Letícia Castor Moura

Outro da corrida do Oscar que fui ver com uma tremenda expectativa e sai meio, "é só isso mesmo?"

Um tema tão bom que poderia sim ser explorado de um jeito mais dinâmico, até mesmo no suspense... Pareceu aqueles filmes pra televisão ou coisa parecida. Morno do começo ao fim, atores de peso que se perderam em diálogos arrastados, técnicos e desnecessários. O trailer te apresenta aquela sequência de frases de impacto em vários cortes seguidos e você pensa que vai assistir um "Todos Os Homens do Presidente" contemporâneo, mas não chega nem perto. E ainda ganhou O SAG Award de Melhor Elenco e o Critics Choice, não dá para entender. Parece que esse ano as premiações estão levando mais em conta o assunto abordado pelo filme do que o filme em si. O que não é uma má ideia, contanto que o filme faça jus, o que não é o caso deste.

Olha... Eu fui ver esse filme esperando uma coisa e terminei-o com outra. Quando vi o trailer fiquei encantada. Gosto muito da estética do Tom Hooper e todo aquele vislumbre, sem falar do tema e da história que são sensacionais, esperava um daqueles dramalhões autobiográficos que eu tanto adoro. Mas...

A sensação foi que ele passou pela história dum jeito muito superficial. Não vimos realmente a transformação de Einar a Lili, o descobrimento de ela era sua personalidade real e etc... Num momento Einar veste-se para posar para a esposa. Uma cena admirando o corpo no espelho e pronto, não tirou mais a roupa e a peruca, tem relações com a esposa (como se estivesse tudo normal), e etc. Por mais companheira e apoiadora que ela seja, acho que cônjuge algum iria se deparar com a revelação de que seu parceiro é trans e não ter todo um processo de diálogo, conflito e resolução. Esse foi o problema: pegou um tema incrível e não o explorou. E como fã do Redmayne, digo: faltou espaço para ele explorar o papel e seu potencial. Quem se sobressai no fim é Alicia como Gerda, mas ainda assim me decepcionei em vista de tudo mais que o filme poderia ser.

Maravilhoso!