simplicidade da história, o que vi foi uma trama redonda, sem muitas firulas, que sim, você sabe pra onde vai, mas o percurso encanta mesmo assim. Terceiro, por já ter visto outras obras que retratam São Luís apenas pelas obviedades já conhecidas pelos turistas, achei fantástico um olhar mais "mundano". Não é a São Luís com todo o peso histórico de seus 411 anos. É a São Luís urbana, atual, comum, que eu vejo todos os dias. Foi uma experiência incrível, um abraço. Saí do cinema radiante.
P.S: devo fazer um adendo sobre a difusão desse filme. Pelo menos aqui em São Luís, está em apenas dois cinemas, cada um só com 01 sessão. "Besouro Azul" está em três cinemas, cada um com 6, 7 sessões. Posso culpar os cinemas? Sim. Mas, principalmente, nós, povo, somos os culpados. Nós que só valorizamos o que é local quando faz sucesso. Nós que babamos ovo de coisas dos outros países / estados. Nós que fazemos textão defendendo a cultura, mas na prática não fazemos o mínimo. Por exemplo, hoje (08/09/23) é o aniversário de 411 de São Luís. O que nos diferencia no Brasil é o bumba-meu-boi e o tambor de crioula. Mas nas programações, tanto do governo do estado como da prefeitura, não há nenhum grupo cultural. Há Simone (ex-Simaria), há Maiara e Maraísa, há várias bandas de forró. Aí podem dizer: "Ah, mas Alcione vai cantar..." Cara, Alcione é o maior nome do Maranhão? Sim. Isso é inegável. Alcione é uma representação da cultura e das raízes do Maranhão? Não. Os guardiões e guardiãs das tradições maranhenses e ludovicenses são os povos pretos que têm que vender o almoço para apresentarem suas danças de resistência — que as pessoas só lembram no São João ou no Dia Municipal do Tambor de Crioula enquanto pagam centenas de milhares de reais para Maiara e Maraísa e "Besouro Azul". Enfim, só o desabafo de um idiota que ama sua cidade. Foi mal...
"Como você se sentiria se teus pensamentos não fossem levados em conta?"
Foi essa frase que me fez silenciar o sentimento de "que filme chato" e deixar que essas águas de reflexões me levassem. Não, não é um filme fácil. Não, não é um filme-entretenimento. Este é um filme para calar e refletir e regurgitar dias depois, amargo, indigesto, mas nutritivo.
Uma das críticas que li, feita por um homem (claro!) foi que "Entre Mulheres" era "mais um desses da leva feminista". Falar isso é reduzir uma obra dessa grandeza a um mero conflito ideológico que mexe com os brios dos "imbrocháveis". Este é, acima de tudo, um filme humano.
É sobre sororidade, sobre não largar a mão, sobre diálogo. E em tempos de muitas gentes que se limitam a falar sem escutar , "Entre Mulheres" é um clamor por escuta e empatia.
É engraçado que muitos comentários abaixo partem da premissa de "essa história já foi contada". Mas tem um detalhe: ESSE FILME É DE 2012. De certo modo, este filme é a inspiração para outros, não o contrário. E outra: que bom que histórias assim continuam sendo contadas, mesmo que sejam repetitivas. É importante, é necessário. Terceiro ponto: não existe ineditismo. Ponto final. A busca por ineditismo é uma busca tola. O que existem são formas diversas de ver um mesmo fato. O nome disso é narrativa. E é nesse ponto que "Mixed Kebab" me ganhou.
No começo, achei que seria uma comédia comum, LGBTQIA+, dos anos 2010. Ok. Então, as coisas foram acontecendo, eventos se sucederam, houve uma complexidade e... Eu estava diante de um filme com várias camadas sociais, que conseguiu me deixar tenso e preso à história.
Algo que reclamo como escritor é a quantidade de tramas LGBTQIA+ onde os personagens parecem presos às questões de sexualidade. É como se a vida desses personagens girasse apenas em torno dessa questão. Isso é chato; isso nos reduz apenas a uma camada. O massa de "Mixed Kebab" foi como é muito, muito, muito mais do que a sexualidade do protagonista. É sobre fanatismo, é sobre hipocrisia, é sobre imigração, xenofobia, conservadorismos, moralismos, misoginia. homofobia, guetos, adolescer em um mundo que não te acolhe.
"Mixed Kebab" é sobre a vida. E nós força a ver esses fatos sob o ponto de vista belga-turco. Isso é de uma riqueza única.
Não, o filme não é perfeito. Senti falta de uns "arredondamentos" em certas partes, mas não foi nada que tenha destruído a minha experiência. Neste 2023 de "Vermelho, Branco e Sangue Azul", com protagonistas bonitinhos, com rostos à lá Instagram, estereótipo europeu caucasiano, "Mixed Kebab", um "velho filme de 2012", nos traz imersão cultural para além da fofura.
Eu fico com as camadas que me fizeram sair da bolha.
A premissa é maravilhosa. Acredito que mesmo quem não goste de Beatles (como este que vos fala) poderá curtir o filme. PORÉM, do meio para o final a trama, como um bom filme hollywoodiano, cai na mesmice do romantismo que supera tudo e muda as mentes e faz as pessoas verem borboletas ao redor e terem olhares de coraçõezinhos e tudo o mais. É cansativo. Veja: não por causa do clichê. Clichês existem porque são tramas já testadas e certeiras. O problema é como o roteiro trabalha esses clichês de modo a apresentá-los com mais diferencial. Infelizmente, não aconteceu aqui. A premissa se deteriora pela falta de ousadia e de coragem de mostrar uma pessoa diferente que gostaria de sim ter todo esse sucesso e fod*-se namoro. Tenhamos sensatez: é o que mais acontece. Sim, tem toda uma mensagem bonitinha de "esperança", "amor que salva tudo" e blá blá blá... Mas sério? De novo? Não podemos ter um filme de Hollywood onde o protagonista não queira ser sempre um herói? "Yesterday" é encantador pelas músicas, mas, na minha opinião fecal, cansativo em sua tentativa de redenção humana.
O Terceiro Casamento
4.0 1Uma das melhores dramédias que eu já vi. Interessante como há uma camada de tristeza por baixo de cada sorriso e isso diz muito sobre o que é a vida. Não chega a ser um filme melancólico, mas, sem dúvida, é daqueles que, mesmo no sorriso, traz uma serenidade.
Cuernavaca
2.6 24 Assista AgoraEu creio que algumas pessoas (quiçá, a maioria) não faz ideia do que significa "filme cult" (coisa que "Cuernavaca" passa longe de ser). Jogar pedras no filme só por causa das cenas em slow motion ou dos silêncios do filme sob a alegação de que "se pretendeu cult" é o tipo de ação de quem pare para assistir a algo já com quarenta pedras nas mãos. Que pena.
O que vi aqui foi um filme sensível e que imerge em questões delicadas sem medo de relacionar cada uma delas à infância. Não nos esqueçamos: crianças não são seres pueris desprovidos de maldade. Pelo contrário, o mundo infantil deve ser retratado com suas verdades, tendo coragem para mostrar que as atitudes dos adultos podem destruir a vida de uma criança. E o filme mostra isso.
"Cuernavaca" tem uma camada que me tocou bastante que é a desmistificação da avó como um ser de amor incondicional e até mesmo da paternidade como símbolo de redenção. Somado a isso, Andy é um personagem que cresce ao longo do filme e tem atitudes que, apesar de controversas,, indicam o amadurecimento do personagem. Talvez não seja um primor cinematográfico (não, não é), mas dizer que é "trágico se não fosse cômico", como disse um entendido abaixo, beira o ridículo.
P.S: para os "entendidos" que quiserem ver o que de fato é um filme "cult" (pelo menos no que eles consideram preconceituosamente como cult), assistam "O Nome do meu Irmão É Robert e Ele É um Idiota" (2015) de Philip Gröning ou "Melancolia" (2011) do Lars von Trier.
Out in Nature: Homosexual Behaviour in the Animal Kingdom
4.0 1Pensar que um documentário de 22 anos atrás expressava tão bem o que ainda hoje, 2023, os cientistas se recusam a analisar com seriedade. "Out in Nature" é interessante porque te obriga a pensar para além do óbvio. Principalmente, desmistifica o caráter "puramente heterossexual" do mundo animal. Para o horror de muitos "cidadãos de bem", pelo contrário, mostra que na verdade os relacionamentos macho-fêmea, "casamentos", são a minoria no mundo natural. No fim de tudo, assisitr a esse documentário mostrou como nós, que nos achamos tão evoluídos e maravilhosos, fizemos foi complicar tudo... E nessa complicação tola, matamos, assassinamos e inviabilizamos quem quer apenas viver.
Nosso Sonho
3.8 181Que filmaço. Fiquei feliz, emocionado, leve, inspirado. Apesar de não ser "um cara do funk", COMO não se deixar levar por músicas que viraram clássicos brasileiros? Isso sem contar o carisma de Claudinho e de Buchecha. Elenco redondinho, roteiro inteligente, emoção na dose certa, comédia na dose certa, a escolha narrativa foi perfeita. Juan e Lucas estão incríveis como protagonistas. Só fiquei triste por uma coisa: cadê o público, cara? E isso me fez refletir sobre como o.cinema virou um espaço de elite. É bizarro que um filmes como esse, retrato na periferia, não passe na periferia porque hoje em dia a maioria dos cinemas estão em shoppings. É para pensar. Filmes como esse, espelhos do Brasil, merecem mais visibilidade.
O Anjo
3.6 189Não gostei. Reconheço que a estética é deslumbrante, trilha sonora e ambientação idem, mas o protagonista... Só Jesus na causa. Sem contar essa bizarrice de romantizar ladrão. E considerando que a história é baseada em fatos reais, piora tudo.
De Tirar o Fôlego
4.0 35 Assista AgoraTentei encontrar motivos para classificar com menos estrelas. Por um momento, quase caí na besteira de colocar minhas opiniões sobre esse esporte em primeiro plano. Ainda bem que não fiz essa tolice. O documentário é f*da!
Uau. A capacidade de te fazer imergir (na história e no mar, quase literalmente) foi uma experiência. Quando notei em certa parte que eu estava com o pé balançando, agoniado, ansioso, torcendo, temendo por algo que eu nem sabia definir, percebi que os roteiristas conseguiram imprimir muitas camadas a esse documentário.
E no meu caso, que conheço o esporte, mas não esses personagens, o plot twist foi... um furacão. Funcionou, impactou, me fez calar.
Por fim, gente, vamos parar de apontar o dedo para os sonhos dos outros? Sério. Tem indígenas sendo massacrados, o planeta está em colapso, feminicidios à rodo, e você está mesmo preocupada, preocupado, com o esporte que os outros praticam? Sério? Deixe o pessoal mergulhar em paz e procure terapia. A Psicologia ensina: o incômodo que você sente em relação aos outros não tem a ver com o outro, mas com você.
Siga em frente.
O Homem Com As Respostas
3.5 47Sabe quando você assiste a algo despretensiosamente e vai gostando, vai gostando, imergindo, até que de repente pensa "Ei, que filme legal"? Esse é o sentimento. Tão bonito ver a banalidade da vida, a simplicidade, sem muitas firulas. Ouso dizer que foi um dos filmes LGBTQIA+ mais prazerosos que já assisti. O motivo é simples: aqui, mostra como a sexualidade é um fator tão importante quanto a marca de um carro. Percebeu isso? Não é uma questão. F*da-se. "Você é parte da família" e vida que segue. É algo lindo. Estou aqui com um sorriso de leveza nos lábios. Fantástica abordagem, fantástico road trip movie. Soundtrack encaixada, fotografia estonteante, e diálogos leves e naturais, empatia com os personagens, curva de amadurecimento... COMO não dar cinco estrelas? Sério, eu fiquei muito, muito feliz. É um privilégio poder assistir a uma obra dessa que, infelizmente, é difícil chegar ao grande público...
O Céu Dividido
2.9 16Eu achei lento demais. Não deu para mim. Com 15 minutos achei que já tinham se passado 40. Na minha opinião fecal, o problema não é nem a duração do filme, mas esse olhar contemplativo demais. É algo que não me incomodou em outras tramas, mas que aqui se somou à economia de diálogos e produziu uma sensação de marasmo absurdo.
Uma História Americana
3.8 63 Assista AgoraHá aqui o velho (e recorrente) problema de "uma história sobre a luta negra contada sob o ponto de vista de um personagem branco". Nesse sentido, eu fiquei curioso (e não suprido) pela história da Odessa, que não foi trabalhada para além da integração com a Miriam Thompson. Apesar disso, o filme consegue impactar pela realidade e nos fazer refletir sobre até que ponto somos seres de fato tão "racionais e superiores" aos outros animais. Como diz o Yuval Harari em "21 lições para o século XXI", "nunca duvide da estupidez humana". E sabe o que deixa o filme ainda mais impactante: ainda acontece. Às vezes, confesso, me pergunto até que ponto evoluímos mesmo..O aporte de grandes tecnologias, ao meu ver, dá uma falsa sensação de amadurecimento e expansão da mente, mas não passa de uma máscara para cobrir os brios de preconceitos arraigados em nossos pensamentos. É triste.
O Estranho na Praia
3.7 25 Assista AgoraApesar de precisar de um desenvolvimento melhor, "O estranho na praia" me cativou por mostrar a realidade. Nós que assistimos animes às vezes tendemos a esquecer que o Japão é um país muito conservador. Assistimos a essas obras, imergimos nessas narrativas, porém, não sabemos dos fatos. Shun e Mio são representantes de um pensamento autodestrutivo que nós, LGBTQIA+ aqui do ocidente, especificamente do Brasil, conhecemos bem. É aquele sentimento de não poder ser quem se é, não poder amar quem quiser. E o filme trazer essa realidade é algo de uma riqueza única, que, ao menos para mim, me deu ainda mais orgulho de assistir animes.
Nos Tons de Cinza
3.1 20Num primeiro momento achei que seria "mais um filme LGBTQIA+ com final triste". Engano. O negócio, percebo, é que estamos muito acostumados à escolas de cinema com tramas baseadas nos arquétipos da jornada de amadurecimento, com começo, meio e fim. Porém, esquecemos de um detalhe: a vida comum, a vida banal, não é assim. E nesse sentido o filme traz sim reflexões.
A metáfora da ponte é interessante, por exemplo. Bruno deseja moldar um elo de ligação entre o passado e as perspectivas de futuro. Contudo, esquece que, por vezes, para você seguir adiante tem que deixar alguma coisa para trás — e até destruir o imaginário de que bastaria fazer uma ponte.
E é massa a questão de como todos veem o óbvio, todos ao redor querem seguir em frente, mas o arquiteto, exatamente aquele que deveria moldar coisas sólidas, não consegue notar isso. É o medo, são os fardos, preconceitos internos que fazem o papel de águas revoltas que destroem essas pontes.
Não, não é um filme magnífico. Porém, só pelo olhar diferenciado, só por trazer a visão chilena sobre o assunto, já é uma experiência diferenciada. Se você quer um filme sobre a vida, sem firulas, sem romantizações, um filme pé no chão, este é para você.
No Sigilo
2.9 2Fiquei muito surpreso. É interessante como obras como essa servem também para apontar nossos preconceitos. Logo no começo, eu fui babaca. Pensei "Aff, lá vamos nós para mais um filme amador mal feito..." Cara, que idiota! O filme me pegou logo nos primeiros minutos. Personagens são massa, a ambientação, a realidade, a trama. Que f*da! Fiquei encantado. Os diálogos são bem produzidos e, tenhamos sensatez, como é INCRÍVEL ver uma história preta, brasileira, LGBTQIA+, retratando nossos problemas, nossas ruas, nossos caminhos. Incrível. Terminei com um sentimento forte de felicidade e uma lição para não ser tão idiota. Palmas para as produções que exumam histórias que o cinema grande se recusa a contar.
Mário e Leon: No Amor e no Jogo
3.8 84 Assista AgoraO massa aqui é como o filme traz um retrato real do que acontece no mundo do futebol. E é muito triste. E fica pior ao pensar que é algo generalizado, já que, por ser um esporte extremamente machista, o futebol virou uma bolha de homofobia onde o preconceito impera. É sofrido.
Eu lembro que uma vez perguntaram a um desses grandes técnicos de futebol sobre gays no futebol. E o cara foi taxativo: é ÓBVIO que há jogadores gays, eu conheço vários, mas eles nunca vão vir a público, esqueça, é violento demais. Você tem noção do que é isso?
Eu fiquei angustiado ao longo do filme. Algo engraçado é que pensei "Ah, mas o filme é de 2018, Europeu, alemão, vão mostrar outra realidade..." Não! Por quê? Porque como mencionei, o mundo do futebol é uma bolha machista em todos os lugares. Tem mudado? Sim. Mas tão lentamente que, tenho certeza, eu não terei vida para ver jogadores declaradamente gays jogando, fazendo gols e, sei lá, beijando uma tatuagem da bandeira do arco-íris que ele tem no pulso. Ou uma bandeira gigante do arco-íris junto às bandeiras do time da casa, sabe? É f*da...
O comentário ficou pra baixo, mas o filme é muito bom. 😅 (suspiro) É viver como podemos, né?
Barbie
3.9 1,6K Assista AgoraAqui no Maranhão, apenas até hoje (12/09/23) já foram registrados quase 15 mil denúncias de agressão contra as mulheres. E ao ver esses números vemos o porquê de filmes como "Barbie", com essa reflexão, essa mensagem, esse lado lúdico de tratar sobre um assunto tão sério, filmes como esse são importantes. Eu fiquei tocado principalmente nos momentos finais, que condensa a mensagem de forma muito bonita. E é com base nessa cena específica, simples, poética, serena, que mora o meu problema com o filme.
"Barbie" é um filme cansativo.
Em um primeiro instante, pensei que fosse cansativo por causa da densidade dos assuntos abordados. E se fosse por esse motivo bastaria rever para ter um outro olhar, por exemplo. Isso me lembrou a peça "Tom na Fazenda". Tão densa, tão violenta, tão crua e cruel, tão maravilhosa, que tem partes cansativas não por enfado, mas por nos tocar em um lugar muito íntimo, puxar memórias de bullying, espancar nossos pensamentos sem dó. Isso não aconteceu (comigo) em "Barbie ".
Na minha opinião fecal, o filme se tornou cansativo (e quase diluiu as mensagens) porque o roteiro é bem mais ou menos. Tenhamos sensatez. Sim, eu sei que elas tinham um baita desafio nas mãos (unir a reflexão à necessidade de apresentar o mundo da Barbie), porém, os excessos destruíram minha imersão. Infelizmente.
E vendo pelo lado de um homem LGBTQIA+ que já passou por fortes agressões e tentativas de agressões, quando um filme me promete falar sobre assuntos tão fortes eu espero por serenidade — a serenidade que eu vi na cena que citei no primeiro parágrafo. No meu ponto de vista, quando olho para uma cicatriz que tenho no braço, fruto de assédio, e vejo a mensagem de "Barbie" envolta nessa clima musical fofo eu fico sem entender, confesso. E não nos esqueçamos: a maioria das violências que acontecem passam pela misoginia. O medo do feminino, a ojeriza às mulheres, é o cerne que movimenta e alimenta preconceitos mil.
"Barbie" pegou para si uma mensagem universal, crucial, essencial, bateu em um liquidificador rosa e ficou... fofo. Entende o meu problema?
Sim, claro, muitas crianças terão um outro olhar, o filme sim tocará a alma de muitas pessoas que às vezes nunca pararam para pensar nesses assuntos (e isso é um ponto alto do filme) e, por ser a Barbie, a história chega a lares e lugares para além do preconceito. É um hino à sororidade. Reconheço isso. Mas esse clima festivo...
É, é uma visão muito, muito pessoal e até melancólica. E fica pior quando vejo boatos e pedidos por um segundo filme. Bom, é a beleza da arte: cada um toma as obras conforme suas experiências, né? O meu filme "Barbie", nesse sentido, foi rosa, sem dúvida. Mas um rosa desbotado.
Meu Policial
3.4 145 Assista AgoraNão consegui imergir. Achei as atuações distantes, frias, formais. Sim, sei que é a escola de cinema britânico, inglês, mas não senti conexão. Falaram tão bem do Harry Styles e o que vi, na minha opinião fecal, foi um ator mediano, nada extraordinário. A história é tocante, ainda mais por ser real, porém, a forma como desenvolveram me pareceu sem vida, pomposa, burocrática.
Matthias & Maxime
3.4 132 Assista AgoraFoi me dando uma tristeza, uma angústia, sensação de desesperança por causa do Max e do Matt... É tocante porque eu sinto esse sentimento de "Cara, sério que crescer é isso? Mesmo? Que m*rda....". E a questão da amizade, desse não-lugar em que você quer continuar com os amigos, mas é obrigado a "virar adulto" e fica nesse limbo social imposto, ditatorial. Creio que "Matthias & Maxime" consegue captar esse lugar de angústia. De fato, não é o melhor dos filmes do Dolan, mas o roteiro é um abraço de certo modo. Sabe quando você, adulto, responsável, pagador de boletos, cheio de exigências e de adultices, às vezes só queria ter um ombro, um colo onde chorar e berrar e gritar? É sobre isso. Nolan criou um filme sobre o que não temos. E ainda tem uma questão de masculinidade, de um homem "não poder" falar sobre esses assuntos, e tudo é levado na zoeira, e teu amigo está ali, sozinho, sentado, choroso, e "Ah, ele é assim mesmo! Bebe que passa!". É f*da. Muito. Querendo ou não, Xavier Dolan molda um espelho de uma geração de homens jovens adultos perdidos. Doeu. Doeu forte.
Meu Namorado Fake
2.7 57 Assista AgoraConfesso que não consegui passar dos 30 minutos. E veja que isso é até bondoso. Há um princípio da escrita criativa que versa sobre a necessidade de captar a atenção dos leitores logo na primeira página. Em mídias audiovisuais, seria nos primeiros três minutos. Eu dei uma colher de chá 10x maior e achei uma m*rda absurda. O ritmo à lá TikTok me incomodou, os exageros me incomodaram, as decisões, os diálogos, a carência, a opulência, tudo, absolutamente tudo.
O Porteiro
2.5 27 Assista AgoraSe você for na expectativa de cair na gargalhada, rolar pela escadaria da sala de cinema, vomitar no balde de pipoca, fazer xixi nas calças e desmaiar com falta de ar de tanto rir, esqueça. O roteiro é bem mais ou menos e, tenhamos sensatez, não traz nada de novo. PORÉM, o fato de trazer o ponto de vista desses funcionários tão essenciais, mas invisíveis, isso foi muito massa. Sem contar, claro, que as histórias contadas sãoreais, histórias captadas em conversas exatamente com porteiros Brasil afora. É um filme que tem seus problemas de corte (algumas cenas são alongadas demais, na minha opinião de m*rda), mas entrega divertimento e um ótimo passar de tempo. Acima do preciosismo cinematográfico, temos um filme brasileiro que, querendo ou não, é a nossa cara. Valeu a pena.
Mascarpone
3.4 20Sinto falta de mais filmes LGBTQIA+ como este, que versem sobre a vida em sua banalidade e beleza de reconstrução, escolhas, altos e baixos, mundanidades. A história do Antonio é uma história palpável de um cara gay que nos relembra que a vida, mesmo dentro do arco-íris, não é um conto de fadas — ainda mais se você se anula para deixar o outro brilhar.
Só há um problema: o brilho do outro (dos outros) só servem para iluminar seus abismos individuais, não os que estão ao redor.
A trama de "Mascarpone", além disso, é um retrato do que muitas pessoas LGBTQIA+ sofrem ao não termos apoio de nossas famílias. Muitas de nós se reconstroem graças aos amigos, à comunidade. E ver essa realidade aqui foi reconfortante.
"Mascarpone", para mim, se torna um daqueles filmes essenciais para entender o que é ser LGBTQIA+ para além do lado trágico que a maioria dos filmes sobre nós traz para o grande público. Nós apanhamos, sim. Mas também sorrimos, amadurecermos, caímos e nos levantamos. Simples assim.
O Palestrante
2.9 45 Assista AgoraParticularmente, eu comecei a imergir mesmo mais para o final. O elenco é maravilhoso, a ambientação é interessante, a premissa, por mais louca e óbvia que seja, é legal, mas o roteiro ali pelo meio tem uma barriga que quase me fez pegar o controle e pular uns 20 minutos de filme. No final das contas, ri mais nas cenas pós-créditos de erros de gravação do que no filme em si — e, na minha opinião fecal, isso é uma prova dos problemas. Enfim, vale para passar o tempo.
P.S: Fábio Porchat é Fábio Porchat, né? Kkkkkkkkk Não saberia dizer se isso é um problema, ser um ator de apenas um personagem, sei lá... Mas você já sabe o que esperar quando ele aparece.
Tire 5 Cartas
2.8 6Fiquei surpreso. Não é por ser eu ser ludovicense, o que talvez influenciasse minha avaliação, mas o filme é bem cativante. Primeiro por causa do elenco. Os atores estão maravilhosos, com bons papéis e bem encaixados na proposta. Segundo por causa do roteiro. Dentro da simplicidade da história, o que vi foi uma trama redonda, sem muitas firulas, que sim, você sabe pra onde vai, mas o percurso encanta mesmo assim. Terceiro, por já ter visto outras obras que retratam São Luís apenas pelas obviedades já conhecidas pelos turistas, achei fantástico um olhar mais "mundano". Não é a São Luís com todo o peso histórico de seus 411 anos. É a São Luís urbana, atual, comum, que eu vejo todos os dias. Foi uma experiência incrível, um abraço. Saí do cinema radiante.
P.S: devo fazer um adendo sobre a difusão desse filme. Pelo menos aqui em São Luís, está em apenas dois cinemas, cada um só com 01 sessão. "Besouro Azul" está em três cinemas, cada um com 6, 7 sessões. Posso culpar os cinemas? Sim. Mas, principalmente, nós, povo, somos os culpados. Nós que só valorizamos o que é local quando faz sucesso. Nós que babamos ovo de coisas dos outros países / estados. Nós que fazemos textão defendendo a cultura, mas na prática não fazemos o mínimo. Por exemplo, hoje (08/09/23) é o aniversário de 411 de São Luís. O que nos diferencia no Brasil é o bumba-meu-boi e o tambor de crioula. Mas nas programações, tanto do governo do estado como da prefeitura, não há nenhum grupo cultural. Há Simone (ex-Simaria), há Maiara e Maraísa, há várias bandas de forró. Aí podem dizer: "Ah, mas Alcione vai cantar..." Cara, Alcione é o maior nome do Maranhão? Sim. Isso é inegável. Alcione é uma representação da cultura e das raízes do Maranhão? Não. Os guardiões e guardiãs das tradições maranhenses e ludovicenses são os povos pretos que têm que vender o almoço para apresentarem suas danças de resistência — que as pessoas só lembram no São João ou no Dia Municipal do Tambor de Crioula enquanto pagam centenas de milhares de reais para Maiara e Maraísa e "Besouro Azul". Enfim, só o desabafo de um idiota que ama sua cidade. Foi mal...
Entre Mulheres
3.7 262"Como você se sentiria se teus pensamentos não fossem levados em conta?"
Foi essa frase que me fez silenciar o sentimento de "que filme chato" e deixar que essas águas de reflexões me levassem. Não, não é um filme fácil. Não, não é um filme-entretenimento. Este é um filme para calar e refletir e regurgitar dias depois, amargo, indigesto, mas nutritivo.
Uma das críticas que li, feita por um homem (claro!) foi que "Entre Mulheres" era "mais um desses da leva feminista". Falar isso é reduzir uma obra dessa grandeza a um mero conflito ideológico que mexe com os brios dos "imbrocháveis". Este é, acima de tudo, um filme humano.
É sobre sororidade, sobre não largar a mão, sobre diálogo. E em tempos de muitas gentes que se limitam a falar sem escutar , "Entre Mulheres" é um clamor por escuta e empatia.
Mixed Kebab
3.2 14É engraçado que muitos comentários abaixo partem da premissa de "essa história já foi contada". Mas tem um detalhe: ESSE FILME É DE 2012. De certo modo, este filme é a inspiração para outros, não o contrário. E outra: que bom que histórias assim continuam sendo contadas, mesmo que sejam repetitivas. É importante, é necessário. Terceiro ponto: não existe ineditismo. Ponto final. A busca por ineditismo é uma busca tola. O que existem são formas diversas de ver um mesmo fato. O nome disso é narrativa. E é nesse ponto que "Mixed Kebab" me ganhou.
No começo, achei que seria uma comédia comum, LGBTQIA+, dos anos 2010. Ok. Então, as coisas foram acontecendo, eventos se sucederam, houve uma complexidade e... Eu estava diante de um filme com várias camadas sociais, que conseguiu me deixar tenso e preso à história.
Algo que reclamo como escritor é a quantidade de tramas LGBTQIA+ onde os personagens parecem presos às questões de sexualidade. É como se a vida desses personagens girasse apenas em torno dessa questão. Isso é chato; isso nos reduz apenas a uma camada. O massa de "Mixed Kebab" foi como é muito, muito, muito mais do que a sexualidade do protagonista. É sobre fanatismo, é sobre hipocrisia, é sobre imigração, xenofobia, conservadorismos, moralismos, misoginia. homofobia, guetos, adolescer em um mundo que não te acolhe.
"Mixed Kebab" é sobre a vida. E nós força a ver esses fatos sob o ponto de vista belga-turco. Isso é de uma riqueza única.
Não, o filme não é perfeito. Senti falta de uns "arredondamentos" em certas partes, mas não foi nada que tenha destruído a minha experiência. Neste 2023 de "Vermelho, Branco e Sangue Azul", com protagonistas bonitinhos, com rostos à lá Instagram, estereótipo europeu caucasiano, "Mixed Kebab", um "velho filme de 2012", nos traz imersão cultural para além da fofura.
Eu fico com as camadas que me fizeram sair da bolha.
Yesterday: A Trilha do Sucesso
3.4 1,0KA premissa é maravilhosa. Acredito que mesmo quem não goste de Beatles (como este que vos fala) poderá curtir o filme. PORÉM, do meio para o final a trama, como um bom filme hollywoodiano, cai na mesmice do romantismo que supera tudo e muda as mentes e faz as pessoas verem borboletas ao redor e terem olhares de coraçõezinhos e tudo o mais. É cansativo. Veja: não por causa do clichê. Clichês existem porque são tramas já testadas e certeiras. O problema é como o roteiro trabalha esses clichês de modo a apresentá-los com mais diferencial. Infelizmente, não aconteceu aqui. A premissa se deteriora pela falta de ousadia e de coragem de mostrar uma pessoa diferente que gostaria de sim ter todo esse sucesso e fod*-se namoro. Tenhamos sensatez: é o que mais acontece. Sim, tem toda uma mensagem bonitinha de "esperança", "amor que salva tudo" e blá blá blá... Mas sério? De novo? Não podemos ter um filme de Hollywood onde o protagonista não queira ser sempre um herói? "Yesterday" é encantador pelas músicas, mas, na minha opinião fecal, cansativo em sua tentativa de redenção humana.