É sempre uma bênção quando David Fincher lança um novo filme. Desde os tempos áureos quando ele nos deu uma obra-prima como "Seven - Os sete crimes capitais", Fincher se provou um diretor que cria obras de extrema complexidade, tramas intrigantes e personagens cativantes. E vêm assim sendo em todos os seus excelentes filmes até hoje, e "Garota Exemplar" não é diferente, e sim um talvez um dos melhores filmes do diretor.
Evite o máximo possível spoilers ou informações sobre o livro fenomenal de Gillian Flynn e assista ao filme e se surpreenda com a experiência que Fincher propõe em seu filme. Mas claro, para os que já conhecem a história de Nick e Amh Dunne, assista a melhor adaptação desse "sumiço" súbito e a investigação interpessoal da sombria relação desse casal.
Thriller investigativo já é um gênero que Fincher explorou várias vezes de forma espetacular (Seven; Zodíaco; Millenium), mas aqui em "Garota Exemplar" o diretor dá um certo frescor novo ao gênero, elevando o nível de mistérios e reviravoltas na trama. Uma prova disso é o fato de manter todas as personagens do filme, inclusive a principal, suspeitas. É incrível como Nick (Ben Affleck), a personagem que deveríamos estar torcendo a favor, mostra ser um verdadeiro babaca. E Amy que no início conquista nossa total apatia, vai mostrando uma segunda camada.
Claro que isso se deve ao fabuloso livro de Gillian que assina o ótimo roteiro do filme, conseguindo misturar drama com um humor irônico (cara do Fincher), fazendo pequeníssimas mudanças aqui e ali (que me atrevo dizer, supera o livro). E a direção de Fincher, como sempre, fabulosa e detalhista, posicionando a câmera sempre da maneira certa, com um uso de sua fotografia acinzentada e um jogo de sombras que dá uma atmosfera pesada a história junto com um ritmo sempre ágil e coeso. Onde vemos uma vertente verdadeira da vida matrimonial, que no início aparenta ser perfeito, e só tende a decrescer a um nível de baixarias e indiferenças. Mostrando a rivalidade opressora que o homem nutre pela mulher, retratado de forma bem realista e contida na trama.
Tirando sua primeira hora bem misteriosa e s ombria (os melhores momentos do filme) quando vêm a segunda hora se aproximando do fim temos o bom thriller Fincheriano, intrigante e até divertido. Mas que vem empacotado com uma forte e extremamente verdadeira crítica a mídia sensacionalista que tende a subverter a percepção que temos desses casos de crimes que vemos na televisão e julgamos abertamente. Percepção e julgamento este que também se reflete em nós com relação a ambos Nick e Amy. Apesar de suas falhas, no final do dia são seres humanos e nunca poderemos entender seus motivos, apenas refletir. E lhe garanto, esse filme vai te deixar pensando por um bom tempo!
Graças também a ambos Ben Affleck e Rosamund Pike. Não há discussão de níveis de atuação aqui. Ben faz o seu muito bem, dando dando carisma e humanidade a Nick e a sua babaquice machista. E ainda temos um elenco com performances mais que decentes desde Carrie Coon como Margot, a irmã consciente de Nick e Tyler Perry como Tanner Bolt, o advogado hilariante e sensato. Mas aqui o show é de Rosamund Pike como Amy Dune que assim como Marla Singer (Helena Boham Carter - "Clube de Luta"); Meg Altman (Jodie Foster - "Quarto do Pânico) e Lisbeth Salander (Rooney Mara - Millenium), é uma nova girl do Fincher com um tratamento cinematográfico de luxo.
Sombrio, absolutamente intrigante e cativante, "Garota Exemplar" é mais um golaço de Fincher que não vai sair da sua mente tão cedo graças aspectos técnicos e atuações exemplares.
Após o sucesso esmagador de "Mad Max" em 1979 na Austrália e de se tornar um cult no resto do mundo, diretor George Miller correu para iniciar a produção de sua continuação. E graças ao interesse da Warner Brothers em seu lançamento nos EUA e ajuda no orçamento, não só se tornou um dos filmes de maior sucesso da década de 80 como também um pequeno marco na história do cinema.
"A Caçada Continua", assim como "Star Wars - O Império contra-ataca" da mesma época, é uma das raras continuações a manter e talvez superar o nível de qualidade do primeiro filme. "Mad Max" é um excelente filme, mas Miller só viria fincar o nome da franquia aqui. Enquanto o primeiro filme era um excitante thriller de vingança, aqui temos uma espécie de velho-oeste apocalíptico absolutamente bizarro. De onde veio essa mudança radical? As respostas e agradecimentos se devem ao senhor George Miller e o seu gênio criativo.
E põe gênio nisso. Logo no brilhante primeiro ato do filme temos a demonstração de como a corrida econômica a indústria petrolífera elevou os conflitos entre as nações mundiais, e assim lentamente o nosso mundo foi acabando. Fazendo também o estabelecimento de como estava o mundo no primeiro filme em direção a este, um enorme deserto árido com homens lunáticos vagando e lutando pela sobrevivência, e o mais louco de todos - Max (Mel Gibson). Agora dirigindo o último V8 do mundo junto de seu parceiro canino, caçando por gasolina, munição e comida de cachorro para poder sobreviver. Até que ele se encontra no meio de uma disputa por gasolina entre um grupo de humanos "normais" (no mínimo sensatos) e um exército de psicopatas liderados por Lord Humungus (Kjell Nilsson).
Logo após estabelecer esse mundo apocalíptico de forma perfeita e além do mais credível, Miller estrutura o restante do filme como um bom Western, sem nunca perder a sua marca bizarra. O conflito entre o clã de Humungus pela gasolina do grupo de humanos "sensatos" lembra claramente os apaches cercando um forte da cavalaria americana. Os selvagens inóspitos contra os "superiores", o que resta de bom e melhor da humanidade (não é a toa que eles usam branco). E Max é o homem sem nome, com um passado nebuloso e que luta pelo o que resta de sua moralidade. Luta essa q será travada nas ruas!
Miller tinha apresentado sua incrível técnica de ação no primeiro filme mas ela só se consolidou como revolucionária aqui. Carros são destraçados; corpos esmagados; dublês voam na frente da câmera. Nada de cortes frenéticos ou câmera tremida de hoje em dia, planos abertos e edição perfeita são usadas com louvor. Prova maior disso é a clássica perseguição final do filme. Ninguém, mocinho ou vilão são poupados da brutalidade. 13 minutos de pura brutalidade onde Miller prestou homenagem a cena de perseguição do clássico de John Ford, "No tempo das diligências".
Se bem que nada é perfeito aqui. Os personagens secundários não são bem desenvolvidos. Parecem mais adereços do que pessoas que Max está se sacrificando pra ajudar. O fundo emocional não é forte quanto no primeiro filme. Mas isso compensa-se pois aqui o show pertence a Max. O sobrevivente de poucas palavras que sempre está no controle da situação e Mel Gibson cumpre seu papel com alto carisma dando excelentes nuances de doido contido.
"Mad Max: A Caçada Continua" graças a criatividade de Miller e de seu ótimo talento detrás da câmera entregando ação extravagante e marcante e um subtexto sutil e inteligente é sim um pequeno marco no cinema que cravou o nome Mad Max e seu mundo apocalíptico bizarro para sempre.
Imaginem só num ano onde o cinema blockbuster era inventado nos EUA com a estréia de "Tubarão" de Spielberg e "Star Wars" de George Lucas, o jovem diretor George Miller num canto remoto do deserto Australiano fazia um pequeno mas potente sucesso chamado "Mad Max".
Hoje em dia quando se menciona tal nome pode vir logo a cabeça a imagem de um jovem Mel Gibson com um casaco que lembra uma armadura ao lado de um carro V8. Mas isso é "Mad Max - A Caçada Continua", um dos melhores filmes de ação já feitos e que inspirou vários outros filmes. Mas o sucesso de "Mad Max" não viria sem que Miller tivesse iniciado a franquia com um bang que foi este filme. Diferente dos filmes que o sucederam que têm um palco de futuro apocalíptico com toques bizarros, aqui temos um simples filme de vingança com um grande grau de complexidade e potência técnica.
Na trama encontramos Max (Mel Gibson) um policial de boa índole, pai de família que busca fazer justiça na melhor forma (não, isso não é Robocop). Tarefa esta que parece impossível nesse estranho lugar onde motoqueiros psicopatas liderados pelo insano Toecutter (Hugh Keays-Byrne) plantam o caos nas ruas.
Desde o início do filme, Miller já nos dá a idéia de que algo não está exatamente certo. Na base, o filme parece se passar no nosso mundo normal com policiais caçando criminosos e pessoas vivendo suas vidas normais. Mas que estranho lugar é esse onde nem sequer é mencionado o nome e na maior parte é só uma grande auto-estrada com descampado em volta onde só há 5 policiais para tomar conta de tudo. Orçamento limitado? Talvez, mas sabendo o que viria nos filmes seguintes dá pra ver que Miller sabia o que estava fazendo.
Tanto sabia que logo nos primeiros dez minutos já somos banhados com uma perseguição de carro excitante com um excelente jogo de câmera dando uma sensação perfeita de perigo e suspense. Ainda mais com nós vendo carros sendo cortados ao meio e dublês sendo arremesados violentamente. Brutalidade essa que só seria superada em "A Caçada Continua". Mas mais do que um prelúdio de uma técnica de ação soberba, que põe qualquer "Velozes e Furiosos" no chinelo, que seria superada na continuação. "Mad Max" é sim um interessante estudo de personalidade. No início temos Max Rocktansky, um policial honesto em busca de justiça e da proteção de sua família. Mas o mundo a sua volta e os psicóticos que o habitam não o permitem. Ele dirige agora uma estrada de loucura e insanidade para poder sobreviver. O Max se tornando "Mad".
Mel Gibson bem antes de se tornar um astro, já mostrava seu altíssimo carisma e nos dá um Max completamente humano, mas também com um ar de louco. E ainda contamos com outros carismáticas como Hugh Keays-Byrne interpretando o psicopata bem expressivo Toecutter e Steve Bisley como Jim Goose, o parceiro do crime de Max.
"Mad Max" é um simples, excitante e intrigante thriller de vingança, onde vemos um homem descendo à loucura graças ao mundo a sua volta. Um belo de um começo de uma franquia a se tornar clássica.
Já se faz 30 anos desde que o deserto apocalíptico da franquias Mad Max toca o solo cinematográfico. Após ter feito uma ótima trilogia que contava com o batuta filme de vingança e descida a loucura "Mad Max"; o insano velho-oeste apocalíptico "Mad Max: A Caçada Continua"; e o descunjutado mas divertido "Mad Max: Além da cúpula do trovão, diretor George Miller já planejava entregar mais um filme a franquia. E depois de anos com problemas de produção; dois filmes do "Babie o porquinho" e "Happy Feet" e meses de filmagens problemáticas finalmente o recebemos. É de se tirar o chapéu em respeito ao diretor, no mundo que vivemos onde remakes podres são feitos, George Miller não deixou que ninguém tocasse na sua obra de arte que ele criou 30 anos atrás, e mesmo após essa demora e dificuldade nas filmagens, recebemos talvez o melhor filme da franquia.
Todo o hype das críticas, do público e até de Cannes não foram por nada. "Estrada da Fúria" cumpre sim as expectativas e alcança as lacunas de qualidade insana que a franquia nunca havia recebido antes. É o "Mad Max" que sempre deveria ter sido feito. Que respeita o legado deixado pela trilogia original que inspirou tantos filmes de ação e futuros apocalípticos até hoje. E Miller consegue trazer os melhores elementos dos três filmes (Sim, três filmes) anteriores e junta-los aqui com quase perfeição: O inteligente e louco estudo de personalidades do primeiro "Mad Max"; as cenas de ação insanas e personagens extrovertidos de "A Caçada Continua"; o elo dramático e o subtexto do destino da humanidade de "Além da cúpula do trovão". Tudo junto e misturado no perfeito formato Mad Max - louco.
Do início ao fim de suas ágeis 2 horas, o filme é um festim da criatividade soberba de Miller, que recria mais uma vez o mundo de Max de forma bizarra e bem credível, com paisagens épicas do deserto apocalíptico e os seus bizarros moradores que vivem a base de sangue e leite materno e formam exércitos automobilísticos que lideram à algumas das mais iradas cenas de ação já feitas. Ah sim... a ação. Como eu disse, é o festim de Miller, que aos seus 70 anos move sua câmera como um jovem diretor ambicioso e visionário. Corpos de dublês são arremesados constantemente e carros explodem na frente da câmera, sem nenhum artifício vergonhoso de câmera tremida ou cortes frenéticos. Ângulos abertos e a câmera firme se mantém presentes e entregam a ação feita à moda antiga com a melhor receita possível.
Mas Mad Max nunca foi só excelente ação com incrível trabalho de dublês. Miller sempre conseguiu trazer complexidade à suas personagens e um subtexto ao mundo a sua volta. De um lado temos a rouba cenas Furiosa (Charlize Theron), uma guerreira resultado de anos submissa aos homens e busca pela sua liberdade e a de suas irmãs-mulheres, as noivas do tenebroso Imortan Joe (Hugh Keays-Byrn que também fez o vilão Toecutter no primeiro Mad Max). Que são um semblante igual ao das crianças em "Além da cúpula do trovão", do belo e do puro ainda existente num mundo onde homens insanos comandam. E no meio de tudo temos Max, o lunático contido com um passado sombrio em busca de uma forma de redenção. Miller captura essa densidade através da ótima construção da narrativa e da fotografia exuberante de John Seale fazendo um verdadeiro deleite visual.
Tom Hardy está ótimo. O carisma do ator marca sua presença e ele consegue fazer/imitar as nuances psicóticas do Max de Mel Gibson (mas não melhor). Nicholas Hoult também se destaca trazendo humanidade ao psicótico mutante Nux e sua já clássica frase "what a lovely day". Mas o show é de Charlize Theron que por muito pouco não rouba o posto de personagem principal graças ao nível de drama e força que consegue trazer a Furiosa. Sua melhor performance desde "Monster".
"Estrada da Fúria" no final só falha em construir um filme de forma tão impecável e deixar o público insaciável querendo muito mais. É uma ópera do caos e loucura que revive o espírito da franquia Mad Max de volta a vida com louvor, ainda empacotado com coração e complexidade. Graças ao gênio criativo de George Miller que numa era cheia de blockbusters formulaicos, "Mad Max" põe todos no bolso e se prova ser uma franquia a continuar viva!
Parece que a Disney está se redimindo aos poucos. De um lado está vindo ótimas animações como "Enrolados", "Frozen" e "Big Hero 6" e do outro uma ótima biografia como "Walt-Nos bastidores de Mary Popins". E agora volta depois de anos a fazer um longa musical, criativo e tocante, mesmo sendo bagunçado.
Baseado num musical da Broodway com o mesmo nome de James Lapine (que também assina o roteiro do filme), o filme adapta 4 famosos contos da fantasia (Rapunzel, Chapéuzinho vermelho, João e o pé de feijão e Cinderela) num crossover fabuloso e divertido com as 4 histórias que já conhecemos de cor acontecem simultaneamente e também a consequência de tal acontecer.
Sendo baseado em uma peça, o filme possui sim uma estrutura muito familiar. Cada cena que passa parece que as cortinas se fecharam e abriram rapidamente na nossa frente. E melhor quando o público percebe e aceita esse fato, melhor será o entretenimento ap assistir. Tal ocorre num ritmo bem coeso e que consegue adicionar um ótimo toque de humor super divertido e um forte nível emocional que atinge nos momentos certos, e depois no seu terceiro ato uma reviravolta mirabolante com um toque bem sombrio.
Contando com o fato do público já saber de cor as 4 histórias, o filme não perde tempo numa construção dramática e vai direto ao ponto no que pretende a juntar as histórias ao mesmo tempo. E é divertido ver as histórias se encontrarem e a definir consequências umas nas outras. Pena que o arco da Rapunzel é muito pouco aproveitado e fica mais parecendo uma piada no meio da trama. Mas a história se safa bem tratando dos temas usiais como responsabilidade, amor e se auto redimir de forma bastante tocante e ainda sendo contada através de um set de músicas originais gigantesco, aí entra o diretor mao meno Rob Marshall.
Já estava na hora do diretor se redimir depois de filmes tão fracotes como "Nine"e o quarto Piratas do Caribe. E agora ele volta ao mundo da Disney e traz seus dons de fazer um bom musical como "Chicago" de volta ao telão. A câmera captura o ritmo teatral de forma sólida ainda contando com uma ótima fotografia. Mas aqui é um vaivém no quesito musical, metade das músicas são excelentes, cativantes e contam a história de forma soberba. A outra metade são músicas que se alongam demais quase tiram o teor de entretenimento fora ficando quase enfadonho. Mas o brilho do filme está na sua história e no seu elenco estelar.
Desde Meryl Streep como uma inesquecível e carismática bruxa, ainda temos uma luxuosa Cinderela com Anna Kendrick; o lobo mal usual com Johnny Depp; e James Corden e Emily Blunt como o casal de padeiros (sem história conhecida por mim) que provam ser o coração e a alma do filme inteiro. Todos com excelentes talentos musicais!
"Caminhos da Floresta" mesmo com suas pequenas resalvas, é um musical inteligente, divertido e emocionante. Não um filme para todos, mas que irá cativar quem olhar o filme da maneira certa.
Se Darren Aronofsky mostrou que alcançar a perfeição é enfrentarmos o nosso lado obscuro na obra-prima "Cisne Negro", o estreante Damien Chazelle demonstra que precisamos de um impulso extremo de um mentor extremo, especificamente o senhor Jonas Jameson careca com uma personalidade diabólica!
Já vimos essa história antes. O menino sonhador que quer ser o melhor em algo e realizar seu sonho. Mas nunca num formato desse. Chazelle cria uma estrutura ao mesmo tempo realista com suas personagens e adiciona um ritmo ágil e conciso na história e suas personagens. A narrativa amarrada vai direto ao ponto, sem se render a maneirismos dramáticos. E trata o tema com coração e realidade. É quase impossível não se relacionar com Andrew (Miles Teller) logo de cara graças a seu carisma e timidez que o ator entrega de forma super natural, e esse tratamento do tema vem do ótimo roteiro e de sua ótima performance. A nossa forma de querer se expressar verbalmente se obstrui com a ignorância a nossa volta e a maneira que encontramos de nos expressar através de um meio artístico, e nesse caso a música.
Mas para tudo se intensificar numa boa história de superação que tal adicionar uma personalidade completamente estrema de Fletcher (J.K. Simons) que leva Andrew ao limite de auto-destruição física e psicológica para alcançar a perfeição. Pode-se dizer que os métodos de Fletcher são discutíveis, mas a narrativa também permite o público a sentir empatia pelo professor que demonstra pingos de sua alma no decorrer do filme através de boas diálogos e interessantes toques de humor.
E o que poderia ser um drama pesado, se transforma numa jornada MUITO tensa e energéticas. Nem um filme de ação recente conseguiu puxar tal nível de tensão como o filme de Chazelle consegue extrair com tanta ferocidade e humanidade. Todos os vaivéms entre Fletcher e Andrew são claustrofóbicos e intensos graças às soberbas performances de Simons e Teller e a direção estremamente detalhista de Chazelle.
Um pingo na orelha, um curativo se abrindo, um sopro no saxofone. Quase nada escapa a câmera frenética do diretor. Que entrega um trabalho espetacular de edição com uma fotografia sombria e quente. Ainda contando com uma excelente trilha sonora cheia de um energético Jazz. E tudo junto e misturado num inesquecível 10 minutos finais com um final mais do que perfeito.
"Whiplash" é o Cisne Negro masculino (claro que não no mesmo nível) com humanidade. Uma história usual de perseverança e força de vontade entregue com um nível detalhista e energético jamais imaginado. Maravilhoso e inesquecível!
Depois do divertido "Carros 2" o fraco "Brave" e o lixoso "Aviões", a Pixar parece que pegou fama de estar enfraquecendo. Deslizes podem acontecer não? E infelizmente "Universidade Monstros" vem sido criticado como um merchandising de ganhar dinheiro da Pixar com continuações. Sendo que é uma prequela e um ÓTIMO filme.
Longe de ser tão poético quanto o original do grande Pete Docter (que também fez "Up, Altas aventuras"), "Universidade Monstros" foi outra boa sacada da Pixar para entrar em algum determinado mundo ou tema, e nesse caso o mundo escolar. Pegando claro os clichés usuais de bullyng e SÓ, diretor Dan Scalon faz um bom trabalho em levantar temas sobre o esforço para nos tornarmos o melhor em algo sem esquecer nossas amizades. Sem perder o excelente humor que foi marca do filme original graças a excelente atuação vocal de ambos Billy Cristal e John Goodman como a inesquecível dupla Mike Wazowski e Sullivan, mantendo também a excelente química cômica. E ainda consegue adicionar personagens novas sem nenhum problema, e liderar a história para o que vai ser "Montros S.A" depois com louvor
A animação, sem nada a comentar, tão realista como sempre foi. E a história bem simples já consegue tocar no coração de cada um dos fãs e dos novos também. Não um dos melhores da Pixar, mas longe de ser um dos fracos, graças ao excelente elenco e a história fofinha.
O filme começa muito bem. Mantendo um bom nível de tensão e mistério de forma coerente e divertida. Claro que no final o filme se explode com a ação grandiosa e vilões fraquinhos. Mas no final é um bom passatempo, se "Busca Implacável" ensinou algo é que Liam Neeson sabe ser um badass.
Depois da boa mas arrastada introdução que Peter Jackson deu na sua trilogia do Hobbit, recebemos com "A Desolação de Smaug" não só um segundo filme MUITO superior ao primeiro, mas talvez o melhor filme da trilogia.
Desde o começo, o filme se inicia com nossa trupe de anões mais Hobbit e Feiticeiro correndo pelas suas vidas. O ritmo ágil de "Duas Torres" se apresenta com força aqui, tendo seu início exatamente onde o primeiro filme terminou. Jackson não gasta tempo demais em um só lugar e locomove a narrativa de maneira coesa com as personagens e a adaptação dos capítulos do pequeno livro. Introduzindo ainda personagens que nem sequer existem no livro como a elfa Tauriel (Evangeline Lilly) e Legolas (Orlando Bloom) que só aparece na Batalha dos 5 Exércitos no final do livro, mas que por acaso funcionam. Suas personagens são divertidas sendo lutadores excepcionais e os fãs podem ver mais da personalidade de Legolas que nunca vimos que na Trilogia do Anel. E vemos Bilbo se penetrando mais ainda com o misterioso anel que recebe o devido cuidado de não roubar a atenção do filme.
A primeira hora do filme é soberba. A narrativa flui bem, temos uma perseguição no rio excitante. Até a pequena subtrama com Gandalf funciona, criando uma ponte para a trilogia do Anel. Mas se descarrilha um pouco quando nossos heróis chegam a Cidade do Lago. Inventando uma subtrama estúpida de corrupção dentro da cidade com seu governador (Stephen Fry) e seu irritante assistente Alfrid (Ryan Gage) que fica se parecendo com um Jar Jar Binks da terra média. Tirando isso, o filme volta com tudo quando seu protagonista aparece em cena. Smaug o dragão.
A voz de Benedict Cumberbatch dá uma forte personalidade para o gigantesco dragão que rouba a cena totalmente. A direção é competente o suficiente para mostrar o tamanho da besta e a escala do perigo que os anões e o pequeno Hobbit vão enfrentar. Enquanto os efeitos visuais ainda dão um ar cartonesco para os Orcs, aqui eles criam talvez o melhor dragão que o cinema já teve.
Mesmo tendo suas pequenas ressalvas como o primeiro filme, "A Desolação de Smaug" faz lembrar em seus melhores momentos por que Peter Jackson é o cara perfeito para adaptar o mundo da terra média. Temos um filme coeso, divertido e excitante que entrega toda a magia Tolkiana que amamos e deixa o espectador ansioso pra mais com seu final de cortar o cérebro ao meio.
Não é mentira pra ninguém que era um sonho e desejo absoluto de que a Terra Média pudesse voltar a abrir as portas novamente no cinema. E quando essa chance apareceu, Peter Jackson retorna com uma adaptação alongada do primeiro livro de Tolkien: O Hobbit.. O mínimo que poderiam fazer era trazer a mesma equipe que fez a obra-prima que foi a trilogia do Senhor dos anéis.
Uma das principais críticas que o filme recebeu e ainda recebe é o fato de ser totalmente arrastado. Isso é o inevitável, o que poderia ter sido um filme só, se tornou uma trilogia de quase 9 horas de duração. Infelizmente o dinheiro falou mais alto. Mas tem seus prós e contras. Sim, o roteiro se alonga demais num ritmo quase preguiçoso. Tudo, absolutamente TUDO do livro acontece no filme, falas e acontecimentos se sucedem linearmente com o ritmo do livro, mas tudo MUITO alongado. Enquanto com Senhor dos Anéis, Jackson e sua equipe de roteiristas (Phillipa e Fran Walsh) tinham uma carga enorme de conteúdo para ser adaptado, aqui eles não tem quase nada. E vão adicionando personagens novas e que já conhecemos aqui e ali, ao mesmo tempo dando um fan-service e inventando subtramas, algumas interessantes mas outras não (e só veio a se repetir nos próximos dois superiores filmes).
Outro ponto com salvas e ressalvas é o visual do filme. Em termos de direção, Jackson não perde a mão. Sabe usar a câmera de forma inteligente nos diálogos e na ação, tanto quanto melhor ele fez na trilogia do Anel. E a Nova Zelândia ainda continua sendo um cenário esplêndido para a Terra Média. Mas eu pergunto POR QUE o uso exagerado de CGI??? Jackson os usou de forma tão revolucionária e inteligente ns trilogia do anel, aqui é uma extrapolação aatrás da outra. Chega a um ponto onde os vilões que eram tão ameaçadores na trilogia original, e aqui parecem efeitos de computador de videogame.
Sem mencionar os cansativos 45 minutos iniciais do filme se passando no condado, só para depois entregar a aventura que os fãs queriam. E quando esta aparece, faz tudo valer a pena. É a mão de Jackson e o seu amor infinito pela obra de Tolkien. Conseguindo ainda recriar momentos memoráveis do livro no filme com louvor, como a batalha com os três Orcs famintos; a canção dos anões sobre a montanha solitária; a fuga da caverna dos orcs e o intenso diálogo de charadas entre Bilbo e o inesquecível Smeagol/Gollum.
E os atores, sem comentários. Todos voltam para seus papéis com pura mágica. Ian McKellen encorpando Gandalf o Cinzento, o melhor feiticeiro do cinema mais uma vez. E Andy Serkis ainda com a manha toda como a inesquecível criatura roca e perigosa. Sem falar de Hugo Heaving, Cate Blanchett e Christopher Lee como sempre fantásticos. Até os 13 atores como anões são bem colocados, mas infelizmente mal aproveitados na trama. Só se sobressai totalmente é Richard Armitage como Thorin Escudo de Carvalho, impondo presença apesar do tamanho de sua personagem anão. E a jóia do filme (não, não é o anel), Martin Freeman como jovem Bilbo Bolseiro...SIMPLESMENTE PERFEITO. Conquista a afeição do público instantaneamente com carisma e emoções verdadeiras.
Um início cambaleandor para a trilogia, mas que ainda se salva com um elenco estelar e momentos memoráveis. Que só tendeu a melhorar nos próximos dois filmes, mas que não provaram ainda o motivo de um alongamento tão grande. Mas tudo vale para podermos embarcar mais uma vez nesse rico e mágico mundo.
A história de "Avatar" é o óbvio do óbvio no que tem haver cinematograficamente. Afinal já vimos a mesma história em "Pocahontas", "Dança com Lobos" e "O Último Samurai". Mas quando te,os James Cameron tomando conta da direção o cenário da situação é outro. Cameron pega a história totalmente cliché e a eleva numa escala épica que só o cinema pode dar: uma jornada do herói em busca da liberdade e amor próprio que por acaso é bem desenvolvido na narrativa bem construida; uma crítica indireta sobre o desmatamento e a destruição da natureza que nos criou; um mundo inteiro que é Pandora, que pode muito bem entrar na lista com Terra Média e Matrix. E claro, efeitos visuais deslumbrantes, uma verdadeira evolução nessa categoria artística que monta esse mundo que nos faz mesmo crer que existe. Esperar mais do que isso é o convite para entrar na área dos que aclamam que "Avatar" é um dos piores filmes já feitos. Tentem o ver como o entretenimento que só Cameron pode dar brilhantemente. Ignorem a história e apreciem o espetáculo por detrás e acima de tudo, se divirtam!
Mais uma vez mestre Spilba se arrisca em outro gênero diferente de tudo que já fez e faz um pequeno clássico do cinema e do gênero Thriller. O filme possui uma energia eletrizante que cativa o público a assistir a jornada criminosa e rebelde fe Frank Abgnale (Leo DiCaprio) e a perseguição incessante do agente do FBI Carl Hanraty (Tom Hanks) na sua cola. Toda essa energia estupidamente divertida vem da mão firme de Spielberg com o uso inteligente de ângulos de câmera com planos longos e cortes rápidos, sempre deixando a soberba narrativa fluir de modo ágil e primoroso. Elevado por outro gracioso lado emocional que só Spielberg consegue entregar a uma ótima história que faz uma alusão interessante sobre os jovens quererem sair de casa e montar suas vidas profissionais realizando seus sonho, mesmo que falsificar cheques não seja um dos melhores caminhos. E atores estupendos como DiCaprio e Hanks conseguindo encarnanar com perfeição e leveza suas personagens (o próprio Abgnale disse que DiCaprio o lembrou totalmente), e ainda soberbos Christopher Walken e Amy Adams. O filme talvez só se prejudique por não ter dado mais tempo no desenvolvimento de Frank ns parte final já que de uma hora pra outra está ele de fugitivo e depois ajudando o FBI com cheques falsos, mas tudo isso é pequeno tendo em conta o quanto cativante é esse filme. Com certeza um dos melhores do diretor!
É impressionante ver Seth MacFarlane conseguir trazer o estilo humorístico de Família da Pesada e faze-la fucionar nas telonas com um Ursinho de Pelúcia falante e safado. A narrativa é bem amarrada e entrega diálogos até interessantes e realistas entre as personagens, fazendo todas relevantes mesmo com o urso que rouba a cena. Mark Wahlberg mostra seu lado humorístico sem exageros e as cenas entre ele e Ted são a alma do filme. Já que apesar do humor até "ofensivo", a história traz um tema de nós aprendermos a crescer com a nossa infância lado a lado conosco, o mesmo caso entre Ted e John. Estupidamente hilariante com um humor cheio de palavrões e referências, e uma história cativante. "Ted" é uma comédia moderna original e funcional cheio de coração. Que infelizmente só falha quando cai no cliché de comédias usuais na sua parte final, mas que nunca deixa de nos divertir até lá!
Adaptar um quadrinho de ssucesso enquanto ainda está em lançamento foi o desafio de Matthew Vaugh aqui, e ele mais uma vez não desapontou. "Kick Ass" não é só uma adaptação fiel ao espírito extrovertido, violento e humor negro do seu material original, mas também é uma sátira de todo o gênero de super heróis.
O roteiro de Jane Goldman e Vaugh consegue explorar em sua narrativa as várias facetas e clichés de filmes de super heróis tirando sarro e os tratando com realidade (quase o mesmo que Mark Millar fez em seu quadrinho). Os diálogos rápidos e fluidos incorporam esse espírito satírico e engraçado sempre pegando nos clichés e nos fazendo até mesmo refletir (sendo seu público nerd ou não).
E ainda entrega uma direção super estilosa, com edição rápida e fluente nas cenas de ação e uma fotografia colorida saturada que realça as cores de sangue e uniformes dos heróis, entregando sequências totalmente memoráveis
como o resgate de Big Daddy e Kick Ass por Hit Girl pulando e matando gangsters em meio de tiros e fogo.
Dave/Kick Ass (Aaron Taylor Johnson) é uma amálgama de Homem Aranha com roupa de mergulho verde. O nerd fracote querendo fazer a diferença (levando muita porrada e facadas até alcançar seu heroísmo). Até encontrar outros vigilantes como Big Daddy (Nicolas Gage) uma espécie de Batman que mata todos os bandidos que vê pela frente e a inesquecível Mindy/Hit Girl) uma Robin estilo Rambo. Todos surpreendendo com excelentes personagens, lutando contra um vilão carismático de Frank D'Mico (Mark Strong).
Mas o mais impressionante, é o quanto de drama e coração que Vaugh impõe na história e nas suas personagens em meio de todo o humor negro. Nós sentimos pelas personagens de verdade quando estão em perigo de morte, já que estamos perante vigilantes verdadeiros no mundo real. E Vaugh ainda traz temas de justiça com as próprias mãos e a ignorância a maldade que nossa sociedade moderna tem hoje. O medo de poder fazer a diferença por covardia e dúvidas, mas que basta termos uma fonte de inspiração para tal acontecer que são os super-herois que lemos nos quadrinhos.
"Kick-Ass" é sem sombra de dúvidas não só uma das melhores adaptações de quadrinhos que já teve, mas também um dos melhores filmes do gênero de super heróis. Com um tratamento excelente na sua história com a devida lealdade ao seu material e um forte ararco dramático com suas carismáticas personagens.
No grau de diversão e entretenimento, "No fim do mundo" respeita seus antecessores e entrega a aventura e a ação que o público demanda. Mas infelizmente o diretor Gore Verbinski e seus diretores cometem o mesmo erro que "Baú da Morte" teve, encher a história com subtramas que tomam a narrativa mais do que espaço das personagens e seu desenvolvimento. Alguns momentos de diálogos se safam por causa do elenco carismático mas mesmo assim, quase 3 horas de filmes com diversas situações sendo explicadas de novo e de novo. Mas o filme se safa, é divertido em seus momentos empolgantes como a fuga em Singapura ou a batalha final, e entrega um final digno para as personagens e para o que deveria ter sido uma trilogia (até que veio aquele 4° filme desgastante).
Não é de hoje que admiro o trabalho de Nolan. Entendo perfeitamente o quanto hypado ele é por trocentos adolescentes que se consideram manda chuvas do cinema e isso trouxe os haters. Mas isso é ignorar as qualidades de suas obras que são bem refletidas aqui, tanto as más quanto as boas.
Na trama encontramos a nossa presente terra em um estado "pós-apocalipitico" onde existe uma imensa crise de suplementos alimentares naturais e constantes mudanças climáticas secas. Até que Cooper (Matthew McConaughey) é designado junto com uma equipe da NASA para deixar o nosso sistema solar e procurar em outra galáxia outro planeta para se habitar.
Os fãs de Nolan estavam a espera de um "2001-Uma odisséia do espaço" do séc 21 desde que o diretor afirmou que o filme teria influência na obra-prima de Kubrick. Não e sim. O filme não é nenhum marco cinematográfico como "2001" e sim, Nolan se mostra um fã zero de Kubrick e enche seu filme de referências a "2001", tanto cenas como um simples toque na trilha sonora. Mas tirando isso, enquanto Kubrick explorou a evolução humana, Nolan aqui explora seu intelecto. Junto com uma aventura inter-galatica super intrigante do início ao fim, e que explora detalhe por detalhe a teoria mais exata que existe: a da relatividade.
Não é nenhuma surpresa que Nolan adora explorar temas tão complexos. Já tinha sido truques de ilusão em "O Grande Truque"; perda de memória recente em "Amnésia"; o mundo dos sonhos em "A Origem". Isso ressaltou ao longo da sua filmografia narrativas que se mostravam muito expositivas ao explorar seus temas. Aqui, o tema é tão complexo, até para os profissionais, que esse estilo de narrativa funciona aqui. Dando quase uma aula de astro-fisica melhor que num ensino secundário.
A narrativa também se destaca pois é a primeira vez que vemos Nolan ter calma nela. Seus filmes são conhecidos por uma edição super ágil em volta da narrativa e seu desenvolvimento (e isso tirou o brilho do último Batman). Mas aqui, Nolan e seu irmão Jonathan dosam muito bem a fluidez da narrativa e desenvolvem seus personagens de maneira perfeita durante todos os 169 minutos de filme. Até a parte complicada da ciência é interessante se o espectador manter sua atenção e raciocínio ligados todo o tempo. Tendo o tema da gravidade ser a única física exata capaz de controlar a linha temporal no espaço, Nolan a aproveita com louvor. Ao mesmo tempo dando uma energia de um filme de aventura espacial que de entretêm de verdade e ao mesmo tempo entrega uma história que demonstra o que o intelecto humano é capaz de fazer para sobreviver.
Sacrificar nossas vidas para sairmos e explorarmos terras desconhecidas como nossos antepassados fizeram é o que o futuro nos aguarda? E se sim, sacrificaremos o que acreditamos, sentimos e criamos com uma simples base exata de raciocínio lógico? Ou nossos sentimentos e valores humanos são maiores para nossa sobrevivência? Essas perguntas vêm através de suas personagens, mesmo de maneira um tanto melodramática mas sem perder seu lado intrigante. Outra coisa a se destacar é o quanto de coração Nolan conseguiu trazer para a história e suas personagens, lado este que ainda não havia revelado. A relação de pai e filha entre Cooper e sua filha Murphy é simplesmente emocionante do início ao fim.
Talvez o lado mais controvérsio do filme seja seu terceiro ato carregado. Já que perde muito de seu intelecto anterior e foca no drama da história. Pode funcionar para alguns e para outros não. Mas Nolan consegue construir e desenvolver as pontas até aí e ainda nos fazer refletir. E para fazer um filme com idéias tão grandes e avassaladoras é de se esperar um cenário épico. E isso merece total reconhecimento e aplausos. Nolan cria momentos e imagens de tirar o fôlego com sua direção mais uma vez firme e conscisa. Ainda contendo um dos melhores efeitos visuais e CGI já desenvolvidos em um filme. E ainda rola uma fotografia primorosa e outra formidável trilha sonora do mestre Hans Zimmer.
Todos no elenco luxuoso são aproveitados na história, cada um com seu momento. McConaughey ainda se encontra na safra de onde continuou com louvor desde sua vitória no Oscar. Ainda com uma soberba Anne Hathaway e uma charmosa Jessica Chastain. Mas pena que a personagem de Casey Affleck (filho de Cooper) é mal colocado na história.
No final, Interestellar é puro Nolan. Inteligente; intrigante; expositivo e ágil. Uma trama que nos dá diversas respostas mas que nos deixam a descobrir as perguntas. Dentro de um tema tão mega avassalador, encontramos uma mensagem de como podemos triunfar em nossa própria natureza e ainda vencer barreiras como um pai para os filhos. Belo e intrigante até dizer chega!
Não é invisível para ninguém que a Marvel só vem provando cada vez mais ser uma das produtoras mais asseguradas da qualidade de seus filmes em trabalho hoje. E o mais impressionante foram suas jogadas arriscadas desses últimos anos que só resultaram em ótimas adaptações divertidas e leais a obra. Guardiões da Galáxia talvez seja sua adaptação mais ousada até hoje, já que é um quadrinho de humor negro dos anos 70 de pouco sucesso e fama. E que acabou sendo mais um golaço 7-1 da Marvel!
Vamos encarar os fatos. Guardiões tinha tudo para dar errado. Ainda por cima contratando James Gunn, roteirista de Scooby-Doo para dirigir e roteirizar o filme. E o que poderia ser uma palhaçada com efeitos visuais ridícula acaba sendo uma aventura épica super divertida. Não só graças as mãos cheias de Gunn mas também pelo estupendo elenco reunido, talvez o melhor elenco reunido em um filme da Marvel. Gunn faz exactamente o Whedon fez em Os Vingadores dois anos atrás, deu voz e sentimentos a todos os personagens. Talvez deixe use mal alguns como Korath, personagem de Djimon Hounsou, e Nova Prime, personagem da irmã gémea indireta de Meryl Streep, Glenn Close. Mas de resto, todos conquistam o coração do público.
Afinal, o filme não se chama Guardiões da Galáxia a toa se não o foco do filme serem exatamente eles cinco. Peter Quill (Chris Pratt), o humano órfão abduzido ainda novo por caçadores de recompensa; Gamora (Zoe Saldana), a alienígena verde órfã com um passado obscuro; Drax (Dave Bautista), o guerreiro que perdeu a família e busca vingança; Rocket (Bradley Cooper), o raivoso-genial-caçador de recompensas-guaxinim falante; Groot (Vin Diesel), a arvore de poucas silabas. Todos estes fatídicos personagens se juntam não só para derrotar o maligno Ronan (Lee Peace) mas também redimirem seus sentimentos e formarem uma liga de forte amizade fraterna.
Isso é o lindo do filme. Consegue ter um enorme coração e conquistar o público com sentimentos verdadeiros pelas personagens e suas situações. E sentir aquele aperto no peito quando o seu destisno é posto em prova. Ao mesmo tempo de fazer o público rir às gargalhadas durante todo o filme, cada personagem com o seu humor satírico, arrogante e bobo que é impossível não abrir um enorme sorriso no rosto quando cada um se exalta em seu momento. Gunn e sua co-roteirista Nicole Perlman dosam o drama e a comédia de forma ágil e excelente, deixando o filme fluir de maneira soberba.
E como não deixar de mencionar as várias referências a Star Wars, Star Trek e até Indiana Jones. Peter Quill é construído de com um caráter tão pitoresco que lembra, e muito a Han Solo em sua nave com nome e ainda com o seu enorme espirito de aventura e caça a tesouros lembra ao dr. Indiana Jones (a própria introdução do filme é bem estilo Caçadores da Arca-Perdida do Spielberg). A presença momentânea do Groot é quase uma alusão do Chewbaca. E as cidades tem traços futurísticos e populações multi-racias da saga Star Trek e até de jogos como Mass-Effect.
Tudo criado com efeitos visuais deslumbrantes e (finalmente) um uso ajustável do 3D que está ótimo. E ajudam ainda mais nas muito bem dirigidas e coreografadas cenas de ação, tanto terrestres quanto espaciais, que são simplesmente épicas. Seguidas de uma magnifica trilha sonora que mistura os tons originais de Tyler Bates e clássicos dos anos 70 e 80 como “Hooked on a Feeling” dos Blue Swede e “I want you back” dos Jackson 5 e muito mais. Impossível ninguém após assistir ao filme ir procurar ouvir a trilha sonora toda.
Mas apesar de tudo de excelente que Guardiões tenha, é impossível não notar essa base formulaica que a Marvel vem montando desde Os Vingadores. Base esta que constrói personagens tão interessantes, como aqui, e monta tudo para se ver mais em uma continuação ou um Vingadores 7. Não se tem mais aquele território solo da personagem que se tinha no excelente Homem de Ferro em 2008. Até a cena pós créditos aqui deixa essa pergunta, tanto negativa quanto positiva, até onde a Marvel irá?!
Tirando isso, Guardiões da Galáxia é a definição de um perfeito blockbuster. Personagens com um carisma incrível; comédia e drama super bem dosados; é a Marvel com a bola toda. Fazendo aqui não só um dos seus melhores, mas possivelmente o seu filme mais divertido filme até hoje. De se ver e querer ver muito mais!
Aparentemente David O. Russel está se tornando um diretor-roteirista que lança projectos uma vez ao ano, tudo graças ao sucesso que foi O Vencedor em 2010. Primeiro veio O Lado Bom da Vida (2012), agora Trapaça e o seu próximo projeto Nailed (2014). E O. Russel tem ganhado com seus últimos projetos boa bilheteria e altas notas da crítica, e agora Trapaça é talvez o auge do diretor.
O diretor-roteirista já é conhecido por misturar em uma história, muito bem, humor com drama. Isso foi demonstrado soberbamente em Três Reis (1999) e em O Vencedor, mas infelizmente não muito bem em O Lado Bom da Vida, onde o humor parecia sair de um jeito muito forçado. Já aqui, O. Russel melhora muito melhor isso, dando um foco mais dramático na história e deixando o humor aparecer naturalmente com as situações. E qual seria a melhor maneira de fazer isso do que pegar numa história sobre dois desviadores de dinheiro no ramo artístico, Irving Rosenfeld e Sydney Prosser (Bale e Adams), que são pegos pelo agente do FBI, Richie DiMaso (Bradley Cooper). E agora são forçados a ajudar o FBI pegar mais 4 trapaceiros como eles, e só assim para não serem presos.
A trama parece simples e interessante, e por vários momentos O.Russel e Eric Warren (seu parceiro no roteiro) a montam quase como Bons Companheiros de Scorsese, com a narração de uma das personagens em cima da história mostrando o seu ponto de vista. Mas antes que o filme alcance seus 30 minutos, a trama muda de pegar 4 trapaceiros para pegar políticos corruptos (que também são uma espécie de trapaceiros), aí entrando o prefeito Carmine Polito, personagem de Jeremy Renner. E sim, O. Russel inicia uma grande crítica à política corrupta da época, que por acaso é elaborada de um jeito inteligente, mas esquece da situação inicial das duas personagens principais durante o resto do filme, até quase a parte final.
Mas o que cobre seus erros chatos da trama é a diversão que o filme transmite. O.Russel faz isso dando uma de Tarantino, não com violência moderada e sim com os diálogos temáticos. Isto é, diálogos abordando vários temas diferentes. Alguns podem até sair do contexto por momentos, mas todos são inteligentes e com um interessante nível de esquisitice de suas personagens (esquisitice é a especialidade de O.Russel desde o início de sua carreira). Fazendo uma narrativa bem ambiciosa e bem divertida, não só graças à O.Russel mas também pelo seu elenco de luxo.
O. Russel aqui juntou o elenco dos dois filmes que o recolocaram no mapa. Christian Bale e Amy Adams de O Vencedor, e Bradley Cooper e Jennifer Lawrence de O Lado bom da Vida, e muitos outros com pequenas e grandes participações (prestem atenção na ótima aparição de Robert De Niro). Isso deve ser a sua receita do sucesso, pena que seu parceiro Mark Wahlberg está ocupado com explosões e robôs. Mas todos têm algo em comum, e não é só a participação no filme, todos demostram excelente atuações. Os críticos mencionam e apontam Jennifer Lawrence, que está sim muito boa, mas nenhum menciona a perfeição de Christian Bale com uma verdadeira encarnação de sua personagem bondoso e trapaceiro ou Jeremy Renner que está simplesmente soberbo como o corrupto do bem. E claro, Amy Adams mostrando sua incrível sensualidade e carisma, e Cooper mostrando seus ataques explosivos de nervos.
O que Trapaça é de verdade um encontrão, do inglês “Hustle”. Um encontrão de várias personagens em uma situação verdadeiramente louca. Que graças a um bom roteiro e excelentes performances do elenco vão fazer o público se divertir e dar um nó na cabeça, e fazer esquecer da trama bagunçada!
Após anos de uma carreira que vem de dirigir vídeo-clips de bandas como Weezer e da própria Bjork, pequenos curtas, e uma obra-prima como “Quero ser John Malkovich”, o ápice da carreira do jovem diretor Spike Jonze só chegaria em 2013 com o seu maior e melhor filme até hoje: “ELA". Onde é que posso começar a falar do filme em questão? Que é um belo romance? Uma ficção-científica super inteligente? Uma possível obra-prima moderna? Que tal um filme sobre a época moderna em que vivemos?!
Sim, é bem estranho falar isso contando que é passado num futuro não tão distante (não, não é X-Men) numa Los Angeles utópica onde nos deparamos com a vida de Theodore Twombly (Joaquim Phoenix) um tímido e complexo escritor de cartas românticas, que recentemente sofreu com o término de uma relação amorosa com Catherine (uma breve Rooney Mara). Com o coração partido ele se interessa por um novo e avançado sistema operacional que promete ser uma entidade de inteligência artificial, só que melhor. Ao iniciá-lo, ele tem o prazer de conhecer “Samantha”, uma voz feminina perspicaz, sensível e surpreendentemente engraçada (Scarlett Johansson), que Theodore acaba se apaixonando.
“ELA” é uma daqueles raros filmes que usa o palco de ficção-cientifica para levantar fortes questões morais. Ao contrário de falar sobre a exclusão social como “Distrito 9” ou sobre a existência humana como “Solaris” e “2001”, Jonze fala sobre a sociedade viciada na tecnologia moderna em que vivemos. E é a melhor forma disso é fazendo uma belíssima sátira romântica? Brilhante! Afinal, o que nós humanos temos hoje por nossos celulares, tablets, etc…. se não um amor viciante. Isso é explorado com louvor no romance belíssimo entre Theodore e Samantha.
Após anos dirigindo as fantasias modernas de Charlie Kaufman como “Quero ser John Malkovich” e “Adaptação”, Jonze agora lidera o seu filme com um pródigo roteiro. Cria uma narrativa tão habilidosa e super dosada, onde vemos verdadeiros sentimentos e emoções sendo transmitidos nos belos diálogos entre as personagens. Jonze parece fazer uma mistura de toques do próprio Kaufman com um pequeno toque de fantasia “artística” e um toque da naturalidade de Woody Allen, sem o uso da metalinguagem de ambos os mestres. Adicionando uma ótima dose de humor e também drama para arrancar lágrimas de olhos de qualquer um.
A beleza da coisa não é só pela excelente performance de Phoenix ou a exuberante atuação vocal de Johansson, mas do tamanho de sentimentos que a relação dos dois transmite no meio da história. Quando Theodore compra o sistema de Samantha, que não é nada mais nada menos que um simples aplicativo, ele pode escolher entre um ser masculino e feminino. E a personalidade romântica e sensível de Theodore cabe para uma percepção onde ambos homens e mulheres podem se relacionar e captar a sua escolha (e até repara-se uma homenagem ao HAL de “2001” na personagem de Samantha, só que numa versão totalmente sensual). Só aumentando o nosso carinho pelo casal e pelas personagens em volta, incluindo Amy (Amy Adams) a amiga fofa de Theodore. O amor que Theodore sente por Samantha, é representado de uma forma quase poética e metafórica no contexto do filme. A aficção de Theodore representa de forma indireta a atração e dependência que nós temos pelos aparelhos tecnológicos. E o emprego de Theodore como escritor de cartas românticas é uma amostra do afastamento social que as pessoas de hoje têm entre si, principalmente no amor.
Até a própria direção de Jonze ajuda nisso. Los Angeles é montada com toques utópicos de cidades como Shangai. E os planos de camera por onde Theodore passa denota de forma impressionante pessoas e mais pessoas mexendo e falando no celular, de forma quase assustadora. E o filme ainda surpreende com uma belíssima direção de arte detalhada, dando a cada cena do filme uma beleza imensurável. Conseguindo aspirar os próprios sentimentos das situações.
Não tenho outras palavras para classificar “ELA” do que como uma obra-prima, e com certeza o melhor filme da carreira de Jonze. Um filme que demonstra a sociedade viciada e dependente na tecnologia, em que vivemos hoje. E como isso nos faz perder nossas capacidades de socializar e amar pessoas. Isso tudo vêm através de uma belíssima e credível história romântica que transmite sentimentos verdadeiros que nos conquista totalmente e nos prende do inicio ao fim entre risos e lágrimas. O que faz do filme em si, e ambos Theodore e Samantha totalmente inesquecíveis!
Apresentar o que é o Facebook à esse ponto é ridículo. Mas talvez não na época em que o roteirista Aaron Sorkin decidiu adaptar as suas origens do livro “The Accidental Billionaires” e chamar o diretor de “Clube de Luta” e “Se7en”, David Fincher, para dirigi-lo. O que resultou em 2010 um bombástico acréscimo de usuários do Facebook e o cinema recebeu esse EXCELENTE marco chamado “A Rede Social”.
Focado no caso da criação do Facebook pelo “génio” de Mark Zuckerberg e o enorme mistério em volta dela. Desde o inicio com os cortes mútuos de uma narrativa diferente para a outra, a principal é focada no tribunal com Mark (Jesse Eisenberg) provando a sua mão na criação contra o seu melhor amigo brasileiro Eduardo Saverin (Andrew Garfield), partindo daí os vários momentos importantes na vida e relação de ambos amigos que se tornaram rivais durante o desenvolvimento da bilionária rede social. E durante todos os 121 minutos de filme, seguimos uma história engraçada, triste e totalmente intrigante.
Chamar Fincher para o trabalho foi algo surpreendente, já que vem de uma filmografia mais conhecida por dirigir excelentes thrillers como “Zodíaco”, mas ele já tinha provado a mão no drama na obra-prima “O Curioso Caso de Benjamin Button”. E aqui o diretor lidera o FANTÁSTICO roteiro de Sorkin com mestria. Parecendo dar um ótimo toque de “Cidadão Kane” na história. Não só nos ótimos e bem editados cortes de narrativas em diferentes linhas temporais com um bom uso de metalinguagem, mas também como Sorkin monta a personagem de Mark. Um jovem que ao perceber o ouro que tinha em mãos se tornou um homem ganancioso e traiu as pessoas em sua volta, e que busca incessantemente a atenção amorosa.
Isso também levanta um dos muitos temas que o filme contém, a nossa geração. Logo na cena inicial com um excelente diálogo ente Mark e sua namorada Erica (Rooney Mara) num bar da faculdade é o perfeito retrato disso. Uma geração focada nos estudos e nas oportunidades de seu futuro profissional, e que arranja espaço para namorar com ou sem paixão e festejar em bares ou festas sem motivo algum. Daí vem um pouco do lado humorado do filme com momentos de pirraças e brincadeiras de adolescentes, e ainda por cima a nerdice de Mark (um típico nerd de filme americano). Mas daí também provem seu lado triste quando vemos a capacidade de alguém se tornar ganancioso quando recebe suas chances promissoras de criatividade (ele inventou o Facebook à partir de um compartilhamento de fotos), capaz de esquecer dos amigos mais próximos de nós. Como vemos quando Mark e Eduardo começam a criar sua rivalidade que começou com uma amizade cheia de sentimentos puros no inicio.
Claro que Sorkin trata a história com respeito e sem ofensas diretas, daí vindo o lado intrigante e meio misterioso do filme (a perfeita área de Fincher). Durante todo o filme Fincher e Sorkin parece nos fazer essa pergunta: “quem criou o Facebook?”. O público que presta atenção é capaz de ficar se perguntando isso ao longo do filme e até depois de seu misterioso e reflexivo final. Ainda por cima com sua trama sendo construída em cima de um ágil roteiro e uma singela trilha sonora de Trent Reznor. E as ótimas performances de seu elenco jovem de luxo, com Jesse Eisenberg dando um perfeito uso da sua conhecida performance de nerd esquisito e outros como Armie Hammer brilha interpretando os gananciosos gêmeos Winklevoss e Justin Timberlake interpretando o extrovertido e metido Sean Parker. Mas quem brilha no filme (mesmo não captando o espirito brasileiro) é Andrew Garfield com um show de emoções que nos conquista totalmente. O verdadeiro coração do filme!
É estranho ver uma recepção TÃO calorosa por parte da critica em volta do filme, chamado de obra-prima e um marco e tal. E ser chamado de filme muito sobrevalorizado e exagerado pela maior parte do público. Pena que poucos conseguem ver a importância do filme de Fincher que faz um retrato explicito de nossa geração criativa e gananciosa. Uma obra que acredito que será melhor reconhecida com o passar dos anos, e que as pessoas vejam para além do seu lado interessante de história e vejam as suas qualidades, tanto na sua alma temática e suas perfeitas qualidades técnicas. Não é um filme de total perfeição mas sim um FILMAÇO a ser respeitado e adorado!
Depois dos aclamados Hunger e Shame, o diretor Steve Mcqueen vem provando ser um profissional mais do que competente no cinema hoje. E agora com 12 anos de Escravidão ele atesta isso fazendo o seu melhor filme até hoje. Sendo um filme comum está longe da perfeição, mas o que Mcqueen nos dá aqui é o retrato cru e vicero da escravidão negra. Detalhe por detalhe, historicamente e humanamente apurado, e nessa área, o filme é perfeito.
A idéia de Mcqueen em adaptar um livro do séc. 19 com a história de Solomon Northup, um homem negro livre que capturado e vendido como escravo é um trabalho que se pode dizer que complicado é pouco, e pareceu ser impossível com a pouca bilheteria que seus filmes anteriores tiveram. Mas Brad Pitt salvou o filme, não só com sua pequena e boa participação, como também produziu o filme. E garantiu assim a vinda de uma produção de filme adequada com um orçamento melhor. E nos trouxe um filme que será inesquecível à todos que assistirem.
Mas Mcqueen dá uma atenção à história de Solomon, interpretado por Chiwetel Ejiofor, quase de uma forma secundária ao longo do filme, dando uma atenção maior em dar sim um retrato da escravidão. Isso parece soar como algo negativo, mas não. É a maneira inteligente do diretor de explorar esse tema colocando nós, o público, no lugar de Solomon ao longo de sua longa luta pela sobrevivência. E em todos os momentos aterrorizantes e agoniantes do filme. Se Mcqueen filmou diálogos com ferocidade em Hunger e cenas de sexo pertubadoras em Shame, aqui ele usa seus ângulos profundos em todas as cenas assustadoras de chibatadas e de tortura. Com um timing perfeito usando direção de arte e montagem em cenas como um aterrorizante enforcamento, e quando Patsey (Lupita Nyong'o) é torturada com chibatadas.
Parecendo por momentos um filme artistico estilo à Nicolas Winding Refn (Drive; Bronson), com momentos silenciosos tão reflexivos e assustadores. Fazendo pouco uso da singela trilha-sonora de Hans Zimmer, mas quando aparece nossos corações parecem borbulhar. Sem nunca dar espaço ou tempo para o público respirar ou ter algum momento de esperança. Nos jogando na cara a verdade crua, sem podermos olhar para uma luz no fim do túnel. É simplesmente McQueen tratando de ser o que sempre foi: oculto e excêntrico. A sua atenção em cima da narrativa é a prova disso.
O roteiro de John Ridley ao mesmo tempo que consegue ser leal ao livro de uma forma bem detalhada, com apenas pequenos pontos da verdadeira história de fora, faz um verdadeiro jus ao título “escravidão” e explora a situação dos escravos pelos olhos de Solomon. Tocando em temas como por exemplo o sexo entre escravo e mestre com a personagem de Patsey, e a justiça em possuir escravos naquela época e como os cruéis atos que vemos hoje era apenas uma formalidade diária. Isso é demonstrado com uma moeda de duas caras. Um é o bondoso senhor de escravos William Ford, interpretado por Benedict Cumberbatch, que compreende que Solomon é mais do que aparenta, mas ele é vítima de um sistema escravocrata intolerante, portanto nada pode fazer além de meros caprichos. E Edwin Epps, personagem de Michael Fassbender, um homem tão intolerante e orgulhoso de possuir escravos que até usa argumentos na Bliblia para a escravidão.
Tudo se torna ainda mais assustador e real são as fantásticas performances do elenco. Lupita Nyong'o que nínguem para de falar, mesmo com poucas cenas, brilha em cada uma delas. Conquistando totalmente o nosso coração, e quando chega o seu momento de sofrer, nossos olhos não aguentam. E Michael Fassbender tenebroso como o retrato da ignorância e crueldade de muitos dos donos de escravos. Pode-se dizer que ele é o Calvin Kandie (personagem de Django Livre) desse ano, só que real e mais cruel. Mas a alma do filme e que nos faz aguenta-lo até o fim é Chiwetel Ejilfor, mostrando finalmente seu enorme talento ao mundo com uma das melhores performances de 2013.
O filme vem recebendo uma critica negativa é a que não dão uma noção do tempo passado na vida de Solomon e estraga completamente o título. Mcqueen faz isso de propósito. Nós estamos tão investidos na dor diária de Solomon que nem ele vê o tempo passando, e assim muito menos nós. A cena final quando Solomon vê seus filhos adultos, ele está tão assustado e surpreso quanto nós. Ele viu o tempo de sofrimento que passou e não viu seus filhos crescerem e perdeu a chance de cria-los. Solomon não chora por emoção e muito menos nós, as lágrimas são de dor profunda. Não é um final feliz, é um final humano.
Aterrorizante, mas ao mesmo tempo sublime. Mcqueen nos dá um retrato violento e vícero da escravidão, que não se reflete somente na Americana, mas ela em geral. E que nos faz refletir sobre seus atos em diversos momentos. Não é um filme fácil assisitir, mas no final se torna em uma experiencia tenebrosa e inesquecível, que irá arrancar nossas lágrimas do coração de uma forma ou de outra. A Obra-prima de 2013. O Oscar de melhor filme não foi e vão para casa. Mcqueen não só nos deu o seu melhor filme até agora, mas também uma obra de arte que marcou e será lembrada!
Quem nunca foi fã do rei dos monstros desde pequeno? Um dinossauro metade dragão e metade jacaré que destrói cidades e luta outros monstros gigantes foi um astro desde sua criação com o clássico japonês "Gojira" de 1954 e depois as diversas adaptações para a televisão que se seguiram. Incluindo o horrendo "Godzilla" de Roland Emerich em 1999 manchando de forma vergonhosa o legado do rei. Mas agora, em 2014, Gojira voltou a sua glória!!! O filme infelizmente vem sendo criticado de forma arrogante com afirmações de ser desapontante e o caramba. Acho que alguns esperavam um "Círculo de Fogo 2" focado só nos monstros destruindo cidades. Mas não, diretor Gareth Edwards opta por focar no drama das personagens humanas e deixar Godzilla como a máquina de destruição em massa, mas acreditem, funcionou!
O clássico "Gojira" de 1954 é conhecido por ter uma carga dramática séria em sua história e em volta do Rei dos monstros, e ao mesmo tempo criticava de forma inteligente os casos da bomba nuclear e seus loucos testes que apenas iriam trazer caos e destruição. Gareth respeita tudo isso e o legado que Godzilla trouxe ao mundo. Ele explora isso de maneira inteligente e simples no roteiro de Max Borenstein, entregando um sólido drama humano que desenvolve bem suas várias personagens (principalmente a de Joe - Bryan Cranston, PERFEITO) e trata os seus monstros de forma real adaptando-os de forma real no nosso mundo moderno, se aproveitando dos casos de testes nucleares com Gojira, e com o caso dos terremotos recentes no Japão no caso do monstro MUTO. Tudo isso é de mexer com nossas cabeças se prestarmos a devida atenção!
A narrativa segue tão bem fluida no início com a história de Joe e sua investigação bem misteriosa em volta de estranhos eventos da natureza em volta do mundo, buscando a causa da morte de sua esposa (Binoche, infelizmente mal aproveitada). Os diálogos até ai são realistas e inteligentes, e a performance de Cranston nos conquista totalmente. Mas aí o brilho começa a se perder quando o filme entra no cliché do soldado errante com Ford (Aaron Taylor-Jonhson) ajudando os cientistas do bem e os militares enfrentarem a ameaça mundial. Mas ainda bem que não chega a ser exagerado, afinal o show do filme é o protagonista que tem o seu nome estampado no título.
E sim, Gojira QUASE fica como personagem secundária em seu próprio filme devido à muito mais explicação em volta de MUTO e a história de Ford. Mas é aí que está. A um ponto do filme do filme, o cientista Ichiro (Ken Watanabe, ótimo) diz que Gojira é um ser inexplicável, o seu propósito, suas origens, quase um deus em meio da natureza. Denota de forma inteligente a arrogância do homem em tentar controlar a natureza. Gojira é um animal. Uma força antiga que simplesmente age pelos seus instintos e traz o equilíbrio para a natureza. Edwards aproveita isso e cria um ambiente de filme apocalíptico, desde terremotos e tsunamis que aparecem ao longo da história, mas tudo isso é o grande monstro se aproximando.
Gojira é um animal. Uma força antiga que simplesmente age pelos seus instintos e traz o equilíbrio para a natureza. A emancipação criada ao longo do filme é TENSA. Edwards parece homenagear filmes como "Tubarão" e "Jurassic Park" que inicialmente apenas mostram pequenas partes do monstro elevando o mistério e nossa imensa vontade de ver-los cair matando. E acreditem, cada segundo de espera vale a pena.
O protagonista recebe MUITO bem suas duas facetas. A de destruidor em massa e o de "herói" da humanidade. Cada uma de suas cenas respeitam seu legado esmaga em pedacinhos a merda cuspida que foi o filme de Roland Emerich, que por acaso tem um ponto de sua trama homenageada aqui (mas dez vezes melhor claro). As lutas de deus monstro contra deus monstro são MARAVILHOSAS. Prédios caem em ruínas e humanos são soterrados e pisoteados. A direção de Gareth brilha com ângulos fabulosos nestas cenas e em todas as de drama no filme. E os efeitos visuais mais uma vez são de deixar nós enterrados em nossos assentos com tamanha perfeição. A cena dos paraquedistas saltando sobre Gojira é a perfeita prova disso (e um manjar para os olhos e corações)
O filme não é perfeito e tem sim seus momentos meia-boca com algumas de suas personagens e motivações. Mas Gareth Evans respeita o legado do rei dos monstros e traz ele de volta ao nosso mundo com louvor. História dramática inteligente, seguida de um bom elenco e efeitos técnicos que me deixaram babando. E quando Gojira solta seu rugido pela primeira vez, nossos corações tremem e sabemos: ele está de volta!
Logo quando foi anunciado em 2012, esse novo filme da franquia X-Men vem chamado atenção e antecipação dos fãs dos quadrinhos e dos próprios filmes. Ainda por cima com a volta de Bryan Singer na direção e o retorno do elenco da trilogia e junta-lo com o de "X-Men Primeira Classe" (o melhor filme da franquia) e a contribuição de seu diretor Matthew Vaughn no roteiro. E agora eu digo, os trailers e as altas críticas que o filme veio recebendo não foram à toa. Pois aqui recebemos, talvez, o filme mais forte que a franquia já teve até hoje.
Alguns ficaram pessimistas tendo em conta que desde a saída de Bryan Singer após o segundo e ótimo filme que foi "X-Men 2,ambos o diretor e a franquia descarrilharam bastante. Vindo assim o bagunçado "X-Men 3" e o horrendo "X-Men Origens: Wolverine". E com Singer filmes como "Superman O Retorno e "Operação Valquiria" (filmes bons...mas não tão bons). E agora com "X-Men Dias de um Futuro esquecido" é bem justo afirmar que Singer e a franquia tem uma conexão imbatível. Mas sua missão aqui era: consertar os erros dos filmes fracos da franquia; fazer uma continuação para ambos X-Men 3 e X-Men Primeira Classe"; e recolocar o nome da franquia no mapa de novo. Impossível? Aparentemente não. Singer, Vaughn e o roteirista Simon Kinberg tomam conta de tudo com uma verdadeira mestria.
A idéia de Singer em "adaptar" o quadrinho "Dias de um Futuro esquecido" dos X-Men para os filmes foi brilhante. Podendo fazer continuações dignas para ambos X-Men 3 e X-Men Primeira Class, e ainda colocar uma ponte entre ambas partindo do contraponto de viagens no tempo que o quadrinho contém, mesmo tendo que sacrificar a lealdade ao material, mas NADA se perde. Singer, Vaughn e Simon conseguem criar uma narrativa fortíssima na história do filme. Conseguindo interagir de forma ágil e inteligente com ambos elencos gigantes e ainda um trabalho sólido com personagens novas, e manter um mínimo de lealdade aos quadrinhos.
É tão bom poder ver novamente os ótimos laços emocionais entre as personagens numa narrativa rápida que nunca se perde e sim progride fortemente a cada minuto que passa. Conseguindo ser o melhor roteiro que a franquia já teve. Já que contém os melhores diálogos, um forte lado humorado e um belíssimo lado dramático. Singer nos primeiros filmes conseguiu transpor realidade para a história e refletia temas sérios como o preconceito e exclusão social de pessoas e raças, e até pequenos conflitos de jovens com a família. E aqui Singer ainda consegue transpor a nossa história dentro desse mundo, uma imensa falta de aliança e esperança de nosso futuro.
E para as pessoas que sempre reclamaram que o foco no Wolverine/Logan (Hugh Jackman) era exagerado (que em minha opinião não era) não se preocupem. A narrativa encontra um PERFEITO equilíbrio entre sua personagem e todas as outras. Cada uma com seu momento certo na história. Os jovens Xavier (James Mcvoy), Magneto (Michael Fassbender) e Raven/Mística (Jennifer Lawrence) recebem um tratamento de luxo com performances perfeitas de seus atores, conquistando nossos sentimentos totalmente. Assim como os anciões Patrick Stewart e Ian McKellen nas versões mais velhas, o próprio Hugh Jackman (como sempre); o ótimo antagonista de Peter Dinklage com um tratamento de um verdadeiro ator de calibre) e Evan Peters como Mercúrio rouba TOTALMENTE a cena, incluindo uma das melhores cenas de ação do filme.
E já que mencionei, são totalmente sensacionais. Singer eleva tudo o que tinha de ação nos primeiros filmes e coloca tudo no bolso. Prova mais uma vez ter uma ótima mão e olhar para equilibrar o drama com ótimos ângulos de foque nos diálogos e depois ângulos ágeis e grandiosas nas cenas de ação. Que com os PERFEITOS efeitos visuais dão uma incrível atenção aos detalhes minuciosos aos poderes das personagens e o cenário.
"X-Men Dias de um Futuro esquecido" é, em outras palavras, o retorno épico e grandioso dos X-Men ao cinema. Singer com um passe de mágica concerta TODOS os problemas da franquia e dão um final mais do que satisfatório a história (antecipando ainda para "X-Men Apocalipse" em 2016) deixando os fãs dos quadrinhos e da franquia satisfeitos. E faz isso com agilidade e estilo com ótima direção que dá aventura e excelentes cenas de ação, e perfeitas performances de um elenco luxuoso que tem suas personagens tratadas com fidelidade e respeito emocionante. E nos dão uma verdadeira esperança de um Futuro melhor para a franquia. E ensinam de forma inspiradora sobre como a esperança pode nos ajudar a evoluir nossas forças e sentimentos, e conseguir mudar nosso futuro.
É cedo para dizer mas dane-se. Top 5, um dos melhores filmes de Super-heróis já feitos e o melhor do ano até agora.
Garota Exemplar
4.2 5,0K Assista AgoraÉ sempre uma bênção quando David Fincher lança um novo filme. Desde os tempos áureos quando ele nos deu uma obra-prima como "Seven - Os sete crimes capitais", Fincher se provou um diretor que cria obras de extrema complexidade, tramas intrigantes e personagens cativantes. E vêm assim sendo em todos os seus excelentes filmes até hoje, e "Garota Exemplar" não é diferente, e sim um talvez um dos melhores filmes do diretor.
Evite o máximo possível spoilers ou informações sobre o livro fenomenal de Gillian Flynn e assista ao filme e se surpreenda com a experiência que Fincher propõe em seu filme. Mas claro, para os que já conhecem a história de Nick e Amh Dunne, assista a melhor adaptação desse "sumiço" súbito e a investigação interpessoal da sombria relação desse casal.
Thriller investigativo já é um gênero que Fincher explorou várias vezes de forma espetacular (Seven; Zodíaco; Millenium), mas aqui em "Garota Exemplar" o diretor dá um certo frescor novo ao gênero, elevando o nível de mistérios e reviravoltas na trama. Uma prova disso é o fato de manter todas as personagens do filme, inclusive a principal, suspeitas. É incrível como Nick (Ben Affleck), a personagem que deveríamos estar torcendo a favor, mostra ser um verdadeiro babaca. E Amy que no início conquista nossa total apatia, vai mostrando uma segunda camada.
Claro que isso se deve ao fabuloso livro de Gillian que assina o ótimo roteiro do filme, conseguindo misturar drama com um humor irônico (cara do Fincher), fazendo pequeníssimas mudanças aqui e ali (que me atrevo dizer, supera o livro). E a direção de Fincher, como sempre, fabulosa e detalhista, posicionando a câmera sempre da maneira certa, com um uso de sua fotografia acinzentada e um jogo de sombras que dá uma atmosfera pesada a história junto com um ritmo sempre ágil e coeso.
Onde vemos uma vertente verdadeira da vida matrimonial, que no início aparenta ser perfeito, e só tende a decrescer a um nível de baixarias e indiferenças. Mostrando a rivalidade opressora que o homem nutre pela mulher, retratado de forma bem realista e contida na trama.
Tirando sua primeira hora bem misteriosa e s ombria (os melhores momentos do filme) quando vêm a segunda hora se aproximando do fim temos o bom thriller Fincheriano, intrigante e até divertido. Mas que vem empacotado com uma forte e extremamente verdadeira crítica a mídia sensacionalista que tende a subverter a percepção que temos desses casos de crimes que vemos na televisão e julgamos abertamente. Percepção e julgamento este que também se reflete em nós com relação a ambos Nick e Amy. Apesar de suas falhas, no final do dia são seres humanos e nunca poderemos entender seus motivos, apenas refletir. E lhe garanto, esse filme vai te deixar pensando por um bom tempo!
Graças também a ambos Ben Affleck e Rosamund Pike. Não há discussão de níveis de atuação aqui. Ben faz o seu muito bem, dando dando carisma e humanidade a Nick e a sua babaquice machista. E ainda temos um elenco com performances mais que decentes desde Carrie Coon como Margot, a irmã consciente de Nick e Tyler Perry como Tanner Bolt, o advogado hilariante e sensato. Mas aqui o show é de Rosamund Pike como Amy Dune que assim como Marla Singer (Helena Boham Carter - "Clube de Luta"); Meg Altman (Jodie Foster - "Quarto do Pânico) e Lisbeth Salander (Rooney Mara - Millenium), é uma nova girl do Fincher com um tratamento cinematográfico de luxo.
Sombrio, absolutamente intrigante e cativante, "Garota Exemplar" é mais um golaço de Fincher que não vai sair da sua mente tão cedo graças aspectos técnicos e atuações exemplares.
Mad Max 2: A Caçada Continua
3.8 476 Assista AgoraApós o sucesso esmagador de "Mad Max" em 1979 na Austrália e de se tornar um cult no resto do mundo, diretor George Miller correu para iniciar a produção de sua continuação. E graças ao interesse da Warner Brothers em seu lançamento nos EUA e ajuda no orçamento, não só se tornou um dos filmes de maior sucesso da década de 80 como também um pequeno marco na história do cinema.
"A Caçada Continua", assim como "Star Wars - O Império contra-ataca" da mesma época, é uma das raras continuações a manter e talvez superar o nível de qualidade do primeiro filme. "Mad Max" é um excelente filme, mas Miller só viria fincar o nome da franquia aqui. Enquanto o primeiro filme era um excitante thriller de vingança, aqui temos uma espécie de velho-oeste apocalíptico absolutamente bizarro. De onde veio essa mudança radical? As respostas e agradecimentos se devem ao senhor George Miller e o seu gênio criativo.
E põe gênio nisso. Logo no brilhante primeiro ato do filme temos a demonstração de como a corrida econômica a indústria petrolífera elevou os conflitos entre as nações mundiais, e assim lentamente o nosso mundo foi acabando. Fazendo também o estabelecimento de como estava o mundo no primeiro filme em direção a este, um enorme deserto árido com homens lunáticos vagando e lutando pela sobrevivência, e o mais louco de todos - Max (Mel Gibson). Agora dirigindo o último V8 do mundo junto de seu parceiro canino, caçando por gasolina, munição e comida de cachorro para poder sobreviver. Até que ele se encontra no meio de uma disputa por gasolina entre um grupo de humanos "normais" (no mínimo sensatos) e um exército de psicopatas liderados por Lord Humungus (Kjell Nilsson).
Logo após estabelecer esse mundo apocalíptico de forma perfeita e além do mais credível, Miller estrutura o restante do filme como um bom Western, sem nunca perder a sua marca bizarra. O conflito entre o clã de Humungus pela gasolina do grupo de humanos "sensatos" lembra claramente os apaches cercando um forte da cavalaria americana. Os selvagens inóspitos contra os "superiores", o que resta de bom e melhor da humanidade (não é a toa que eles usam branco). E Max é o homem sem nome, com um passado nebuloso e que luta pelo o que resta de sua moralidade. Luta essa q será travada nas ruas!
Miller tinha apresentado sua incrível técnica de ação no primeiro filme mas ela só se consolidou como revolucionária aqui. Carros são destraçados; corpos esmagados; dublês voam na frente da câmera. Nada de cortes frenéticos ou câmera tremida de hoje em dia, planos abertos e edição perfeita são usadas com louvor. Prova maior disso é a clássica perseguição final do filme. Ninguém, mocinho ou vilão são poupados da brutalidade. 13 minutos de pura brutalidade onde Miller prestou homenagem a cena de perseguição do clássico de John Ford, "No tempo das diligências".
Se bem que nada é perfeito aqui. Os personagens secundários não são bem desenvolvidos. Parecem mais adereços do que pessoas que Max está se sacrificando pra ajudar. O fundo emocional não é forte quanto no primeiro filme. Mas isso compensa-se pois aqui o show pertence a Max. O sobrevivente de poucas palavras que sempre está no controle da situação e Mel Gibson cumpre seu papel com alto carisma dando excelentes nuances de doido contido.
"Mad Max: A Caçada Continua" graças a criatividade de Miller e de seu ótimo talento detrás da câmera entregando ação extravagante e marcante e um subtexto sutil e inteligente é sim um pequeno marco no cinema que cravou o nome Mad Max e seu mundo apocalíptico bizarro para sempre.
Mad Max
3.6 729 Assista AgoraImaginem só num ano onde o cinema blockbuster era inventado nos EUA com a estréia de "Tubarão" de Spielberg e "Star Wars" de George Lucas, o jovem diretor George Miller num canto remoto do deserto Australiano fazia um pequeno mas potente sucesso chamado "Mad Max".
Hoje em dia quando se menciona tal nome pode vir logo a cabeça a imagem de um jovem Mel Gibson com um casaco que lembra uma armadura ao lado de um carro V8. Mas isso é "Mad Max - A Caçada Continua", um dos melhores filmes de ação já feitos e que inspirou vários outros filmes. Mas o sucesso de "Mad Max" não viria sem que Miller tivesse iniciado a franquia com um bang que foi este filme.
Diferente dos filmes que o sucederam que têm um palco de futuro apocalíptico com toques bizarros, aqui temos um simples filme de vingança com um grande grau de complexidade e potência técnica.
Na trama encontramos Max (Mel Gibson) um policial de boa índole, pai de família que busca fazer justiça na melhor forma (não, isso não é Robocop). Tarefa esta que parece impossível nesse estranho lugar onde motoqueiros psicopatas liderados pelo insano Toecutter (Hugh Keays-Byrne) plantam o caos nas ruas.
Desde o início do filme, Miller já nos dá a idéia de que algo não está exatamente certo. Na base, o filme parece se passar no nosso mundo normal com policiais caçando criminosos e pessoas vivendo suas vidas normais. Mas que estranho lugar é esse onde nem sequer é mencionado o nome e na maior parte é só uma grande auto-estrada com descampado em volta onde só há 5 policiais para tomar conta de tudo. Orçamento limitado? Talvez, mas sabendo o que viria nos filmes seguintes dá pra ver que Miller sabia o que estava fazendo.
Tanto sabia que logo nos primeiros dez minutos já somos banhados com uma perseguição de carro excitante com um excelente jogo de câmera dando uma sensação perfeita de perigo e suspense. Ainda mais com nós vendo carros sendo cortados ao meio e dublês sendo arremesados violentamente. Brutalidade essa que só seria superada em "A Caçada Continua". Mas mais do que um prelúdio de uma técnica de ação soberba, que põe qualquer "Velozes e Furiosos" no chinelo, que seria superada na continuação. "Mad Max" é sim um interessante estudo de personalidade.
No início temos Max Rocktansky, um policial honesto em busca de justiça e da proteção de sua família. Mas o mundo a sua volta e os psicóticos que o habitam não o permitem. Ele dirige agora uma estrada de loucura e insanidade para poder sobreviver. O Max se tornando "Mad".
Mel Gibson bem antes de se tornar um astro, já mostrava seu altíssimo carisma e nos dá um Max completamente humano, mas também com um ar de louco. E ainda contamos com outros carismáticas como Hugh Keays-Byrne interpretando o psicopata bem expressivo Toecutter e Steve Bisley como Jim Goose, o parceiro do crime de Max.
"Mad Max" é um simples, excitante e intrigante thriller de vingança, onde vemos um homem descendo à loucura graças ao mundo a sua volta. Um belo de um começo de uma franquia a se tornar clássica.
Mad Max: Estrada da Fúria
4.2 4,7K Assista AgoraJá se faz 30 anos desde que o deserto apocalíptico da franquias Mad Max toca o solo cinematográfico. Após ter feito uma ótima trilogia que contava com o batuta filme de vingança e descida a loucura "Mad Max"; o insano velho-oeste apocalíptico "Mad Max: A Caçada Continua"; e o descunjutado mas divertido "Mad Max: Além da cúpula do trovão, diretor George Miller já planejava entregar mais um filme a franquia. E depois de anos com problemas de produção; dois filmes do "Babie o porquinho" e "Happy Feet" e meses de filmagens problemáticas finalmente o recebemos. É de se tirar o chapéu em respeito ao diretor, no mundo que vivemos onde remakes podres são feitos, George Miller não deixou que ninguém tocasse na sua obra de arte que ele criou 30 anos atrás, e mesmo após essa demora e dificuldade nas filmagens, recebemos talvez o melhor filme da franquia.
Todo o hype das críticas, do público e até de Cannes não foram por nada. "Estrada da Fúria" cumpre sim as expectativas e alcança as lacunas de qualidade insana que a franquia nunca havia recebido antes. É o "Mad Max" que sempre deveria ter sido feito. Que respeita o legado deixado pela trilogia original que inspirou tantos filmes de ação e futuros apocalípticos até hoje. E Miller consegue trazer os melhores elementos dos três filmes (Sim, três filmes) anteriores e junta-los aqui com quase perfeição: O inteligente e louco estudo de personalidades do primeiro "Mad Max"; as cenas de ação insanas e personagens extrovertidos de "A Caçada Continua"; o elo dramático e o subtexto do destino da humanidade de "Além da cúpula do trovão". Tudo junto e misturado no perfeito formato Mad Max - louco.
Do início ao fim de suas ágeis 2 horas, o filme é um festim da criatividade soberba de Miller, que recria mais uma vez o mundo de Max de forma bizarra e bem credível, com paisagens épicas do deserto apocalíptico e os seus bizarros moradores que vivem a base de sangue e leite materno e formam exércitos automobilísticos que lideram à algumas das mais iradas cenas de ação já feitas.
Ah sim... a ação. Como eu disse, é o festim de Miller, que aos seus 70 anos move sua câmera como um jovem diretor ambicioso e visionário. Corpos de dublês são arremesados constantemente e carros explodem na frente da câmera, sem nenhum artifício vergonhoso de câmera tremida ou cortes frenéticos. Ângulos abertos e a câmera firme se mantém presentes e entregam a ação feita à moda antiga com a melhor receita possível.
Mas Mad Max nunca foi só excelente ação com incrível trabalho de dublês. Miller sempre conseguiu trazer complexidade à suas personagens e um subtexto ao mundo a sua volta. De um lado temos a rouba cenas Furiosa (Charlize Theron), uma guerreira resultado de anos submissa aos homens e busca pela sua liberdade e a de suas irmãs-mulheres, as noivas do tenebroso Imortan Joe (Hugh Keays-Byrn que também fez o vilão Toecutter no primeiro Mad Max). Que são um semblante igual ao das crianças em "Além da cúpula do trovão", do belo e do puro ainda existente num mundo onde homens insanos comandam. E no meio de tudo temos Max, o lunático contido com um passado sombrio em busca de uma forma de redenção.
Miller captura essa densidade através da ótima construção da narrativa e da fotografia exuberante de John Seale fazendo um verdadeiro deleite visual.
Tom Hardy está ótimo. O carisma do ator marca sua presença e ele consegue fazer/imitar as nuances psicóticas do Max de Mel Gibson (mas não melhor). Nicholas Hoult também se destaca trazendo humanidade ao psicótico mutante Nux e sua já clássica frase "what a lovely day". Mas o show é de Charlize Theron que por muito pouco não rouba o posto de personagem principal graças ao nível de drama e força que consegue trazer a Furiosa. Sua melhor performance desde "Monster".
"Estrada da Fúria" no final só falha em construir um filme de forma tão impecável e deixar o público insaciável querendo muito mais. É uma ópera do caos e loucura que revive o espírito da franquia Mad Max de volta a vida com louvor, ainda empacotado com coração e complexidade. Graças ao gênio criativo de George Miller que numa era cheia de blockbusters formulaicos, "Mad Max" põe todos no bolso e se prova ser uma franquia a continuar viva!
As Branquelas
3.7 3,0K Assista AgoraOk. É difícil demais dar uma nota. A verdade é esta:
Original: 0, 5 Um dos piores e mais sem graça filmes já feitos.
Versão Brasileira: 5, 0 Obra-prima. Uma comédia descontraída subliminamente bem roteirizada que nos faz rir a cada 5 segundos.
Caminhos da Floresta
2.9 1,7K Assista AgoraParece que a Disney está se redimindo aos poucos. De um lado está vindo ótimas animações como "Enrolados", "Frozen" e "Big Hero 6" e do outro uma ótima biografia como "Walt-Nos bastidores de Mary Popins". E agora volta depois de anos a fazer um longa musical, criativo e tocante, mesmo sendo bagunçado.
Baseado num musical da Broodway com o mesmo nome de James Lapine (que também assina o roteiro do filme), o filme adapta 4 famosos contos da fantasia (Rapunzel, Chapéuzinho vermelho, João e o pé de feijão e Cinderela) num crossover fabuloso e divertido com as 4 histórias que já conhecemos de cor acontecem simultaneamente e também a consequência de tal acontecer.
Sendo baseado em uma peça, o filme possui sim uma estrutura muito familiar. Cada cena que passa parece que as cortinas se fecharam e abriram rapidamente na nossa frente. E melhor quando o público percebe e aceita esse fato, melhor será o entretenimento ap assistir. Tal ocorre num ritmo bem coeso e que consegue adicionar um ótimo toque de humor super divertido e um forte nível emocional que atinge nos momentos certos, e depois no seu terceiro ato uma reviravolta mirabolante com um toque bem sombrio.
Contando com o fato do público já saber de cor as 4 histórias, o filme não perde tempo numa construção dramática e vai direto ao ponto no que pretende a juntar as histórias ao mesmo tempo. E é divertido ver as histórias se encontrarem e a definir consequências umas nas outras. Pena que o arco da Rapunzel é muito pouco aproveitado e fica mais parecendo uma piada no meio da trama. Mas a história se safa bem tratando dos temas usiais como responsabilidade, amor e se auto redimir de forma bastante tocante e ainda sendo contada através de um set de músicas originais gigantesco, aí entra o diretor mao meno Rob Marshall.
Já estava na hora do diretor se redimir depois de filmes tão fracotes como "Nine"e o quarto Piratas do Caribe. E agora ele volta ao mundo da Disney e traz seus dons de fazer um bom musical como "Chicago" de volta ao telão. A câmera captura o ritmo teatral de forma sólida ainda contando com uma ótima fotografia. Mas aqui é um vaivém no quesito musical, metade das músicas são excelentes, cativantes e contam a história de forma soberba. A outra metade são músicas que se alongam demais quase tiram o teor de entretenimento fora ficando quase enfadonho. Mas o brilho do filme está na sua história e no seu elenco estelar.
Desde Meryl Streep como uma inesquecível e carismática bruxa, ainda temos uma luxuosa Cinderela com Anna Kendrick; o lobo mal usual com Johnny Depp; e James Corden e Emily Blunt como o casal de padeiros (sem história conhecida por mim) que provam ser o coração e a alma do filme inteiro. Todos com excelentes talentos musicais!
"Caminhos da Floresta" mesmo com suas pequenas resalvas, é um musical inteligente, divertido e emocionante. Não um filme para todos, mas que irá cativar quem olhar o filme da maneira certa.
Whiplash: Em Busca da Perfeição
4.4 4,1K Assista AgoraSe Darren Aronofsky mostrou que alcançar a perfeição é enfrentarmos o nosso lado obscuro na obra-prima "Cisne Negro", o estreante Damien Chazelle demonstra que precisamos de um impulso extremo de um mentor extremo, especificamente o senhor Jonas Jameson careca com uma personalidade diabólica!
Já vimos essa história antes. O menino sonhador que quer ser o melhor em algo e realizar seu sonho. Mas nunca num formato desse. Chazelle cria uma estrutura ao mesmo tempo realista com suas personagens e adiciona um ritmo ágil e conciso na história e suas personagens. A narrativa amarrada vai direto ao ponto, sem se render a maneirismos dramáticos. E trata o tema com coração e realidade. É quase impossível não se relacionar com Andrew (Miles Teller) logo de cara graças a seu carisma e timidez que o ator entrega de forma super natural, e esse tratamento do tema vem do ótimo roteiro e de sua ótima performance. A nossa forma de querer se expressar verbalmente se obstrui com a ignorância a nossa volta e a maneira que encontramos de nos expressar através de um meio artístico, e nesse caso a música.
Mas para tudo se intensificar numa boa história de superação que tal adicionar uma personalidade completamente estrema de Fletcher (J.K. Simons) que leva Andrew ao limite de auto-destruição física e psicológica para alcançar a perfeição. Pode-se dizer que os métodos de Fletcher são discutíveis, mas a narrativa também permite o público a sentir empatia pelo professor que demonstra pingos de sua alma no decorrer do filme através de boas diálogos e interessantes toques de humor.
E o que poderia ser um drama pesado, se transforma numa jornada MUITO tensa e energéticas. Nem um filme de ação recente conseguiu puxar tal nível de tensão como o filme de Chazelle consegue extrair com tanta ferocidade e humanidade. Todos os vaivéms entre Fletcher e Andrew são claustrofóbicos e intensos graças às soberbas performances de Simons e Teller e a direção estremamente detalhista de Chazelle.
Um pingo na orelha, um curativo se abrindo, um sopro no saxofone. Quase nada escapa a câmera frenética do diretor. Que entrega um trabalho espetacular de edição com uma fotografia sombria e quente. Ainda contando com uma excelente trilha sonora cheia de um energético Jazz. E tudo junto e misturado num inesquecível 10 minutos finais com um final mais do que perfeito.
"Whiplash" é o Cisne Negro masculino (claro que não no mesmo nível) com humanidade. Uma história usual de perseverança e força de vontade entregue com um nível detalhista e energético jamais imaginado. Maravilhoso e inesquecível!
Universidade Monstros
3.9 1,8K Assista AgoraDepois do divertido "Carros 2" o fraco "Brave" e o lixoso "Aviões", a Pixar parece que pegou fama de estar enfraquecendo. Deslizes podem acontecer não? E infelizmente "Universidade Monstros" vem sido criticado como um merchandising de ganhar dinheiro da Pixar com continuações. Sendo que é uma prequela e um ÓTIMO filme.
Longe de ser tão poético quanto o original do grande Pete Docter (que também fez "Up, Altas aventuras"), "Universidade Monstros" foi outra boa sacada da Pixar para entrar em algum determinado mundo ou tema, e nesse caso o mundo escolar. Pegando claro os clichés usuais de bullyng e SÓ, diretor Dan Scalon faz um bom trabalho em levantar temas sobre o esforço para nos tornarmos o melhor em algo sem esquecer nossas amizades. Sem perder o excelente humor que foi marca do filme original graças a excelente atuação vocal de ambos Billy Cristal e John Goodman como a inesquecível dupla Mike Wazowski e Sullivan, mantendo também a excelente química cômica.
E ainda consegue adicionar personagens novas sem nenhum problema, e liderar a história para o que vai ser "Montros S.A" depois com louvor
A animação, sem nada a comentar, tão realista como sempre foi. E a história bem simples já consegue tocar no coração de cada um dos fãs e dos novos também. Não um dos melhores da Pixar, mas longe de ser um dos fracos, graças ao excelente elenco e a história fofinha.
Sem Escalas
3.5 902 Assista AgoraO filme começa muito bem. Mantendo um bom nível de tensão e mistério de forma coerente e divertida. Claro que no final o filme se explode com a ação grandiosa e vilões fraquinhos. Mas no final é um bom passatempo, se "Busca Implacável" ensinou algo é que Liam Neeson sabe ser um badass.
O Hobbit: A Desolação de Smaug
4.0 2,5K Assista AgoraDepois da boa mas arrastada introdução que Peter Jackson deu na sua trilogia do Hobbit, recebemos com "A Desolação de Smaug" não só um segundo filme MUITO superior ao primeiro, mas talvez o melhor filme da trilogia.
Desde o começo, o filme se inicia com nossa trupe de anões mais Hobbit e Feiticeiro correndo pelas suas vidas. O ritmo ágil de "Duas Torres" se apresenta com força aqui, tendo seu início exatamente onde o primeiro filme terminou. Jackson não gasta tempo demais em um só lugar e locomove a narrativa de maneira coesa com as personagens e a adaptação dos capítulos do pequeno livro. Introduzindo ainda personagens que nem sequer existem no livro como a elfa Tauriel (Evangeline Lilly) e Legolas (Orlando Bloom) que só aparece na Batalha dos 5 Exércitos no final do livro, mas que por acaso funcionam. Suas personagens são divertidas sendo lutadores excepcionais e os fãs podem ver mais da personalidade de Legolas que nunca vimos que na Trilogia do Anel. E vemos Bilbo se penetrando mais ainda com o misterioso anel que recebe o devido cuidado de não roubar a atenção do filme.
A primeira hora do filme é soberba. A narrativa flui bem, temos uma perseguição no rio excitante. Até a pequena subtrama com Gandalf funciona, criando uma ponte para a trilogia do Anel. Mas se descarrilha um pouco quando nossos heróis chegam a Cidade do Lago. Inventando uma subtrama estúpida de corrupção dentro da cidade com seu governador (Stephen Fry) e seu irritante assistente Alfrid (Ryan Gage) que fica se parecendo com um Jar Jar Binks da terra média. Tirando isso, o filme volta com tudo quando seu protagonista aparece em cena. Smaug o dragão.
A voz de Benedict Cumberbatch dá uma forte personalidade para o gigantesco dragão que rouba a cena totalmente. A direção é competente o suficiente para mostrar o tamanho da besta e a escala do perigo que os anões e o pequeno Hobbit vão enfrentar. Enquanto os efeitos visuais ainda dão um ar cartonesco para os Orcs, aqui eles criam talvez o melhor dragão que o cinema já teve.
Mesmo tendo suas pequenas ressalvas como o primeiro filme, "A Desolação de Smaug" faz lembrar em seus melhores momentos por que Peter Jackson é o cara perfeito para adaptar o mundo da terra média. Temos um filme coeso, divertido e excitante que entrega toda a magia Tolkiana que amamos e deixa o espectador ansioso pra mais com seu final de cortar o cérebro ao meio.
O Hobbit: Uma Jornada Inesperada
4.1 4,7K Assista AgoraNão é mentira pra ninguém que era um sonho e desejo absoluto de que a Terra Média pudesse voltar a abrir as portas novamente no cinema. E quando essa chance apareceu, Peter Jackson retorna com uma adaptação alongada do primeiro livro de Tolkien: O Hobbit.. O mínimo que poderiam fazer era trazer a mesma equipe que fez a obra-prima que foi a trilogia do Senhor dos anéis.
Uma das principais críticas que o filme recebeu e ainda recebe é o fato de ser totalmente arrastado. Isso é o inevitável, o que poderia ter sido um filme só, se tornou uma trilogia de quase 9 horas de duração. Infelizmente o dinheiro falou mais alto. Mas tem seus prós e contras. Sim, o roteiro se alonga demais num ritmo quase preguiçoso. Tudo, absolutamente TUDO do livro acontece no filme, falas e acontecimentos se sucedem linearmente com o ritmo do livro, mas tudo MUITO alongado. Enquanto com Senhor dos Anéis, Jackson e sua equipe de roteiristas (Phillipa e Fran Walsh) tinham uma carga enorme de conteúdo para ser adaptado, aqui eles não tem quase nada. E vão adicionando personagens novas e que já conhecemos aqui e ali, ao mesmo tempo dando um fan-service e inventando subtramas, algumas interessantes mas outras não (e só veio a se repetir nos próximos dois superiores filmes).
Outro ponto com salvas e ressalvas é o visual do filme. Em termos de direção, Jackson não perde a mão. Sabe usar a câmera de forma inteligente nos diálogos e na ação, tanto quanto melhor ele fez na trilogia do Anel. E a Nova Zelândia ainda continua sendo um cenário esplêndido para a Terra Média. Mas eu pergunto POR QUE o uso exagerado de CGI??? Jackson os usou de forma tão revolucionária e inteligente ns trilogia do anel, aqui é uma extrapolação aatrás da outra. Chega a um ponto onde os vilões que eram tão ameaçadores na trilogia original, e aqui parecem efeitos de computador de videogame.
Sem mencionar os cansativos 45 minutos iniciais do filme se passando no condado, só para depois entregar a aventura que os fãs queriam. E quando esta aparece, faz tudo valer a pena. É a mão de Jackson e o seu amor infinito pela obra de Tolkien. Conseguindo ainda recriar momentos memoráveis do livro no filme com louvor, como a batalha com os três Orcs famintos; a canção dos anões sobre a montanha solitária; a fuga da caverna dos orcs e o intenso diálogo de charadas entre Bilbo e o inesquecível Smeagol/Gollum.
E os atores, sem comentários. Todos voltam para seus papéis com pura mágica. Ian McKellen encorpando Gandalf o Cinzento, o melhor feiticeiro do cinema mais uma vez. E Andy Serkis ainda com a manha toda como a inesquecível criatura roca e perigosa. Sem falar de Hugo Heaving, Cate Blanchett e Christopher Lee como sempre fantásticos. Até os 13 atores como anões são bem colocados, mas infelizmente mal aproveitados na trama. Só se sobressai totalmente é Richard Armitage como Thorin Escudo de Carvalho, impondo presença apesar do tamanho de sua personagem anão. E a jóia do filme (não, não é o anel), Martin Freeman como jovem Bilbo Bolseiro...SIMPLESMENTE PERFEITO. Conquista a afeição do público instantaneamente com carisma e emoções verdadeiras.
Um início cambaleandor para a trilogia, mas que ainda se salva com um elenco estelar e momentos memoráveis. Que só tendeu a melhorar nos próximos dois filmes, mas que não provaram ainda o motivo de um alongamento tão grande. Mas tudo vale para podermos embarcar mais uma vez nesse rico e mágico mundo.
Avatar
3.6 4,5K Assista AgoraA história de "Avatar" é o óbvio do óbvio no que tem haver cinematograficamente. Afinal já vimos a mesma história em "Pocahontas", "Dança com Lobos" e "O Último Samurai". Mas quando te,os James Cameron tomando conta da direção o cenário da situação é outro. Cameron pega a história totalmente cliché e a eleva numa escala épica que só o cinema pode dar: uma jornada do herói em busca da liberdade e amor próprio que por acaso é bem desenvolvido na narrativa bem construida; uma crítica indireta sobre o desmatamento e a destruição da natureza que nos criou; um mundo inteiro que é Pandora, que pode muito bem entrar na lista com Terra Média e Matrix. E claro, efeitos visuais deslumbrantes, uma verdadeira evolução nessa categoria artística que monta esse mundo que nos faz mesmo crer que existe. Esperar mais do que isso é o convite para entrar na área dos que aclamam que "Avatar" é um dos piores filmes já feitos. Tentem o ver como o entretenimento que só Cameron pode dar brilhantemente. Ignorem a história e apreciem o espetáculo por detrás e acima de tudo, se divirtam!
Prenda-me Se For Capaz
4.2 1,6K Assista AgoraMais uma vez mestre Spilba se arrisca em outro gênero diferente de tudo que já fez e faz um pequeno clássico do cinema e do gênero Thriller. O filme possui uma energia eletrizante que cativa o público a assistir a jornada criminosa e rebelde fe Frank Abgnale (Leo DiCaprio) e a perseguição incessante do agente do FBI Carl Hanraty (Tom Hanks) na sua cola. Toda essa energia estupidamente divertida vem da mão firme de Spielberg com o uso inteligente de ângulos de câmera com planos longos e cortes rápidos, sempre deixando a soberba narrativa fluir de modo ágil e primoroso. Elevado por outro gracioso lado emocional que só Spielberg consegue entregar a uma ótima história que faz uma alusão interessante sobre os jovens quererem sair de casa e montar suas vidas profissionais realizando seus sonho, mesmo que falsificar cheques não seja um dos melhores caminhos. E atores estupendos como DiCaprio e Hanks conseguindo encarnanar com perfeição e leveza suas personagens (o próprio Abgnale disse que DiCaprio o lembrou totalmente), e ainda soberbos Christopher Walken e Amy Adams. O filme talvez só se prejudique por não ter dado mais tempo no desenvolvimento de Frank ns parte final já que de uma hora pra outra está ele de fugitivo e depois ajudando o FBI com cheques falsos, mas tudo isso é pequeno tendo em conta o quanto cativante é esse filme. Com certeza um dos melhores do diretor!
Ted
3.1 3,4K Assista AgoraÉ impressionante ver Seth MacFarlane conseguir trazer o estilo humorístico de Família da Pesada e faze-la fucionar nas telonas com um Ursinho de Pelúcia falante e safado. A narrativa é bem amarrada e entrega diálogos até interessantes e realistas entre as personagens, fazendo todas relevantes mesmo com o urso que rouba a cena. Mark Wahlberg mostra seu lado humorístico sem exageros e as cenas entre ele e Ted são a alma do filme. Já que apesar do humor até "ofensivo", a história traz um tema de nós aprendermos a crescer com a nossa infância lado a lado conosco, o mesmo caso entre Ted e John.
Estupidamente hilariante com um humor cheio de palavrões e referências, e uma história cativante. "Ted" é uma comédia moderna original e funcional cheio de coração. Que infelizmente só falha quando cai no cliché de comédias usuais na sua parte final, mas que nunca deixa de nos divertir até lá!
Kick-Ass: Quebrando Tudo
3.9 2,8K Assista AgoraAdaptar um quadrinho de ssucesso enquanto ainda está em lançamento foi o desafio de Matthew Vaugh aqui, e ele mais uma vez não desapontou. "Kick Ass" não é só uma adaptação fiel ao espírito extrovertido, violento e humor negro do seu material original, mas também é uma sátira de todo o gênero de super heróis.
O roteiro de Jane Goldman e Vaugh consegue explorar em sua narrativa as várias facetas e clichés de filmes de super heróis tirando sarro e os tratando com realidade (quase o mesmo que Mark Millar fez em seu quadrinho). Os diálogos rápidos e fluidos incorporam esse espírito satírico e engraçado sempre pegando nos clichés e nos fazendo até mesmo refletir (sendo seu público nerd ou não).
E ainda entrega uma direção super estilosa, com edição rápida e fluente nas cenas de ação e uma fotografia colorida saturada que realça as cores de sangue e uniformes dos heróis, entregando sequências totalmente memoráveis
como o resgate de Big Daddy e Kick Ass por Hit Girl pulando e matando gangsters em meio de tiros e fogo.
Dave/Kick Ass (Aaron Taylor Johnson) é uma amálgama de Homem Aranha com roupa de mergulho verde. O nerd fracote querendo fazer a diferença (levando muita porrada e facadas até alcançar seu heroísmo). Até encontrar outros vigilantes como Big Daddy (Nicolas Gage) uma espécie de Batman que mata todos os bandidos que vê pela frente e a inesquecível Mindy/Hit Girl) uma Robin estilo Rambo. Todos surpreendendo com excelentes personagens, lutando contra um vilão carismático de Frank D'Mico (Mark Strong).
Mas o mais impressionante, é o quanto de drama e coração que Vaugh impõe na história e nas suas personagens em meio de todo o humor negro. Nós sentimos pelas personagens de verdade quando estão em perigo de morte, já que estamos perante vigilantes verdadeiros no mundo real. E Vaugh ainda traz temas de justiça com as próprias mãos e a ignorância a maldade que nossa sociedade moderna tem hoje. O medo de poder fazer a diferença por covardia e dúvidas, mas que basta termos uma fonte de inspiração para tal acontecer que são os super-herois que lemos nos quadrinhos.
"Kick-Ass" é sem sombra de dúvidas não só uma das melhores adaptações de quadrinhos que já teve, mas também um dos melhores filmes do gênero de super heróis. Com um tratamento excelente na sua história com a devida lealdade ao seu material e um forte ararco dramático com suas carismáticas personagens.
Piratas do Caribe: No Fim do Mundo
3.8 962 Assista AgoraNo grau de diversão e entretenimento, "No fim do mundo" respeita seus antecessores e entrega a aventura e a ação que o público demanda. Mas infelizmente o diretor Gore Verbinski e seus diretores cometem o mesmo erro que "Baú da Morte" teve, encher a história com subtramas que tomam a narrativa mais do que espaço das personagens e seu desenvolvimento. Alguns momentos de diálogos se safam por causa do elenco carismático mas mesmo assim, quase 3 horas de filmes com diversas situações sendo explicadas de novo e de novo. Mas o filme se safa, é divertido em seus momentos empolgantes como a fuga em Singapura ou a batalha final, e entrega um final digno para as personagens e para o que deveria ter sido uma trilogia (até que veio aquele 4° filme desgastante).
Interestelar
4.3 5,7K Assista AgoraNão é de hoje que admiro o trabalho de Nolan. Entendo perfeitamente o quanto hypado ele é por trocentos adolescentes que se consideram manda chuvas do cinema e isso trouxe os haters. Mas isso é ignorar as qualidades de suas obras que são bem refletidas aqui, tanto as más quanto as boas.
Na trama encontramos a nossa presente terra em um estado "pós-apocalipitico" onde existe uma imensa crise de suplementos alimentares naturais e constantes mudanças climáticas secas. Até que Cooper (Matthew McConaughey) é designado junto com uma equipe da NASA para deixar o nosso sistema solar e procurar em outra galáxia outro planeta para se habitar.
Os fãs de Nolan estavam a espera de um "2001-Uma odisséia do espaço" do séc 21 desde que o diretor afirmou que o filme teria influência na obra-prima de Kubrick. Não e sim. O filme não é nenhum marco cinematográfico como "2001" e sim, Nolan se mostra um fã zero de Kubrick e enche seu filme de referências a "2001", tanto cenas como um simples toque na trilha sonora. Mas tirando isso, enquanto Kubrick explorou a evolução humana, Nolan aqui explora seu intelecto. Junto com uma aventura inter-galatica super intrigante do início ao fim, e que explora detalhe por detalhe a teoria mais exata que existe: a da relatividade.
Não é nenhuma surpresa que Nolan adora explorar temas tão complexos. Já tinha sido truques de ilusão em "O Grande Truque"; perda de memória recente em "Amnésia"; o mundo dos sonhos em "A Origem". Isso ressaltou ao longo da sua filmografia narrativas que se mostravam muito expositivas ao explorar seus temas. Aqui, o tema é tão complexo, até para os profissionais, que esse estilo de narrativa funciona aqui. Dando quase uma aula de astro-fisica melhor que num ensino secundário.
A narrativa também se destaca pois é a primeira vez que vemos Nolan ter calma nela. Seus filmes são conhecidos por uma edição super ágil em volta da narrativa e seu desenvolvimento (e isso tirou o brilho do último Batman). Mas aqui, Nolan e seu irmão Jonathan dosam muito bem a fluidez da narrativa e desenvolvem seus personagens de maneira perfeita durante todos os 169 minutos de filme. Até a parte complicada da ciência é interessante se o espectador manter sua atenção e raciocínio ligados todo o tempo. Tendo o tema da gravidade ser a única física exata capaz de controlar a linha temporal no espaço, Nolan a aproveita com louvor. Ao mesmo tempo dando uma energia de um filme de aventura espacial que de entretêm de verdade e ao mesmo tempo entrega uma história que demonstra o que o intelecto humano é capaz de fazer para sobreviver.
Sacrificar nossas vidas para sairmos e explorarmos terras desconhecidas como nossos antepassados fizeram é o que o futuro nos aguarda? E se sim, sacrificaremos o que acreditamos, sentimos e criamos com uma simples base exata de raciocínio lógico? Ou nossos sentimentos e valores humanos são maiores para nossa sobrevivência? Essas perguntas vêm através de suas personagens, mesmo de maneira um tanto melodramática mas sem perder seu lado intrigante. Outra coisa a se destacar é o quanto de coração Nolan conseguiu trazer para a história e suas personagens, lado este que ainda não havia revelado. A relação de pai e filha entre Cooper e sua filha Murphy é simplesmente emocionante do início ao fim.
Talvez o lado mais controvérsio do filme seja seu terceiro ato carregado. Já que perde muito de seu intelecto anterior e foca no drama da história. Pode funcionar para alguns e para outros não. Mas Nolan consegue construir e desenvolver as pontas até aí e ainda nos fazer refletir. E para fazer um filme com idéias tão grandes e avassaladoras é de se esperar um cenário épico. E isso merece total reconhecimento e aplausos. Nolan cria momentos e imagens de tirar o fôlego com sua direção mais uma vez firme e conscisa. Ainda contendo um dos melhores efeitos visuais e CGI já desenvolvidos em um filme. E ainda rola uma fotografia primorosa e outra formidável trilha sonora do mestre Hans Zimmer.
Todos no elenco luxuoso são aproveitados na história, cada um com seu momento. McConaughey ainda se encontra na safra de onde continuou com louvor desde sua vitória no Oscar. Ainda com uma soberba Anne Hathaway e uma charmosa Jessica Chastain. Mas pena que a personagem de Casey Affleck (filho de Cooper) é mal colocado na história.
No final, Interestellar é puro Nolan. Inteligente; intrigante; expositivo e ágil. Uma trama que nos dá diversas respostas mas que nos deixam a descobrir as perguntas. Dentro de um tema tão mega avassalador, encontramos uma mensagem de como podemos triunfar em nossa própria natureza e ainda vencer barreiras como um pai para os filhos. Belo e intrigante até dizer chega!
Guardiões da Galáxia
4.1 3,8K Assista AgoraNão é invisível para ninguém que a Marvel só vem provando cada vez mais ser uma das produtoras mais asseguradas da qualidade de seus filmes em trabalho hoje. E o mais impressionante foram suas jogadas arriscadas desses últimos anos que só resultaram em ótimas adaptações divertidas e leais a obra. Guardiões da Galáxia talvez seja sua adaptação mais ousada até hoje, já que é um quadrinho de humor negro dos anos 70 de pouco sucesso e fama. E que acabou sendo mais um golaço 7-1 da Marvel!
Vamos encarar os fatos. Guardiões tinha tudo para dar errado. Ainda por cima contratando James Gunn, roteirista de Scooby-Doo para dirigir e roteirizar o filme. E o que poderia ser uma palhaçada com efeitos visuais ridícula acaba sendo uma aventura épica super divertida. Não só graças as mãos cheias de Gunn mas também pelo estupendo elenco reunido, talvez o melhor elenco reunido em um filme da Marvel. Gunn faz exactamente o Whedon fez em Os Vingadores dois anos atrás, deu voz e sentimentos a todos os personagens. Talvez deixe use mal alguns como Korath, personagem de Djimon Hounsou, e Nova Prime, personagem da irmã gémea indireta de Meryl Streep, Glenn Close. Mas de resto, todos conquistam o coração do público.
Afinal, o filme não se chama Guardiões da Galáxia a toa se não o foco do filme serem exatamente eles cinco. Peter Quill (Chris Pratt), o humano órfão abduzido ainda novo por caçadores de recompensa; Gamora (Zoe Saldana), a alienígena verde órfã com um passado obscuro; Drax (Dave Bautista), o guerreiro que perdeu a família e busca vingança; Rocket (Bradley Cooper), o raivoso-genial-caçador de recompensas-guaxinim falante; Groot (Vin Diesel), a arvore de poucas silabas. Todos estes fatídicos personagens se juntam não só para derrotar o maligno Ronan (Lee Peace) mas também redimirem seus sentimentos e formarem uma liga de forte amizade fraterna.
Isso é o lindo do filme. Consegue ter um enorme coração e conquistar o público com sentimentos verdadeiros pelas personagens e suas situações. E sentir aquele aperto no peito quando o seu destisno é posto em prova. Ao mesmo tempo de fazer o público rir às gargalhadas durante todo o filme, cada personagem com o seu humor satírico, arrogante e bobo que é impossível não abrir um enorme sorriso no rosto quando cada um se exalta em seu momento. Gunn e sua co-roteirista Nicole Perlman dosam o drama e a comédia de forma ágil e excelente, deixando o filme fluir de maneira soberba.
E como não deixar de mencionar as várias referências a Star Wars, Star Trek e até Indiana Jones. Peter Quill é construído de com um caráter tão pitoresco que lembra, e muito a Han Solo em sua nave com nome e ainda com o seu enorme espirito de aventura e caça a tesouros lembra ao dr. Indiana Jones (a própria introdução do filme é bem estilo Caçadores da Arca-Perdida do Spielberg). A presença momentânea do Groot é quase uma alusão do Chewbaca. E as cidades tem traços futurísticos e populações multi-racias da saga Star Trek e até de jogos como Mass-Effect.
Tudo criado com efeitos visuais deslumbrantes e (finalmente) um uso ajustável do 3D que está ótimo. E ajudam ainda mais nas muito bem dirigidas e coreografadas cenas de ação, tanto terrestres quanto espaciais, que são simplesmente épicas. Seguidas de uma magnifica trilha sonora que mistura os tons originais de Tyler Bates e clássicos dos anos 70 e 80 como “Hooked on a Feeling” dos Blue Swede e “I want you back” dos Jackson 5 e muito mais. Impossível ninguém após assistir ao filme ir procurar ouvir a trilha sonora toda.
Mas apesar de tudo de excelente que Guardiões tenha, é impossível não notar essa base formulaica que a Marvel vem montando desde Os Vingadores. Base esta que constrói personagens tão interessantes, como aqui, e monta tudo para se ver mais em uma continuação ou um Vingadores 7. Não se tem mais aquele território solo da personagem que se tinha no excelente Homem de Ferro em 2008. Até a cena pós créditos aqui deixa essa pergunta, tanto negativa quanto positiva, até onde a Marvel irá?!
Tirando isso, Guardiões da Galáxia é a definição de um perfeito blockbuster. Personagens com um carisma incrível; comédia e drama super bem dosados; é a Marvel com a bola toda. Fazendo aqui não só um dos seus melhores, mas possivelmente o seu filme mais divertido filme até hoje. De se ver e querer ver muito mais!
Trapaça
3.4 2,2K Assista AgoraAparentemente David O. Russel está se tornando um diretor-roteirista que lança projectos uma vez ao ano, tudo graças ao sucesso que foi O Vencedor em 2010. Primeiro veio O Lado Bom da Vida (2012), agora Trapaça e o seu próximo projeto Nailed (2014). E O. Russel tem ganhado com seus últimos projetos boa bilheteria e altas notas da crítica, e agora Trapaça é talvez o auge do diretor.
O diretor-roteirista já é conhecido por misturar em uma história, muito bem, humor com drama. Isso foi demonstrado soberbamente em Três Reis (1999) e em O Vencedor, mas infelizmente não muito bem em O Lado Bom da Vida, onde o humor parecia sair de um jeito muito forçado. Já aqui, O. Russel melhora muito melhor isso, dando um foco mais dramático na história e deixando o humor aparecer naturalmente com as situações. E qual seria a melhor maneira de fazer isso do que pegar numa história sobre dois desviadores de dinheiro no ramo artístico, Irving Rosenfeld e Sydney Prosser (Bale e Adams), que são pegos pelo agente do FBI, Richie DiMaso (Bradley Cooper). E agora são forçados a ajudar o FBI pegar mais 4 trapaceiros como eles, e só assim para não serem presos.
A trama parece simples e interessante, e por vários momentos O.Russel e Eric Warren (seu parceiro no roteiro) a montam quase como Bons Companheiros de Scorsese, com a narração de uma das personagens em cima da história mostrando o seu ponto de vista. Mas antes que o filme alcance seus 30 minutos, a trama muda de pegar 4 trapaceiros para pegar políticos corruptos (que também são uma espécie de trapaceiros), aí entrando o prefeito Carmine Polito, personagem de Jeremy Renner. E sim, O. Russel inicia uma grande crítica à política corrupta da época, que por acaso é elaborada de um jeito inteligente, mas esquece da situação inicial das duas personagens principais durante o resto do filme, até quase a parte final.
Mas o que cobre seus erros chatos da trama é a diversão que o filme transmite. O.Russel faz isso dando uma de Tarantino, não com violência moderada e sim com os diálogos temáticos. Isto é, diálogos abordando vários temas diferentes. Alguns podem até sair do contexto por momentos, mas todos são inteligentes e com um interessante nível de esquisitice de suas personagens (esquisitice é a especialidade de O.Russel desde o início de sua carreira). Fazendo uma narrativa bem ambiciosa e bem divertida, não só graças à O.Russel mas também pelo seu elenco de luxo.
O. Russel aqui juntou o elenco dos dois filmes que o recolocaram no mapa. Christian Bale e Amy Adams de O Vencedor, e Bradley Cooper e Jennifer Lawrence de O Lado bom da Vida, e muitos outros com pequenas e grandes participações (prestem atenção na ótima aparição de Robert De Niro). Isso deve ser a sua receita do sucesso, pena que seu parceiro Mark Wahlberg está ocupado com explosões e robôs. Mas todos têm algo em comum, e não é só a participação no filme, todos demostram excelente atuações. Os críticos mencionam e apontam Jennifer Lawrence, que está sim muito boa, mas nenhum menciona a perfeição de Christian Bale com uma verdadeira encarnação de sua personagem bondoso e trapaceiro ou Jeremy Renner que está simplesmente soberbo como o corrupto do bem. E claro, Amy Adams mostrando sua incrível sensualidade e carisma, e Cooper mostrando seus ataques explosivos de nervos.
O que Trapaça é de verdade um encontrão, do inglês “Hustle”. Um encontrão de várias personagens em uma situação verdadeiramente louca. Que graças a um bom roteiro e excelentes performances do elenco vão fazer o público se divertir e dar um nó na cabeça, e fazer esquecer da trama bagunçada!
Ela
4.2 5,8K Assista AgoraApós anos de uma carreira que vem de dirigir vídeo-clips de bandas como Weezer e da própria Bjork, pequenos curtas, e uma obra-prima como “Quero ser John Malkovich”, o ápice da carreira do jovem diretor Spike Jonze só chegaria em 2013 com o seu maior e melhor filme até hoje: “ELA". Onde é que posso começar a falar do filme em questão? Que é um belo romance? Uma ficção-científica super inteligente? Uma possível obra-prima moderna? Que tal um filme sobre a época moderna em que vivemos?!
Sim, é bem estranho falar isso contando que é passado num futuro não tão distante (não, não é X-Men) numa Los Angeles utópica onde nos deparamos com a vida de Theodore Twombly (Joaquim Phoenix) um tímido e complexo escritor de cartas românticas, que recentemente sofreu com o término de uma relação amorosa com Catherine (uma breve Rooney Mara). Com o coração partido ele se interessa por um novo e avançado sistema operacional que promete ser uma entidade de inteligência artificial, só que melhor. Ao iniciá-lo, ele tem o prazer de conhecer “Samantha”, uma voz feminina perspicaz, sensível e surpreendentemente engraçada (Scarlett Johansson), que Theodore acaba se apaixonando.
“ELA” é uma daqueles raros filmes que usa o palco de ficção-cientifica para levantar fortes questões morais. Ao contrário de falar sobre a exclusão social como “Distrito 9” ou sobre a existência humana como “Solaris” e “2001”, Jonze fala sobre a sociedade viciada na tecnologia moderna em que vivemos. E é a melhor forma disso é fazendo uma belíssima sátira romântica? Brilhante! Afinal, o que nós humanos temos hoje por nossos celulares, tablets, etc…. se não um amor viciante. Isso é explorado com louvor no romance belíssimo entre Theodore e Samantha.
Após anos dirigindo as fantasias modernas de Charlie Kaufman como “Quero ser John Malkovich” e “Adaptação”, Jonze agora lidera o seu filme com um pródigo roteiro. Cria uma narrativa tão habilidosa e super dosada, onde vemos verdadeiros sentimentos e emoções sendo transmitidos nos belos diálogos entre as personagens. Jonze parece fazer uma mistura de toques do próprio Kaufman com um pequeno toque de fantasia “artística” e um toque da naturalidade de Woody Allen, sem o uso da metalinguagem de ambos os mestres. Adicionando uma ótima dose de humor e também drama para arrancar lágrimas de olhos de qualquer um.
A beleza da coisa não é só pela excelente performance de Phoenix ou a exuberante atuação vocal de Johansson, mas do tamanho de sentimentos que a relação dos dois transmite no meio da história. Quando Theodore compra o sistema de Samantha, que não é nada mais nada menos que um simples aplicativo, ele pode escolher entre um ser masculino e feminino. E a personalidade romântica e sensível de Theodore cabe para uma percepção onde ambos homens e mulheres podem se relacionar e captar a sua escolha (e até repara-se uma homenagem ao HAL de “2001” na personagem de Samantha, só que numa versão totalmente sensual). Só aumentando o nosso carinho pelo casal e pelas personagens em volta, incluindo Amy (Amy Adams) a amiga fofa de Theodore. O amor que Theodore sente por Samantha, é representado de uma forma quase poética e metafórica no contexto do filme. A aficção de Theodore representa de forma indireta a atração e dependência que nós temos pelos aparelhos tecnológicos. E o emprego de Theodore como escritor de cartas românticas é uma amostra do afastamento social que as pessoas de hoje têm entre si, principalmente no amor.
Até a própria direção de Jonze ajuda nisso. Los Angeles é montada com toques utópicos de cidades como Shangai. E os planos de camera por onde Theodore passa denota de forma impressionante pessoas e mais pessoas mexendo e falando no celular, de forma quase assustadora. E o filme ainda surpreende com uma belíssima direção de arte detalhada, dando a cada cena do filme uma beleza imensurável. Conseguindo aspirar os próprios sentimentos das situações.
Não tenho outras palavras para classificar “ELA” do que como uma obra-prima, e com certeza o melhor filme da carreira de Jonze. Um filme que demonstra a sociedade viciada e dependente na tecnologia, em que vivemos hoje. E como isso nos faz perder nossas capacidades de socializar e amar pessoas. Isso tudo vêm através de uma belíssima e credível história romântica que transmite sentimentos verdadeiros que nos conquista totalmente e nos prende do inicio ao fim entre risos e lágrimas. O que faz do filme em si, e ambos Theodore e Samantha totalmente inesquecíveis!
P.S: “I’m….lying…..it on…..the moon…..but, dear…..I’ll be…..there…..soon…..” LINDO DEMAIS
A Rede Social
3.6 3,1K Assista AgoraApresentar o que é o Facebook à esse ponto é ridículo. Mas talvez não na época em que o roteirista Aaron Sorkin decidiu adaptar as suas origens do livro “The Accidental Billionaires” e chamar o diretor de “Clube de Luta” e “Se7en”, David Fincher, para dirigi-lo. O que resultou em 2010 um bombástico acréscimo de usuários do Facebook e o cinema recebeu esse EXCELENTE marco chamado “A Rede Social”.
Focado no caso da criação do Facebook pelo “génio” de Mark Zuckerberg e o enorme mistério em volta dela. Desde o inicio com os cortes mútuos de uma narrativa diferente para a outra, a principal é focada no tribunal com Mark (Jesse Eisenberg) provando a sua mão na criação contra o seu melhor amigo brasileiro Eduardo Saverin (Andrew Garfield), partindo daí os vários momentos importantes na vida e relação de ambos amigos que se tornaram rivais durante o desenvolvimento da bilionária rede social. E durante todos os 121 minutos de filme, seguimos uma história engraçada, triste e totalmente intrigante.
Chamar Fincher para o trabalho foi algo surpreendente, já que vem de uma filmografia mais conhecida por dirigir excelentes thrillers como “Zodíaco”, mas ele já tinha provado a mão no drama na obra-prima “O Curioso Caso de Benjamin Button”. E aqui o diretor lidera o FANTÁSTICO roteiro de Sorkin com mestria. Parecendo dar um ótimo toque de “Cidadão Kane” na história. Não só nos ótimos e bem editados cortes de narrativas em diferentes linhas temporais com um bom uso de metalinguagem, mas também como Sorkin monta a personagem de Mark. Um jovem que ao perceber o ouro que tinha em mãos se tornou um homem ganancioso e traiu as pessoas em sua volta, e que busca incessantemente a atenção amorosa.
Isso também levanta um dos muitos temas que o filme contém, a nossa geração. Logo na cena inicial com um excelente diálogo ente Mark e sua namorada Erica (Rooney Mara) num bar da faculdade é o perfeito retrato disso. Uma geração focada nos estudos e nas oportunidades de seu futuro profissional, e que arranja espaço para namorar com ou sem paixão e festejar em bares ou festas sem motivo algum. Daí vem um pouco do lado humorado do filme com momentos de pirraças e brincadeiras de adolescentes, e ainda por cima a nerdice de Mark (um típico nerd de filme americano). Mas daí também provem seu lado triste quando vemos a capacidade de alguém se tornar ganancioso quando recebe suas chances promissoras de criatividade (ele inventou o Facebook à partir de um compartilhamento de fotos), capaz de esquecer dos amigos mais próximos de nós. Como vemos quando Mark e Eduardo começam a criar sua rivalidade que começou com uma amizade cheia de sentimentos puros no inicio.
Claro que Sorkin trata a história com respeito e sem ofensas diretas, daí vindo o lado intrigante e meio misterioso do filme (a perfeita área de Fincher). Durante todo o filme Fincher e Sorkin parece nos fazer essa pergunta: “quem criou o Facebook?”. O público que presta atenção é capaz de ficar se perguntando isso ao longo do filme e até depois de seu misterioso e reflexivo final. Ainda por cima com sua trama sendo construída em cima de um ágil roteiro e uma singela trilha sonora de Trent Reznor. E as ótimas performances de seu elenco jovem de luxo, com Jesse Eisenberg dando um perfeito uso da sua conhecida performance de nerd esquisito e outros como Armie Hammer brilha interpretando os gananciosos gêmeos Winklevoss e Justin Timberlake interpretando o extrovertido e metido Sean Parker. Mas quem brilha no filme (mesmo não captando o espirito brasileiro) é Andrew Garfield com um show de emoções que nos conquista totalmente. O verdadeiro coração do filme!
É estranho ver uma recepção TÃO calorosa por parte da critica em volta do filme, chamado de obra-prima e um marco e tal. E ser chamado de filme muito sobrevalorizado e exagerado pela maior parte do público. Pena que poucos conseguem ver a importância do filme de Fincher que faz um retrato explicito de nossa geração criativa e gananciosa. Uma obra que acredito que será melhor reconhecida com o passar dos anos, e que as pessoas vejam para além do seu lado interessante de história e vejam as suas qualidades, tanto na sua alma temática e suas perfeitas qualidades técnicas. Não é um filme de total perfeição mas sim um FILMAÇO a ser respeitado e adorado!
12 Anos de Escravidão
4.3 3,0KDepois dos aclamados Hunger e Shame, o diretor Steve Mcqueen vem provando ser um profissional mais do que competente no cinema hoje. E agora com 12 anos de Escravidão ele atesta isso fazendo o seu melhor filme até hoje. Sendo um filme comum está longe da perfeição, mas o que Mcqueen nos dá aqui é o retrato cru e vicero da escravidão negra. Detalhe por detalhe, historicamente e humanamente apurado, e nessa área, o filme é perfeito.
A idéia de Mcqueen em adaptar um livro do séc. 19 com a história de Solomon Northup, um homem negro livre que capturado e vendido como escravo é um trabalho que se pode dizer que complicado é pouco, e pareceu ser impossível com a pouca bilheteria que seus filmes anteriores tiveram. Mas Brad Pitt salvou o filme, não só com sua pequena e boa participação, como também produziu o filme. E garantiu assim a vinda de uma produção de filme adequada com um orçamento melhor. E nos trouxe um filme que será inesquecível à todos que assistirem.
Mas Mcqueen dá uma atenção à história de Solomon, interpretado por Chiwetel Ejiofor, quase de uma forma secundária ao longo do filme, dando uma atenção maior em dar sim um retrato da escravidão. Isso parece soar como algo negativo, mas não. É a maneira inteligente do diretor de explorar esse tema colocando nós, o público, no lugar de Solomon ao longo de sua longa luta pela sobrevivência. E em todos os momentos aterrorizantes e agoniantes do filme. Se Mcqueen filmou diálogos com ferocidade em Hunger e cenas de sexo pertubadoras em Shame, aqui ele usa seus ângulos profundos em todas as cenas assustadoras de chibatadas e de tortura. Com um timing perfeito usando direção de arte e montagem em cenas como um aterrorizante enforcamento, e quando Patsey (Lupita Nyong'o) é torturada com chibatadas.
Parecendo por momentos um filme artistico estilo à Nicolas Winding Refn (Drive; Bronson), com momentos silenciosos tão reflexivos e assustadores. Fazendo pouco uso da singela trilha-sonora de Hans Zimmer, mas quando aparece nossos corações parecem borbulhar. Sem nunca dar espaço ou tempo para o público respirar ou ter algum momento de esperança. Nos jogando na cara a verdade crua, sem podermos olhar para uma luz no fim do túnel. É simplesmente McQueen tratando de ser o que sempre foi: oculto e excêntrico. A sua atenção em cima da narrativa é a prova disso.
O roteiro de John Ridley ao mesmo tempo que consegue ser leal ao livro de uma forma bem detalhada, com apenas pequenos pontos da verdadeira história de fora, faz um verdadeiro jus ao título “escravidão” e explora a situação dos escravos pelos olhos de Solomon. Tocando em temas como por exemplo o sexo entre escravo e mestre com a personagem de Patsey, e a justiça em possuir escravos naquela época e como os cruéis atos que vemos hoje era apenas uma formalidade diária. Isso é demonstrado com uma moeda de duas caras. Um é o bondoso senhor de escravos William Ford, interpretado por Benedict Cumberbatch, que compreende que Solomon é mais do que aparenta, mas ele é vítima de um sistema escravocrata intolerante, portanto nada pode fazer além de meros caprichos. E Edwin Epps, personagem de Michael Fassbender, um homem tão intolerante e orgulhoso de possuir escravos que até usa argumentos na Bliblia para a escravidão.
Tudo se torna ainda mais assustador e real são as fantásticas performances do elenco. Lupita Nyong'o que nínguem para de falar, mesmo com poucas cenas, brilha em cada uma delas. Conquistando totalmente o nosso coração, e quando chega o seu momento de sofrer, nossos olhos não aguentam. E Michael Fassbender tenebroso como o retrato da ignorância e crueldade de muitos dos donos de escravos. Pode-se dizer que ele é o Calvin Kandie (personagem de Django Livre) desse ano, só que real e mais cruel. Mas a alma do filme e que nos faz aguenta-lo até o fim é Chiwetel Ejilfor, mostrando finalmente seu enorme talento ao mundo com uma das melhores performances de 2013.
O filme vem recebendo uma critica negativa é a que não dão uma noção do tempo passado na vida de Solomon e estraga completamente o título. Mcqueen faz isso de propósito. Nós estamos tão investidos na dor diária de Solomon que nem ele vê o tempo passando, e assim muito menos nós. A cena final quando Solomon vê seus filhos adultos, ele está tão assustado e surpreso quanto nós. Ele viu o tempo de sofrimento que passou e não viu seus filhos crescerem e perdeu a chance de cria-los. Solomon não chora por emoção e muito menos nós, as lágrimas são de dor profunda. Não é um final feliz, é um final humano.
Aterrorizante, mas ao mesmo tempo sublime. Mcqueen nos dá um retrato violento e vícero da escravidão, que não se reflete somente na Americana, mas ela em geral. E que nos faz refletir sobre seus atos em diversos momentos. Não é um filme fácil assisitir, mas no final se torna em uma experiencia tenebrosa e inesquecível, que irá arrancar nossas lágrimas do coração de uma forma ou de outra. A Obra-prima de 2013. O Oscar de melhor filme não foi e vão para casa. Mcqueen não só nos deu o seu melhor filme até agora, mas também uma obra de arte que marcou e será lembrada!
Godzilla
3.1 2,1K Assista AgoraQuem nunca foi fã do rei dos monstros desde pequeno? Um dinossauro metade dragão e metade jacaré que destrói cidades e luta outros monstros gigantes foi um astro desde sua criação com o clássico japonês "Gojira" de 1954 e depois as diversas adaptações para a televisão que se seguiram. Incluindo o horrendo "Godzilla" de Roland Emerich em 1999 manchando de forma vergonhosa o legado do rei. Mas agora, em 2014, Gojira voltou a sua glória!!! O filme infelizmente vem sendo criticado de forma arrogante com afirmações de ser desapontante e o caramba. Acho que alguns esperavam um "Círculo de Fogo 2" focado só nos monstros destruindo cidades. Mas não, diretor Gareth Edwards opta por focar no drama das personagens humanas e deixar Godzilla como a máquina de destruição em massa, mas acreditem, funcionou!
O clássico "Gojira" de 1954 é conhecido por ter uma carga dramática séria em sua história e em volta do Rei dos monstros, e ao mesmo tempo criticava de forma inteligente os casos da bomba nuclear e seus loucos testes que apenas iriam trazer caos e destruição. Gareth respeita tudo isso e o legado que Godzilla trouxe ao mundo. Ele explora isso de maneira inteligente e simples no roteiro de Max Borenstein, entregando um sólido drama humano que desenvolve bem suas várias personagens (principalmente a de Joe - Bryan Cranston, PERFEITO) e trata os seus monstros de forma real adaptando-os de forma real no nosso mundo moderno, se aproveitando dos casos de testes nucleares com Gojira, e com o caso dos terremotos recentes no Japão no caso do monstro MUTO. Tudo isso é de mexer com nossas cabeças se prestarmos a devida atenção!
A narrativa segue tão bem fluida no início com a história de Joe e sua investigação bem misteriosa em volta de estranhos eventos da natureza em volta do mundo, buscando a causa da morte de sua esposa (Binoche, infelizmente mal aproveitada). Os diálogos até ai são realistas e inteligentes, e a performance de Cranston nos conquista totalmente. Mas aí o brilho começa a se perder quando o filme entra no cliché do soldado errante com Ford (Aaron Taylor-Jonhson) ajudando os cientistas do bem e os militares enfrentarem a ameaça mundial. Mas ainda bem que não chega a ser exagerado, afinal o show do filme é o protagonista que tem o seu nome estampado no título.
E sim, Gojira QUASE fica como personagem secundária em seu próprio filme devido à muito mais explicação em volta de MUTO e a história de Ford. Mas é aí que está. A um ponto do filme do filme, o cientista Ichiro (Ken Watanabe, ótimo) diz que Gojira é um ser inexplicável, o seu propósito, suas origens, quase um deus em meio da natureza. Denota de forma inteligente a arrogância do homem em tentar controlar a natureza. Gojira é um animal. Uma força antiga que simplesmente age pelos seus instintos e traz o equilíbrio para a natureza. Edwards aproveita isso e cria um ambiente de filme apocalíptico, desde terremotos e tsunamis que aparecem ao longo da história, mas tudo isso é o grande monstro se aproximando.
Gojira é um animal. Uma força antiga que simplesmente age pelos seus instintos e traz o equilíbrio para a natureza. A emancipação criada ao longo do filme é TENSA. Edwards parece homenagear filmes como "Tubarão" e "Jurassic Park" que inicialmente apenas mostram pequenas partes do monstro elevando o mistério e nossa imensa vontade de ver-los cair matando. E acreditem, cada segundo de espera vale a pena.
O protagonista recebe MUITO bem suas duas facetas. A de destruidor em massa e o de "herói" da humanidade. Cada uma de suas cenas respeitam seu legado esmaga em pedacinhos a merda cuspida que foi o filme de Roland Emerich, que por acaso tem um ponto de sua trama homenageada aqui (mas dez vezes melhor claro). As lutas de deus monstro contra deus monstro são MARAVILHOSAS. Prédios caem em ruínas e humanos são soterrados e pisoteados. A direção de Gareth brilha com ângulos fabulosos nestas cenas e em todas as de drama no filme. E os efeitos visuais mais uma vez são de deixar nós enterrados em nossos assentos com tamanha perfeição. A cena dos paraquedistas saltando sobre Gojira é a perfeita prova disso (e um manjar para os olhos e corações)
O filme não é perfeito e tem sim seus momentos meia-boca com algumas de suas personagens e motivações. Mas Gareth Evans respeita o legado do rei dos monstros e traz ele de volta ao nosso mundo com louvor. História dramática inteligente, seguida de um bom elenco e efeitos técnicos que me deixaram babando. E quando Gojira solta seu rugido pela primeira vez, nossos corações tremem e sabemos: ele está de volta!
X-Men: Dias de um Futuro Esquecido
4.0 3,7K Assista AgoraLogo quando foi anunciado em 2012, esse novo filme da franquia X-Men vem chamado atenção e antecipação dos fãs dos quadrinhos e dos próprios filmes. Ainda por cima com a volta de Bryan Singer na direção e o retorno do elenco da trilogia e junta-lo com o de "X-Men Primeira Classe" (o melhor filme da franquia) e a contribuição de seu diretor Matthew Vaughn no roteiro. E agora eu digo, os trailers e as altas críticas que o filme veio recebendo não foram à toa. Pois aqui recebemos, talvez, o filme mais forte que a franquia já teve até hoje.
Alguns ficaram pessimistas tendo em conta que desde a saída de Bryan Singer após o segundo e ótimo filme que foi "X-Men 2,ambos o diretor e a franquia descarrilharam bastante. Vindo assim o bagunçado "X-Men 3" e o horrendo "X-Men Origens: Wolverine". E com Singer filmes como "Superman O Retorno e "Operação Valquiria" (filmes bons...mas não tão bons). E agora com "X-Men Dias de um Futuro esquecido" é bem justo afirmar que Singer e a franquia tem uma conexão imbatível. Mas sua missão aqui era: consertar os erros dos filmes fracos da franquia; fazer uma continuação para ambos X-Men 3 e X-Men Primeira Classe"; e recolocar o nome da franquia no mapa de novo. Impossível? Aparentemente não. Singer, Vaughn e o roteirista Simon Kinberg tomam conta de tudo com uma verdadeira mestria.
A idéia de Singer em "adaptar" o quadrinho "Dias de um Futuro esquecido" dos X-Men para os filmes foi brilhante. Podendo fazer continuações dignas para ambos X-Men 3 e X-Men Primeira Class, e ainda colocar uma ponte entre ambas partindo do contraponto de viagens no tempo que o quadrinho contém, mesmo tendo que sacrificar a lealdade ao material, mas NADA se perde. Singer, Vaughn e Simon conseguem criar uma narrativa fortíssima na história do filme. Conseguindo interagir de forma ágil e inteligente com ambos elencos gigantes e ainda um trabalho sólido com personagens novas, e manter um mínimo de lealdade aos quadrinhos.
É tão bom poder ver novamente os ótimos laços emocionais entre as personagens numa narrativa rápida que nunca se perde e sim progride fortemente a cada minuto que passa. Conseguindo ser o melhor roteiro que a franquia já teve. Já que contém os melhores diálogos, um forte lado humorado e um belíssimo lado dramático. Singer nos primeiros filmes conseguiu transpor realidade para a história e refletia temas sérios como o preconceito e exclusão social de pessoas e raças, e até pequenos conflitos de jovens com a família. E aqui Singer ainda consegue transpor a nossa história dentro desse mundo, uma imensa falta de aliança e esperança de nosso futuro.
E para as pessoas que sempre reclamaram que o foco no Wolverine/Logan (Hugh Jackman) era exagerado (que em minha opinião não era) não se preocupem. A narrativa encontra um PERFEITO equilíbrio entre sua personagem e todas as outras. Cada uma com seu momento certo na história. Os jovens Xavier (James Mcvoy), Magneto (Michael Fassbender) e Raven/Mística (Jennifer Lawrence) recebem um tratamento de luxo com performances perfeitas de seus atores, conquistando nossos sentimentos totalmente. Assim como os anciões Patrick Stewart e Ian McKellen nas versões mais velhas, o próprio Hugh Jackman (como sempre); o ótimo antagonista de Peter Dinklage com um tratamento de um verdadeiro ator de calibre) e Evan Peters como Mercúrio rouba TOTALMENTE a cena, incluindo uma das melhores cenas de ação do filme.
E já que mencionei, são totalmente sensacionais. Singer eleva tudo o que tinha de ação nos primeiros filmes e coloca tudo no bolso. Prova mais uma vez ter uma ótima mão e olhar para equilibrar o drama com ótimos ângulos de foque nos diálogos e depois ângulos ágeis e grandiosas nas cenas de ação. Que com os PERFEITOS efeitos visuais dão uma incrível atenção aos detalhes minuciosos aos poderes das personagens e o cenário.
"X-Men Dias de um Futuro esquecido" é, em outras palavras, o retorno épico e grandioso dos X-Men ao cinema. Singer com um passe de mágica concerta TODOS os problemas da franquia e dão um final mais do que satisfatório a história (antecipando ainda para "X-Men Apocalipse" em 2016) deixando os fãs dos quadrinhos e da franquia satisfeitos. E faz isso com agilidade e estilo com ótima direção que dá aventura e excelentes cenas de ação, e perfeitas performances de um elenco luxuoso que tem suas personagens tratadas com fidelidade e respeito emocionante. E nos dão uma verdadeira esperança de um Futuro melhor para a franquia. E ensinam de forma inspiradora sobre como a esperança pode nos ajudar a evoluir nossas forças e sentimentos, e conseguir mudar nosso futuro.
É cedo para dizer mas dane-se. Top 5, um dos melhores filmes de Super-heróis já feitos e o melhor do ano até agora.