Conta a história de dois adolescentes que enfrentam a delicada e cruel transição para a idade adulta na gélida Islândia. Um assunto que tem sido fortemente explorado no Cinema com foco na autodescoberta e sexualidade, o que pode revelar-se problemático em alguns casos, não ocorre aqui, mas sofre por ser mais do mesmo. É uma trama delicada e sincera de amizade que transmite com sucesso os problemas de uma época em que às vezes, o pior inimigo é você mesmo.
Conceitualmente incrível, mas quando traduzido para a tela, me deixou desapontado.
É um filme que utilmente empurra uma reação repelida sem encorajá-la completamente, apesar da direção, música e performances competentes. Captura a repressão e a paranoia dentro de uma virgem canibal, e deixa um aroma apropriado e intencional de desgosto e perplexidade. Talvez, precisasse ir mais a fundo em sua metáfora do consumo de carne. Queria mais...
Quando as pessoas pensam em um herói vêem alguém que possui os melhores componentes de nós. Pensam em um indivíduo - homem ou mulher - que pode inspirar bondade e paz, apesar do caos abrangente em torno deles. É algo tão simples é intrínseco a este universo, mas que nos recentes filmes de super-heróis estes valores foram sumariamente esquecidos. Este filme faz um resgate desta premissa.
Pensar que a Mulher Maravilha existe há tanto tempo, e é um dos personagens mais icônicos, influentes dos quadrinhos e da cultura popular. Somente agora um longa-metragem? Isso é motivo de celebração ainda mais em um filme de origem que respeita a personagem e é uma seria tentativa de colocar o bagunçado universo da DC nos trilhos.
É um filme de ação espetacular com estrogênio que leva o empoderamento feminino a um nível totalmente novo ao equilibrar sua importância com humor e coração. É acima de tudo uma história bem contada, todas as motivações da personagem são claras e concisas, e todas as batidas emocionais funcionam. É impressionante ver a personagem passando de uma mulher inocente e protegida para uma guerreira independente e forte. Sem deixar de ser idealista enquanto acredita na bondade e salvação da humanidade, independentemente da escuridão que ela testemunha através dos horrores da morte e da guerra. Talvez, a grandiosidade que a trama tenta impregnar no final não fosse necessária.
Uma trama que não tem medo de questionar o lugar do homem moderno no mundo quando confrontado com uma mulher forte e nivelada. É um filme de injeção para o universo dos super-heróis. Que venham mais mulheres no comando...
Uma comédia de humor negro com observações pontuadas sobre arte, sociedade e coisas femininas. Sabe aquele ditado: Aqui se faz, aqui se paga - Bem a trama eleva isso ao extremo.
O diálogo é engraçado, a violência é crua e a atmosfera geral é muito estranha. É de um cinismo inteligente que não vejo há muito tempo. Uma surpresa muito agradável.
Para quem assistiu Alien - O Oitavo Passageiro(1979), este exemplar é um filme que não oferece surpresas narrativas. Ha uma ambiguidade assustadora e curiosa que acompanha o monstro criado por Ridley Scott que se sente completamente perdida na criatura do diretor Daniel Espinosa.
O filme é moderamente competente, embora não seja capaz de atingir o seu potencial.
O roteiro é medíocre, mas o filme tem cenas de ação e suspense que funcionam. Conta com boa atuação da estrela do filme, Halle Berry. Nada extraordinário.
A trama conta a história do último crime de um casal australiano de assassinos em série, rejeita deliberadamente informações e detalhes anteriores, revela lentamente mais camadas de depravação. Acerta no uso de close-ups arrepiantes para nos colocar desconfortavelmente perto dessas pessoas.
Não é tão difícil de assistir como alguns afirmam, graças a um certo estilo de câmera que torna a trama mais cinematográfica e menos real, o que certamente é benéfico. Sabiamente o diretor retrata o horror de sua provação, mas evita a exploração. Ele está mais interessado na dinâmica dos atores e tudo permanece em reações. Filme de estreia de Ben Young fiquem de olho nele.
É uma pequena produção considerando Rosa Parks uma figura histórica tão importante. É um bom esforço realizado pela diretora Julie Dash, mas definitivamente não é o filme definitivo sobre a vida de Rosa Parks.
Dash tenta fazer um filme de confronto sobre um momento no movimento de direitos civis que trata francamente de opressão racial. Enquanto, ela consegue este efeito, falha ao retratar Rosa Parks em uma trama que se sente apressada, e olha que conta atuação da sempre intensa e talentosa Angela Bassett no papel título. As limitações colocadas sobre a narrativa como resultado da sua natureza feita para a TV impedem a intensidade que a diretora gostaria de atingir. Ainda assim, se você está interessado no assunto, este é um competente trabalho.
Um thriller político elegante e carnudo sobre o carrossel sombrio do universo dos lobistas. Felizmente foi lançado em um momento relevante com crimes de armas de fogo aumentando a cada ano nos E.U.A. A paisagem política atual confere a trama um importante sentimento de urgência - As questões como Lobby Político e a reforma da 2ª Emenda da Constituição Americana são mais oportunas do que nunca. Contudo, à medida que a história avança, o enredo perde a credibilidade para o bem de sua trama.
Examina questões sociais importantes e sua mensagem possui algum poder, mas, no final do dia, esse projeto está mais apaixonado por si mesmo em ser um Thriller - do que ser um filme provocador. Jessica Chastain dá uma performance surpreendente digna de prêmios. Ela é o comandante e chefe deste navio - sem Chastain a credibilidade do filme teria afundado. A trama depende 100% do comprometimento dela. Um filme que merece ser conhecido.
Há uma longa história de diagnosticar as mulheres como doentes, cujos desejos e comportamentos não correspondem às normas impostas pela sociedade. O filme a todo instante instiga o público a participar deste debate. A trama aborda a sexualidade e emancipação feminina de sua protagonista, mas nunca escava abaixo da superfície para desafiar essas idéias.
O filme é uma reminiscência desses melodramas que Hollywood e a Europa costumavam produzir décadas atrás. A diretora Nicole Garcia tem uma abordagem clássica para o material, contando com paisagens deslumbrantes - campos de lavanda, saturado pelo calor do verão do sul da França e o mar Mediterrâneo preenchendo a tela. É de tirar o fôlego...
Marion Cotillard estrela e é absolutamente confiável, magnética, e confere a trama um pulso muito necessário. Sua personagem Gabrielle chora e se rebela com requinte, mas o público pode ter dificuldade em simpatizar com seu envolvimento pessoal e histrionismo em contrapartida com seu esposo que é incrivelmente paciente e indulgente.
Os românticos incuráveis devem se render a este belo filme.
É um melodrama sumptuoso e rústico. Retrata dois personagens com problemas que encontram em sua dor mútua, uma ressonância que lhes permitem estabelecer uma cumplicidade única.
Essa cumplicidade não é tão bonita de se ver em tela como o Cinema costumeiramente insiste em retratar em romances. O roteiro opta por um realismo de seus relacionamentos marcados pela guerra. É um melodrama histórico sensível que nunca cede para as instalações narrativas óbvias.
Omar Sy é excepcional em comédias. No entanto, vem mostrando seu potencial para ator dramático como nos sucessos Intocáveis (2011), Samba (2014) e Chocolate (2016), e aqui ele confirma que pode unir drama e comédia em um mesmo filme mais uma vez.
O seu personagem é gentil, divertido e é impossível não gostar dele imediatamente, ele vai de Playboy boa vida para um palhaço triste em um instante, e maquiagem não é necessário, pois a emoção que cria é palpável. Mas, é impossível negar o quanto a trama é convencional, o toque emocional inesperado no final se sente desconexo com sua construção inicial. Mesmo com falhas é um filme inspirador sobre as relações pais e filhos.
É um filme para apaziguar a sede de nostalgia e escapismo de contos de fadas, no entanto a transição da animação tradicional para uma combinação de live-action e uma enxurrada de efeitos especiais perde parte da magia. A fidelidade deste musical em comparação com a animação clássica da Disney é o seu maior acerto e defeito ao mesmo tempo.
O documentário demonstra a habilidade única de James Baldwin de expor as maneiras como o sentimento anti-negro constituía não só a vida social e política americana na década de 60, mas também sua imaginação cultural. Também se alimenta das idéias de Baldwin para iluminar nossa própria realidade contemporânea.
Usa cenas de vários filmes antológicos para mostrar como Hollywood ao longo dos anos trafica estereótipos de uma possível "Ameaça Negra", e subserviência da inocência e pureza branca. Em um movimento reflexivo, então, o filme de Raoul Peck também se torna um comentário sobre uma indústria cinematográfica norte-americana que estava empenhada em reificar estereótipos raciais e em perpetuar uma ficção da América como o maior fornecedor de liberdade, democracia e felicidade.
É um retrato notável da vida de Baldwin e mais amplamente do dilema racial dos Estados Unidos. É um efeito adequado para um filme sobre um escritor que exibiu uma rara vulnerabilidade em seu trabalho, revelando sua própria experiência pessoal como texto para auto-reflexão nacional.
Quando Ridley Scott fez Alien em 79, reinventou o gênero de horror criando uma das criaturas mais icônicas em celuloide. Os tenebrosos corredores escuros do Nostromo e a lenta construção de um destino iminente para todos os que estavam a bordo causaram medo no público e provaram que a ficção científica poderia ser aterrorizante.
Esse prequel tenta explicar parte da mitologia da série, mas é uma trama que se afoga em sua própria ambição. Tenta a todo custo criar uma mitologia para série, mas falta a tensão e o horror que fizeram do primeiro filme um clássico absoluto.
Essa expansão do universo, responde perguntas deixadas no filme anterior Prometheus (2012), mas é desanimadora a construção dos personagens e a enxurrada de CGI que empobrecem toda a experiência. É agradável a um certo grau de fácil entretenimento. Infelizmente, apesar do título, Alien: Covenant é mais Prometheus do que Alien.
A versão do filme em formato de série se beneficia do escopo expandido, e acrescenta especificidade, maiores desafios emocionais e um olhar mais complexo sobre a identidade negra em um mundo branco. Em suma, os personagens agora parecem mais humanos que em sua versão cinematográfica.
É um programa tão raro que se atreve a abordar o corte transversal da identidade pessoal e social ao retratar o que significa pertencer a um grupo marginalizado e ser membro de um grupo dentro desse grupo, e as circunstancias que trazem essas pessoas aos grupos.
O show constrói uma fundação fora de estereótipos e, em seguida, dá-nos um olhar perspicaz para as pessoas por trás dos estereótipos. É menos um ataque aos brancos e aos seus inegáveis privilégios e mais um exame das vidas dos que estão por trás do movimento. Das raízes de seus líderes àqueles que tentam esculpir sua própria fatia de aclamação na discórdia, todo personagem importante é brilhantemente explorado pela série.
Esses temas são tratados com cuidado e franqueza, seriedade e humor. E com essa combinação prova ser uma história inteligente, espirituosa e matizada que satiriza ambos os lados da divisão racial. É um mergulho profundo nos aspectos da vida negra que comumente não são explorados, e ajuda os não-negros a ver nossa humanidade e empurra os negros para que aceitem nossa própria humanidade imperfeita.
O filme brinca com o público o tempo inteiro. Ele é ou, não é? Mais detalhes são colocados em jogo; Ele fala com um sotaque catalão (apropriado para o lugar); Ele foi fisicamente, se não mentalmente, abusado; Ele é mentiroso?; Oportunista? - Suas ações são determinadas por uma memória ressurgente ou são apenas a estratégia de sobrevivência- São perguntas e respostas que são dadas de maneira cautelosamente implícita.
É um filme que nos deixa com pensamentos muito tempo depois que os créditos terminam de rolar. O público pode passar horas tentando digerir, absorver e quebrar os diferentes níveis e juntar o quebra-cabeça para dar significado às imagens, sons e comportamento dos personagens que assistiram de perto. É como ser um detetive tentando descobrir quem está mentindo e por quê.
É uma peça sublime de entretenimento POP sobre o que significa pertencer a uma família, e a bagunça que muitas vezes acompanha tais conexões. O equilíbrio atingido aqui entre comédia e drama é a maior façanha. Mesmo que algumas piadas não funcionem.
A abordagem do diretor James Gunn para esta seqüência é interessante; Em vez de seguir a abordagem expansiva, bombástica, ele vai na contramão para um estilo mais singular e idiossincrático. A trama é menos sobre explorar a galáxia, e mais sobre interagir uns com os outros.
É um filme de super-herói que se concentra mais em personagens e seus arcos, em vez do espetáculo e funciona incrivelmente. Mas, que não se esquece por um segundo que é uma eXtravagância espacial.
É um filme político, satírico, inteligente, mas ainda assim é assustador como o inferno. Realmente não posso acreditar que esta é a estréia do diretor Jordan Peele.
As percepções de Peele sobre as relações raciais contemporâneas são estranhamente realistas, perfeitamente apresentadas, mesmo quando os riscos inevitavelmente aumentam para o absurdo. Seus ajustes de estereótipos e percepções raciais são importantes. Provavelmente a melhor subversão reside na máxima dos filmes de terror: "cara negro morre primeiro".
A estréia de Peele cumpre o que é indiscutivelmente a função mais valiosa do horror; Que é a capacidade de abraçar as partes medonhas e desdenhosas da sociedade e ter uma espécie de riso perturbado por ela. É uma trama corajosa, presciente e desafiadora. Um dos melhores filmes de 2017!
Vivemos uma época de grandes Blockbuster's que dominam as bilheterias, raramente há algo original a ser visto. Infelizmente quando há algo original a ser visto, naufragam nas bilheterias. Este é um grande filme com uma premissa peculiar e algum subtexto profundo.
É um filme único em seus próprios termos. Tem a premissa de Godzilla, mas com estrutura própria para se definir em vez de manter a sua influência. Não é apenas um filme de monstros, mas uma trama de dobra de gêneros. O diretor Nacho Vigalondo cria este mundo, que por acaso tem kaiju's e robôs gigantes, mas no fundo retrata a eterna luta do bem versus mal. Esses kaijus são apenas um portal para a psique dos protagonistas.
O que é mais único é a maneira que desenvolve este universo particular e como os personagens estão conectados a essas criaturas. O roteiro esculpe personagens multidimensionais que vêem seus arcos e conclusões como seres humanos reais. Não importa quão fantástico o filme pode se tornar, o núcleo humano sempre brilha e é o que faz com que seja um sucesso. É ao mesmo tempo ambicioso e divertido.
Tratar estereótipos étnicos no Cinema não é uma tarefa fácil. Este é um exercício de corda bamba constante entre dois extremos constituídos tanto pela sátira irreverente por um lado, quanto pela responsabilidade social que retrata. O diretor Lucien Jean-Baptiste tem em seu currículo outro filme que dialoga bem com essa temática La Première Étoile (2009) sobre uma família negra francesa que decide passar as férias nos Alpes.
Nesta nova incursão, a trama basicamente quebra a temática racial no meio ao inverter sua problemática. Não é mais uma família branca que julga as escolhas de seus filhos que decidem se casar com pessoas de origem estrangeira, ou de um casal branco que decide adotar uma criança negra, mas de uma família negra que aceita adotar uma criança branca. Basicamente, a trama levanta o mesmo problema: a aceitação das diferenças, em que o peso da tradição ainda é fortemente presente. Ou, seja a comédia trabalha para mencionar os problemas fundamentais da nossa sociedade, ou seja, o racismo e a caracterização étnica (que é algo pernicioso e incutido em nossa sociedade).
Nós não rimos apenas da situação básica (uma criança branca adotada por um casal de negros), mas também por todo o contexto envolvendo essa inversão de papeis que estão em nosso imaginário. Um filme que carrega um olhar peculiar sobre a adoção, e a dificuldade de ser negro na sociedade francesa. É satírico, crítico e divertido ao mesmo tempo. Merece ser conhecido.
A peça de Shakespeare confina a maior parte da violência de Macbeth fora do palco, o diretor Roman Polanski a move, lâminas, sangue e tudo, para o centro de sua adaptação: os olhos são arrancados, as gargantas são fendidas e as cabeças cortadas.
Ao focalizar as violentas realidades da guerra e dos assassinatos, Polanski torna a peça mais fria que seu análogo textual. Desfazendo os aspectos simpáticos inerentes à maioria dos personagens de Shakespeare, o diretor reduz até mesmo o nobre Macduff a um mero instrumento de vingança, enquanto o próprio Macbeth, pela brutalidade total de suas ações mostradas, torna-se positivamente monstruoso. A tragédia neste Macbeth não é encontrada em seu protagonista, mas na situação dos mortos.
A linguagem evocativa de Shakespeare permanece intacta. E torna a tragédia de Macbeth de Polanski em uma obra profundamente sombria, contada, por um diretor no auge de seus poderes.
A série é uma lente voyeurística de temas espinhosos como bullying, estupro e suicídio com resultados complicados. Vou me abster de cair no debate se a série incentiva, ou não o suicídio. Pois, acredito que ficção é ficção e realidade é realidade.
A série é bem-sucedida na maneira como apresenta a tragédia de Hannah em dois cronogramas. Vemos flashbacks de todas as coisas que a empurraram para seu ponto de ruptura e a história atual, onde o protagonista masculino (Clay) ingênua e freneticamente tenta entender e vingar a morte da garota que ele ama. Claro, que toda está roupagem é POP, e envolvida com boas atuações.
A trama retrata o suicídio e estupro em detalhes gráficos, pedindo ao público para se tornar voyeur. E porque todos somos voyeurs, também somos todos cúmplices de uma bela garota triste que entra em um espiral crescente de solidão e descredito nas pessoas que a rodeiam.
O grande problema reside na maneira em que a trama fala sobre suicídio, que mais parece uma fantasia do suicídio e, mais especificamente, a fantasia masculina de uma bela e misteriosa garota triste que só você - presumivelmente espectador masculino - realmente entende e pode salva-la. (O público feminino pode escolher entre identificar-se com o protagonista masculino ou assumir a fantasia subordinada de ser uma bela e misteriosa adolescente triste com uma pessoa que realmente a entende). E deste contexto, que a série se torna perigosa e perde completamente o seu discurso.
A série cria uma conversa sobre os limites do olhar, sobre o que podemos olhar, mas não o faz, ou retrata com responsabilidade. O programa insiste que a objetivação do olhar masculino é nociva e violenta - mas o programa efetivamente tornar-se cúmplice nesse olhar.
A abordagem naturalista do diretor Joachim Lafosse é perfeita para este tipo de olhar íntimo para a tristeza que envolve o término de um casamento.
A trama basicamente coloca o espectador na posição desajeitada dos filhos ou amigos que têm de assistir um casal sob o mesmo teto vivenciando o desmantelamento dos complicados laços físicos e emocionais formados durante um longo relacionamento.
Parece instigar uma interessante questão: Que quando o amor entre duas pessoas se dissipa, mas eles são mantidos dentro da órbita uns dos outros por filhos ou questões materiais, como eles colocam para descansar as memórias que são forçados a habitar?
A experiência pessoal pode muito bem ditar a empatia que podemos demonstrar tanto de um lado quanto para outro, embora a verdade inescapável permanece, que mesmo se você decidir se separar de alguém que uma vez significou tanto, sua conexão parental é algo que não pode ser deixado para trás. Um drama humano sem firulas que os europeus transpõem melhor para o Cinema.
Corações de Pedra
3.9 185Conta a história de dois adolescentes que enfrentam a delicada e cruel transição para a idade adulta na gélida Islândia. Um assunto que tem sido fortemente explorado no Cinema com foco na autodescoberta e sexualidade, o que pode revelar-se problemático em alguns casos, não ocorre aqui, mas sofre por ser mais do mesmo. É uma trama delicada e sincera de amizade que transmite com sucesso os problemas de uma época em que às vezes, o pior inimigo é você mesmo.
Grave
3.4 1,1KConceitualmente incrível, mas quando traduzido para a tela, me deixou desapontado.
É um filme que utilmente empurra uma reação repelida sem encorajá-la completamente, apesar da direção, música e performances competentes. Captura a repressão e a paranoia dentro de uma virgem canibal, e deixa um aroma apropriado e intencional de desgosto e perplexidade. Talvez, precisasse ir mais a fundo em sua metáfora do consumo de carne. Queria mais...
Mulher-Maravilha
4.1 2,9K Assista AgoraQuando as pessoas pensam em um herói vêem alguém que possui os melhores componentes de nós. Pensam em um indivíduo - homem ou mulher - que pode inspirar bondade e paz, apesar do caos abrangente em torno deles. É algo tão simples é intrínseco a este universo, mas que nos recentes filmes de super-heróis estes valores foram sumariamente esquecidos. Este filme faz um resgate desta premissa.
Pensar que a Mulher Maravilha existe há tanto tempo, e é um dos personagens mais icônicos, influentes dos quadrinhos e da cultura popular. Somente agora um longa-metragem? Isso é motivo de celebração ainda mais em um filme de origem que respeita a personagem e é uma seria tentativa de colocar o bagunçado universo da DC nos trilhos.
É um filme de ação espetacular com estrogênio que leva o empoderamento feminino a um nível totalmente novo ao equilibrar sua importância com humor e coração. É acima de tudo uma história bem contada, todas as motivações da personagem são claras e concisas, e todas as batidas emocionais funcionam. É impressionante ver a personagem passando de uma mulher inocente e protegida para uma guerreira independente e forte. Sem deixar de ser idealista enquanto acredita na bondade e salvação da humanidade, independentemente da escuridão que ela testemunha através dos horrores da morte e da guerra. Talvez, a grandiosidade que a trama tenta impregnar no final não fosse necessária.
Uma trama que não tem medo de questionar o lugar do homem moderno no mundo quando confrontado com uma mulher forte e nivelada. É um filme de injeção para o universo dos super-heróis. Que venham mais mulheres no comando...
Catfight
3.1 131 Assista AgoraUma comédia de humor negro com observações pontuadas sobre arte, sociedade e coisas femininas. Sabe aquele ditado: Aqui se faz, aqui se paga - Bem a trama eleva isso ao extremo.
O diálogo é engraçado, a violência é crua e a atmosfera geral é muito estranha. É de um cinismo inteligente que não vejo há muito tempo. Uma surpresa muito agradável.
Vida
3.4 1,2K Assista AgoraPara quem assistiu Alien - O Oitavo Passageiro(1979), este exemplar é um filme que não oferece surpresas narrativas. Ha uma ambiguidade assustadora e curiosa que acompanha o monstro criado por Ridley Scott que se sente completamente perdida na criatura do diretor Daniel Espinosa.
O filme é moderamente competente, embora não seja capaz de atingir o seu potencial.
O Sequestro
3.2 295 Assista AgoraO roteiro é medíocre, mas o filme tem cenas de ação e suspense que funcionam. Conta com boa atuação da estrela do filme, Halle Berry. Nada extraordinário.
Predadores do Amor
3.5 79A trama conta a história do último crime de um casal australiano de assassinos em série, rejeita deliberadamente informações e detalhes anteriores, revela lentamente mais camadas de depravação. Acerta no uso de close-ups arrepiantes para nos colocar desconfortavelmente perto dessas pessoas.
Não é tão difícil de assistir como alguns afirmam, graças a um certo estilo de câmera que torna a trama mais cinematográfica e menos real, o que certamente é benéfico. Sabiamente o diretor retrata o horror de sua provação, mas evita a exploração. Ele está mais interessado na dinâmica dos atores e tudo permanece em reações. Filme de estreia de Ben Young fiquem de olho nele.
A História de Rosa Parks
3.8 12É uma pequena produção considerando Rosa Parks uma figura histórica tão importante. É um bom esforço realizado pela diretora Julie Dash, mas definitivamente não é o filme definitivo sobre a vida de Rosa Parks.
Dash tenta fazer um filme de confronto sobre um momento no movimento de direitos civis que trata francamente de opressão racial. Enquanto, ela consegue este efeito, falha ao retratar Rosa Parks em uma trama que se sente apressada, e olha que conta atuação da sempre intensa e talentosa Angela Bassett no papel título. As limitações colocadas sobre a narrativa como resultado da sua natureza feita para a TV impedem a intensidade que a diretora gostaria de atingir. Ainda assim, se você está interessado no assunto, este é um competente trabalho.
Armas na Mesa
4.0 223 Assista AgoraUm thriller político elegante e carnudo sobre o carrossel sombrio do universo dos lobistas. Felizmente foi lançado em um momento relevante com crimes de armas de fogo aumentando a cada ano nos E.U.A. A paisagem política atual confere a trama um importante sentimento de urgência - As questões como Lobby Político e a reforma da 2ª Emenda da Constituição Americana são mais oportunas do que nunca. Contudo, à medida que a história avança, o enredo perde a credibilidade para o bem de sua trama.
Examina questões sociais importantes e sua mensagem possui algum poder, mas, no final do dia, esse projeto está mais apaixonado por si mesmo em ser um Thriller - do que ser um filme provocador. Jessica Chastain dá uma performance surpreendente digna de prêmios. Ela é o comandante e chefe deste navio - sem Chastain a credibilidade do filme teria afundado. A trama depende 100% do comprometimento dela. Um filme que merece ser conhecido.
Um Instante de Amor
3.6 93 Assista AgoraHá uma longa história de diagnosticar as mulheres como doentes, cujos desejos e comportamentos não correspondem às normas impostas pela sociedade. O filme a todo instante instiga o público a participar deste debate. A trama aborda a sexualidade e emancipação feminina de sua protagonista, mas nunca escava abaixo da superfície para desafiar essas idéias.
O filme é uma reminiscência desses melodramas que Hollywood e a Europa costumavam produzir décadas atrás. A diretora Nicole Garcia tem uma abordagem clássica para o material, contando com paisagens deslumbrantes - campos de lavanda, saturado pelo calor do verão do sul da França e o mar Mediterrâneo preenchendo a tela. É de tirar o fôlego...
Marion Cotillard estrela e é absolutamente confiável, magnética, e confere a trama um pulso muito necessário. Sua personagem Gabrielle chora e se rebela com requinte, mas o público pode ter dificuldade em simpatizar com seu envolvimento pessoal e histrionismo em contrapartida com seu esposo que é incrivelmente paciente e indulgente.
Os românticos incuráveis devem se render a este belo filme.
L'Odeur de la mandarine
3.1 2É um melodrama sumptuoso e rústico. Retrata dois personagens com problemas que encontram em sua dor mútua, uma ressonância que lhes permitem estabelecer uma cumplicidade única.
Essa cumplicidade não é tão bonita de se ver em tela como o Cinema costumeiramente insiste em retratar em romances. O roteiro opta por um realismo de seus relacionamentos marcados pela guerra. É um melodrama histórico sensível que nunca cede para as instalações narrativas óbvias.
Uma Família de Dois
4.0 268 Assista AgoraOmar Sy é excepcional em comédias. No entanto, vem mostrando seu potencial para ator dramático como nos sucessos Intocáveis (2011), Samba (2014) e Chocolate (2016), e aqui ele confirma que pode unir drama e comédia em um mesmo filme mais uma vez.
O seu personagem é gentil, divertido e é impossível não gostar dele imediatamente, ele vai de Playboy boa vida para um palhaço triste em um instante, e maquiagem não é necessário, pois a emoção que cria é palpável. Mas, é impossível negar o quanto a trama é convencional, o toque emocional inesperado no final se sente desconexo com sua construção inicial. Mesmo com falhas é um filme inspirador sobre as relações pais e filhos.
A Bela e a Fera
3.9 1,6K Assista AgoraÉ um filme para apaziguar a sede de nostalgia e escapismo de contos de fadas, no entanto a transição da animação tradicional para uma combinação de live-action e uma enxurrada de efeitos especiais perde parte da magia. A fidelidade deste musical em comparação com a animação clássica da Disney é o seu maior acerto e defeito ao mesmo tempo.
Eu Não Sou Seu Negro
4.5 136 Assista AgoraO documentário demonstra a habilidade única de James Baldwin de expor as maneiras como o sentimento anti-negro constituía não só a vida social e política americana na década de 60, mas também sua imaginação cultural. Também se alimenta das idéias de Baldwin para iluminar nossa própria realidade contemporânea.
Usa cenas de vários filmes antológicos para mostrar como Hollywood ao longo dos anos trafica estereótipos de uma possível "Ameaça Negra", e subserviência da inocência e pureza branca. Em um movimento reflexivo, então, o filme de Raoul Peck também se torna um comentário sobre uma indústria cinematográfica norte-americana que estava empenhada em reificar estereótipos raciais e em perpetuar uma ficção da América como o maior fornecedor de liberdade, democracia e felicidade.
É um retrato notável da vida de Baldwin e mais amplamente do dilema racial dos Estados Unidos. É um efeito adequado para um filme sobre um escritor que exibiu uma rara vulnerabilidade em seu trabalho, revelando sua própria experiência pessoal como texto para auto-reflexão nacional.
Alien: Covenant
3.0 1,2K Assista AgoraQuando Ridley Scott fez Alien em 79, reinventou o gênero de horror criando uma das criaturas mais icônicas em celuloide. Os tenebrosos corredores escuros do Nostromo e a lenta construção de um destino iminente para todos os que estavam a bordo causaram medo no público e provaram que a ficção científica poderia ser aterrorizante.
Esse prequel tenta explicar parte da mitologia da série, mas é uma trama que se afoga em sua própria ambição. Tenta a todo custo criar uma mitologia para série, mas falta a tensão e o horror que fizeram do primeiro filme um clássico absoluto.
Essa expansão do universo, responde perguntas deixadas no filme anterior Prometheus (2012), mas é desanimadora a construção dos personagens e a enxurrada de CGI que empobrecem toda a experiência. É agradável a um certo grau de fácil entretenimento. Infelizmente, apesar do título, Alien: Covenant é mais Prometheus do que Alien.
Cara Gente Branca (Volume 1)
4.3 304 Assista AgoraA versão do filme em formato de série se beneficia do escopo expandido, e acrescenta especificidade, maiores desafios emocionais e um olhar mais complexo sobre a identidade negra em um mundo branco. Em suma, os personagens agora parecem mais humanos que em sua versão cinematográfica.
É um programa tão raro que se atreve a abordar o corte transversal da identidade pessoal e social ao retratar o que significa pertencer a um grupo marginalizado e ser membro de um grupo dentro desse grupo, e as circunstancias que trazem essas pessoas aos grupos.
O show constrói uma fundação fora de estereótipos e, em seguida, dá-nos um olhar perspicaz para as pessoas por trás dos estereótipos. É menos um ataque aos brancos e aos seus inegáveis privilégios e mais um exame das vidas dos que estão por trás do movimento. Das raízes de seus líderes àqueles que tentam esculpir sua própria fatia de aclamação na discórdia, todo personagem importante é brilhantemente explorado pela série.
Esses temas são tratados com cuidado e franqueza, seriedade e humor. E com essa combinação prova ser uma história inteligente, espirituosa e matizada que satiriza ambos os lados da divisão racial. É um mergulho profundo nos aspectos da vida negra que comumente não são explorados, e ajuda os não-negros a ver nossa humanidade e empurra os negros para que aceitem nossa própria humanidade imperfeita.
A Próxima Pele
2.8 80 Assista AgoraO filme brinca com o público o tempo inteiro. Ele é ou, não é? Mais detalhes são colocados em jogo; Ele fala com um sotaque catalão (apropriado para o lugar); Ele foi fisicamente, se não mentalmente, abusado; Ele é mentiroso?; Oportunista? - Suas ações são determinadas por uma memória ressurgente ou são apenas a estratégia de sobrevivência- São perguntas e respostas que são dadas de maneira cautelosamente implícita.
É um filme que nos deixa com pensamentos muito tempo depois que os créditos terminam de rolar. O público pode passar horas tentando digerir, absorver e quebrar os diferentes níveis e juntar o quebra-cabeça para dar significado às imagens, sons e comportamento dos personagens que assistiram de perto. É como ser um detetive tentando descobrir quem está mentindo e por quê.
Guardiões da Galáxia Vol. 2
4.0 1,7K Assista AgoraÉ uma peça sublime de entretenimento POP sobre o que significa pertencer a uma família, e a bagunça que muitas vezes acompanha tais conexões. O equilíbrio atingido aqui entre comédia e drama é a maior façanha. Mesmo que algumas piadas não funcionem.
A abordagem do diretor James Gunn para esta seqüência é interessante; Em vez de seguir a abordagem expansiva, bombástica, ele vai na contramão para um estilo mais singular e idiossincrático. A trama é menos sobre explorar a galáxia, e mais sobre interagir uns com os outros.
É um filme de super-herói que se concentra mais em personagens e seus arcos, em vez do espetáculo e funciona incrivelmente. Mas, que não se esquece por um segundo que é uma eXtravagância espacial.
Corra!
4.2 3,6K Assista AgoraÉ um filme político, satírico, inteligente, mas ainda assim é assustador como o inferno. Realmente não posso acreditar que esta é a estréia do diretor Jordan Peele.
As percepções de Peele sobre as relações raciais contemporâneas são estranhamente realistas, perfeitamente apresentadas, mesmo quando os riscos inevitavelmente aumentam para o absurdo. Seus ajustes de estereótipos e percepções raciais são importantes. Provavelmente a melhor subversão reside na máxima dos filmes de terror: "cara negro morre primeiro".
A estréia de Peele cumpre o que é indiscutivelmente a função mais valiosa do horror; Que é a capacidade de abraçar as partes medonhas e desdenhosas da sociedade e ter uma espécie de riso perturbado por ela. É uma trama corajosa, presciente e desafiadora. Um dos melhores filmes de 2017!
Colossal
3.1 340 Assista AgoraVivemos uma época de grandes Blockbuster's que dominam as bilheterias, raramente há algo original a ser visto. Infelizmente quando há algo original a ser visto, naufragam nas bilheterias. Este é um grande filme com uma premissa peculiar e algum subtexto profundo.
É um filme único em seus próprios termos. Tem a premissa de Godzilla, mas com estrutura própria para se definir em vez de manter a sua influência. Não é apenas um filme de monstros, mas uma trama de dobra de gêneros. O diretor Nacho Vigalondo cria este mundo, que por acaso tem kaiju's e robôs gigantes, mas no fundo retrata a eterna luta do bem versus mal. Esses kaijus são apenas um portal para a psique dos protagonistas.
O que é mais único é a maneira que desenvolve este universo particular e como os personagens estão conectados a essas criaturas. O roteiro esculpe personagens multidimensionais que vêem seus arcos e conclusões como seres humanos reais. Não importa quão fantástico o filme pode se tornar, o núcleo humano sempre brilha e é o que faz com que seja um sucesso. É ao mesmo tempo ambicioso e divertido.
Ele Tem Mesmo os Seus Olhos
3.6 53Tratar estereótipos étnicos no Cinema não é uma tarefa fácil. Este é um exercício de corda bamba constante entre dois extremos constituídos tanto pela sátira irreverente por um lado, quanto pela responsabilidade social que retrata. O diretor Lucien Jean-Baptiste tem em seu currículo outro filme que dialoga bem com essa temática La Première Étoile (2009) sobre uma família negra francesa que decide passar as férias nos Alpes.
Nesta nova incursão, a trama basicamente quebra a temática racial no meio ao inverter sua problemática. Não é mais uma família branca que julga as escolhas de seus filhos que decidem se casar com pessoas de origem estrangeira, ou de um casal branco que decide adotar uma criança negra, mas de uma família negra que aceita adotar uma criança branca. Basicamente, a trama levanta o mesmo problema: a aceitação das diferenças, em que o peso da tradição ainda é fortemente presente. Ou, seja a comédia trabalha para mencionar os problemas fundamentais da nossa sociedade, ou seja, o racismo e a caracterização étnica (que é algo pernicioso e incutido em nossa sociedade).
Nós não rimos apenas da situação básica (uma criança branca adotada por um casal de negros), mas também por todo o contexto envolvendo essa inversão de papeis que estão em nosso imaginário. Um filme que carrega um olhar peculiar sobre a adoção, e a dificuldade de ser negro na sociedade francesa. É satírico, crítico e divertido ao mesmo tempo. Merece ser conhecido.
Macbeth
3.9 51A peça de Shakespeare confina a maior parte da violência de Macbeth fora do palco, o diretor Roman Polanski a move, lâminas, sangue e tudo, para o centro de sua adaptação: os olhos são arrancados, as gargantas são fendidas e as cabeças cortadas.
Ao focalizar as violentas realidades da guerra e dos assassinatos, Polanski torna a peça mais fria que seu análogo textual. Desfazendo os aspectos simpáticos inerentes à maioria dos personagens de Shakespeare, o diretor reduz até mesmo o nobre Macduff a um mero instrumento de vingança, enquanto o próprio Macbeth, pela brutalidade total de suas ações mostradas, torna-se positivamente monstruoso. A tragédia neste Macbeth não é encontrada em seu protagonista, mas na situação dos mortos.
A linguagem evocativa de Shakespeare permanece intacta. E torna a tragédia de Macbeth de Polanski em uma obra profundamente sombria, contada, por um diretor no auge de seus poderes.
13 Reasons Why (1ª Temporada)
3.8 1,5K Assista AgoraA série é uma lente voyeurística de temas espinhosos como bullying, estupro e suicídio com resultados complicados. Vou me abster de cair no debate se a série incentiva, ou não o suicídio. Pois, acredito que ficção é ficção e realidade é realidade.
A série é bem-sucedida na maneira como apresenta a tragédia de Hannah em dois cronogramas. Vemos flashbacks de todas as coisas que a empurraram para seu ponto de ruptura e a história atual, onde o protagonista masculino (Clay) ingênua e freneticamente tenta entender e vingar a morte da garota que ele ama. Claro, que toda está roupagem é POP, e envolvida com boas atuações.
A trama retrata o suicídio e estupro em detalhes gráficos, pedindo ao público para se tornar voyeur. E porque todos somos voyeurs, também somos todos cúmplices de uma bela garota triste que entra em um espiral crescente de solidão e descredito nas pessoas que a rodeiam.
O grande problema reside na maneira em que a trama fala sobre suicídio, que mais parece uma fantasia do suicídio e, mais especificamente, a fantasia masculina de uma bela e misteriosa garota triste que só você - presumivelmente espectador masculino - realmente entende e pode salva-la. (O público feminino pode escolher entre identificar-se com o protagonista masculino ou assumir a fantasia subordinada de ser uma bela e misteriosa adolescente triste com uma pessoa que realmente a entende). E deste contexto, que a série se torna perigosa e perde completamente o seu discurso.
A série cria uma conversa sobre os limites do olhar, sobre o que podemos olhar, mas não o faz, ou retrata com responsabilidade. O programa insiste que a objetivação do olhar masculino é nociva e violenta - mas o programa efetivamente tornar-se cúmplice nesse olhar.
A Economia do Amor
3.3 9 Assista AgoraA abordagem naturalista do diretor Joachim Lafosse é perfeita para este tipo de olhar íntimo para a tristeza que envolve o término de um casamento.
A trama basicamente coloca o espectador na posição desajeitada dos filhos ou amigos que têm de assistir um casal sob o mesmo teto vivenciando o desmantelamento dos complicados laços físicos e emocionais formados durante um longo relacionamento.
Parece instigar uma interessante questão: Que quando o amor entre duas pessoas se dissipa, mas eles são mantidos dentro da órbita uns dos outros por filhos ou questões materiais, como eles colocam para descansar as memórias que são forçados a habitar?
A experiência pessoal pode muito bem ditar a empatia que podemos demonstrar tanto de um lado quanto para outro, embora a verdade inescapável permanece, que mesmo se você decidir se separar de alguém que uma vez significou tanto, sua conexão parental é algo que não pode ser deixado para trás. Um drama humano sem firulas que os europeus transpõem melhor para o Cinema.