É incrível... ...porque é humana. PLEASE LIKE ME tem uma doçura, uma candura que só vendo. Um olhar muito atento sobre as feridas de relacionamentos, sobre encontros e desencontros, sobre partidas. São temas pesados, como a doença mental, a dependência, a vergonha, a depressão, mas há qualquer coisa de muito cotidiana em tudo que é vivido - talvez porque não haja aqui a pretensão de ser maior do que se é. "O meu delírio é com coisas reais". Uma série humilde, simples, lúcida e engraçada na melhor medida... Depois de um certo tempo, a gente percebe "de quem" a série está, de fato, falando, e quem realmente precisa de ajuda. "Por favor, gostem de mim", é como se ela mesma dissesse... Impressionante... E as separações, a passagem do tempo, o amadurecimento, tudo é abordado aqui aos poucos, com mãos delicadas, passando com gosto no tempo bom, mas não esquecendo de mostrar o aspecto mais triste do tempo ruim. Tudo é um processo, só se vive um dia de cada vez e, do amanhã, ninguém jamais saberá. Resta-nos decidir viver o tempo que nos foi concedido neste mundo da maneira mais humana possível, buscando a comunhão, a partilha e a fraternidade acima de quaisquer tempestades. A cena final é de partir o coração, mas é, também, a única possível. "O tempo passa, pequena. Usa isso pra te consolar". E ressoará, pelos corações de todos por todo o tempo, a presença daquela que não seria esquecida jamais. Se há uma lição a tirar da série, ei-la: que sempre tenhamos em nosso coração a nossa família e os nossos amigos. São eles, no final, que fazem de nós quem somos. Lindo demais.
Se na segunda temporada havia a sensação de que o ritmo foi encontrado para a narrativa, aqui há a confirmação de que toda a química da série funciona, e ela tem fôlego para entreter por mais uma temporada inteira. Esta aqui, especificamente, parece que melhora a cada episódio: trata-se de um material profundamente humano, e muito bem-humorado, sobre uma série de questões pesadas, como o suicídio, a depressão e a morte em si. Creio que o ponto alto do trabalho é este: a temporada seguinte peca por alguns elementos, mas até aqui, super vale a conferida!
Numa boa, achei esta temporada bem mais agradável que a primeira. Tanto pelos elementos de direção quanto pelo roteiro, que foge dos próprios clichês e tem fôlego para caminhar uma longa jornada. Aqui, dá pra entender bem melhor "qual é" a do Josh, e instaura-se um verdadeiro regime de piadas "involuntárias", frutos do constrangimento dos personagens com suas relações entre si. PLEASE LIKE ME é uma série muito fácil de ver, sem mistério algum, mas que tem um humor fino, moderno, gostoso de pescar. Cheio de ironia, o Josh é um cara detestável, preguiçoso, desrespeitoso com os outros, mas que, por alguma razão, acaba ganhando a simpatia de todo mundo. No começo, eu mesmo não entendia por que esse cara tem amigos, mas acabei esta temporada querendo ser um deles! Enfim, tá valendo mais a pena assistir agora. Vou até o final para ver no que dá. Muito legal!
Comecei assistindo despretensiosamente, por indicação de uma amiga, e nos primeiros episódios achei que não ia dar em nada. O protagonista, Josh, não tinha muito carisma e parecia ser só um chato que queria incomodar os outros. O tempo passa, a gente percebe os personagens de outra maneira, e vê que o buraco é mais embaixo: Josh tem algumas dificuldades sociais e quebras de decoro coletivo em vários momentos, o que causa as tais "piadas involuntárias" até o fim da temporada. Me lembrou muito um "The Office" mais leve, e mais focado nas descobertas da juventude, em seus problemas, questionamentos e verdades. Atualmente tô na segunda temporada, curtindo mais que a primeira, e pretendo seguir. A quantidade de episódios e sua duração auxilia a continuar vendo, uma vez que é tudo curtinho, simples e efetivo. Essa temporada é maneirinha, mas curta demais para conseguir falar. Mesmo assim, vale uma olhada desatenta. Bonito!
Algo nisto aqui me incomodou muito. Não sei se eu já tinha pescado a trama, ou depositei expectativas nela baseado na (incrível) primeira temporada. O fato é que essa segunda temporada de HTGAWM foi, pra mim, bastante enfadonha. Calma, eu explico: a trama principal, de Caleb e Catherine, acusados de matar os próprios pais, não é interessante ao ponto de prender alguém na cadeira. A protagonista, interpretada por Viola Davis, dá um show em tudo que faz, mas, novamente, somente ela o faz. A quantidade de reviravoltas que parecem forçadas e casais que se formam e não têm química é gritante. Quando você vê, estamos chegando ao final de uma temporada vendo todo mundo esquecer quem era Rebecca Sutter, e todo mundo se pegando em todo canto, vários casos sem grandes ganchos e alguns furos no roteiro que não têm perdão (especialmente sobre o misterioso e real assassino dos pais). Como disse sobre a outra temporada, não sou muito de assistir a séries, porque acho uma grande sacanagem tomar 12 horas da vida de alguém para ficar rodando em círculos com os personagens, os problemas e os desenvolvimentos. Depois de um tempo, cansa ficar esperando algo acontecer na tela, porque toda a ação parece simulada afim de parecer um movimento real. Chega ao ponto de saturação que nem os cliffhangings chamam mais a atenção, você só espera que acabe logo para saber qual o fim daquele caso principal. E, qual a surpresa!, uma última guinada forçada na tentativa de igualar ao fim da primeira. E sem sucesso. Não sei se assistirei a mais 12 horas disso. Complicado.
Embora eu não seja aficionado por séries, rendi-me nos últimos dias a assistir a "How to Get Away With Murder" e olha só! Não achei ruim. A galera da "cultura letrada do Cinema" acaba tendo preconceito ou indo destilar ódio numas paradas meio bobas, sabe? Pessoal, isso é só uma besteira do Netflix, nada mais. Enfim, eis o que achei de HTGAWM. Primeiramente, Viola Davis. Ela é a única atriz aqui que realmente dá um show, até porque quase nada é exigido dos mais novos, e entre os mais velhos ninguém se destaca. As atuações medianas são compensadas por uma ágil edição, mas o uso constante de flashbacks acaba se tornando enfadonho depois de vinte vezes. A ausência de uma trilha sonora impactante intriga, porque é uma série de orçamento gordo sem uma "música", um "tema", mas segue o baile. O problema maior é a encheção de linguiça. Sim, todo mundo quer saber quem matou Lila, mas a quantidade de voltas que a série dá para chegar a uma resposta a torna longa demais. Os episódios são bem feitos em todos os aspectos, mas são muitos e sem necessidade. Um momento foi crítico: quando a cunhada de Annalise aparece, lá pelo 13º episódio, já não dá pra ficar passivo diante de tanta reviravolta. Eu sei, o objetivo é te fazer acompanhar tudo, preso no sofá vendo um atrás do outro, mas eu não sou fã desse tipo de dedicação. Não curto séries justamente porque costumam exigir tempo demais, e quanto mais a gente acompanha, mais tem que acompanhar - isso sem contar quando temporadas inteiras de 20 episódios caem na mesmisse mas temos que levar assim mesmo, porque já estamos vendo de qualquer maneira... Então não vale a pena, para mim, assistir a uma parada que se estende para mais de 15 horas, 20 horas, ainda mais quando sinto que tá enchendo linguiça. Lógico que já assisti a algumas, e mesmo dessa eu gostei, mas não é algo que pretendo tornar um hábito. Tem suas qualidades e instiga satisfatoriamente. Para quem curte a linguagem, é um prato cheio. O final sobre o assassinato é, de fato, de cair o queixo, mas se não é a tua praia assistir a uma série, caia fora enquanto há tempo, rs. E tenho dito.
"Annalise: And what about your own ethics? You know for a fact that your client is guilty, they've told you as much. And yet you have to stand in front of that jury everyday and lie to their faces."
E os sinos tocam. É difícil falar disso aqui. Mesmo que tenha sido um grande vício na minha vida, não posso pensar em "Desventuras em Série" apenas como o que está escrito nos livros ou o que eu esperava ver. De verdade, eu não me importo se o Conde Olaf do Jim Carrey foi melhor que o do Neil Patrick, nem se o cenário foi colorido demais, ou algumas cenas fantasiosas demais. Gente, isso é bobagem. V.F.D., o açucareiro e todos os outros grandes mistérios exigem muito mais que seis horas e meia de episódios para serem contemplados. Mesmo com 13 livros, 3 apócrifos e várias traduções esquecidas pela editoria brasileira, até hoje os segredos que envolvem o incêndio Baudelaire estão em aberto - e que bom que estão. É isso que fará a série durar para além de seu tempo, ser atemporal por excelência. Daqui a 20 anos alguém vai pegar o "Mau Começo" para ler e investigará da mesma maneira que eu, anos atrás. Vocês ficam se batendo para falar quem atuou melhor, quando, no fundo, o que importa é o espectador, a pessoa média que não leu, que não conhece Kit Snicket, Gustav Sebald ou qualquer outro personagem. Quem pegou Desventuras em Série para ver NO SECO, entende? O que rolou aqui foi uma série muito mais para quem já conhecia a história, com as várias citações de livros como "Inferno no Colégio Interno", "O Elevador Ersatz" e mesmo "O Fim". Citam-se o açucareiro, várias aliterações de V.F.D., e até o arpão (!!!!). Fiquei feliz de reconhecer as referências, mas minha preocupação ficou em quem não leu. Toda aquela fome por respostas, emulada na série como nos livros, é real, é vívida, é linda, e pode (ou não) ter despertado a curiosidade do espectador médio. É sabido que os livros não são assim. Que o Conde Olaf não é assim, que o clima pesado de Snicket não é assim, e por aí vai, mas... E daí? Talvez isso não seja tão ruim quanto parece. Acho que a série e o filme concorrem pro mesmo lugar: apresentar a história dos órfãos (?) Baudelaire para o grande público, a fim de que passem a ler os livros e descubram este universo maravilhoso. Adaptar a tragédia dos Baudelaire para qualquer um poder assistir em casa, mantendo a coerência da narrativa, mas fugindo um pouco quando necessário, para agradar também aqueles que já são familiarizados com a saga. Para mim, este objetivo foi alcançado com sucesso: a quantidade de amigos que agora querem saber do paradeiro de Violet, Klaus e Sunny triplicou de um mês pro outro - e que seja assim mais vezes! Desta maneira, poderemos encontrar novos Voluntários Firmemente Dispostos para Combater os Segredos da Corporação. Todo o apoio à popularização deste tesouro. E vida longa ao gênio Daniel Handler! Aqui o mundo é sereno.
"Capítulo 14: Para Beatrice; nós somos como barcos navegando pela noite. Especialmente você."
Não vou falar dos méritos técnicos ou sonoplásticos disso aqui porque quem não viu precisa, de fato, ser avisado antes de investir seu tempo: não há um final. A série se encaminha para o término sem resolver seus motivos básicos, e acaba não se sustentando sozinha. O problema foi o anti-clímax. THE RETURNED tinha tudo para ter, sei lá, alienígenas, monstros de outra dimensão, fantasmas, enfim, alguma coisa para dar conta de seus próprios mistérios, mas a ausência de um clímax, e de respostas para tantas perguntas desde o primeiro capítulo, realmente nos deixa num lugar muito desconfortável. Vim hoje desaconselhar esta série a quem interessar possa. Não escrevo isso porque estou desacostumado com a falta de respostas. É bom guardar um espaço de mistério (isso vem de um fã do David Lynch, tá?), mas o que foi feito aqui é um desserviço ao público, aos espectadores que acompanharam com tanto esmero os caminhos das personagens. Não se pode deixar tanta coisa simplesmente em branco. Aquela cena final, que não tinha nada para ser uma cena final, realmente me deixou boquiaberto. Não é possível que todos tenham visto isso e nem questionaram. O que aconteceu com a represa? Porque os cervos se suicidavam? POR QUE AS PESSOAS RESSURGIRAM? Não quero passar spoilers nem nada, mas se você compreende que não irá receber conclusões mínimas sobre a série (e ela própria não tem embasamentos filosóficos, ou reflexões interessantes o suficiente para manter diálogos com quem procura aprendizado), é bom que você passe longe de THE RETURNED. Vários furos no roteiro, personagens que se conhecem mas não se conhecem, personagens que retornam velhos para o presente, quando morreram novos, em suma, a série legisla contra a sua própria lógica e isso deveria ser um crime artístico em algum lugar. Se você procura algo minimamente resoluto, não recomendo que assista a THE RETURNED. Se acha uma boa ideia mesmo sem essas resoluções, vá em frente. Eu desaconselho. Achei de péssimo gosto.
Acabou tornando-se um sucesso comercial no mainstream (apesar de não passar no Netflix, e poucos canais terem permissão para transmití-la). GAME OF THRONES certamente tem sido a série dos últimos anos, tamanho foi seu domínio de mentes e corações ao redor do mundo. Uma trama longa, complexa, ambientada numa quase Idade Média bem cabresta. Essa primeira temporada sedimenta bem cada personagem de cada família, constrói e destrói pontes firmemente, e traz algumas mortes inesperadas. É estranho, porque justamente quando cê pensa que tal personagem será um dos fios condutores da trama, ele morre. Essa característica, de inesperados assassinatos ao longo de seu curso, é definitivamente um dos pontos altos da série. GOT também não peca por imersões muito pesadas ou excesso de efeitos especiais. Tudo aqui está em seu devido lugar. A única coisa que me incomodou mesmo foi a quantidade de personagens, ações políticas, movimentos de peões e tudo mais. É difícil acompanhar de primeira esta série, sem ninguém perto para dar dicas ou lembrar quem é quem. Você acaba se vendo necessitado de anotar ou colocar os rostos no computador para lembrar de que rei, de qual vassalo, de que reino se fala. Sei que provavelmente muitos destes recursos serão reutilizados lá na frente, nas temporadas posteriores, mas como uma primeira experiência, chega a ser um pouco estonteante lembrar de tantos sobrenomes. Mesmo assim, vale uma olhada demorada. Ademais, é uma série muito bem escrita. Um bom passatempo para as férias.
"Melisandre: The night is dark and full of terrors."
Cês adoram meter o pau no que é produzido aqui, né? Fala sério. Ficar comparando com Game of Thrones, Stranger Things e outras séries produzidas por A&E, HBO, SONY e outros é falsa simetria. Netflix é recente, o orçamento é BRASILEIRO, a produção é em REAL, o nosso pranto é em PORTUGUÊS. Dá vergonha alheia ver vocês falando que nos EUA eles dão de dez a zero na gente quando cês não leem a metáfora que o Processo simboliza pro nosso povo. Existe um motivo para tudo se passar na Amazônia. Um motivo para essa briga Causa (esquerda) x Processo (direita), para o próprio Processo existir, para o cerceamento dos pensamentos afetivos, para a necessidade de separar quem vence por "mérito" e quem merece morrer na miséria... Essa série traz de volta o debate da meritocracia, na máxima do Ezequiel "você é o criador do próprio mérito". Até que ponto os moradores do Maralto de fato são merecedores das regalias que recebem? Tudo o que acontece em 3% é uma versão distópica (apesar de suas falhas) da experiência de sobrevivência do nosso povo, e só por isso a série já ganha muitos pontos pra mim. "Mas a atuação é uma porcaria", concordo que não foi o ponto alto, mas em nenhum momento a má atuação prejudicou a mensagem da série; dá pra entender as intenções perfeitamente, apesar dessa limitação. "Mas os efeitos especiais são toscos", porque nivelar série por efeito especial é um puta serviço à arte audiovisual mesmo. "Eu não gostei porque é brasileiro", é, aí realmente eu não posso entrar. Esse tipo de pensamento não tem cura imediata. Os esforços para a produção deste sci-fi (um êxito de sci-fi para o nosso padrão) foram fora da curva, e ignorar um trabalho feito com tanto esmero porque ele é natural do teu país, feito por pessoas que falam a tua língua, que carregam parte da sua experiência enquanto ser humano, ah, rapaz... Quando tu perceber a merda que tu tá fazendo tu vai enxergar de onde 'cê veio. Sim, a linguagem foi americanizada, de certa maneira, mas preservou-se uma essência brasileira numa parte não-verbal, isso é fato. Ecoam pelos episódios disso aqui os gritos de todas as vítimas da tal "meritocracia", que por séculos garantiu vagas aos que podem pagar por elas, e até hoje cerceiam o ingresso daqueles que não têm esse dinheiro em mãos. É o ciclo vicioso que mantém uma população miserável sustentando um seleto grupo de ricos, que chegaram lá "porque correram atrás de seus sonhos". Não acredite em qualquer merda que lhe dizem a respeito de seus sonhos. O espaço é público e sempre será. Todo mundo pode entrar. E que se foda o Processo! Incrível. Veria de novo fácil.
"Ezequiel: A partir de hoje, eu não vou poder mais te ver, tá bem? Você vai ter que aprender a se virar sozinho."
Ca. ra. lho. Desnecessário dizer que é uma série absurda de foda. Quero aqui comentar só o que me incomodou, acho mais interessante do que repetir o que é senso comum - Twin Peaks é demais pro ser humano em geral. Algumas coisas a considerar: a série foi passando de mão em mão entre treze diretores diferentes, então é óbvio que, se não a estética, a dinâmica e a interação entre os atores oscilaria bastante durante os 22 episódios que a compõem. Aliás, cada episódio, praticamente, tinha uma dupla de roteiristas diferentes. Era perceptível a diferença entre os dirigidos e escritos por David Lynch e os que tinham a mão de outros. A maioria não tem grandes filmes ou trabalhos minimamente memoráveis, aliás. E o que me parece difícil para tanta gente entender é que a “revelação prematura” do assassino de Laura Palmer (um dos maiores arrependimentos da carreira do diretor) não foi culpa dele. O estúdio, a CBS, os grandes meios através dos quais a série era exibida o forçaram a revelar o grande segredo antes que houvesse uma queda brusca de audiência – e mesmo que nunca tivesse sido o ímpeto de Lynch e Mark Frost, o segundo autor do texto original, eles expuseram o assassino e aconteceu exatamente isso: a série despencou. Então o que vemos, sem o contexto em que tudo aconteceu, é o seguinte – a série entra com o mesmo ritmo da sua primeira temporada (dinâmico, meio alucinante e onírico, surreal no tom certo) mas só até a revelação do assassino. Depois disso, o surrealismo é deixado bastante de lado, quase não há simbolismo, recursos intra-textuais, e tudo fica muito no mecânico – a série decai um pouco, e o legado de Laura Palmer é deglutido pelas tramas secundárias e paralelas, que enchiam os primeiros episódios de Twin Peaks, mas que agora precisam ser resolvidas. Muitos personagens têm seus destinos feitos, mas muitos também simplesmente deixam de aparecer, que é o caso
como o Mike com a Nadine, ou a fuga de James e seu encontro com Evellyn, como o caso entre o prefeito da cidade e a moça, ou o fato de Ben, Nadine e Leo Johnson perderem a cabeça durante a série, criando intrigas novas que talvez não fossem exatamente necessárias ou tão intrigantes quanto o assassinato de Laura Palmer.
Claro que este aspecto, por si só, não compromete a série num todo. O desenvolvimento de cada história em separado, pós-descoberta do culpado, é também interessante e conduzido de forma moderadamente boa. O troca-troca de produção, roteiro e direção ao longo dos episódios vai criando espaços e pedaços sem conclusão, mas, pessoalmente, AMEI como acabou: exatamente como eu não esperava. Destaque para os conflitos:
sobre quem era o pai do filho de Lucy, para a misteriosa morte de Jo, nunca resolvida na série, e para a recuperação de Leo Johnson.
E sobre este final... Olha, vocês que leem essas resenhas todas querem saber uma coisa, né? Se vale a pena, né? Se depois de dez, onze episódios, mais ou menos, até a descoberta de quem (de fato) matou Laura Palmer, vocês vão querer levar adiante por mais dez capítulos. Não sou autorizado a comentar sem spoilers (nem com spoilers conseguiria) o desfecho de Twin Peaks, que foi dirigido exclusivamente pelo David Lynch por obrigação e excelência. Mas eu só posso dizer que, bom, a maior parte do episódio final se passa numa sala de cortinas vermelhas, e é um absurdo atrás do outro, no que talvez seja a sequência de cenas mais surreal que o cara já dirigiu na carreira. E olha que eu já vi todos os filmes dele. O que acontece na ultima cena... Olha, vai deixar vocês embasbacados. Tá garantido. Assistam, confiram. Vale a espera até 2016.
“Through the darkness of future past The magician longs to see One chants out between two worlds Fire walk with me”
WOW. Vou falar um segredo; fiquei anotando as dicas de cada personagem e tentando encaixar as peças dessa primeira temporada que nem um babaca. O mistério, que parece simples, sobre o assassinato da rainha do baile de formatura, vai tomando proporções absurdas, envolvendo tramas paralelas, incêndios, assassinatos, figuras bizarras, pesadelos, e o melhor do surrealismo Lynchiano. Quem já é familiarizado com a sua forma de expressão vai curtir muito o simbolismo, mesmo que em pequenas doses, desta pequena obra prima. Os personagens são cativantes ao extremo, a condução do suspense vai ficando cada vez melhor e, quando a gente percebe, já se passaram quatro horas e a gente ainda está animadíssimo para saber quem, afinal, matou Laura Palmer. Viramos amigos de Dale Cooper e sua equipe, e torcemos com eles. Numa extensão, é como se essa produção fosse uma versão para a TV, mais estendida e complexa, do clássico "Veludo Azul" do diretor - uma cidade pequena, um mistério a ser solucionado e o veludo azul despindo lentamente as piores crueldades do ser humano. Puta série. Partiu segunda temporada!
"Deputy Tommy 'Hawk' Hill: One woman can make you fly like an eagle, another can give you the strength of a lion, but only one in the Cycle Of Life can fill your heart with wonder and the wisdom that you have known a singular joy."
Terceira temporada continua no mesmo nível das anteriores! "Awkward" é despretensiosa sem ser estúpida e consegue fazer rir e anestesiar com agilidade. Recomendável pra quem gosta de confusão e vários rolos de adolescente. Prato cheio mesmo. Divertida!
os japoneses são estereotipados como inteligentes, as loiras como "burras", os "diferentes" como singulares, distintos, e, para vários dos personagens (salvas algumas exceções), o que está por fora vale mais do que o que está por dentro; a aparência de Matt mais vale que todo o interior de Jake.
Tirando esse problema, acaba sendo um bom passatempo para quem quer acompanhar a história de amor (e sexo) confusa de uma adolescente bastante indecisa. É engraçadinho, e o que é mais interessante é que na vida real também é assim - cometemos equívocos como Jenna, brigamos como ela, tomamos atitudes sem cabimento como ela... E, às vezes, é bom tirar um pouco do peso do dia-a-dia com uma série dessas. Legal.
É uma série adolescente, né, a gente não pode pedir muito. Apesar dos clichês (alguns beirando o irritante), "Awkward." desenvolve uma história bem gostosa de se ver; e te divide bastante, na verdade todas as vezes que um desses carinhas (Jake ou Matty) pisa na bola. Senti que não era o público alvo para esse programa, mas mesmo assim levei muito na boa! Vi essa temporada uma tarde toda, sem parar, e olha que comecei vendo beeem despretensiosamente. Como os episódios são curtos (20, 21 minutos cada), e poucos (12), você nem sente o tempo passar. Acaba sendo uma boa diversão, apesar dos poucos clichês.
Poderosíssima continuação da regular primeira temporada de "American Horror Story" (digo regular porque realmente não achei muita coisa não, acho que esperei demais dela. todo o respeito a quem amou-a, ok?). Vi tudo num fim de semana só, seis capítulos no primeiro dia e sete no segundo. É muita reviravolta, muita surpresa, muito susto bom, muitas cenas memoráveis (
o batom "ravish me red", Kit e Grace mandando ver, a música da Jude, quando está enlouquecendo, a cena final...
) e uma direção ainda melhor que na primeira, talvez pela experiência que esta trouxe ao Bradley Bueker. Ainda nos pontos altos, gostei da falta de pudor, gostei da violência, gostei da crueza... Efeitos especiais incríveis, também. Se você comparar como está a irmã Jude no início do primeiro episódio com a irmã Jude dos últimos, e aliás comparar também a irmã Mary Eunice do primeiro com a dos últimos, caramba, você tem um contraste tão grande! Dois lados opostos de uma mesma moeda! É legal também que eles reaproveitaram boa parte dos atores da primeira temporada; ver por exemplo o Evan como Kit e como Tate é sensacional. O que me deixou cansado mesmo nessa aqui é a inicial monotonia - tudo acontece dentro do asilo, tem sempre o mesmo jogo de cores - marrom, cinza, preto e branco - e parece uma grande introdução para os últimos capítulos, que realmente fecham a coisa, dão fim a todos os conflitos. Depois, a música "Dominique", que toca tipo em quase todos os episódios e pelo menos três vezes, que marca, mas enche o saco demaaais! Em terceiro,
Para uma produção brasileira, especialmente num tempo em que tudo tem que ser comédia para "funcionar" na televisão e tudo tem que ter muita polêmica para aparecer, "A Menina Sem Qualidades" se destaca justamente por sua falta de uma comédia e de uma polêmica poderosas. A gente tem pela primeira vez na televisão brasileira uma série que tem diálogos inteligentes e eficientes, uma trilha sonora boa, uma trama intrigante e uma fotografia muito bem feita: Não se trata mais dos mesmos clichês que o Brasil vinha produzindo; isso aqui é uma ideia completamente nova e experimental, e é por isso que ela funciona magnificamente bem. Alguns diálogos são meio forçados, e há certos momentos em que músicas agitadas não precisavam dar a ideia de movimento (especialmente depois da morte de um dos personagens), mas são falhas a que quaisquer séries estão sujeitas. E gostei muito de como ela não ficou com a cara do "brasileiro do samba, do carnaval e do churrasco", finalmente escapamos de uma generalização que há tempos nos marcava. Muito embora essa classe média que escuta punk, lê Freud e é niilista no conceito mais íntimo da palavra não seja a maioria (e, sendo muito honesto, seja uma parcela muito pequena da nossa população), já é um ótimo avanço fugir dos clichês e surpreender com reflexões para as quais nós, brasileiros, nunca estivemos realmente preparados para ver na televisão. Ótima iniciativa da MTV, bom roteiro e boas interpretações. Não senti que pecou muito em nenhum sentido, talvez faltasse um movimento no clima meio "down" da história, na reflexão eterna sobre a existência e tudo mais, mas ainda assim foi um ótimo começo para uma ideia original. Parabéns MTV e todos os que trabalharam nessa série, valeu bastante a pena.
Série muito inteligente; só acho que faltou um fundo, uma trama que fique se desenrolando DURANTE os episódios... Sabemos muito pouco do Dr. Lightman e de seu grupo durante os treze episódios... Mas gostei bastante! Certeza que verei as outras temporadas...
Please Like Me (4ª Temporada)
4.4 210É incrível...
...porque é humana.
PLEASE LIKE ME tem uma doçura, uma candura que só vendo. Um olhar muito atento sobre as feridas de relacionamentos, sobre encontros e desencontros, sobre partidas. São temas pesados, como a doença mental, a dependência, a vergonha, a depressão, mas há qualquer coisa de muito cotidiana em tudo que é vivido - talvez porque não haja aqui a pretensão de ser maior do que se é. "O meu delírio é com coisas reais".
Uma série humilde, simples, lúcida e engraçada na melhor medida... Depois de um certo tempo, a gente percebe "de quem" a série está, de fato, falando, e quem realmente precisa de ajuda. "Por favor, gostem de mim", é como se ela mesma dissesse... Impressionante...
E as separações, a passagem do tempo, o amadurecimento, tudo é abordado aqui aos poucos, com mãos delicadas, passando com gosto no tempo bom, mas não esquecendo de mostrar o aspecto mais triste do tempo ruim. Tudo é um processo, só se vive um dia de cada vez e, do amanhã, ninguém jamais saberá. Resta-nos decidir viver o tempo que nos foi concedido neste mundo da maneira mais humana possível, buscando a comunhão, a partilha e a fraternidade acima de quaisquer tempestades.
A cena final é de partir o coração, mas é, também, a única possível. "O tempo passa, pequena. Usa isso pra te consolar". E ressoará, pelos corações de todos por todo o tempo, a presença daquela que não seria esquecida jamais.
Se há uma lição a tirar da série, ei-la: que sempre tenhamos em nosso coração a nossa família e os nossos amigos. São eles, no final, que fazem de nós quem somos.
Lindo demais.
Please Like Me (3ª Temporada)
4.4 124Se na segunda temporada havia a sensação de que o ritmo foi encontrado para a narrativa, aqui há a confirmação de que toda a química da série funciona, e ela tem fôlego para entreter por mais uma temporada inteira. Esta aqui, especificamente, parece que melhora a cada episódio: trata-se de um material profundamente humano, e muito bem-humorado, sobre uma série de questões pesadas, como o suicídio, a depressão e a morte em si. Creio que o ponto alto do trabalho é este: a temporada seguinte peca por alguns elementos, mas até aqui, super vale a conferida!
Please Like Me (2ª Temporada)
4.3 136Numa boa, achei esta temporada bem mais agradável que a primeira. Tanto pelos elementos de direção quanto pelo roteiro, que foge dos próprios clichês e tem fôlego para caminhar uma longa jornada.
Aqui, dá pra entender bem melhor "qual é" a do Josh, e instaura-se um verdadeiro regime de piadas "involuntárias", frutos do constrangimento dos personagens com suas relações entre si. PLEASE LIKE ME é uma série muito fácil de ver, sem mistério algum, mas que tem um humor fino, moderno, gostoso de pescar. Cheio de ironia, o Josh é um cara detestável, preguiçoso, desrespeitoso com os outros, mas que, por alguma razão, acaba ganhando a simpatia de todo mundo. No começo, eu mesmo não entendia por que esse cara tem amigos, mas acabei esta temporada querendo ser um deles!
Enfim, tá valendo mais a pena assistir agora. Vou até o final para ver no que dá.
Muito legal!
YEAH, I'LL BE FIIIIIIIIIIIINE YEEEEEEEEAH!
Please Like Me (1ª Temporada)
4.2 209Comecei assistindo despretensiosamente, por indicação de uma amiga, e nos primeiros episódios achei que não ia dar em nada. O protagonista, Josh, não tinha muito carisma e parecia ser só um chato que queria incomodar os outros.
O tempo passa, a gente percebe os personagens de outra maneira, e vê que o buraco é mais embaixo: Josh tem algumas dificuldades sociais e quebras de decoro coletivo em vários momentos, o que causa as tais "piadas involuntárias" até o fim da temporada.
Me lembrou muito um "The Office" mais leve, e mais focado nas descobertas da juventude, em seus problemas, questionamentos e verdades. Atualmente tô na segunda temporada, curtindo mais que a primeira, e pretendo seguir. A quantidade de episódios e sua duração auxilia a continuar vendo, uma vez que é tudo curtinho, simples e efetivo.
Essa temporada é maneirinha, mas curta demais para conseguir falar.
Mesmo assim, vale uma olhada desatenta.
Bonito!
Como Defender um Assassino (2ª Temporada)
4.4 854 Assista AgoraAlgo nisto aqui me incomodou muito.
Não sei se eu já tinha pescado a trama, ou depositei expectativas nela baseado na (incrível) primeira temporada. O fato é que essa segunda temporada de HTGAWM foi, pra mim, bastante enfadonha.
Calma, eu explico: a trama principal, de Caleb e Catherine, acusados de matar os próprios pais, não é interessante ao ponto de prender alguém na cadeira. A protagonista, interpretada por Viola Davis, dá um show em tudo que faz, mas, novamente, somente ela o faz. A quantidade de reviravoltas que parecem forçadas e casais que se formam e não têm química é gritante. Quando você vê, estamos chegando ao final de uma temporada vendo todo mundo esquecer quem era Rebecca Sutter, e todo mundo se pegando em todo canto, vários casos sem grandes ganchos e alguns furos no roteiro que não têm perdão (especialmente sobre o misterioso e real assassino dos pais).
Como disse sobre a outra temporada, não sou muito de assistir a séries, porque acho uma grande sacanagem tomar 12 horas da vida de alguém para ficar rodando em círculos com os personagens, os problemas e os desenvolvimentos. Depois de um tempo, cansa ficar esperando algo acontecer na tela, porque toda a ação parece simulada afim de parecer um movimento real.
Chega ao ponto de saturação que nem os cliffhangings chamam mais a atenção, você só espera que acabe logo para saber qual o fim daquele caso principal. E, qual a surpresa!, uma última guinada forçada na tentativa de igualar ao fim da primeira.
E sem sucesso.
Não sei se assistirei a mais 12 horas disso.
Complicado.
Como Defender um Assassino (1ª Temporada)
4.5 1,3K Assista AgoraEmbora eu não seja aficionado por séries, rendi-me nos últimos dias a assistir a "How to Get Away With Murder" e olha só! Não achei ruim. A galera da "cultura letrada do Cinema" acaba tendo preconceito ou indo destilar ódio numas paradas meio bobas, sabe? Pessoal, isso é só uma besteira do Netflix, nada mais.
Enfim, eis o que achei de HTGAWM.
Primeiramente, Viola Davis. Ela é a única atriz aqui que realmente dá um show, até porque quase nada é exigido dos mais novos, e entre os mais velhos ninguém se destaca. As atuações medianas são compensadas por uma ágil edição, mas o uso constante de flashbacks acaba se tornando enfadonho depois de vinte vezes. A ausência de uma trilha sonora impactante intriga, porque é uma série de orçamento gordo sem uma "música", um "tema", mas segue o baile.
O problema maior é a encheção de linguiça. Sim, todo mundo quer saber quem matou Lila, mas a quantidade de voltas que a série dá para chegar a uma resposta a torna longa demais. Os episódios são bem feitos em todos os aspectos, mas são muitos e sem necessidade. Um momento foi crítico: quando a cunhada de Annalise aparece, lá pelo 13º episódio, já não dá pra ficar passivo diante de tanta reviravolta. Eu sei, o objetivo é te fazer acompanhar tudo, preso no sofá vendo um atrás do outro, mas eu não sou fã desse tipo de dedicação.
Não curto séries justamente porque costumam exigir tempo demais, e quanto mais a gente acompanha, mais tem que acompanhar - isso sem contar quando temporadas inteiras de 20 episódios caem na mesmisse mas temos que levar assim mesmo, porque já estamos vendo de qualquer maneira... Então não vale a pena, para mim, assistir a uma parada que se estende para mais de 15 horas, 20 horas, ainda mais quando sinto que tá enchendo linguiça. Lógico que já assisti a algumas, e mesmo dessa eu gostei, mas não é algo que pretendo tornar um hábito.
Tem suas qualidades e instiga satisfatoriamente. Para quem curte a linguagem, é um prato cheio. O final sobre o assassinato é, de fato, de cair o queixo, mas se não é a tua praia assistir a uma série, caia fora enquanto há tempo, rs.
E tenho dito.
"Annalise: And what about your own ethics? You know for a fact that your client is guilty, they've told you as much. And yet you have to stand in front of that jury everyday and lie to their faces."
Desventuras em Série (1ª Temporada)
3.9 600 Assista AgoraE os sinos tocam.
É difícil falar disso aqui. Mesmo que tenha sido um grande vício na minha vida, não posso pensar em "Desventuras em Série" apenas como o que está escrito nos livros ou o que eu esperava ver. De verdade, eu não me importo se o Conde Olaf do Jim Carrey foi melhor que o do Neil Patrick, nem se o cenário foi colorido demais, ou algumas cenas fantasiosas demais. Gente, isso é bobagem.
V.F.D., o açucareiro e todos os outros grandes mistérios exigem muito mais que seis horas e meia de episódios para serem contemplados. Mesmo com 13 livros, 3 apócrifos e várias traduções esquecidas pela editoria brasileira, até hoje os segredos que envolvem o incêndio Baudelaire estão em aberto - e que bom que estão. É isso que fará a série durar para além de seu tempo, ser atemporal por excelência. Daqui a 20 anos alguém vai pegar o "Mau Começo" para ler e investigará da mesma maneira que eu, anos atrás.
Vocês ficam se batendo para falar quem atuou melhor, quando, no fundo, o que importa é o espectador, a pessoa média que não leu, que não conhece Kit Snicket, Gustav Sebald ou qualquer outro personagem. Quem pegou Desventuras em Série para ver NO SECO, entende? O que rolou aqui foi uma série muito mais para quem já conhecia a história, com as várias citações de livros como "Inferno no Colégio Interno", "O Elevador Ersatz" e mesmo "O Fim". Citam-se o açucareiro, várias aliterações de V.F.D., e até o arpão (!!!!). Fiquei feliz de reconhecer as referências, mas minha preocupação ficou em quem não leu. Toda aquela fome por respostas, emulada na série como nos livros, é real, é vívida, é linda, e pode (ou não) ter despertado a curiosidade do espectador médio.
É sabido que os livros não são assim. Que o Conde Olaf não é assim, que o clima pesado de Snicket não é assim, e por aí vai, mas... E daí? Talvez isso não seja tão ruim quanto parece. Acho que a série e o filme concorrem pro mesmo lugar: apresentar a história dos órfãos (?) Baudelaire para o grande público, a fim de que passem a ler os livros e descubram este universo maravilhoso. Adaptar a tragédia dos Baudelaire para qualquer um poder assistir em casa, mantendo a coerência da narrativa, mas fugindo um pouco quando necessário, para agradar também aqueles que já são familiarizados com a saga. Para mim, este objetivo foi alcançado com sucesso: a quantidade de amigos que agora querem saber do paradeiro de Violet, Klaus e Sunny triplicou de um mês pro outro - e que seja assim mais vezes!
Desta maneira, poderemos encontrar novos Voluntários Firmemente Dispostos para Combater os Segredos da Corporação.
Todo o apoio à popularização deste tesouro. E vida longa ao gênio Daniel Handler!
Aqui o mundo é sereno.
"Capítulo 14: Para Beatrice; nós somos como barcos navegando pela noite.
Especialmente você."
The Returned (1ª Temporada)
3.6 232 Assista AgoraNão vou falar dos méritos técnicos ou sonoplásticos disso aqui porque quem não viu precisa, de fato, ser avisado antes de investir seu tempo: não há um final. A série se encaminha para o término sem resolver seus motivos básicos, e acaba não se sustentando sozinha.
O problema foi o anti-clímax. THE RETURNED tinha tudo para ter, sei lá, alienígenas, monstros de outra dimensão, fantasmas, enfim, alguma coisa para dar conta de seus próprios mistérios, mas a ausência de um clímax, e de respostas para tantas perguntas desde o primeiro capítulo, realmente nos deixa num lugar muito desconfortável.
Vim hoje desaconselhar esta série a quem interessar possa.
Não escrevo isso porque estou desacostumado com a falta de respostas. É bom guardar um espaço de mistério (isso vem de um fã do David Lynch, tá?), mas o que foi feito aqui é um desserviço ao público, aos espectadores que acompanharam com tanto esmero os caminhos das personagens. Não se pode deixar tanta coisa simplesmente em branco. Aquela cena final, que não tinha nada para ser uma cena final, realmente me deixou boquiaberto. Não é possível que todos tenham visto isso e nem questionaram. O que aconteceu com a represa? Porque os cervos se suicidavam? POR QUE AS PESSOAS RESSURGIRAM?
Não quero passar spoilers nem nada, mas se você compreende que não irá receber conclusões mínimas sobre a série (e ela própria não tem embasamentos filosóficos, ou reflexões interessantes o suficiente para manter diálogos com quem procura aprendizado), é bom que você passe longe de THE RETURNED. Vários furos no roteiro, personagens que se conhecem mas não se conhecem, personagens que retornam velhos para o presente, quando morreram novos, em suma, a série legisla contra a sua própria lógica e isso deveria ser um crime artístico em algum lugar.
Se você procura algo minimamente resoluto, não recomendo que assista a THE RETURNED. Se acha uma boa ideia mesmo sem essas resoluções, vá em frente.
Eu desaconselho.
Achei de péssimo gosto.
"Henry: You are the fairy."
Game of Thrones (1ª Temporada)
4.6 2,3K Assista AgoraAcabou tornando-se um sucesso comercial no mainstream (apesar de não passar no Netflix, e poucos canais terem permissão para transmití-la). GAME OF THRONES certamente tem sido a série dos últimos anos, tamanho foi seu domínio de mentes e corações ao redor do mundo. Uma trama longa, complexa, ambientada numa quase Idade Média bem cabresta.
Essa primeira temporada sedimenta bem cada personagem de cada família, constrói e destrói pontes firmemente, e traz algumas mortes inesperadas. É estranho, porque justamente quando cê pensa que tal personagem será um dos fios condutores da trama, ele morre. Essa característica, de inesperados assassinatos ao longo de seu curso, é definitivamente um dos pontos altos da série. GOT também não peca por imersões muito pesadas ou excesso de efeitos especiais. Tudo aqui está em seu devido lugar.
A única coisa que me incomodou mesmo foi a quantidade de personagens, ações políticas, movimentos de peões e tudo mais. É difícil acompanhar de primeira esta série, sem ninguém perto para dar dicas ou lembrar quem é quem. Você acaba se vendo necessitado de anotar ou colocar os rostos no computador para lembrar de que rei, de qual vassalo, de que reino se fala. Sei que provavelmente muitos destes recursos serão reutilizados lá na frente, nas temporadas posteriores, mas como uma primeira experiência, chega a ser um pouco estonteante lembrar de tantos sobrenomes.
Mesmo assim, vale uma olhada demorada.
Ademais, é uma série muito bem escrita.
Um bom passatempo para as férias.
"Melisandre: The night is dark and full of terrors."
3% (1ª Temporada)
3.6 772 Assista AgoraCês adoram meter o pau no que é produzido aqui, né?
Fala sério. Ficar comparando com Game of Thrones, Stranger Things e outras séries produzidas por A&E, HBO, SONY e outros é falsa simetria. Netflix é recente, o orçamento é BRASILEIRO, a produção é em REAL, o nosso pranto é em PORTUGUÊS. Dá vergonha alheia ver vocês falando que nos EUA eles dão de dez a zero na gente quando cês não leem a metáfora que o Processo simboliza pro nosso povo.
Existe um motivo para tudo se passar na Amazônia. Um motivo para essa briga Causa (esquerda) x Processo (direita), para o próprio Processo existir, para o cerceamento dos pensamentos afetivos, para a necessidade de separar quem vence por "mérito" e quem merece morrer na miséria...
Essa série traz de volta o debate da meritocracia, na máxima do Ezequiel "você é o criador do próprio mérito". Até que ponto os moradores do Maralto de fato são merecedores das regalias que recebem? Tudo o que acontece em 3% é uma versão distópica (apesar de suas falhas) da experiência de sobrevivência do nosso povo, e só por isso a série já ganha muitos pontos pra mim.
"Mas a atuação é uma porcaria", concordo que não foi o ponto alto, mas em nenhum momento a má atuação prejudicou a mensagem da série; dá pra entender as intenções perfeitamente, apesar dessa limitação. "Mas os efeitos especiais são toscos", porque nivelar série por efeito especial é um puta serviço à arte audiovisual mesmo.
"Eu não gostei porque é brasileiro", é, aí realmente eu não posso entrar. Esse tipo de pensamento não tem cura imediata. Os esforços para a produção deste sci-fi (um êxito de sci-fi para o nosso padrão) foram fora da curva, e ignorar um trabalho feito com tanto esmero porque ele é natural do teu país, feito por pessoas que falam a tua língua, que carregam parte da sua experiência enquanto ser humano, ah, rapaz... Quando tu perceber a merda que tu tá fazendo tu vai enxergar de onde 'cê veio.
Sim, a linguagem foi americanizada, de certa maneira, mas preservou-se uma essência brasileira numa parte não-verbal, isso é fato. Ecoam pelos episódios disso aqui os gritos de todas as vítimas da tal "meritocracia", que por séculos garantiu vagas aos que podem pagar por elas, e até hoje cerceiam o ingresso daqueles que não têm esse dinheiro em mãos.
É o ciclo vicioso que mantém uma população miserável sustentando um seleto grupo de ricos, que chegaram lá "porque correram atrás de seus sonhos".
Não acredite em qualquer merda que lhe dizem a respeito de seus sonhos.
O espaço é público e sempre será.
Todo mundo pode entrar.
E que se foda o Processo!
Incrível. Veria de novo fácil.
"Ezequiel: A partir de hoje, eu não vou poder mais te ver, tá bem? Você vai ter que aprender a se virar sozinho."
Twin Peaks (2ª Temporada)
4.2 299Ca. ra. lho.
Desnecessário dizer que é uma série absurda de foda. Quero aqui comentar só o que me incomodou, acho mais interessante do que repetir o que é senso comum - Twin Peaks é demais pro ser humano em geral.
Algumas coisas a considerar: a série foi passando de mão em mão entre treze diretores diferentes, então é óbvio que, se não a estética, a dinâmica e a interação entre os atores oscilaria bastante durante os 22 episódios que a compõem. Aliás, cada episódio, praticamente, tinha uma dupla de roteiristas diferentes. Era perceptível a diferença entre os dirigidos e escritos por David Lynch e os que tinham a mão de outros. A maioria não tem grandes filmes ou trabalhos minimamente memoráveis, aliás. E o que me parece difícil para tanta gente entender é que a “revelação prematura” do assassino de Laura Palmer (um dos maiores arrependimentos da carreira do diretor) não foi culpa dele. O estúdio, a CBS, os grandes meios através dos quais a série era exibida o forçaram a revelar o grande segredo antes que houvesse uma queda brusca de audiência – e mesmo que nunca tivesse sido o ímpeto de Lynch e Mark Frost, o segundo autor do texto original, eles expuseram o assassino e aconteceu exatamente isso: a série despencou.
Então o que vemos, sem o contexto em que tudo aconteceu, é o seguinte – a série entra com o mesmo ritmo da sua primeira temporada (dinâmico, meio alucinante e onírico, surreal no tom certo) mas só até a revelação do assassino. Depois disso, o surrealismo é deixado bastante de lado, quase não há simbolismo, recursos intra-textuais, e tudo fica muito no mecânico – a série decai um pouco, e o legado de Laura Palmer é deglutido pelas tramas secundárias e paralelas, que enchiam os primeiros episódios de Twin Peaks, mas que agora precisam ser resolvidas. Muitos personagens têm seus destinos feitos, mas muitos também simplesmente deixam de aparecer, que é o caso
do Dr. Jacoby, da Ronnete Pulaski, do Jerry Horne, da Sarah Palmer e da moça do tronco, por exemplo.
como o Mike com a Nadine, ou a fuga de James e seu encontro com Evellyn, como o caso entre o prefeito da cidade e a moça, ou o fato de Ben, Nadine e Leo Johnson perderem a cabeça durante a série, criando intrigas novas que talvez não fossem exatamente necessárias ou tão intrigantes quanto o assassinato de Laura Palmer.
Claro que este aspecto, por si só, não compromete a série num todo. O desenvolvimento de cada história em separado, pós-descoberta do culpado, é também interessante e conduzido de forma moderadamente boa. O troca-troca de produção, roteiro e direção ao longo dos episódios vai criando espaços e pedaços sem conclusão, mas, pessoalmente, AMEI como acabou: exatamente como eu não esperava. Destaque para os conflitos:
sobre quem era o pai do filho de Lucy, para a misteriosa morte de Jo, nunca resolvida na série, e para a recuperação de Leo Johnson.
E sobre este final...
Olha, vocês que leem essas resenhas todas querem saber uma coisa, né? Se vale a pena, né? Se depois de dez, onze episódios, mais ou menos, até a descoberta de quem (de fato) matou Laura Palmer, vocês vão querer levar adiante por mais dez capítulos. Não sou autorizado a comentar sem spoilers (nem com spoilers conseguiria) o desfecho de Twin Peaks, que foi dirigido exclusivamente pelo David Lynch por obrigação e excelência. Mas eu só posso dizer que, bom, a maior parte do episódio final se passa numa sala de cortinas vermelhas, e é um absurdo atrás do outro, no que talvez seja a sequência de cenas mais surreal que o cara já dirigiu na carreira.
E olha que eu já vi todos os filmes dele.
O que acontece na ultima cena... Olha, vai deixar vocês embasbacados.
Tá garantido.
Assistam, confiram.
Vale a espera até 2016.
“Through the darkness of future past
The magician longs to see
One chants out between two worlds
Fire walk with me”
Twin Peaks (1ª Temporada)
4.5 524WOW.
Vou falar um segredo; fiquei anotando as dicas de cada personagem e tentando encaixar as peças dessa primeira temporada que nem um babaca. O mistério, que parece simples, sobre o assassinato da rainha do baile de formatura, vai tomando proporções absurdas, envolvendo tramas paralelas, incêndios, assassinatos, figuras bizarras, pesadelos, e o melhor do surrealismo Lynchiano. Quem já é familiarizado com a sua forma de expressão vai curtir muito o simbolismo, mesmo que em pequenas doses, desta pequena obra prima.
Os personagens são cativantes ao extremo, a condução do suspense vai ficando cada vez melhor e, quando a gente percebe, já se passaram quatro horas e a gente ainda está animadíssimo para saber quem, afinal, matou Laura Palmer. Viramos amigos de Dale Cooper e sua equipe, e torcemos com eles.
Numa extensão, é como se essa produção fosse uma versão para a TV, mais estendida e complexa, do clássico "Veludo Azul" do diretor - uma cidade pequena, um mistério a ser solucionado e o veludo azul despindo lentamente as piores crueldades do ser humano.
Puta série. Partiu segunda temporada!
"Deputy Tommy 'Hawk' Hill: One woman can make you fly like an eagle, another can give you the strength of a lion, but only one in the Cycle Of Life can fill your heart with wonder and the wisdom that you have known a singular joy."
Awkward. (3ª Temporada)
4.0 216 Assista AgoraTerceira temporada continua no mesmo nível das anteriores! "Awkward" é despretensiosa sem ser estúpida e consegue fazer rir e anestesiar com agilidade. Recomendável pra quem gosta de confusão e vários rolos de adolescente. Prato cheio mesmo.
Divertida!
Awkward. (2ª Temporada)
4.1 185 Assista AgoraDivertido! Os estereótipos me incomodaram mais nessa temporada que na primeira:
os japoneses são estereotipados como inteligentes, as loiras como "burras", os "diferentes" como singulares, distintos, e, para vários dos personagens (salvas algumas exceções), o que está por fora vale mais do que o que está por dentro; a aparência de Matt mais vale que todo o interior de Jake.
Tirando esse problema, acaba sendo um bom passatempo para quem quer acompanhar a história de amor (e sexo) confusa de uma adolescente bastante indecisa. É engraçadinho, e o que é mais interessante é que na vida real também é assim - cometemos equívocos como Jenna, brigamos como ela, tomamos atitudes sem cabimento como ela...
E, às vezes, é bom tirar um pouco do peso do dia-a-dia com uma série dessas.
Legal.
Awkward. (1ª Temporada)
4.2 268 Assista AgoraÉ uma série adolescente, né, a gente não pode pedir muito. Apesar dos clichês (alguns beirando o irritante), "Awkward." desenvolve uma história bem gostosa de se ver; e te divide bastante, na verdade todas as vezes que um desses carinhas (Jake ou Matty) pisa na bola. Senti que não era o público alvo para esse programa, mas mesmo assim levei muito na boa! Vi essa temporada uma tarde toda, sem parar, e olha que comecei vendo beeem despretensiosamente. Como os episódios são curtos (20, 21 minutos cada), e poucos (12), você nem sente o tempo passar.
Acaba sendo uma boa diversão, apesar dos poucos clichês.
American Horror Story: Asylum (2ª Temporada)
4.3 2,7KPoderosíssima continuação da regular primeira temporada de "American Horror Story" (digo regular porque realmente não achei muita coisa não, acho que esperei demais dela. todo o respeito a quem amou-a, ok?).
Vi tudo num fim de semana só, seis capítulos no primeiro dia e sete no segundo. É muita reviravolta, muita surpresa, muito susto bom, muitas cenas memoráveis (
o batom "ravish me red", Kit e Grace mandando ver, a música da Jude, quando está enlouquecendo, a cena final...
O que me deixou cansado mesmo nessa aqui é a inicial monotonia - tudo acontece dentro do asilo, tem sempre o mesmo jogo de cores - marrom, cinza, preto e branco - e parece uma grande introdução para os últimos capítulos, que realmente fecham a coisa, dão fim a todos os conflitos. Depois, a música "Dominique", que toca tipo em quase todos os episódios e pelo menos três vezes, que marca, mas enche o saco demaaais! Em terceiro,
o retorno da Alma, que acaba matando a muito fofa Grace a sangue frio assim, que raiva! Super frustrante!
Ainda assim, vale mais a pena ver essa aqui do que a primeira. Sei lá, me agradou mais.
E que venha AHS: Coven.
A Menina Sem Qualidades
4.0 149Para uma produção brasileira, especialmente num tempo em que tudo tem que ser comédia para "funcionar" na televisão e tudo tem que ter muita polêmica para aparecer, "A Menina Sem Qualidades" se destaca justamente por sua falta de uma comédia e de uma polêmica poderosas. A gente tem pela primeira vez na televisão brasileira uma série que tem diálogos inteligentes e eficientes, uma trilha sonora boa, uma trama intrigante e uma fotografia muito bem feita: Não se trata mais dos mesmos clichês que o Brasil vinha produzindo; isso aqui é uma ideia completamente nova e experimental, e é por isso que ela funciona magnificamente bem. Alguns diálogos são meio forçados, e há certos momentos em que músicas agitadas não precisavam dar a ideia de movimento (especialmente depois da morte de um dos personagens), mas são falhas a que quaisquer séries estão sujeitas. E gostei muito de como ela não ficou com a cara do "brasileiro do samba, do carnaval e do churrasco", finalmente escapamos de uma generalização que há tempos nos marcava. Muito embora essa classe média que escuta punk, lê Freud e é niilista no conceito mais íntimo da palavra não seja a maioria (e, sendo muito honesto, seja uma parcela muito pequena da nossa população), já é um ótimo avanço fugir dos clichês e surpreender com reflexões para as quais nós, brasileiros, nunca estivemos realmente preparados para ver na televisão. Ótima iniciativa da MTV, bom roteiro e boas interpretações. Não senti que pecou muito em nenhum sentido, talvez faltasse um movimento no clima meio "down" da história, na reflexão eterna sobre a existência e tudo mais, mas ainda assim foi um ótimo começo para uma ideia original. Parabéns MTV e todos os que trabalharam nessa série, valeu bastante a pena.
"Nós somos os bisnetos dos niilistas."
Engana-me se Puder (1ª Temporada)
4.3 218Série muito inteligente; só acho que faltou um fundo, uma trama que fique se desenrolando DURANTE os episódios... Sabemos muito pouco do Dr. Lightman e de seu grupo durante os treze episódios... Mas gostei bastante! Certeza que verei as outras temporadas...