Um filme assumidamente satânico, que levou milhões de pessoas aos cinemas e ainda foi aclamado de diversas outras maneiras. Transgressor, relevante, genial. #TheWitch #ABruxa #RobertEggers #Cinema #FilmesdeTerror
Incrível. Um retrato de um sistema que visa o lucro acima da vida humana. Pesado. Ps: Mathew e, principalmente, Jared, impecáveis e devidamente premiados. #dallasbuyersclub #clubedecomprasdallas #mathewmccounaghey #jaredleto #filme #cinema #oscar #academyawards
Coisas para as quais não tenho roupa: 01. Comentar esse filme. Assisti a Call Me By Your Name (não gosto de pronunciar o título brasileiro, embora seja uma tradução literal #midexa) no histórico Cinerama Dome, em Hollywood, Los Angeles (que infelizmente fechou para sempre por conta da pandemia do Coronavírus, apesar dos esforços de centenas de grandes membros da indústria para salvar o teatro). Fui por conta da gigantesca repercussão na cidade, sabendo apenas o básico sobre a produção e o tema. Até hoje não me atrevi a rever. A explicação é simples: poucas vezes na vida saí tão destruído, pisoteado, exaurido de uma sessão de cinema. Os méritos estão por toda a parte, da direção de Luca Guadagnino, extremamente imersiva, a virtualmente todos os aspectos técnicos da produção. No entanto, aí na imagem que escolhi para esse post está a principal razão pela qual esse filme se tornará um clássico do cinema: Timothée Chalamet. Ao sair da sessão, falei para o amigo que me acompanhava: "Esse garoto tem potencial para se tornar uma grande estrela." Hoje posso dizer que tive meu dia de Mãe Dinah após assistir a esse filme inesquecível, que revelou uma das maiores estrelas da atualidade. Timothée, você merece cada um dos elogios que recebe diariamente. Absolutamente brilhante. #CallMeByYourName #MeChamePeloSeuNome #TimotheeChalamet #LucaGuadagnino #Cinema #Hollywood
Amo quando alguém me relembra esses filmes que provam o equívoco dos que afirmam que Hollywood é só conservadorismo e final feliz. Se toquem, simplistas: Cinema é arte e os grandes filmes americanos geralmente foram criados por artistas questionadores e inconformados com as injustiças da América. Valeu, amigo @newtonwillms ❤ #LarryFlynt #MilosForman #Cinema #Hollywood
Filhos do Paraíso, de Majid Majidi. Alguém postou sobre esse filme num grupo de cinéfilos no Facebook hoje e lembrei que o assisti à época do lançamento por ter ele sido indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Nunca revi, mas a recordação que tenho é eterna, pelo fato de que chorei igual a um desgraçado. Mesmo. Esse pequeno filme iraniano perdeu aquele prêmio para uma grande e cara produção (A Vida é Bela, de Roberto Benigni, que tinha mesmo que ter vencido, convenhamos), mas não importa. Quem o assistiu ainda lembra... e fala sobre ele. A história da menina que participa de uma corrida para ganhar um par de sapatos novos para seu irmãozinho pode parecer boba quando simplesmente relatada, mas resultou numa obra grandiosamente humanista. Chorei na época. Choro agora ao escrever a respeito. Assistam! #FilhosDoParaiso #Cinema #FilmesIranianos #Filmes #ChildrenOfHeaven
Trauma de minha infância: Willem Dafoe crivado de balas em Platoon, da lenda Oliver Stone. Só o Cinema tem esse poder. 😮😮😮😮😮 #Platoon #OliverStone #WillemDafoe #Cinema
O primeiro sucesso foi Jogos Mortais, que só se justificava por incluir, ao final, uma reviravolta completamente inverossímil, mas realmente surpreendente. A popularidade gerou uma das mais indefensáveis "franquias" (aqui a palavra cabe perfeitamente) da história do cinema, que inaugurou, ao lado de O Albergue, de Eli Roth (muito melhor) o subgênero "pornografia da tortura". Jogos Mortais é tortura para o PRAZER do público, justificada ao dar motivos para que os personagens "mereçam" o martírio, punidos por não viverem de acordo com os padrões conservadores da sociedade. Mais: o termo Saw (serra), remete à histórica Tortura da Serra, praticada pela Igreja Católica Romana, na Idade Média. É aí que chegamos ao filme mais inaceitável do diretor: Invocação do Mal. Não bastando tratar o único personagem ateu como ignorante e estúpido, o filme resgata literalmente a moral da Idade Média. Trata as mulheres historicamente queimadas como "bruxas" - no sentido folclórico mais anacrônico - como culpadas, revivendo a ideia de que eram assassinas de crianças, adoradoras de demônios e sedutoras de "bons homens". Andrew O'Hehir em seu artigo sobre o filme, disse: "É como se fizessem um filme para dizer que a escravidão foi boa e que o holocausto nunca existiu." Todos os males da trama, inclusive, são causados por mulheres. É um retorno à crença de que a mulher trouxe o pecado e o mal ao mundo dos bons homens. O cúmulo é o filme terminar com a frase "O Diabo existe. Deus também. E nosso destino enquanto povo depende de qual deles decidimos seguir.", um sermão cristão, como os de Annabelle e do hilário A Freira - chorei de rir quando a heroína venceu o mal ao literalmente cuspir o sangue de Cristo na cara da vilã -, derivados da "franquia". Não seria problema se não fosse o pior tipo de Cristianismo: o que diz aos ignorantes que eles estão certos, mas a História, a Ciência e o Conhecimento errados. "James Wan é um diretor "populista", que dá ao público o que ele quer", já ouvi. Não. É um reacionário que traz à tona o desejo popular de devolver a humanidade à barbárie. Isso é mais assustador que qualquer dos filmes desse execrável diretor. #JamesWan #Cinema
Existem filmes que me fazem sentir uma imensa melancolia. Um deles é Jules e Jim (Jules et Jim) de Françoise Truffaut. Possuo esse filme em minha coleção, mas passo longos períodos sem vê-lo. Sempre que cogito revisitá-lo, sinto um medo, misturado à vontade de reviver as emoções que provoca. Acho que esse é o real significado da melancolia, uma tristeza feliz, uma felicidade triste. Um sentimento que não faz sentido, que não se explica, que produz angústia e fascínio. Lá pelo meio, Truffaut retrata um período em que os personagens parecem estar plenamente felizes. Ao mesmo tempo, há sinais de dúvida e receio em cada um de seus gestos e sorrisos. Acho que ficam tão surpresos ao se depararem com a felicidade, que precisam disfarçar o medo dilacerante de perdê-la a qualquer momento. Identifico-me muito com o filme. Faz-me lembrar de um trecho de Além do Bem e do Mal, do Nietzsche: "Os homens de profunda tristeza se denunciam quando estão felizes; têm uma forma de agarrar a felicidade, como se a quisessem esmagar e sufocar, por ciúme - eles sabem muito bem como ela escapa". Texto originalmente publicado em meu livro O Filme Nosso de Cada Dia, de 2014. ps: no verso desta edição em DVD de Jules e Jim, há uma frase de Arnaldo Jabor, que diz: "Nunca haverá filme de amor como esse". Errado não tá. #FraçoiseTruffaut #JuleseJim #JuleetJim #Cinema
É muito fácil compreender o motivo pelo qual Michael Myers é impossível de matar. Desde o primeiro segundo, o projeto estético da obra-prima original de John Carpenter deixava claro que a ideia central era manter um espelho na cara do espectador, tornando-o parte indissociável da narrativa, seja como testemunha ou cúmplice. Trata-se de um estudo sociológico que, intencionalmente ou não, acabou por provar um ponto: se a audiência, críticos inclusos, acredita que Myers, o assassino "sem motivação", pune suas vítimas por fazerem sexo e usarem drogas, isso apenas expõe os valores dela. Quando, mais de 40 anos depois, Myers é atacado por praticamente todos os cidadãos do bairro onde cometeu os sentidos crimes e ainda assim permanece em pé (e matando), o espertíssimo Halloween Kills, de David Gordon Green, traz o personagem aos tempos atuais para abrir um novo questionamento: algo melhorou? Quando a sociedade pune os monstros que ela própria criou com a mesma crueldade com que eles reagiram à crueldade da mesma, o monstro não morre. Ele se fortalece e se perpetua. Michael Myers é a pura personificação do mal. E a semente da qual esse mal nasceu e cresceu é a sociedade. #Halloween #HalloweenKills #MichaelMyers #JohnCarpenter #DavidGordonGreen #Sociologia
É muito fácil compreender o motivo pelo qual Michael Myers é impossível de matar. Desde o primeiro segundo, o projeto estético da obra-prima original de John Carpenter deixava claro que a ideia central era manter um espelho na cara do espectador, tornando-o parte indissociável da narrativa, seja como testemunha ou cúmplice. Trata-se de um estudo sociológico que, intencionalmente ou não, acabou por provar um ponto: se a audiência, críticos inclusos, acredita que Myers, o assassino "sem motivação", pune suas vítimas por fazerem sexo e usarem drogas, isso apenas expõe os valores dela. Quando, mais de 40 anos depois, Myers é atacado por praticamente todos os cidadãos do bairro onde cometeu os sentidos crimes e ainda assim permanece em pé (e matando), o espertíssimo Halloween Kills, de David Gordon Green, traz o personagem aos tempos atuais para abrir um novo questionamento: algo melhorou? Quando a sociedade pune os monstros que ela própria criou com a mesma crueldade com que eles reagiram à crueldade da mesma, o monstro não morre. Ele se fortalece e se perpetua. Michael Myers é a pura personificação do mal. E a semente da qual esse mal nasceu e cresceu é a sociedade. #Halloween #HalloweenKills #MichaelMyers #JohnCarpenter #DavidGordonGreen #Sociologia
Até a campanha de marketing desse clássico apontava para a única conclusão sensata sobre a história contada no filme: a de que a crendice que levou pessoas a serem assassinadas em praça pública sob falsa acusação de "bruxaria", enquanto crimes reais eram cometidos por seres humanos, ainda está fortemente enraizada na sociedade.
O que seria uma obra-prima trash? Existem muitos exemplos, mas não posso pensar num melhor que o hoje clássico Troll 2, de Drake Floyd (que na verdade se chama Claudio Fragasso, mas assinou com um pseudônimo por motivos obscuros). O filme é inexplicável, uma produção onde tudo deu tão errado que pode-se assistir incontáveis vezes e sempre descobrir um novo absurdo. A história, o roteiro, as atuações (todas!), os enquadramentos, a cenografia, as músicas (inacreditáveis), os efeitos visuais, o figurino, a maquiagem, a edição. Tudo é absolutamente indefensável. Os diálogos dão um show à parte, uma coleção de frases ionesquecíveis de tão ridículas.
Se começasse a enumerar meus momentos prediletos, teria que excluir esse texto e produzir um livro todo dedicado a Troll 2. O nível de ruindade atinge proporções épicas, imensuráveis! Sejamos justos duas vezes: é um lixo, mas um lixo maravilhoso! Troll 2 é eternamente reassistível. Um filme para chorar de rir e reagir estupefato aos ultrajes que não param de se enfileirar. Aliás, acho que menti quando disse que não há nada de genuinamente bom nele: Troll 2 não pode jamais ser acusado de falta de criatividade. Ufa! Consegui um argumento para defender um dos piores filmes de todos os tempos, mas que exala um senso de improvisação, uma ingenuidade, um "algo" que não sei explicar, mas que sempre me faz sorrir.
Quando alguém vem com aqueles papos "Ah, eu não gosto de John Wiick porque é muito violento" e derivados, eu até penso em perguntar se a pessoa já viu um filme do Takashi Miike, mas logo desisto. A resposta é óbvia. huahuahahua #TakashiMiike #CinemaAsitático #Cinema
Essa imagem me lembrou de um "leitor" dos Rotten Tomatoes da vida que fez cara de KOO quando eu falei que esse filme é maravilhoso.
Na mesma hora abri essa MERDA de agregador de opiniões de comentaristas de entretenimento disfarçados de críticos e mostrei que o filmaço tinha mais de 90% de aprovação por lá.
Dez anos se passaram e ainda posso ouvir o som extremamente agradável do silêncio total.
😈
Quem não assistiu, assista a Aracnofobia, de Frank Marshall, com produção executiva de Steven Spielberg e maravilhosa trilha sonora de Trevor Jones.
Satírico, irônico, assustador e maldoso, Aracnofobia quase parece um filme de Joe Dante, com seu clima anárquico e fanfarrão.
Esse pretenso novo capítulo da série O Massacre da Serra Elétrica é perfeito pra quem tá cagando pra Cinema ou pra qualquer arte que seja, não sabe que o filme original de Tobe Hooper é uma tremenda obra-prima de imensa relevância estética, cultural e política, mas gosta de ver filmes de terror enquanto mexe no celular e come pipoca.
Dica: se você é essa pessoa, vá ver qualquer filme da série Sexta Feira 13. São muito mais divertidos e prazerosos de se ver.
Já se você for alguém que passou a vida lendo livros, artigos, ensaios acadêmicos e assistindo a documentários sobre o impacto cultural de O Massacre da Serra Elétrica... veja também e escreva um texto raivoso e irônico a respeito dessa porcaria.
Acabo de voltar do cinema, onde fui assistir a essa bobagem (como 99,7% dos filmes sobre exorcismo #verdades) chamada Exorcismo Sagrado. Até a metade pensei estar diante de mais um desses filmes cafonas feitos para assustar gente que em pleno século 21 ainda tem medo de demônios, maldições, monstros e acredita que tacar água benta na cara do diabo enquanto berra alguma reza vai salvar o mundo. E é exatamente isso: a quadragésima milésima imitação do clássico O Exorcista, de William Friedkin. MAS PERA AÍ! Essa é uma cafonice com um diferencial. Ah se toda tralha vista por milhões de pessoas tivesse um Jesus Cristo possuído pelo demônio, padres que dizem "Vá se foder!" e, principalmente, o Vaticano como não apenas o vilão da história, mas a própria origem do mal. O mundo seria um lugar melhor, creio.
Amém!
Além dessa reviravolta deliciosa, eu CAGUEI de rir dos demônios safadinhos, dos sustos homéricos que tomei (óbvio, a cada cinco minutos um acorde alto na trilha sonora estourava como uma bomba) e das lições de moral da Idade Média (mas das quais o próprio filme faz chacota).
Em resumo, foda-se se é bom ou ruim. Em épocas em que os mais populares filmes de terror são atrocidades que revivem a moralidade conservadora dos tempos da Inquisição, ter uma galhofa que devolve ao mal o seu sentido mais puro é algo a se celebrar.
Quem gostou bate palma, quem não gostou paciência.
E quem não tem paciência vá pagar pra ver as palhaçadas do James Wan e leve o terço.
Roland Emmerich, o alemão mais fanfarrão (rimou!) de Hollywood, fez o filme mais absurdo de sua carreira.
SIM, você leu certo: Moonfall, a superprodução que acaba de estrear, é ainda mais estapafúrdio e orgulhosamente cafona que Stargate, Independence Day, O Dia Depois de Amanhã e 2012, os grandes sucessos do mestre da destruição.
Isso é ruim?
Well, depende de que tipo de espectador é você.
Se for do naipe que vai ver um filme assumidamente fantasioso desde a primeira cena esperando um documentário da National Geographic, vá e depois escreva um textinho patético como vários que estão no ar desde a estréia.
Agora...
Se você ama cinema classe B, pulp fictions (não, não estou falando do filme do Tarantino...), cultura camp, trash, kitsch, personagens cartunescos, sátira farsesca à la Douglas Sirk, as clássicas ficções científicas dos anos 50 (repletas da ciência absurda e das cenas inverossímeis que tanto incomodam esse povo que não sabe aproveitar a bênção da suspensão da descrença proporcionada pelo Cinema fantástico), atuações caricatas de atores estelares que parecem estar prestes a explodir em gargalhadas a qualquer momento ao pronunciarem suas falas e, bem, os filmes de Roland Emmerich, faça um favor a si mesmo e vá se divertir horrores, gargalhar e vibrar como eu fiz.
Em resumo: Moonfall é mais um glorioso exemplo de entretenimento populista - mas irônico e autoconsciente - feito pelas mãos de um dos melhores criadores desse tipo de Cinema.
Só não é para os prisioneiros da ditadura do bom gosto.
A motivação para os assassinatos é tão boa, talvez melhor que a do original de Wes Craven.
O filme poderia ter sido melhor em certos aspectos, mas de acordo com a ideia que Craven e seus contemporâneos faziam do que era o Terror, esse trabalho está no caminho certo: o medo como um reflexo das doenças sociais que caracterizam uma época.
Vamos direto ao ponto: alguém precisava estalar os dedos na cara do público médio atual para falar sobre o quanto ele pode ser nocivo à sociedade e... ao cinema. Que esse sermão tenha vindo, de maneira tão incisiva, inteligente e autoconsciente, justo do filme que revive uma das grandes sagas cinematográficas das últimas três décadas, é simplesmente delicioso e importante.
Não, o novo Pânico não chega aos pés do clássico de Wes Craven, mas o próprio filme sabe disso e deixa claro. Não haveria como repetir um fenômeno como aquele de 1996 e essa é uma das questões que o filme discute, o problema do eterno retorno, além da insatisfação quase sempre garantida do próprio público que se empolga quando esses revivals são anunciados.
O elenco original permanece brilhante, o novo é ótimo, as referências são espertas, mas o filme não tem a criatividade e a energia de Wes Craven e Kevin Williamson, os gênios por trás dessa pérola de horror sociológico e metalinguístico chamada Pânico.
O final, no entanto, é espetacular. Ali os realizadores, fãs assumidos de Craven, fizeram jus ao lendário criador de Freddy Krueger: é uma mistura perfeitamente balanceada de violência, loucura, humor, melodrama e crítica social.
O novo Pânico dificilmente se tornará um clássico, mas nem precisa. É um trabalho que se faz relevante em seus próprios termos. Quando os dizeres "Para Wes" surgiram na tela, tive certeza de que aquele simpático senhor de mente doentia deu um sorrisinho de satisfação, onde quer que esteja.
Um grupo de pessoas que, em sua maioria, não se conhecem, vivendo a mesma experiência, numa sala de Cinema. Uma vibração eletrizante. Gritos, gargalhadas, aplausos, lágrimas e até abraços ao fim da sessão. Sorrisos e rostos molhados de lágrimas na saída.
Pode parecer supérfluo, mas não é. Nem um pouco. A sessão de Spiderman - Sem Volta para Casa, que assisti ontem, representou a experiência que eu gostaria de ter tido com os execráveis O Rei Leão (aquela coisa de 2019, não o clássico de 1994) e Star Wars - A Ascenção Skywalker, o filmes que representaram para mim o fundo do poço do Cinema corporativo. Espetáculos milionários desprovidos de magia, emoção, humanidade, alma. Ainda assim, esses filmes convenceram milhões de pessoas a lotar as salas de Cinema, como se essa mediocridade, esse vazio completo fosse o suficiente. Eu temia algo pior: o fim do Cinema popular.
Ontem, após duas horas e meia de excitação, emoção, identificação e um ato final de meia hora de lágrimas descontroladas, fui embora me sentindo agradecido a esse filme, decidido a não perder tempo procurando falhas, furos, avaliando o filme de acordo com critérios convencionais e desapaixonados.
O motivo é simples: o objetivo artístico (SIM!) foi plenamente atingido, o de fazer o Cinema popular retornar a sua excência. O sonho coletivo, milhões de pessoas viajando juntas a um universo fantástico, para encontrarem seres maravilhosos, mas também a si mesmas.
Matrix Resurrections reflete sobre como as intenções da criação das irmãs Wachowski foram deturpadas pela ganância de Hollywood e pelo público cada vez mais condicionado a tratar cultura como bem de consumo. E isso é apenas um pedaço do que o novo filme traz filosoficamente. O tom satírico e metalinguístico é uma ótima maneira de transmitir esse tipo de mensagem, só não era o que o público esperava. Isso também é discutido no filme: dar ao povo o que o povo quer significa o quê se o povo quer a mesma coisa sempre?
Tá engraçado e triste ao mesmo tempo ver a molecada revoltada por ter pedido Bic Mac e recebido um banquete. O filme é um tapa na cara de Hollywood e do próprio público que escolheu tratar Matrix como um brinquedo, um mero produto descartável. É brilhante. Matrix Resurrections é o filme que Sérgio Bianchi teria feito se fosse contratado por um estúdio de Hollywood. É o equivalente contemporâneo aos trabalhos mais anarquistas de Paul Verhoeven, John Carpenter e Tim Burton (em seus old school days), os cineastas que aproveitaram orçamentos milionários bancados por corporações gananciosas para mandar as regras às favas e expor a mediocridade mercadológica de Hollywood e, principalmente, o comodismo de um público cada vez mais condicionado a tratar cultura como bem de consumo.
Pode apostar que a maravilhosa Lana Wachowski não chama Matrix de "franquia", como "fãs" e "críticos" parecem se orgulhar de chamar.
Meu veredito: punk, transgressor, provocativo e maravilhoso.
Tá engraçado e triste ao mesmo tempo ver a molecada revoltada por ter pedido Bic Mac e recebido um banquete. Matrix Resurrections é um tapa na cara de Hollywood e do próprio público que escolheu tratar Matrix como um brinquedo, um mero produto descartável. É brilhante e futuramente será respeitado, profetizo. #paz
" - Sr. Marighella, você é maoísta, trotskista ou leninista?" - Eu sou brasileiro."
Esse pequeno diálogo, no início de Marighella, o aguardado filme de Wagner Moura, fixou-se na minha mente, já no início. Ao fim de duas horas e meia de tensão, lágrimas (Humberto Carrão me fez chorar alto em pelo menos duas cenas, que ator sensacional!) e até uns bons risos, com a performance carismática de Seu Jorge, havia esquecido dessa resposta de Marighella a uma pergunta militadora, tão ideológica quanto qualquer das respostas esperadas. No entanto, o filme é tão apaixonado, tão visceral, que poucos segundos após o fim surge, em meio aos créditos finais, uma pequena cena que representa o maior soco na cara deste trabalho relevante e necessário: Moura questiona, sem de fato verbalizar nada (como nos grandes filmes de sempre), qual o real significado da palavra "patriota", e o faz através de um dos maiores símbolos brasileiros. Após absorver um pouco dessa surra, lembrei de outra frase dita por Marighella, durante o filme:
"As pessoas precisam saber que existe gente resistindo no Brasil."
É onde o filme se justifica, não apenas como um documento histórico, mas como uma obra que registra os dilemas brasileiros da época em que foi produzida.
Sinceramente, meu único conselho a qualquer espectador inteligente é: ignore os textos que "críticos" escreverão com claros interesses além da avaliação da qualidade do filme. Marighella, de Wagner Moura é simplesmente devastador. Basta ser patriota. No real sentido da palavra, aquele que estão tentando roubar.
* Publicado em 23 de Junho de 2021 em meu Instagram @ulyssesrubinluersen
Ontem foi aniversário de lançamento dessa fofura aqui, Rejeitados pelo Diabo, patinho feio na carreira cinematográfica de Rob Zombie (aquele herege que destruiu a mitologia de Michael Myers, grande criação do mestre John Carpenter...). Transcrevo aqui o final do texto que publiquei em meu livro O Filme Nosso de Cada Dia: "Zombie me manipula a ponto de me fazer torcer por aquelas desprezíveis figuras. Eles são assassinos, frios, desprovidos de qualquer noção de humanidade, mas são também uma família perfeita, se amam incondicionalmente, são capazes de qualquer coisa para proteger seus semelhantes e só se permitem morrer se for lutando. Não seriam esses os mais altos valores conservadores? É um soco na cara da chatice, da hipocrisia, da dissimulação, da deturpação. O epílogo chega a me fazer lacrimejar, de tão belo e evocativo. Ao associar a clássica canção Free Bird, do Lynyrd Skynyrd, à doentia noção de liberdade dos personagens, Zombie faz um contundente questionamento em torno do real significado da tal liberdade. Os chatos que se ofendam. Um pedacinho do meu coração foi automaticamente preenchido assim que os créditos finais de Rejeitados pelo Diabo surgiram na tela." #RejeitadosPeloDiabo #TheDevilsRejects #RobZombie #FilmesdeTerror #Cinema
A Bruxa
3.6 3,4K Assista AgoraUm filme assumidamente satânico, que levou milhões de pessoas aos cinemas e ainda foi aclamado de diversas outras maneiras.
Transgressor, relevante, genial.
#TheWitch #ABruxa #RobertEggers #Cinema #FilmesdeTerror
Clube de Compras Dallas
4.3 2,8K Assista AgoraIncrível. Um retrato de um sistema que visa o lucro acima da vida humana. Pesado.
Ps: Mathew e, principalmente, Jared, impecáveis e devidamente premiados.
#dallasbuyersclub #clubedecomprasdallas #mathewmccounaghey #jaredleto #filme #cinema #oscar #academyawards
Me Chame Pelo Seu Nome
4.1 2,6K Assista AgoraCoisas para as quais não tenho roupa:
01. Comentar esse filme.
Assisti a Call Me By Your Name (não gosto de pronunciar o título brasileiro, embora seja uma tradução literal #midexa) no histórico Cinerama Dome, em Hollywood, Los Angeles (que infelizmente fechou para sempre por conta da pandemia do Coronavírus, apesar dos esforços de centenas de grandes membros da indústria para salvar o teatro).
Fui por conta da gigantesca repercussão na cidade, sabendo apenas o básico sobre a produção e o tema.
Até hoje não me atrevi a rever.
A explicação é simples: poucas vezes na vida saí tão destruído, pisoteado, exaurido de uma sessão de cinema.
Os méritos estão por toda a parte, da direção de Luca Guadagnino, extremamente imersiva, a virtualmente todos os aspectos técnicos da produção.
No entanto, aí na imagem que escolhi para esse post está a principal razão pela qual esse filme se tornará um clássico do cinema: Timothée Chalamet.
Ao sair da sessão, falei para o amigo que me acompanhava:
"Esse garoto tem potencial para se tornar uma grande estrela."
Hoje posso dizer que tive meu dia de Mãe Dinah após assistir a esse filme inesquecível, que revelou uma das maiores estrelas da atualidade.
Timothée, você merece cada um dos elogios que recebe diariamente.
Absolutamente brilhante.
#CallMeByYourName #MeChamePeloSeuNome #TimotheeChalamet #LucaGuadagnino #Cinema #Hollywood
O Povo Contra Larry Flynt
3.9 251 Assista AgoraAmo quando alguém me relembra esses filmes que provam o equívoco dos que afirmam que Hollywood é só conservadorismo e final feliz. Se toquem, simplistas: Cinema é arte e os grandes filmes americanos geralmente foram criados por artistas questionadores e inconformados com as injustiças da América. Valeu, amigo @newtonwillms
❤
#LarryFlynt #MilosForman #Cinema #Hollywood
Filhos do Paraíso
4.4 344 Assista AgoraFilhos do Paraíso, de Majid Majidi. Alguém postou sobre esse filme num grupo de cinéfilos no Facebook hoje e lembrei que o assisti à época do lançamento por ter ele sido indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Nunca revi, mas a recordação que tenho é eterna, pelo fato de que chorei igual a um desgraçado. Mesmo. Esse pequeno filme iraniano perdeu aquele prêmio para uma grande e cara produção (A Vida é Bela, de Roberto Benigni, que tinha mesmo que ter vencido, convenhamos), mas não importa. Quem o assistiu ainda lembra... e fala sobre ele. A história da menina que participa de uma corrida para ganhar um par de sapatos novos para seu irmãozinho pode parecer boba quando simplesmente relatada, mas resultou numa obra grandiosamente humanista. Chorei na época. Choro agora ao escrever a respeito. Assistam!
#FilhosDoParaiso #Cinema #FilmesIranianos #Filmes #ChildrenOfHeaven
Platoon
4.0 624 Assista AgoraTrauma de minha infância:
Willem Dafoe crivado de balas em Platoon, da lenda Oliver Stone.
Só o Cinema tem esse poder.
😮😮😮😮😮
#Platoon #OliverStone #WillemDafoe #Cinema
Invocação do Mal
3.8 3,9K Assista AgoraO primeiro sucesso foi Jogos Mortais, que só se justificava por incluir, ao final, uma reviravolta completamente inverossímil, mas realmente surpreendente. A popularidade gerou uma das mais indefensáveis "franquias" (aqui a palavra cabe perfeitamente) da história do cinema, que inaugurou, ao lado de O Albergue, de Eli Roth (muito melhor) o subgênero "pornografia da tortura". Jogos Mortais é tortura para o PRAZER do público, justificada ao dar motivos para que os personagens "mereçam" o martírio, punidos por não viverem de acordo com os padrões conservadores da sociedade. Mais: o termo Saw (serra), remete à histórica Tortura da Serra, praticada pela Igreja Católica Romana, na Idade Média.
É aí que chegamos ao filme mais inaceitável do diretor: Invocação do Mal. Não bastando tratar o único personagem ateu como ignorante e estúpido, o filme resgata literalmente a moral da Idade Média. Trata as mulheres historicamente queimadas como "bruxas" - no sentido folclórico mais anacrônico - como culpadas, revivendo a ideia de que eram assassinas de crianças, adoradoras de demônios e sedutoras de "bons homens". Andrew O'Hehir em seu artigo sobre o filme, disse: "É como se fizessem um filme para dizer que a escravidão foi boa e que o holocausto nunca existiu." Todos os males da trama, inclusive, são causados por mulheres. É um retorno à crença de que a mulher trouxe o pecado e o mal ao mundo dos bons homens.
O cúmulo é o filme terminar com a frase "O Diabo existe. Deus também. E nosso destino enquanto povo depende de qual deles decidimos seguir.", um sermão cristão, como os de Annabelle e do hilário A Freira - chorei de rir quando a heroína venceu o mal ao literalmente cuspir o sangue de Cristo na cara da vilã -, derivados da "franquia". Não seria problema se não fosse o pior tipo de Cristianismo: o que diz aos ignorantes que eles estão certos, mas a História, a Ciência e o Conhecimento errados.
"James Wan é um diretor "populista", que dá ao público o que ele quer", já ouvi. Não. É um reacionário que traz à tona o desejo popular de devolver a humanidade à barbárie.
Isso é mais assustador que qualquer dos filmes desse execrável diretor.
#JamesWan #Cinema
Jules e Jim - Uma Mulher Para Dois
4.1 335 Assista AgoraExistem filmes que me fazem sentir uma imensa melancolia. Um deles é Jules e Jim (Jules et Jim) de Françoise Truffaut. Possuo esse filme em minha coleção, mas passo longos períodos sem vê-lo. Sempre que cogito revisitá-lo, sinto um medo, misturado à vontade de reviver as emoções que provoca. Acho que esse é o real significado da melancolia, uma tristeza feliz, uma felicidade triste. Um sentimento que não faz sentido, que não se explica, que produz angústia e fascínio.
Lá pelo meio, Truffaut retrata um período em que os personagens parecem estar plenamente felizes. Ao mesmo tempo, há sinais de dúvida e receio em cada um de seus gestos e sorrisos. Acho que ficam tão surpresos ao se depararem com a felicidade, que precisam disfarçar o medo dilacerante de perdê-la a qualquer momento. Identifico-me muito com o filme. Faz-me lembrar de um trecho de Além do Bem e do Mal, do Nietzsche: "Os homens de profunda tristeza se denunciam quando estão felizes; têm uma forma de agarrar a felicidade, como se a quisessem esmagar e sufocar, por ciúme - eles sabem muito bem como ela escapa".
Texto originalmente publicado em meu livro O Filme Nosso de Cada Dia, de 2014.
ps: no verso desta edição em DVD de Jules e Jim, há uma frase de Arnaldo Jabor, que diz: "Nunca haverá filme de amor como esse". Errado não tá.
#FraçoiseTruffaut #JuleseJim #JuleetJim #Cinema
Halloween Kills: O Terror Continua
3.0 683 Assista AgoraÉ muito fácil compreender o motivo pelo qual Michael Myers é impossível de matar.
Desde o primeiro segundo, o projeto estético da obra-prima original de John Carpenter deixava claro que a ideia central era manter um espelho na cara do espectador, tornando-o parte indissociável da narrativa, seja como testemunha ou cúmplice.
Trata-se de um estudo sociológico que, intencionalmente ou não, acabou por provar um ponto: se a audiência, críticos inclusos, acredita que Myers, o assassino "sem motivação", pune suas vítimas por fazerem sexo e usarem drogas, isso apenas expõe os valores dela.
Quando, mais de 40 anos depois, Myers é atacado por praticamente todos os cidadãos do bairro onde cometeu os sentidos crimes e ainda assim permanece em pé (e matando), o espertíssimo Halloween Kills, de David Gordon Green, traz o personagem aos tempos atuais para abrir um novo questionamento: algo melhorou?
Quando a sociedade pune os monstros que ela própria criou com a mesma crueldade com que eles reagiram à crueldade da mesma, o monstro não morre. Ele se fortalece e se perpetua.
Michael Myers é a pura personificação do mal. E a semente da qual esse mal nasceu e cresceu é a sociedade.
#Halloween #HalloweenKills #MichaelMyers #JohnCarpenter #DavidGordonGreen #Sociologia
Halloween: A Noite do Terror
3.7 1,2K Assista AgoraÉ muito fácil compreender o motivo pelo qual Michael Myers é impossível de matar.
Desde o primeiro segundo, o projeto estético da obra-prima original de John Carpenter deixava claro que a ideia central era manter um espelho na cara do espectador, tornando-o parte indissociável da narrativa, seja como testemunha ou cúmplice.
Trata-se de um estudo sociológico que, intencionalmente ou não, acabou por provar um ponto: se a audiência, críticos inclusos, acredita que Myers, o assassino "sem motivação", pune suas vítimas por fazerem sexo e usarem drogas, isso apenas expõe os valores dela.
Quando, mais de 40 anos depois, Myers é atacado por praticamente todos os cidadãos do bairro onde cometeu os sentidos crimes e ainda assim permanece em pé (e matando), o espertíssimo Halloween Kills, de David Gordon Green, traz o personagem aos tempos atuais para abrir um novo questionamento: algo melhorou?
Quando a sociedade pune os monstros que ela própria criou com a mesma crueldade com que eles reagiram à crueldade da mesma, o monstro não morre. Ele se fortalece e se perpetua.
Michael Myers é a pura personificação do mal. E a semente da qual esse mal nasceu e cresceu é a sociedade.
#Halloween #HalloweenKills #MichaelMyers #JohnCarpenter #DavidGordonGreen #Sociologia
A Bruxa de Blair
3.1 1,6KAté a campanha de marketing desse clássico apontava para a única conclusão sensata sobre a história contada no filme: a de que a crendice que levou pessoas a serem assassinadas em praça pública sob falsa acusação de "bruxaria", enquanto crimes reais eram cometidos por seres humanos, ainda está fortemente enraizada na sociedade.
Obra-prima.
🔥
#ABruxadeBlair
❤
Troll 2
2.7 69 Assista AgoraO que seria uma obra-prima trash? Existem muitos exemplos, mas não posso pensar num melhor que o hoje clássico Troll 2, de Drake Floyd (que na verdade se chama Claudio Fragasso, mas assinou com um pseudônimo por motivos obscuros). O filme é inexplicável, uma produção onde tudo deu tão errado que pode-se assistir incontáveis vezes e sempre descobrir um novo absurdo. A história, o roteiro, as atuações (todas!), os enquadramentos, a cenografia, as músicas (inacreditáveis), os efeitos visuais, o figurino, a maquiagem, a edição. Tudo é absolutamente indefensável. Os diálogos dão um show à parte, uma coleção de frases ionesquecíveis de tão ridículas.
Se começasse a enumerar meus momentos prediletos, teria que excluir esse texto e produzir um livro todo dedicado a Troll 2. O nível de ruindade atinge proporções épicas, imensuráveis! Sejamos justos duas vezes: é um lixo, mas um lixo maravilhoso! Troll 2 é eternamente reassistível. Um filme para chorar de rir e reagir estupefato aos ultrajes que não param de se enfileirar. Aliás, acho que menti quando disse que não há nada de genuinamente bom nele: Troll 2 não pode jamais ser acusado de falta de criatividade. Ufa! Consegui um argumento para defender um dos piores filmes de todos os tempos, mas que exala um senso de improvisação, uma ingenuidade, um "algo" que não sei explicar, mas que sempre me faz sorrir.
Ah, que me perdoem mais uma vez os chatos:
Eu amo a cultura trash!
o/
#Troll2 #CultMovies #TrashMovies
Ichi: O Assassino
3.7 302 Assista AgoraQuando alguém vem com aqueles papos "Ah, eu não gosto de John Wiick porque é muito violento" e derivados, eu até penso em perguntar se a pessoa já viu um filme do Takashi Miike, mas logo desisto.
A resposta é óbvia.
huahuahahua
#TakashiMiike #CinemaAsitático #Cinema
Aracnofobia
2.9 601Trauma eterno.
Essa imagem me lembrou de um "leitor" dos Rotten Tomatoes da vida que fez cara de KOO quando eu falei que esse filme é maravilhoso.
Na mesma hora abri essa MERDA de agregador de opiniões de comentaristas de entretenimento disfarçados de críticos e mostrei que o filmaço tinha mais de 90% de aprovação por lá.
Dez anos se passaram e ainda posso ouvir o som extremamente agradável do silêncio total.
😈
Quem não assistiu, assista a Aracnofobia, de Frank Marshall, com produção executiva de Steven Spielberg e maravilhosa trilha sonora de Trevor Jones.
Satírico, irônico, assustador e maldoso, Aracnofobia quase parece um filme de Joe Dante, com seu clima anárquico e fanfarrão.
❤
#Aracnofobia #Cinema #Anos90
O Massacre da Serra Elétrica: O Retorno de Leatherface
2.2 697 Assista AgoraAdorei, nota 2.
Esse pretenso novo capítulo da série O Massacre da Serra Elétrica é perfeito pra quem tá cagando pra Cinema ou pra qualquer arte que seja, não sabe que o filme original de Tobe Hooper é uma tremenda obra-prima de imensa relevância estética, cultural e política, mas gosta de ver filmes de terror enquanto mexe no celular e come pipoca.
Dica: se você é essa pessoa, vá ver qualquer filme da série Sexta Feira 13. São muito mais divertidos e prazerosos de se ver.
Já se você for alguém que passou a vida lendo livros, artigos, ensaios acadêmicos e assistindo a documentários sobre o impacto cultural de O Massacre da Serra Elétrica... veja também e escreva um texto raivoso e irônico a respeito dessa porcaria.
Não esquece de me marcar, viu?
Vou adorar.
#OMassacredaSerraEletrica #FilmesdeTerror #Cinema
Exorcismo Sagrado
2.1 109Acabo de voltar do cinema, onde fui assistir a essa bobagem (como 99,7% dos filmes sobre exorcismo #verdades) chamada Exorcismo Sagrado. Até a metade pensei estar diante de mais um desses filmes cafonas feitos para assustar gente que em pleno século 21 ainda tem medo de demônios, maldições, monstros e acredita que tacar água benta na cara do diabo enquanto berra alguma reza vai salvar o mundo. E é exatamente isso: a quadragésima milésima imitação do clássico O Exorcista, de William Friedkin. MAS PERA AÍ! Essa é uma cafonice com um diferencial. Ah se toda tralha vista por milhões de pessoas tivesse um Jesus Cristo possuído pelo demônio, padres que dizem "Vá se foder!" e, principalmente, o Vaticano como não apenas o vilão da história, mas a própria origem do mal. O mundo seria um lugar melhor, creio.
Amém!
Além dessa reviravolta deliciosa, eu CAGUEI de rir dos demônios safadinhos, dos sustos homéricos que tomei (óbvio, a cada cinco minutos um acorde alto na trilha sonora estourava como uma bomba) e das lições de moral da Idade Média (mas das quais o próprio filme faz chacota).
Em resumo, foda-se se é bom ou ruim. Em épocas em que os mais populares filmes de terror são atrocidades que revivem a moralidade conservadora dos tempos da Inquisição, ter uma galhofa que devolve ao mal o seu sentido mais puro é algo a se celebrar.
Quem gostou bate palma, quem não gostou paciência.
E quem não tem paciência vá pagar pra ver as palhaçadas do James Wan e leve o terço.
Dizem que funciona.
#ExorcismoSagrado #FilmesdeTerror #Cinema
Moonfall: Ameaça Lunar
2.4 550 Assista AgoraO impossível aconteceu!
Roland Emmerich, o alemão mais fanfarrão (rimou!) de Hollywood, fez o filme mais absurdo de sua carreira.
SIM, você leu certo: Moonfall, a superprodução que acaba de estrear, é ainda mais estapafúrdio e orgulhosamente cafona que Stargate, Independence Day, O Dia Depois de Amanhã e 2012, os grandes sucessos do mestre da destruição.
Isso é ruim?
Well, depende de que tipo de espectador é você.
Se for do naipe que vai ver um filme assumidamente fantasioso desde a primeira cena esperando um documentário da National Geographic, vá e depois escreva um textinho patético como vários que estão no ar desde a estréia.
Agora...
Se você ama cinema classe B, pulp fictions (não, não estou falando do filme do Tarantino...), cultura camp, trash, kitsch, personagens cartunescos, sátira farsesca à la Douglas Sirk, as clássicas ficções científicas dos anos 50 (repletas da ciência absurda e das cenas inverossímeis que tanto incomodam esse povo que não sabe aproveitar a bênção da suspensão da descrença proporcionada pelo Cinema fantástico), atuações caricatas de atores estelares que parecem estar prestes a explodir em gargalhadas a qualquer momento ao pronunciarem suas falas e, bem, os filmes de Roland Emmerich, faça um favor a si mesmo e vá se divertir horrores, gargalhar e vibrar como eu fiz.
Em resumo: Moonfall é mais um glorioso exemplo de entretenimento populista - mas irônico e autoconsciente - feito pelas mãos de um dos melhores criadores desse tipo de Cinema.
Só não é para os prisioneiros da ditadura do bom gosto.
#Moonfall #RolandEmmerich #DisasterMovies
Pânico
3.4 1,1K Assista AgoraAinda refletindo sobre o novo Pânico.
Na boa, o terceiro ato é francamente brilhante!
A motivação para os assassinatos é tão boa, talvez melhor que a do original de Wes Craven.
O filme poderia ter sido melhor em certos aspectos, mas de acordo com a ideia que Craven e seus contemporâneos faziam do que era o Terror, esse trabalho está no caminho certo: o medo como um reflexo das doenças sociais que caracterizam uma época.
Precioso.
🙌
#Pânico #Scream #FilmesDeTerror #HorrorFreak
Pânico
3.4 1,1K Assista AgoraVamos direto ao ponto: alguém precisava estalar os dedos na cara do público médio atual para falar sobre o quanto ele pode ser nocivo à sociedade e... ao cinema. Que esse sermão tenha vindo, de maneira tão incisiva, inteligente e autoconsciente, justo do filme que revive uma das grandes sagas cinematográficas das últimas três décadas, é simplesmente delicioso e importante.
Não, o novo Pânico não chega aos pés do clássico de Wes Craven, mas o próprio filme sabe disso e deixa claro. Não haveria como repetir um fenômeno como aquele de 1996 e essa é uma das questões que o filme discute, o problema do eterno retorno, além da insatisfação quase sempre garantida do próprio público que se empolga quando esses revivals são anunciados.
O elenco original permanece brilhante, o novo é ótimo, as referências são espertas, mas o filme não tem a criatividade e a energia de Wes Craven e Kevin Williamson, os gênios por trás dessa pérola de horror sociológico e metalinguístico chamada Pânico.
O final, no entanto, é espetacular. Ali os realizadores, fãs assumidos de Craven, fizeram jus ao lendário criador de Freddy Krueger: é uma mistura perfeitamente balanceada de violência, loucura, humor, melodrama e crítica social.
O novo Pânico dificilmente se tornará um clássico, mas nem precisa. É um trabalho que se faz relevante em seus próprios termos. Quando os dizeres "Para Wes" surgiram na tela, tive certeza de que aquele simpático senhor de mente doentia deu um sorrisinho de satisfação, onde quer que esteja.
😈❤🙌
#Scream #Pânico #HorrorFreak
Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa
4.2 1,8K Assista AgoraCatarse. Catarse. Catarse e mais catarse.
Um grupo de pessoas que, em sua maioria, não se conhecem, vivendo a mesma experiência, numa sala de Cinema. Uma vibração eletrizante. Gritos, gargalhadas, aplausos, lágrimas e até abraços ao fim da sessão. Sorrisos e rostos molhados de lágrimas na saída.
Pode parecer supérfluo, mas não é. Nem um pouco. A sessão de Spiderman - Sem Volta para Casa, que assisti ontem, representou a experiência que eu gostaria de ter tido com os execráveis O Rei Leão (aquela coisa de 2019, não o clássico de 1994) e Star Wars - A Ascenção Skywalker, o filmes que representaram para mim o fundo do poço do Cinema corporativo. Espetáculos milionários desprovidos de magia, emoção, humanidade, alma. Ainda assim, esses filmes convenceram milhões de pessoas a lotar as salas de Cinema, como se essa mediocridade, esse vazio completo fosse o suficiente. Eu temia algo pior: o fim do Cinema popular.
Ontem, após duas horas e meia de excitação, emoção, identificação e um ato final de meia hora de lágrimas descontroladas, fui embora me sentindo agradecido a esse filme, decidido a não perder tempo procurando falhas, furos, avaliando o filme de acordo com critérios convencionais e desapaixonados.
O motivo é simples: o objetivo artístico (SIM!) foi plenamente atingido, o de fazer o Cinema popular retornar a sua excência. O sonho coletivo, milhões de pessoas viajando juntas a um universo fantástico, para encontrarem seres maravilhosos, mas também a si mesmas.
É um expurgo.
É lindo.
É Cinema.
❤️
#Spiderman #HomemAranha #Marvel
Matrix Resurrections
2.8 1,3K Assista AgoraMatrix Resurrections reflete sobre como as intenções da criação das irmãs Wachowski foram deturpadas pela ganância de Hollywood e pelo público cada vez mais condicionado a tratar cultura como bem de consumo. E isso é apenas um pedaço do que o novo filme traz filosoficamente. O tom satírico e metalinguístico é uma ótima maneira de transmitir esse tipo de mensagem, só não era o que o público esperava. Isso também é discutido no filme: dar ao povo o que o povo quer significa o quê se o povo quer a mesma coisa sempre?
Tá engraçado e triste ao mesmo tempo ver a molecada revoltada por ter pedido Bic Mac e recebido um banquete. O filme é um tapa na cara de Hollywood e do próprio público que escolheu tratar Matrix como um brinquedo, um mero produto descartável. É brilhante.
Matrix Resurrections é o filme que Sérgio Bianchi teria feito se fosse contratado por um estúdio de Hollywood. É o equivalente contemporâneo aos trabalhos mais anarquistas de Paul Verhoeven, John Carpenter e Tim Burton (em seus old school days), os cineastas que aproveitaram orçamentos milionários bancados por corporações gananciosas para mandar as regras às favas e expor a mediocridade mercadológica de Hollywood e, principalmente, o comodismo de um público cada vez mais condicionado a tratar cultura como bem de consumo.
Pode apostar que a maravilhosa Lana Wachowski não chama Matrix de "franquia", como "fãs" e "críticos" parecem se orgulhar de chamar.
Meu veredito: punk, transgressor, provocativo e maravilhoso.
O nome disso é ARTE.
Doa a quem doer.
#Matrix
Matrix Resurrections
2.8 1,3K Assista AgoraTá engraçado e triste ao mesmo tempo ver a molecada revoltada por ter pedido Bic Mac e recebido um banquete. Matrix Resurrections é um tapa na cara de Hollywood e do próprio público que escolheu tratar Matrix como um brinquedo, um mero produto descartável. É brilhante e futuramente será respeitado, profetizo. #paz
Marighella
3.9 1,1K Assista Agora" - Sr. Marighella, você é maoísta, trotskista ou leninista?"
- Eu sou brasileiro."
Esse pequeno diálogo, no início de Marighella, o aguardado filme de Wagner Moura, fixou-se na minha mente, já no início. Ao fim de duas horas e meia de tensão, lágrimas (Humberto Carrão me fez chorar alto em pelo menos duas cenas, que ator sensacional!) e até uns bons risos, com a performance carismática de Seu Jorge, havia esquecido dessa resposta de Marighella a uma pergunta militadora, tão ideológica quanto qualquer das respostas esperadas. No entanto, o filme é tão apaixonado, tão visceral, que poucos segundos após o fim surge, em meio aos créditos finais, uma pequena cena que representa o maior soco na cara deste trabalho relevante e necessário: Moura questiona, sem de fato verbalizar nada (como nos grandes filmes de sempre), qual o real significado da palavra "patriota", e o faz através de um dos maiores símbolos brasileiros. Após absorver um pouco dessa surra, lembrei de outra frase dita por Marighella, durante o filme:
"As pessoas precisam saber que existe gente resistindo no Brasil."
É onde o filme se justifica, não apenas como um documento histórico, mas como uma obra que registra os dilemas brasileiros da época em que foi produzida.
Sinceramente, meu único conselho a qualquer espectador inteligente é: ignore os textos que "críticos" escreverão com claros interesses além da avaliação da qualidade do filme. Marighella, de Wagner Moura é simplesmente devastador. Basta ser patriota. No real sentido da palavra, aquele que estão tentando roubar.
Rejeitados pelo Diabo
3.7 617 Assista Agora* Publicado em 23 de Junho de 2021 em meu Instagram @ulyssesrubinluersen
Ontem foi aniversário de lançamento dessa fofura aqui, Rejeitados pelo Diabo, patinho feio na carreira cinematográfica de Rob Zombie (aquele herege que destruiu a mitologia de Michael Myers, grande criação do mestre John Carpenter...). Transcrevo aqui o final do texto que publiquei em meu livro O Filme Nosso de Cada Dia:
"Zombie me manipula a ponto de me fazer torcer por aquelas desprezíveis figuras. Eles são assassinos, frios, desprovidos de qualquer noção de humanidade, mas são também uma família perfeita, se amam incondicionalmente, são capazes de qualquer coisa para proteger seus semelhantes e só se permitem morrer se for lutando. Não seriam esses os mais altos valores conservadores? É um soco na cara da chatice, da hipocrisia, da dissimulação, da deturpação. O epílogo chega a me fazer lacrimejar, de tão belo e evocativo. Ao associar a clássica canção Free Bird, do Lynyrd Skynyrd, à doentia noção de liberdade dos personagens, Zombie faz um contundente questionamento em torno do real significado da tal liberdade. Os chatos que se ofendam. Um pedacinho do meu coração foi automaticamente preenchido assim que os créditos finais de Rejeitados pelo Diabo surgiram na tela."
#RejeitadosPeloDiabo #TheDevilsRejects #RobZombie #FilmesdeTerror #Cinema