Um filme "fácil" e deliciosíssimo. Engraçado, sensível e inteligente. Vou levar pra mim, quando eu estiver no perrengue e enquanto ainda estou na casa dos 20, a máxima: "eu sei que essa dor de hoje não vai ser mais importante quando eu tiver 38".
Assisti há poucas horas. Fez (e ainda está fazendo) eu me questionar sobre o que é a vida. Foi um teste sobre como eu conseguiria me colocar no lugar do outro, e o filme consegue fazer isso muito bem com uma câmera em primeira pessoa, o piscar de olhos. Nós somos os próprios olhos, ou melhor, o próprio olho do personagem, já que só um deles funciona. Coincidentemente assisti antes do filme com uns amigos um vídeo que gravamos há um ano, onde dizíamos nossas metas para 2013. Poucas eu consegui cumprir. O filme foi um enaltecedor de questionamentos sobre mim, sobre o quanto eu me cobro, espero de mim; até para onde olhar é uma questão de escolha. A maioria de nós tem dois olhos que enxergam, um corpo que se move de acordo com nossas vontades, e nós não percebemos, mas escolhemos tudo o que o nosso corpo deve fazer quanto ao que depende de nós. Escolhemos para que lado (da vida, a vida física que se apresente diante de nós) olhar, o que falar, com quem falar. E a história do filme é real. É como um aviso: "Ei, você. Você está vivo, tem tudo. Por-se no lugar de outra pessoa, anular-se um pouco, é importante, e nem todos sabem fazê-lo. Por que você não experimenta entrar dentro de mim por uns minutos durante o filme da minha vida e ver o mundo como eu vejo?".
Muitas pessoas a quem perguntei sobre o que acharam, disseram não terem gostado ou entendido, ou disseram ter assistido a um filme "sem final". Achei absolutamente o contrário; é até não raro a história da Adèle ter traços em comum com a nossa, se tivermos tido um amor como o dela. Pequenos detalhes estão interligados à história, e para assistir a um filme desses é necessário tomar sensibilidade para entender os por quês da fotografia, dos focos da filmagem, e descobrir que há um filme extraordinário sendo assistido. Eu entendi que uma amiga minha não tenha compreendido o filme porque ela simplesmente não havia passado por uma experiência próxima a de Adèle, já que talvez, mesmo tendo passado por experiências parecidas, muitas pessoas que disseram não ter entendido o filme talvez não tenham captado a sensibilidade, a intensidade da forma com que a protagonista passa por tudo. A ligação entre as duas é até simples: o primeiro amor, onde há uma fortíssima empatia sexual que se mistura ao sentimento de paixão, de amor profundo.
O fim do relacionamento para Adèle é inaceitável, embora seja inevitável. É a angústia de não ter quem se ama no auge da intensidade da juventude retratada de forma muito precisa.
Começar esse filme é um beco sem saída. Depois de chegar até a metade, você se desespera, e como alguns, eu também pensei em abandonar porque eu não sabia se iria aguentar mais tanta dor - mas é quase impossível parar. Você chega no final num silêncio absurdo.
Há algumas obras que eu adoto como favoritas. Ou elas me adotam, sei lá. Todas elas me causam catarse, e por respeito eu demoro um tempo para relê-las, revê-las ou reassisti-las. É sempre necessário um tempo até que eu esteja preparado para rever, porque quando revejo observo a mudança que a obra me causou. Nem todas as obras me causam uma mudança notável, e são das que me causam uma mudança notável que eu gosto especialmente. Daquelas que muito frequentemente eu lembro em muitas situações da minha vida. Elas meio que se tornam a minha bíblia. Há "On The Road", tanto o livro como a última versão cinematográfica lançada, os livros do "Thommas Mann", uns contos de vários autores, o quadro O Grito, do Edward Munch, As Ondas, da Virgínia Woolf, e outros tantos. "Na Natureza Selvagem" se tornou uma delas. Algumas frases são realmente grandes, não no sentido visual, mas no sentido semântico. Dizem muita coisa e me atingem forte (por exemplo, "São as novas experiências que alimentam o espírito humano". Esta frase, se trazida para a nossa vida e levada a sério, pode despertar muita gente). Gosto dessa entrega à arte, porque acho que é a arte a segunda coisa que mais lucidamente nos aproxima da nossa essência natural, sendo a primeira delas as nossas próprias experiências praticadas em sociedade e principalmente com nós mesmos, sem medo e com sede de exploradores livres para vivermos e agirmos sobre o mundo ao nosso redor. Somos parte deles e nos cabe usá-lo. E "Na Natureza Selvagem" me foi mostrado uma possibilidade de usar o mundo, de agir sobre ele, além de toda a superficialidade cega que há na nossa civilização. Só sei que ainda esta semana quero subir a Serra de Maranguape com uns amigos, como há dois anos fizemos e ainda não fomos de novo por pura enrolação. Valeria mais do que estar aqui, a escrever isto.
Submarine
4.0 1,6KUm filme "fácil" e deliciosíssimo. Engraçado, sensível e inteligente. Vou levar pra mim, quando eu estiver no perrengue e enquanto ainda estou na casa dos 20, a máxima: "eu sei que essa dor de hoje não vai ser mais importante quando eu tiver 38".
Ninfomaníaca: Volume 1
3.7 2,7K Assista Agora"Não se pode fazer uma omelete sem quebrar alguns ovos".
O Escafandro e a Borboleta
4.2 1,2KAssisti há poucas horas. Fez (e ainda está fazendo) eu me questionar sobre o que é a vida. Foi um teste sobre como eu conseguiria me colocar no lugar do outro, e o filme consegue fazer isso muito bem com uma câmera em primeira pessoa, o piscar de olhos. Nós somos os próprios olhos, ou melhor, o próprio olho do personagem, já que só um deles funciona. Coincidentemente assisti antes do filme com uns amigos um vídeo que gravamos há um ano, onde dizíamos nossas metas para 2013. Poucas eu consegui cumprir. O filme foi um enaltecedor de questionamentos sobre mim, sobre o quanto eu me cobro, espero de mim; até para onde olhar é uma questão de escolha. A maioria de nós tem dois olhos que enxergam, um corpo que se move de acordo com nossas vontades, e nós não percebemos, mas escolhemos tudo o que o nosso corpo deve fazer quanto ao que depende de nós. Escolhemos para que lado (da vida, a vida física que se apresente diante de nós) olhar, o que falar, com quem falar. E a história do filme é real. É como um aviso: "Ei, você. Você está vivo, tem tudo. Por-se no lugar de outra pessoa, anular-se um pouco, é importante, e nem todos sabem fazê-lo. Por que você não experimenta entrar dentro de mim por uns minutos durante o filme da minha vida e ver o mundo como eu vejo?".
Azul é a Cor Mais Quente
3.7 4,3K Assista AgoraMuitas pessoas a quem perguntei sobre o que acharam, disseram não terem gostado ou entendido, ou disseram ter assistido a um filme "sem final". Achei absolutamente o contrário; é até não raro a história da Adèle ter traços em comum com a nossa, se tivermos tido um amor como o dela. Pequenos detalhes estão interligados à história, e para assistir a um filme desses é necessário tomar sensibilidade para entender os por quês da fotografia, dos focos da filmagem, e descobrir que há um filme extraordinário sendo assistido. Eu entendi que uma amiga minha não tenha compreendido o filme porque ela simplesmente não havia passado por uma experiência próxima a de Adèle, já que talvez, mesmo tendo passado por experiências parecidas, muitas pessoas que disseram não ter entendido o filme talvez não tenham captado a sensibilidade, a intensidade da forma com que a protagonista passa por tudo. A ligação entre as duas é até simples: o primeiro amor, onde há uma fortíssima empatia sexual que se mistura ao sentimento de paixão, de amor profundo.
O fim do relacionamento para Adèle é inaceitável, embora seja inevitável. É a angústia de não ter quem se ama no auge da intensidade da juventude retratada de forma muito precisa.
Dançando no Escuro
4.4 2,3K Assista AgoraComeçar esse filme é um beco sem saída. Depois de chegar até a metade, você se desespera, e como alguns, eu também pensei em abandonar porque eu não sabia se iria aguentar mais tanta dor - mas é quase impossível parar. Você chega no final num silêncio absurdo.
Teus Olhos Meus
4.0 577COMO EU VOU VIVER DEPOIS DESSE FINAL?!
Matrix
4.3 2,5K Assista AgoraPor que diabos eu demorei tanto para assistir a esse filme?!
Na Natureza Selvagem
4.3 4,5K Assista AgoraHá algumas obras que eu adoto como favoritas. Ou elas me adotam, sei lá. Todas elas me causam catarse, e por respeito eu demoro um tempo para relê-las, revê-las ou reassisti-las. É sempre necessário um tempo até que eu esteja preparado para rever, porque quando revejo observo a mudança que a obra me causou. Nem todas as obras me causam uma mudança notável, e são das que me causam uma mudança notável que eu gosto especialmente. Daquelas que muito frequentemente eu lembro em muitas situações da minha vida. Elas meio que se tornam a minha bíblia. Há "On The Road", tanto o livro como a última versão cinematográfica lançada, os livros do "Thommas Mann", uns contos de vários autores, o quadro O Grito, do Edward Munch, As Ondas, da Virgínia Woolf, e outros tantos. "Na Natureza Selvagem" se tornou uma delas. Algumas frases são realmente grandes, não no sentido visual, mas no sentido semântico. Dizem muita coisa e me atingem forte (por exemplo, "São as novas experiências que alimentam o espírito humano". Esta frase, se trazida para a nossa vida e levada a sério, pode despertar muita gente). Gosto dessa entrega à arte, porque acho que é a arte a segunda coisa que mais lucidamente nos aproxima da nossa essência natural, sendo a primeira delas as nossas próprias experiências praticadas em sociedade e principalmente com nós mesmos, sem medo e com sede de exploradores livres para vivermos e agirmos sobre o mundo ao nosso redor. Somos parte deles e nos cabe usá-lo. E "Na Natureza Selvagem" me foi mostrado uma possibilidade de usar o mundo, de agir sobre ele, além de toda a superficialidade cega que há na nossa civilização. Só sei que ainda esta semana quero subir a Serra de Maranguape com uns amigos, como há dois anos fizemos e ainda não fomos de novo por pura enrolação. Valeria mais do que estar aqui, a escrever isto.
A Cor Púrpura
4.4 1,4K Assista AgoraChorei, chorei pra caralho.