As conexões e os rompimentos são tão abruptos (me lembrando muito os vínculos afetivos em Carne Trémula), como se existisse uma efemeridade imediata nas relações e embates sociais (o romance que surge sem qualquer construção prévia, o estupro que é perdoado sem mais nem menos), que é impossível não sentir um clima absurdo de forçação de barra para a narrativa ganhar movimento.
É um filme que tenta tratar de várias temáticas (recalque, psicopatia/assassinatos, necrofilia, tauromaquia, extremismo religioso, obsessão amorosa, esquizofrenia, homossexualidade, telepatia), mas que faz tudo da maneira mais rasa possível, jogando os tópicos aleatoriamente, buscando muito mais o choque do tema do que a abordagem e o debate em si. A resolução deus ex machina é a cereja do bolo. E eu achando que o que mais me incomodaria seria a imbecilidade que é a tourada...
É absurdo o simbolismo conservador — e libertador — que esse filme carrega. O Clint utiliza tanto do personagem como um alter ego para assumir seus erros passados e anacronismos com a nova geração (irritação com o uso constante de tecnologias, desconhecimento de termos preconceituosos com minorias), como para transmitir essa aura autoconsciente (a noção de que seus atos não estavam certos) e fiel às instituições (a polícia que está lá para realizar seu trabalho, os veteranos de guerra que ajudaram o país, a família que perdoa o pai/marido ausente).
Ao mesmo tempo que o Clint utiliza o lapso temporal como um extensor de conflitos (a filha que não fala com o pai há 12 anos, a ex-esposa que ainda guarda mágoas do casamento), ele usa o tempo como um instrumento redentor. Embora o protagonista tente compensar o passado com dinheiro (caso da cena em que ele paga o open bar da neta),
é só quando ele abdica diretamente do seu tempo de vida (certeza da morte pelos traficantes) para passar momentos com sua família, na busca pelo perdão e pelo tempo perdido, que ele alcança a redenção.
O maior problema desse filme é a profundidade que tenta abordar certas mazelas sociais. Do primeiro ato, contundente e promissor, chega em um maniqueísmo raso, com diálogos e atos dignos de um filme B, culminando num expurgo que soa desinteressado.
Filmado em formato letterbox (4:3), Paul Schrader realiza uma luta contra a fé à la Bergman, acoplando um autoflagelo psicológico do protagonista (Ethan Hawke) por marcas do passado (morte do filho e fim do casamento) — que perduram e se juntam à desilusões do presente,
como é o caso do fracasso em salvar a vida do ambientalista (lembrando-o da responsabilidade na morte do filho, visto que o mandou para a guerra); do poder das grandes empresas frente aos que lutam pela causa; da inocuidade de sua vida, seu trabalho e ações; de sua saúde.
Não é tão inventivo (lembra até Manchester by the Sea em alguns pontos, só pra citar um recente), mas faz um estudo de personagem/ambiente que só alguém que manja muito de cinema consegue fazer.
— só se lembrar da repetição na trama sobre o Stefan não ter controle sobre seus atos, dando a entender que o "destino estava selado"; que as escolhas dele não adiantavam de nada (englobando esse discurso com as escolhas dos telespectadores do episódio. Uma metalinguagem clara).
É simplório e diverte até certo ponto, mas carece de profundidade quando trata sobre o asperger. Também falta um pouco de personalidade, principalmente pelo diretor querer parecer um Wes Anderson sueco.
Saber que Anselmo Duarte tinha Frank Capra e o neorrealismo italiano como umas de suas maiores inspirações só aumenta ainda mais a dimensão do personagem Zé do Burro (Leonardo Villar) e seu contexto.
(como na aparição repentina e morte de Lourival, sem sequer conceber algo de concreto nessa relação pai-filho)
é de se louvar a construção à la "neorrealismo italiano à brasileira" (como dito pelo Wesley PC>) feita por Nelson Pereira dos Santos: o negro submisso e iludido às vontades dos brancos poderosos; o ser humano marginalizado (pobre, negro, favelado, sem residência, com pouca instrução educacional e com uma família desfigurada) — que encontra sua felicidade, diante de tanta desgraça, na música — serve apenas como uma escada para os grandes empresários. A vivência, o talento, o sonho e a tristeza diluídas nas composições do samba de nada importam. Apenas importa o dinheiro. Mesmo que isso signifique enganar aqueles que sempre foram enganados.
O Michael Douglas ter feito os thrillers eróticos mais conhecidos dos anos 80 (sendo que fez mais um na década de 90, com a Demi Moore) e ter virado um viciado em sexo — tendo que se internar em uma clínica de reabilitação — não é nenhuma coincidência.
Um cara como o Louis Malle ter feito um troço desses — depois de tudo que fez — é como se Bach tivesse composto um sertanejo universitário no final de sua vida.
"- Sabe quando chega o sábado, eu começo a sentir umas coisas meio estranhas; esquisitas. Fico achando que vou virar lobisomem... - Um lobisomem? Que papo é esse, Bilu? - Sabe quantas bronhas eu já bati hoje? - Quantas? - Oito."
"Hoje à noite lá no clube vai ter uma big festa: cuba libre, lança-perfume e muita mulher!".
"- Seu Argemiro, seu chá! - Enfia o chá no cu! - Yes, sir!".
As frases desse filme precisam ser arquivadas no Museu Nacional de Belas Artes.
Matador
3.6 135As conexões e os rompimentos são tão abruptos (me lembrando muito os vínculos afetivos em Carne Trémula), como se existisse uma efemeridade imediata nas relações e embates sociais (o romance que surge sem qualquer construção prévia, o estupro que é perdoado sem mais nem menos), que é impossível não sentir um clima absurdo de forçação de barra para a narrativa ganhar movimento.
É um filme que tenta tratar de várias temáticas (recalque, psicopatia/assassinatos, necrofilia, tauromaquia, extremismo religioso, obsessão amorosa, esquizofrenia, homossexualidade, telepatia), mas que faz tudo da maneira mais rasa possível, jogando os tópicos aleatoriamente, buscando muito mais o choque do tema do que a abordagem e o debate em si. A resolução deus ex machina é a cereja do bolo. E eu achando que o que mais me incomodaria seria a imbecilidade que é a tourada...
A Mula
3.6 354 Assista AgoraÉ absurdo o simbolismo conservador — e libertador — que esse filme carrega. O Clint utiliza tanto do personagem como um alter ego para assumir seus erros passados e anacronismos com a nova geração (irritação com o uso constante de tecnologias, desconhecimento de termos preconceituosos com minorias), como para transmitir essa aura autoconsciente (a noção de que seus atos não estavam certos) e fiel às instituições (a polícia que está lá para realizar seu trabalho, os veteranos de guerra que ajudaram o país, a família que perdoa o pai/marido ausente).
Ao mesmo tempo que o Clint utiliza o lapso temporal como um extensor de conflitos (a filha que não fala com o pai há 12 anos, a ex-esposa que ainda guarda mágoas do casamento), ele usa o tempo como um instrumento redentor. Embora o protagonista tente compensar o passado com dinheiro (caso da cena em que ele paga o open bar da neta),
é só quando ele abdica diretamente do seu tempo de vida (certeza da morte pelos traficantes) para passar momentos com sua família, na busca pelo perdão e pelo tempo perdido, que ele alcança a redenção.
Irreversível
4.0 1,8K Assista AgoraVAI SE FODER, GASPAR NOÉ!
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Okja
4.0 1,3K Assista AgoraGraças a deus, não como carne
Isto É Spinal Tap
3.9 147Eu adoro o Rob Reiner, mas isso aqui ficou bem longe de funcionar pra mim.
Bacurau
4.3 2,7K Assista AgoraO maior problema desse filme é a profundidade que tenta abordar certas mazelas sociais. Do primeiro ato, contundente e promissor, chega em um maniqueísmo raso, com diálogos e atos dignos de um filme B, culminando num expurgo que soa desinteressado.
Casal Improvável
3.4 290 Assista AgoraQuem diria que um casal envolvendo a Charlize Theron e o Seth Rogen teria química...
Ponto Cego
4.0 142 Assista AgoraUma colcha de retalhos
(aquela cena do rap no final é um dos troços mais forçados que já vi no cinema).
Guerra Fria
3.8 326 Assista AgoraTive a impressão — assim como em Ida — que o Pawlikowski quer soar como Bergman a todo momento.
Fé Corrompida
3.7 375 Assista AgoraFilmado em formato letterbox (4:3), Paul Schrader realiza uma luta contra a fé à la Bergman, acoplando um autoflagelo psicológico do protagonista (Ethan Hawke) por marcas do passado (morte do filho e fim do casamento) — que perduram e se juntam à desilusões do presente,
como é o caso do fracasso em salvar a vida do ambientalista (lembrando-o da responsabilidade na morte do filho, visto que o mandou para a guerra); do poder das grandes empresas frente aos que lutam pela causa; da inocuidade de sua vida, seu trabalho e ações; de sua saúde.
Não é tão inventivo (lembra até Manchester by the Sea em alguns pontos, só pra citar um recente), mas faz um estudo de personagem/ambiente que só alguém que manja muito de cinema consegue fazer.
Black Mirror: Bandersnatch
3.5 1,4KCansativo e didático num nível "trato o telespectador como uma criança"
— só se lembrar da repetição na trama sobre o Stefan não ter controle sobre seus atos, dando a entender que o "destino estava selado"; que as escolhas dele não adiantavam de nada (englobando esse discurso com as escolhas dos telespectadores do episódio. Uma metalinguagem clara).
Um Instante de Inocência
4.3 39Poucas vezes um título resumiu tão fielmente um filme.
As Patricinhas de Beverly Hills
3.4 1,0K Assista AgoraEntão foi desse filme que GOT pegou uns remendos...
Batman & Robin
2.3 992 Assista AgoraJoel Schumacher não ter se trancado numa caverna, depois de ter feito esse filme e Batman Forever, é um milagre que nem o Vaticano consegue explicar.
Batman Eternamente
2.6 720 Assista AgoraParece uma esquete de 02h00 que tenta tirar sarro de um filme do Batman.
Vestida Para Matar
3.8 252 Assista AgoraHitchcock de cabo a rabo.
No Espaço Não Existem Sentimentos
4.3 450É simplório e diverte até certo ponto, mas carece de profundidade quando trata sobre o asperger. Também falta um pouco de personalidade, principalmente pelo diretor querer parecer um Wes Anderson sueco.
O Pagador de Promessas
4.3 363 Assista AgoraSaber que Anselmo Duarte tinha Frank Capra e o neorrealismo italiano como umas de suas maiores inspirações só aumenta ainda mais a dimensão do personagem Zé do Burro (Leonardo Villar) e seu contexto.
Rio, Zona Norte
4.2 50Apesar de apelar em algumas partes para um tom excessivamente melodramático,
(como na aparição repentina e morte de Lourival, sem sequer conceber algo de concreto nessa relação pai-filho)
Mais triste que isso, só o Brasil.
Atração Fatal
3.6 442 Assista AgoraO Michael Douglas ter feito os thrillers eróticos mais conhecidos dos anos 80 (sendo que fez mais um na década de 90, com a Demi Moore) e ter virado um viciado em sexo — tendo que se internar em uma clínica de reabilitação — não é nenhuma coincidência.
Um Pistoleiro Chamado Papaco
3.5 241Assistir isso ao lado da minha namorada foi uma das experiências mais constrangedoramente hilárias que já tive em minha vida.
"Rola pra mim tem que ser por metro".
"- Como é seu nome?
- Linda.
- Não parece".
Perdas e Danos
3.4 288 Assista AgoraUm cara como o Louis Malle ter feito um troço desses — depois de tudo que fez — é como se Bach tivesse composto um sertanejo universitário no final de sua vida.
Os Bons Tempos Voltaram: Vamos Gozar Outra Vez
3.2 38"- Sabe quando chega o sábado, eu começo a sentir umas coisas meio estranhas; esquisitas. Fico achando que vou virar lobisomem...
- Um lobisomem? Que papo é esse, Bilu?
- Sabe quantas bronhas eu já bati hoje?
- Quantas?
- Oito."
"Hoje à noite lá no clube vai ter uma big festa: cuba libre, lança-perfume e muita mulher!".
"- Seu Argemiro, seu chá!
- Enfia o chá no cu!
- Yes, sir!".
As frases desse filme precisam ser arquivadas no Museu Nacional de Belas Artes.
Um Lobisomem na Amazônia
2.5 93Eu não tenho palavras pra expressar o que senti assistindo.