A cena de Silly Games é uma experiência sensorial que todos deveriam passar uma vez na vida. É o prazer, em todos os sentidos possíveis da palavra, em seu ato mais lindo e puro.
O trabalho de Chloe Zhao e Frances Mcdormand na construção desse mundo e da personagem Fern é tão visceral que por muitas vezes eu sentia que estava vendo um lindo documentário.
O sentimento de autenticidade que vivenciei com essa obra foi tamanho que eu ainda espero ter o privilégio de encontrar com a Fern pelas estradas que esse planeta Terra nos reserva.
Realmente, essa não é mais a vovó que elas conheciam. Quando a velhice chega, um lado obscuro aparece também. Esquecimento, falta de controle, não poder ir mais no banheiro sozinho. Tudo isso pode vir junto com a velhice. Mesmo que todos estejamos ciente de que isso é possível de acontecer com a reta final da vida batendo, nós fazemos de tudo para mascarar esse infeliz lado do ciclo humano.
Ao final, Kay entende que aquilo não é um monstro. É simplesmente um lado da sua mãe que ela tentava por evitar, mas que já estava evidente e ela fazia de tudo para esconder. Aquela realmente não era mais a mãe que ela conhecia, mas ainda sim era a sua mãe. Era o lado cruel e real do atual estado mental da sua mãe. Não há nada de bonito da proximidade da morte. Na verdade, é realmente bem assustador de perceber que aquele ser que você tanto ama, nunca será mais o mesmo.
Ao "tirar a sua pele", Kay se defronta com a sua verdadeira mãe, no estado mais cru e verdadeiro da sua atual realidade.
Esse é o ciclo da vida. E Sam já pode perceber que ela é a próxima a ter de enfrentar essa dura vivência com a sua mãe.
Apenas o tempo sacramenta a história, porém já digo sem pestanejar: Marcélia Cartaxo em Pacarrete é uma das maiores atuações da história do cinema brasileiro. Palmas e mais palmas para o mais novo clássico da arte brasileira.
A exaltação magistral à Nelson Rodrigues e à arte.
A singularidade do texto de Nelson é tamanha que não há importância na forma que ocorre a sua exposição. A sua atemporalidade transcende os sentidos de tal forma que o mecanismo de recepção de sua obra pelo indivíduo é irrelevante. Aquele atingido pela linguagem de Nelson Rodrigues jamais voltará a ser o mesmo.
A síntese da experiência cinematográfica que é O Beijo no Asfalto é: limitar a arte a qualquer conceito e forma é ir de encontro com a sua própria concepção. Murilo Benício demonstra que a fluidez da arte é uma das fontes da sua beleza. E espero jamais esquecer essa lição.
Aqui temos um grande estudo sobre a consciência humana. A Sala é exposição da complexidade do ser humano em seu nível máximo. Nós somos seres tão indecifráveis que não somos capazes nem de controlarmos as raízes dos nossos própios desejos. Somos enigmáticos por natureza.
Os únicos capazes de entrarem na Sala são aqueles hábeis de terem a plena consciência de si próprios
Nunca pensei que um filme com uma premissa "tão simples" poderia abordar tantas temáticas e em tantas camadas. A complexidade que essa obra retrata as relações interpessoais é tamanha que é possivel vislumbrar até uma análise e crítica sutil (mas muito certeira) sobre a solidão derivada do sistema capitalista e a perda de personalidade do indivíduo gerada pela busca da "grande recompensa". Mas o foco de Billy Wilder não é esse.
O seu objetivo é mostrar o quão simplificamos nossas relações, escolhas e decisões. A vida é muito maior que um simples "sim" e "não". E a cena final não poderia ter sintetizado isso de uma maneira melhor
A Fran em um certo momento do filme se lamenta para o Baxter que não o ama e como tudo seria mais fácil se ela o amasse. Porém ela sente que isso não é algo possível e decide seguir a vida. Ela ama outra pessoa e não há o que o fazer. Chegamos a sequência final do filme. Fran está com seu amado e aparentemente tudo está como ela sonhava. Porém ela sabe que Jeff não liga para ela. Ela está ali sentada naquela cadeira por uma mera relação de poder. Porém ela ama aquele homem e não tem o que fazer. Contudo, ela tem um "click" após descobrir as atitudes de Baxter. Corre até a casa dele e temos o diálogo perfeito onde Baxter fala que ama ela e Fran apenas pede para ele jogar as cartas. Fran naquele momento com Jeff percebe que ela não precisa passar por isso. Ela não ama Baxter, mas ela sabe que ele é o ideal para ela nquele momento. Então por que não tentar fazer essa relação acontecer? O coração dela ainda nao é de Baxter, ainda pertence a outro. Mas como falado pela própria Fran, ela já amou outros homens nessa vida. E naquele exato momento ela percebeu e pensou: "Por que Baxter não pode ser o próximo?". Em vários diálogos vemos os personagens falando de antigos amores, superação e novas vivências. E depois de todas reflexões, Fran apostou as suas fichas nisso. O coração não deve reger sozinho nossas decisões
A falta de simplicidade no ser humano é justamente a sua maior beleza.
O filme é uma grande alegoria sobre a história de resistência brasileira. Os estrangeiros do filme não sabiam exatamente o que estavam fazendo em Bacurau como os Portugueses que vieram parar no Brasil por um acaso, sem saber onde estavam, mas ambos com propósito de consumar seus compromissos. O ar de hierarquia é claro e a morte é apenas mais um instrumento a sacramentar isso. Mas porque era necessária todas aquelas mortes para chegar nos seus objetivos? Até hoje, ninguém sabe. Nem os roteiristas nem os estudiosos da história nacional.
O povo indígena vivenciou essa ameaça. Muitos morreram, mas jamais se deram como derrotados. Assim como o casal do filme, andavam nus, tiveram suas casas de palhas queimadas, mas nunca pararam de resistir. Vistos como selvagens e inferiores, aqueles que usavam da religião para seus atos que eram os verdadeiros animais. A cena do sexo após mais uma morte não está lá por um acaso.
Porém a história nos ensina que os atos humanos são cíclicos. O povo brasileiro sempre esteve sob ameaça de povos estranhos. Os indígenas foram os primeiros a sentir, mas isso jamais parou. Agora nosso medos não são apenas com aqueles estranhos de outros limites territoriais. O nosso terror está também mais próximo do que a gente imagina. As alianças formadas podem surgir de onde a gente menos pensar. Mas isso não importa, desde sempre, a nossa história nos ensinou a persistência.
E de nada adianta querer suavizar o que já vivemos. Até podemos mostrar em nossos acervos culturais e históricos de uma maneira muito mais leve. Mas muito sangue já foi derramado para estarmos onde estamos. Não é só a história de Bacurau que tem marcas de sangue por todos os seus lados. E como é preciso que essas marcas jamais sejam esquecidas. Não é somente esse pequeno canto do Nordeste que varreu muito sangue para hoje podermos contar o nosso passado.
Bacurau é o Brasil. Muitos acharam que a melhor decisão era ir embora. Heróis? A história brasileira tem de monte, mas os maiores são os que, mesmo que a base de migalhas e produtos vencidos, jamais desistiram de nossa história, nossa cultura e nosso povo. São pessoas comuns como todos nós
E isso realmente foi só o começo. A resistência jamais parou e nunca vai cessar.
A maestria em demonstrar o uso da fé como desculpa para o nosso destino, nossas atitudes e, principalmente, nossas escolhas. Encarar a realidade às vezes é duro demais e torna-se muito mais fácil usar de outros subterfúgios para atingir o que tanto queriamos. A hipocrisia da vivência humana no seu auge
Pela primeira vez no cinema, meus olhos lacrimejaram simplesmente porque o que eu estava vendo em tela, o visual, era absolutamente lindo. Sem falas, sem nada em cena, apenas beleza no meu olhar. Jamais esquecerei dessa experiência.
"Vamos tomar um tempo para pensar naquelas pessoas muito especiais. Algumas podem estar bem aqui. Outras podem estar muito longe. Algumas podem até estar no céu. Não importa onde elas estejam, no fundo, você sabia que elas sempre queriam o que era melhor para você. Elas sempre se importaram com você além do que se pode medir e te encorajaram a ser verdadeiro com o que há de melhor em você"
Infelizmente não cresci assistindo Fred Rogers, mas o tempo desse documentário já foi o suficiente para me sentir como aquelas crianças que aprendiam a ver o mundo diferente com cada palavra dita por ele. Realmente um homem a frente do seu tempo.
Muito se fala sobre o monólogo final do filme que consegue sintetizar o filme todo de uma forma excepcional. Porém, teve um dialogo antes que mexeu bastante comigo que personifica muito bem a "solidão capitalista"
Cristiano está sentado aproveitando um momento para finalmente conseguir respirar e olha para o seu colega e começa a puxar conversa. O diálogo deles é basicamente um falando para o outro o que acha mais difícil de carregar. Aquela hora mostra que ambos não tem mais o que conversar. O assunto que eles mais podem falar com propriedade é ter sido "boi de carga". Não teria um assunto que os dois conseguiriam desenvolver melhor. E como falam coisas que carregaram. E se transparece no rosto deles que eles realmente carregaram tudo aquilo. E que aquela quantidade imensa de itens falado se deve porque a vida deles é basicamente e unicamente isso. A solidão deles é tão grande devido ao trabalho pesado que a única coisa que conseguiu romper o silêncio foi compartilhar da mesma dor e suor. A conversa existiu, mas a solidão continuou.
Depois de Regina Casé e Sônia Braga, agora é a vez de Karine Telles nos comover com sua atuação tão minimalistas em seus detalhes e tão gigantesca em sua qualidade. Irene é daquelas personagens que fica com você ao subir dos créditos e vai embora jamais. Na cena final, algo que remete muito a "A Hora da Estrela", a Macabéa do Século XXI de Gustavo Pizzi alcança uma grande epifania e mostra todo o brilho de uma atriz com seu imenso talento e meus olhos reluzindo juntos de emoção.
Não bastando um incrível trabalho de estudo de personagem, ainda existe, ao meu ver, uma crítica social muito sutil e importante
O filme mostra uma situação de crise no Brasil muito grande. Pessoas com dificuldade para conseguir emprego, terrenos abandonados, dificuldade no setor imobiliário, violência, lojas falindo, problemas de moradia, etc. Depois de um surto de esperança com a classe média ascendendo, como mostra a Irene revendo sua ex chefe e ela conseguindo seu sonhado diploma do Ensino Médio, agora uma derrocada mostra sua face. Mas a crítica se mostra ao mostrar todos esses problemas com uma naturalidade gigantesca. Nós espectadores vemos tudo isso e achamos normal toda essa dificuldade. Os personagens tratam como parte da vida esses empecilhos no seu caminho. E o filme não da resposta sobre quase nenhuma dessas dificuldades. Não sabemos se o empreendimento de Klaus deu certo, se venderam o imóvel na praia, se Irene conseguiu seu emprego ou se a reforma na casa finalmente deu certo. Essa classe agora sofre uma vida com uma perspetiva de futuro totalmente incerta e sem resposta. Acomodados, personagens e expectadores, em ver que diversas partes do país estão em colapso. A crise chegou forte novamente naqueles que ganharam voz anos atras, mas a esperança de retomar esse poder acaba jamais. O grande sorriso final de Irene traz, quase literalmente, uma luz no atual tempo nebuloso brasileiro.
Como a verdade doi! Simples seria se a vida fosse apenas um jogo onde contamos verdades e mentiras um para o outro. O maior problema é a ilusão que criamos em nosso imaginário. A maior dificuldade está em admitir a realidade para si mesmo. Como aceitaremos que essa vida que nos é dada uma só vez é feita na sua maior parte de frustrações? Que não serão todos seus sonhos que se concretizarão? Que a felicidade nem sempre será o resultado encontrado nas estrada que percorremos? Essa montanha russa chamada existência é difícil de encarar, dura de enxergar e triste de consentir.
A dor sentida ao subir dos créditos é apenas um reflexo do conhecimento dessa verdade
Sim, Christine é irritante, mimada e egoísta. Mas é justamente isso que torna "Lady Bird" um filme tão especial! É uma realidade na sua forma mais nua e crua é com todas as suas nuances. Afinal, quem nunca cometeu atitudes parecidas como a Christine quando era mais novo? Adolescência é um momento conturbado para todos.
Lady Bird é de um realismo tão grande que chega a causar nostalgia! Um filme com uma alma própria
A Pior Pessoa do Mundo
4.0 601 Assista AgoraA sequência do poster do filme já nasceu como um marco cinematográfico
Marighella
3.9 1,1K Assista AgoraEu vou ficar arrepiado pelo resto da minha vida com a cena do hino nacional. Que potência. Nasceu atemporal
Lovers Rock
4.2 24A cena de Silly Games é uma experiência sensorial que todos deveriam passar uma vez na vida. É o prazer, em todos os sentidos possíveis da palavra, em seu ato mais lindo e puro.
Bela Vingança
3.8 1,3K Assista AgoraAmy Dunne (Garota Exemplar), pode descansar com tranquilidade que o seu legado está aqui muito bem protegido
Nomadland
3.9 896 Assista AgoraO trabalho de Chloe Zhao e Frances Mcdormand na construção desse mundo e da personagem Fern é tão visceral que por muitas vezes eu sentia que estava vendo um lindo documentário.
O sentimento de autenticidade que vivenciei com essa obra foi tamanho que eu ainda espero ter o privilégio de encontrar com a Fern pelas estradas que esse planeta Terra nos reserva.
Relíquia Macabra
3.3 260"Não é mais a vovó".
Foi com essa frase que o subtexto do filme me pegou em cheio e o choro quase veio junto.
Realmente, essa não é mais a vovó que elas conheciam. Quando a velhice chega, um lado obscuro aparece também. Esquecimento, falta de controle, não poder ir mais no banheiro sozinho. Tudo isso pode vir junto com a velhice. Mesmo que todos estejamos ciente de que isso é possível de acontecer com a reta final da vida batendo, nós fazemos de tudo para mascarar esse infeliz lado do ciclo humano.
Ao final, Kay entende que aquilo não é um monstro. É simplesmente um lado da sua mãe que ela tentava por evitar, mas que já estava evidente e ela fazia de tudo para esconder. Aquela realmente não era mais a mãe que ela conhecia, mas ainda sim era a sua mãe. Era o lado cruel e real do atual estado mental da sua mãe. Não há nada de bonito da proximidade da morte. Na verdade, é realmente bem assustador de perceber que aquele ser que você tanto ama, nunca será mais o mesmo.
Ao "tirar a sua pele", Kay se defronta com a sua verdadeira mãe, no estado mais cru e verdadeiro da sua atual realidade.
Esse é o ciclo da vida. E Sam já pode perceber que ela é a próxima a ter de enfrentar essa dura vivência com a sua mãe.
Druk: Mais Uma Rodada
3.9 798 Assista AgoraVer Mads Mikkelsen dançando era tudo o que eu precisava e não sabia
A Volta para Casa
4.2 5Lima Duarte, em cerca de 15 minutos de tela, me deixou em pedaços, me emocionou e me fez apegar a um personagem já no seu primeiro olhar. Que gênio
Hamilton
4.5 256 Assista AgoraDias se passaram que assisti Hamilton e só a lembrança da cena de Satisfied já me causa arrepios.
Da coleção de frases que doem na alma:
"At least my dear Eliza's his wife
At least I keep his eyes in my life
Pacarrete
4.1 105 Assista AgoraApenas o tempo sacramenta a história, porém já digo sem pestanejar: Marcélia Cartaxo em Pacarrete é uma das maiores atuações da história do cinema brasileiro. Palmas e mais palmas para o mais novo clássico da arte brasileira.
O Beijo no Asfalto
4.1 95A exaltação magistral à Nelson Rodrigues e à arte.
A singularidade do texto de Nelson é tamanha que não há importância na forma que ocorre a sua exposição. A sua atemporalidade transcende os sentidos de tal forma que o mecanismo de recepção de sua obra pelo indivíduo é irrelevante. Aquele atingido pela linguagem de Nelson Rodrigues jamais voltará a ser o mesmo.
A síntese da experiência cinematográfica que é O Beijo no Asfalto é: limitar a arte a qualquer conceito e forma é ir de encontro com a sua própria concepção. Murilo Benício demonstra que a fluidez da arte é uma das fontes da sua beleza. E espero jamais esquecer essa lição.
Stalker
4.3 500 Assista AgoraAqui temos um grande estudo sobre a consciência humana. A Sala é exposição da complexidade do ser humano em seu nível máximo. Nós somos seres tão indecifráveis que não somos capazes nem de controlarmos as raízes dos nossos própios desejos. Somos enigmáticos por natureza.
Os únicos capazes de entrarem na Sala são aqueles hábeis de terem a plena consciência de si próprios
Eu não entraria. E acredito que nem você.
Se Meu Apartamento Falasse
4.3 422 Assista AgoraNunca pensei que um filme com uma premissa "tão simples" poderia abordar tantas temáticas e em tantas camadas. A complexidade que essa obra retrata as relações interpessoais é tamanha que é possivel vislumbrar até uma análise e crítica sutil (mas muito certeira) sobre a solidão derivada do sistema capitalista e a perda de personalidade do indivíduo gerada pela busca da "grande recompensa". Mas o foco de Billy Wilder não é esse.
O seu objetivo é mostrar o quão simplificamos nossas relações, escolhas e decisões. A vida é muito maior que um simples "sim" e "não". E a cena final não poderia ter sintetizado isso de uma maneira melhor
A Fran em um certo momento do filme se lamenta para o Baxter que não o ama e como tudo seria mais fácil se ela o amasse. Porém ela sente que isso não é algo possível e decide seguir a vida. Ela ama outra pessoa e não há o que o fazer.
Chegamos a sequência final do filme. Fran está com seu amado e aparentemente tudo está como ela sonhava. Porém ela sabe que Jeff não liga para ela. Ela está ali sentada naquela cadeira por uma mera relação de poder. Porém ela ama aquele homem e não tem o que fazer.
Contudo, ela tem um "click" após descobrir as atitudes de Baxter. Corre até a casa dele e temos o diálogo perfeito onde Baxter fala que ama ela e Fran apenas pede para ele jogar as cartas.
Fran naquele momento com Jeff percebe que ela não precisa passar por isso. Ela não ama Baxter, mas ela sabe que ele é o ideal para ela nquele momento. Então por que não tentar fazer essa relação acontecer? O coração dela ainda nao é de Baxter, ainda pertence a outro. Mas como falado pela própria Fran, ela já amou outros homens nessa vida. E naquele exato momento ela percebeu e pensou: "Por que Baxter não pode ser o próximo?". Em vários diálogos vemos os personagens falando de antigos amores, superação e novas vivências.
E depois de todas reflexões, Fran apostou as suas fichas nisso. O coração não deve reger sozinho nossas decisões
A falta de simplicidade no ser humano é justamente a sua maior beleza.
Bacurau
4.3 2,7K Assista Agora"Isso é só o começo"
Bacurau é uma grande celebração ao Brasil, sua história e seu povo.
O filme é uma grande alegoria sobre a história de resistência brasileira.
Os estrangeiros do filme não sabiam exatamente o que estavam fazendo em Bacurau como os Portugueses que vieram parar no Brasil por um acaso, sem saber onde estavam, mas ambos com propósito de consumar seus compromissos. O ar de hierarquia é claro e a morte é apenas mais um instrumento a sacramentar isso. Mas porque era necessária todas aquelas mortes para chegar nos seus objetivos? Até hoje, ninguém sabe. Nem os roteiristas nem os estudiosos da história nacional.
O povo indígena vivenciou essa ameaça. Muitos morreram, mas jamais se deram como derrotados. Assim como o casal do filme, andavam nus, tiveram suas casas de palhas queimadas, mas nunca pararam de resistir. Vistos como selvagens e inferiores, aqueles que usavam da religião para seus atos que eram os verdadeiros animais. A cena do sexo após mais uma morte não está lá por um acaso.
Porém a história nos ensina que os atos humanos são cíclicos. O povo brasileiro sempre esteve sob ameaça de povos estranhos. Os indígenas foram os primeiros a sentir, mas isso jamais parou. Agora nosso medos não são apenas com aqueles estranhos de outros limites territoriais. O nosso terror está também mais próximo do que a gente imagina. As alianças formadas podem surgir de onde a gente menos pensar. Mas isso não importa, desde sempre, a nossa história nos ensinou a persistência.
E de nada adianta querer suavizar o que já vivemos. Até podemos mostrar em nossos acervos culturais e históricos de uma maneira muito mais leve. Mas muito sangue já foi derramado para estarmos onde estamos. Não é só a história de Bacurau que tem marcas de sangue por todos os seus lados. E como é preciso que essas marcas jamais sejam esquecidas. Não é somente esse pequeno canto do Nordeste que varreu muito sangue para hoje podermos contar o nosso passado.
Bacurau é o Brasil.
Muitos acharam que a melhor decisão era ir embora. Heróis? A história brasileira tem de monte, mas os maiores são os que, mesmo que a base de migalhas e produtos vencidos, jamais desistiram de nossa história, nossa cultura e nosso povo. São pessoas comuns como todos nós
E isso realmente foi só o começo. A resistência jamais parou e nunca vai cessar.
Divino Amor
3.3 240A maestria em demonstrar o uso da fé como desculpa para o nosso destino, nossas atitudes e, principalmente, nossas escolhas. Encarar a realidade às vezes é duro demais e torna-se muito mais fácil usar de outros subterfúgios para atingir o que tanto queriamos. A hipocrisia da vivência humana no seu auge
Cafarnaum
4.6 673 Assista AgoraUma surra teria doído bem menos
Homem-Aranha: No Aranhaverso
4.4 1,5K Assista AgoraPela primeira vez no cinema, meus olhos lacrimejaram simplesmente porque o que eu estava vendo em tela, o visual, era absolutamente lindo. Sem falas, sem nada em cena, apenas beleza no meu olhar. Jamais esquecerei dessa experiência.
Fred Rogers: O Padrinho da Criançada
4.3 43"Vamos tomar um tempo para pensar naquelas pessoas muito especiais. Algumas podem estar bem aqui. Outras podem estar muito longe. Algumas podem até estar no céu. Não importa onde elas estejam, no fundo, você sabia que elas sempre queriam o que era melhor para você. Elas sempre se importaram com você além do que se pode medir e te encorajaram a ser verdadeiro com o que há de melhor em você"
Infelizmente não cresci assistindo Fred Rogers, mas o tempo desse documentário já foi o suficiente para me sentir como aquelas crianças que aprendiam a ver o mundo diferente com cada palavra dita por ele. Realmente um homem a frente do seu tempo.
Arábia
4.2 167 Assista AgoraMuito se fala sobre o monólogo final do filme que consegue sintetizar o filme todo de uma forma excepcional. Porém, teve um dialogo antes que mexeu bastante comigo que personifica muito bem a "solidão capitalista"
Cristiano está sentado aproveitando um momento para finalmente conseguir respirar e olha para o seu colega e começa a puxar conversa. O diálogo deles é basicamente um falando para o outro o que acha mais difícil de carregar. Aquela hora mostra que ambos não tem mais o que conversar. O assunto que eles mais podem falar com propriedade é ter sido "boi de carga". Não teria um assunto que os dois conseguiriam desenvolver melhor. E como falam coisas que carregaram. E se transparece no rosto deles que eles realmente carregaram tudo aquilo. E que aquela quantidade imensa de itens falado se deve porque a vida deles é basicamente e unicamente isso. A solidão deles é tão grande devido ao trabalho pesado que a única coisa que conseguiu romper o silêncio foi compartilhar da mesma dor e suor. A conversa existiu, mas a solidão continuou.
Benzinho
3.9 348 Assista AgoraDepois de Regina Casé e Sônia Braga, agora é a vez de Karine Telles nos comover com sua atuação tão minimalistas em seus detalhes e tão gigantesca em sua qualidade. Irene é daquelas personagens que fica com você ao subir dos créditos e vai embora jamais. Na cena final, algo que remete muito a "A Hora da Estrela", a Macabéa do Século XXI de Gustavo Pizzi alcança uma grande epifania e mostra todo o brilho de uma atriz com seu imenso talento e meus olhos reluzindo juntos de emoção.
Não bastando um incrível trabalho de estudo de personagem, ainda existe, ao meu ver, uma crítica social muito sutil e importante
O filme mostra uma situação de crise no Brasil muito grande. Pessoas com dificuldade para conseguir emprego, terrenos abandonados, dificuldade no setor imobiliário, violência, lojas falindo, problemas de moradia, etc. Depois de um surto de esperança com a classe média ascendendo, como mostra a Irene revendo sua ex chefe e ela conseguindo seu sonhado diploma do Ensino Médio, agora uma derrocada mostra sua face. Mas a crítica se mostra ao mostrar todos esses problemas com uma naturalidade gigantesca. Nós espectadores vemos tudo isso e achamos normal toda essa dificuldade. Os personagens tratam como parte da vida esses empecilhos no seu caminho. E o filme não da resposta sobre quase nenhuma dessas dificuldades. Não sabemos se o empreendimento de Klaus deu certo, se venderam o imóvel na praia, se Irene conseguiu seu emprego ou se a reforma na casa finalmente deu certo. Essa classe agora sofre uma vida com uma perspetiva de futuro totalmente incerta e sem resposta. Acomodados, personagens e expectadores, em ver que diversas partes do país estão em colapso. A crise chegou forte novamente naqueles que ganharam voz anos atras, mas a esperança de retomar esse poder acaba jamais. O grande sorriso final de Irene traz, quase literalmente, uma luz no atual tempo nebuloso brasileiro.
Drive
3.9 3,5K Assista AgoraViolência nunca foi algo tão lindo e arrepiante de ser ver
Namorados para Sempre
3.6 2,5K Assista AgoraComo a verdade doi! Simples seria se a vida fosse apenas um jogo onde contamos verdades e mentiras um para o outro. O maior problema é a ilusão que criamos em nosso imaginário. A maior dificuldade está em admitir a realidade para si mesmo. Como aceitaremos que essa vida que nos é dada uma só vez é feita na sua maior parte de frustrações? Que não serão todos seus sonhos que se concretizarão? Que a felicidade nem sempre será o resultado encontrado nas estrada que percorremos? Essa montanha russa chamada existência é difícil de encarar, dura de enxergar e triste de consentir.
A dor sentida ao subir dos créditos é apenas um reflexo do conhecimento dessa verdade
Um Lugar Silencioso
4.0 3,0K Assista AgoraAs definições de imersão cinematográfica foram reinventadas. Nunca mais sentirei o silêncio da mesma maneira.
Lady Bird: A Hora de Voar
3.8 2,1K Assista AgoraSim, Christine é irritante, mimada e egoísta. Mas é justamente isso que torna "Lady Bird" um filme tão especial! É uma realidade na sua forma mais nua e crua é com todas as suas nuances. Afinal, quem nunca cometeu atitudes parecidas como a Christine quando era mais novo? Adolescência é um momento conturbado para todos.
Lady Bird é de um realismo tão grande que chega a causar nostalgia! Um filme com uma alma própria