É um suntuoso Western com uma perspectiva feminina em uma estrutura de 4 capítulos não-lineares. É certamente único em sua proposta.
Deixando de lado a possibilidade do aspecto espectral, os capítulos que exploram o passado da protagonista, em primeiro lugar, mostram a brutalidade de um velho Oeste muito conhecido - no qual os duelos entre pistoleiros e a atividade nos bordéis nunca param - para depois ir em profundidade para outros temas como: O lar de uma família de imigrantes europeus onde a religião reina e, ao mesmo tempo, justifica as ações mais cruéis.
Exibe, do ponto de vista feminino, o lado brutal do patriarcado no Oeste Selvagem Americano, aceito devido às regras impostas em um lugar específico em conveniência, obviamente, do patriarca. Assim, o filme expõe sem reservas a objetivação sexual das mulheres.
O diálogo (e, muitas vezes, a falta dele) é executado com precisão. A trama apresenta temas espinhosos como abuso sexual, incesto, pedofilia, estupro, prostituição infantil e fanatismo religioso. No entanto, toca em todos estes temas de modo áspero. É filmado com uma beleza ímpar, o que é uma justaposição ao forte conteúdo gráfico que apresenta.
É um filme violento e intransigente. Para aqueles que podem lidar com a desolação e brutalidade do conteúdo será recompensado com uma história incrível. É sem dúvidas, um dos Western híbridos mais poderosos da memória recente.
Um filme que confronta os espectadores com a beleza da imperfeição, o estigma da deformidade e a doença da mente humana.
Segue algumas pessoas fisicamente deformadas e como eles tentam encontrar seu lugar em um mundo "normal". Para alguns, suas deformidades significam que o mundo normal os assaltará sexualmente, tentando mantê-los escondidos, perversamente cobiçá-los, rir de suas faces, explorá-los, adorá-los e para a maioria deles uma combinação de tudo isso.
Esses Outsiders vivem vidas herméticas, criam seu próprio mundo dentro de seus interiores impecáveis e elegantes. Seu contato com o mundo exterior geralmente termina em desgosto ou fetichização; De qualquer forma eles nunca podem esquecer sua aparência alternativa.
Combinado com uma estética radical de plástico cor-de-rosa com roxo e temas ousados, a estreia do diretor Eduardo Casanova é mais que promissora. Os personagens são adoráveis e os capítulos vão desde o comicamente absurdo ao moralmente confuso. Merece ser conhecido.
O poder do silêncio no Cinema. Às vezes, as imagens não precisam de palavras para acompanhá-las para obter o seu ponto de vista. Como diz o ditado, uma imagem vale mais que mil palavras.
É um conto atemporal de aceitação da própria circunstância de como o amor pode vir do mais improvável dos lugares. Nenhuma palavra é dita, mas tudo é sentido.
A vida é preciosa, terrível, mágica, humorística, triste e absolutamente bela, muito parecida com esta animação.
Este não é um filme "para" negros: é um filme "para" todos. Absolutamente todos. É um filme que consegue estabelecer uma empatia com um protagonista que, para a maioria das pessoas que leem sua sinopse, poderiam categoriza-lo como uma trama muito distante de suas próprias vidas e suas próprias experiências. Há um mistério e uma mágica em como o escritor e diretor Barry Jenkins conduz a trama.
Chiron é pobre, negro e gay (embora o último deles não seja algo que pareça confortável em voz alta), raramente o Cinema americano aborda esse tipo de personagem sem recorrer a estereótipos fáceis e caricatos, muito menos com tal graça e poesia. É um filme estruturado em três atos que deslizam uns sobre os outros com três atores e três instancias da vida (infância, adolescência e vida adulta). Há um pequeno número de pessoas que podem assistir, e dizer honestamente que o personagem principal: "...é como eu." O filme, no entanto, faz sua experiência se sentir Universal e inesquecível, como sua história é a sua história. Suponho que é capaz de fazer isso na maneira em que somos imersos em sua vida nas diferentes instâncias que são retratadas. É quase como uma realidade virtual emocional: enquanto você está sentado conferindo, você é ele.
A trama reconhece os ciclos destrutivos da pobreza, violências, do crime, da autoimagem. Ao mesmo tempo, evita todos os estereótipos sobre identidade, raça, cultura e sexualidade, e realiza essa proeza à custa do pequeno e desolador estudo de caráter que está em seu centro. A questão do que realmente significa ser um homem ganha uma nova ressignificação Filmes como este são tão escassos como a água no deserto. Não tenho dúvidas de se tratar do melhor filme de 2016.
É um drama poderoso. É acima de tudo um retrato de um homem muito complexo que luta para criar uma família, enquanto culpa o mundo ao seu redor e reflete sobre os eventos de sua vida. O roteiro de August Wilson é uma parábola sobre a condição humana, o poder de moldar a própria vida, e os fantasmas de sonhos fracassados em autoridade sobre os nossos descendentes. É robusto, espirituoso, emotivo e explícito em camadas de poesia. Denzel Washington dirige e estrela, claramente tem grande respeito e reverência pela peça de Wilson, o que parece limitá-lo em respirar demais na peça. Contudo, encontra a beleza na simplicidade.
É um filme sem uma pausa para respirar, e não há um momento em que queremos que eles parem. Washington habilmente deixa sua câmera sobre o elenco, movendo-se como parte dele, nunca intrusiva e sempre envolvente. Não é cinematográfico o suficiente para fazer você esquecer que está vendo uma peça filmada, mas é feliz em captar a intensidade, a emoção de um grande evento teatral.
Há uma cerca literal no centro da trama, talvez não ressoa na tela da maneira que faz no palco. Não é uma metáfora viva. As "cercas" que são construídas, ressaltam a barreira que o personagem de Denzel ergueu entre ele, sua esposa e seus filhos, reconhece a injustiça histórica contra o povo negro, mas nos lembra que todos nós somos humanos e cometermos erros que geralmente vêm à custa de nossas próprias falhas pessoais. O desempenho de Viola Davis é devastador, e às vezes insuportavelmente doloroso de assistir, como luta para manter o equilíbrio no caos. Quando ela muda a dor dos fracassos percebidos "dele" para "ele", é uma das cenas mais memoráveis, honestas e dolorosas do filme. A química que ela e Denzel Washington compartilham estão entre as melhores da década.
É um exame fascinante e preocupante sobre a família e expõe: Esperança, paixões e dor, aceitação e negação. Somos produtos de nossos tempos, as casas em que nascemos, e a linhagem do qual fazemos parte pode formar muito mais do que somos. Pode ser o que nós nos tornaremos. Essa é uma verdade que muitas vezes só os outros podem ver. É um filme de grande importância, e com uma mensagem atemporal.
É uma trama de sensação boa que incomoda, um filme baseado em eventos históricos que se sente tanto relevante como novo. A trama capta com habilidade a energia febril a corrida espacial durante a guerra fria entre Russos e Americanos, no entanto, muito do que mantém o filme de ponta a ponta vem de sua ressonância contemporânea sobre o racismo e sexismo vigente até hoje.
Não é um filme irritado, ou de julgamentos, mas de instrução. As mulheres desta trama usam suas mentes brilhantes, - enxergam números que outros não podem ver, realizam cálculos complexos para viagens espaciais - mas, são figuras desconhecidas, tanto por serem mulheres quanto por serem negras. A trama pode ser acusada de tratar o racismo com uma simplicidade simplista, mas o faz com excelência. Se assemelha mais a um conto de fadas do que um exame sério de seus problemas. Sua simplicidade consegue tornar palatável a um público maior, o que é sua proposta. No entanto, é completamente consciente, e ao mesmo tempo pessoal do assunto que trata. A ideia que o racismo existe e termina até tornar-se inconveniente para os interesses mútuos é... bem, mais próxima da verdade que inconvenientemente impera dos dias atuais.
É dominado por performances fantásticas, enérgicas e muitas vezes comoventes de suas três protagonistas, e reforçado pelo trabalho silencioso, mas ainda excelente do elenco de apóio. A revelação neste elenco, porém, é a cantora Janelle Monáe. Aqui, é o centro espiritual do filme, uma mulher de convicção notável que vê o mundo como ele é, mas se recusa a aceitá-lo. O escopo do filme em si é íntimo: trata-se de conquistar a custódia sobre o direito fundamental à dignidade, o direito de ir trabalhar e fazer o seu trabalho como todo mundo sem ser espreitado por conta de sua raça ou gênero. Estes são privilégios básicos, que talvez exija uma abordagem básica. Um trabalho que vai inspirar mulheres negras em todo o mundo. A opressão não pode prender alguém para baixo na busca de lutar por seus sonhos e ideais.
Parece irônico, Mel Gibson, um diretor que demonstra uma clara fascinação e habilidade com a violência na tela, assumir um filme como este, sobre a vida e o heroísmo de um soldado pacifista que se recusou a usar armas. No entanto, Gibson é um ajuste natural para a história, que, assim como seus outros filmes, gira em torno de um homem que tem uma relação íntima com a violência e cuja devoção à sua fé é inabalável.
O filme é efetivamente dividido em duas partes, a primeira é uma biografia padrão e sem floreios, enquanto a segunda parte é quando Gibson se solta e descreve a guerra da maneira mais violenta e crua possível. Para o homem que recriou a famosa crucificação de Jesus Cristo como um festival de tortura e horror, é evidente que o resultado final entrega algumas das imagens mais sangrentas que o gênero já viu.
O sucesso de qualquer filme biográfico baseia-se na habilidade do ator principal de humanizar quem quer que seja, e Andrew Garfield faz exatamente isso. Mas, é Mel Gibson que leva o filme a outro patamar. Ele é um artista febril, e não há um segundo em seu filme que não transpareça a sua intensidade peculiar. Este é um filme de guerra não sobre a glória da luta, não sobre a glória de morrer, mas sobre a glória do altruísmo.
A tese fundamental da trama é que o intelecto e compaixão serão a salvação da humanidade. O filme se preocupa com a forma como reagimos ao medo e a tragédia. A nossa interpretação é inteiramente única. Há evidências que afirmam que não sabemos como as percepções diferenciam até que tenhamos uma palavra anexada a ela, por exemplo, podemos ver o amarelo, mas até que conhecemos a palavra amarela, o amarelo é indistinguível. Em um plano semelhante, as emoções são tão inexploradas em termos de potencial linguístico. Nosso espectro emocional é vasto e indefinível, mas para articular como sentimos recorremos a um pequeno conjunto de palavras para descrevê-las.
Uma vez que surgem novas palavras e se integram em nosso vocabulário coletivo, somos capazes de descrever nossos sentimentos melhor e, subsequentemente, temos uma capacidade aumentada de empatia e razão uns com os outros. Essa capacidade linguística expandida, obviamente estendendo-se a falantes bilíngues, é dito para oferecer um outro meio de perceber o mundo. Esta é a visão básica de "A Chegada". Que se encontrarmos outra espécie tão radicalmente diferente da nossa, a única maneira realista de se conectar e se comunicar verdadeiramente com eles é mergulhar completamente no que eles estão vendo, pensando e sentindo. Para nos absorvermos em seu mundo. Encontrar uma maneira diferente e assustadoramente nova de ver - Um conceito que muitos veementemente se opõem ao fim da Terra.
A necessidade de decifrar uma linguagem extraterrestre não é diferente da nossa própria necessidade de simplesmente falar com aqueles que se opõem a nós, e se comunicar com aqueles que tememos. As palavras têm um significado tangível e importante. A trama é um lembrete que a comunicação oferece o melhor caminho para a humanidade. Uma luz brilhante em um mundo de incertezas preocupantes. Os desafios devem ser resolvidos com o cérebro, não com os músculos...Temos a capacidade de ser grandes, mas desperdiçamos com ignorância e preconceitos. O diretor Denis Villeneuve fornece o corpo essencial, complexo e reflexivo a este Sci-Fi, e Amy Adams fornece a humanidade que o transforma em algo verdadeiramente especial. Merece ser visto e revisto. Um dos Melhores filmes de 2016.
É uma trama que se disfarça como um drama suave e sofisticado no início, mas mostra que é corajoso e brutal quando a história avança. O diretor Tom Ford combina brilhantemente sua complexa abordagem da narrativa de "história dentro de uma história", fazendo com que o mundo ficcional espelhe, contraste ou exemplifique a realidade da relação entre os personagens. Falando dos personagens, todos os atores dão performances de alto nível, especialmente Jake Gyllenhaal e Michael Shannon.
É um elegante conto torcido de vingança que nunca deixa de atrair o público ainda mais para sua complicada conspiração final. É também um filme incitador, que irá claramente dividir sua audiência. É frio, amargo e muito cínico. Questiona a natureza e a fragilidade do julgamento humano e pergunta se podemos confiar em como vemos as coisas nós mesmos. É uma meta-narrativa sobre críticas ou arte em geral ou talvez isso é só eu projetando. É um filme de vingança que se manifesta através da sugestão e da violência psicológica, e não através da ação e da violência física. Obra-prima.
O enredo pode parecer familiar, e muitos podem se perguntar: Por que três horas se este cenário simples pode ser encurtado em um filme de 1 hora e meia? - Acontece que Toni Erdmann é mais complexo do que qualquer um poderia pensar. Confia na inteligência da audiência em acolher estes seres humanos adoráveis e defeituosos, enquanto suas vidas mundanas começam a evoluir para uma aprendizagem mútua envolvida em um humor absolutamente absurdo. E o público não sente que é tão longo devido ao enredo dinâmico e a excelente capacidade da diretora em contar histórias com atuações que vão simplesmente explodir sua mente.
É uma ambiciosa e profundamente perceptível comédia humanista que observa os laços familiares entre pai e filha, e apresenta um passo além da sua premissa simplista capturando a estranheza da monotonia diária, enquanto reconhece o valor dos relacionamentos.
Um filme profundamente deprimente, mas comovente. Uma trama construída por suas performances. O roteiro é fantástico no desenvolvimento de caráter de seu protagonista. O ator Casey Affleck confere o desempenho de uma vida neste papel, embora seu personagem pareça mundano e sem brilho no início, aos poucos o público entende a razão que ele é do jeito que é.
O sofrimento é um animal diferente para todos os que são forçados a senti-lo. Algumas pessoas lidam com raiva, algumas pessoas escolhem abertamente falar sobre isso, e outros não dizem uma palavra e carregam tudo para dentro. Este é um retrato desta última instância.
O grande problema com a trama é que ela é completamente dependente do sofrimento de seu protagonista. Eventualmente, todo o azar e sofrimento com o passar da projeção se sente repetitivo e cansado. E me impediu de sentir completamente deslumbrado com o filme como a maioria do público e crítica parece contemplar. É bom, mas confesso que realmente não entendo todo o amor que está recebendo.
O filme é um mergulho em uma das mais belas histórias de amor. Eles lutaram contra um estado segregado e um país dividido para ficar juntos e provar que não havia nada de errado com as emoções que sentiam e compartilhavam uns com os outros. O diretor Jeff Nichols evoca a intimidade em todas as oportunidades. Ele resiste à tentação de sublinhar a importância de sua história, de passar tempo em cenas (como cenas de tribunal) que podemos imaginar muito bem por conta própria, e se recusa a ampliar o escopo de seu filme para demonstrar sua influência no resto do mundo, ou para mostrar seu detalhe naturalista e meticuloso do período.
Os atores Joel Edgerton e Ruth Negga caem como luva em toda esta naturalidade simplista que é a proposta da trama. Ambos os personagens se sentem vividos, acostumados com suas rotinas e sincronizados como se estivessem se segurando uns aos outros durante os tempos difíceis.
É uma trama sutil, silenciosa que mostra a quantidade certa de dor que estes dois sofreram durante uma década inteira antes que um contexto histórico lhes trouxesse justiça. É chamado "Loving" não apenas porque eram seus sobrenomes, mas porque é isso que eles fizeram; eles se amaram.
Parte do que gostei em Whiplash: Em Busca da Perfeição (2015) é replicado aqui: a edição, a câmera, a direção e a paixão pela música. O que está faltando, no entanto, é o ponto de vista inclinado, a maneira estranha de olhar para a arte e a insaciada busca por ela. Em Whiplash ocorre uma destruição mutuamente assegurada: o foco e o desejo de perfeição dos dois personagens principais aniquilam seu capital social. Nenhum funcionará novamente. É um final tematicamente adequado.
Em vez desta crítica cuidadosamente modulada da perseguição artística. O que La La Land está tentando dizer sobre artistas? Que só a arte comercialmente viável é a arte que vale a pena prosseguir? Que os artistas devem ser apoiados não importa quão tolas sejam suas ideias?- Os astros Emma Stone e Ryan Gosling se apresentam e são encantadores até a última instância, mas certamente não são texturizados o suficiente para sustentar o meu interesse através das sequências não-musicais. As músicas são banais quando não são totalmente imemoráveis, e o tema de piano parece apenas um tilintar aleatório e triste.
Pode-se encontrar a paixão íntima que o diretor Damien Chazelle tem por suas influências cinematográficas e musicais, em que a cada momento parece recordar algo bonito, uma referência de uma memória preciosa. Possui momentos de maravilha visual e auditiva, mas não são suficientes para preencher a falta de coerência ideológica. É um filme vazio aparentemente projetado para o prazer máximo do público, e neste quesito é um sucesso.
Será que é possível separar a arte do artista?- Desde a sua estreia arrebatadora no Festival de Sundance em janeiro de 2016, o filme tem lutado uma batalha difícil. Isto é especialmente decepcionante como começou em 2016 no topo da colina. A produção foi recebida com elogios quase unânimes de plateias e críticos completamente extáticos. Depois foi comprado pela Fox no maior acordo de aquisição da história de Sundance. No entanto, alguns meses se passaram e acusações de estupro centradas no cineasta Nate Parker e roteirista Jean Celestin ofuscaram completamente a produção. Para piorar o ator demonstrou sua aparente falta de empatia em entrevistas sobre o assunto.
O filme, contudo, é uma poderosa e imperfeita lição de história da vida e da morte de Nat Turner, um pastor negro que liderou uma insurreição de escravos nos E.U.A em 1831. O que não se pode negar é a paixão que Nate Parker tem por esta história em cada quadro. Ele aproveita todas as oportunidades possíveis para fazer algo novo com a câmera e exibir a excelente fotografia, especialmente em algumas sequências "sonhos", onde quase se torna metafísico.
A trama faz observações verdadeiramente pungentes sobre religião através da lente da violência. Fica claro que o diretor está muito mais preocupado com o caráter de seu protagonista e como a religião o transformou em um líder mítico do que qualquer outra instância. Embora, o filme pode ser desigual, especialmente no terceiro ato, ainda alcança momentos de beleza e horror enquanto observamos Nate Turner em uma violenta e necessária rebelião contra o pecado da escravidão. É um filme brutal em certo aspecto que pode ter falhas enfadonhas, talvez falte audácia e sadismo que fizeram de Coração Valente (1995) uma produção “Oscarizada”. O que nos resta é um filme admirável, agitado, falho, simplista, mas importante, que sem dúvidas merece ser conhecido.
É uma dura narrativa emocional sobre a perda, mas também é um filme de monstro. Como o monstro desta história explica, saber o que nos assusta é entender quem realmente somos. O monstro é apenas um reflexo de uma verdade profunda e escura que muitas vezes tentamos não enfrentar.
A trama é algo parecido com um nervo cru, destacando não apenas um período de grande estresse emocional, mas o ponto em que a infância de um menino é forçosamente quebrada em favor das nuanças complicadas de um mundo adulto. Um filme que encontra profundidade em desvendar a natureza do medo, tristeza e depressão, apenas para desconstruir o que mais importa: recusar as mentiras reconfortantes e aceitar a verdade amarga.
O filme de Mira Nair explode com energia vibrante e cores deslumbrantes e saturadas. Uma produção com um elenco essencialmente negro que representa a pobreza de alguns que vivem na África, mas também apresenta a vibrante cultura que prospera por lá, e está mais interessado em sua beleza do que em seu tormento.
Mas são as performances que realmente elevam esta história em algo especial. É Lupita Nyong'o que mais uma vez rouba o show. Neste ponto, estou convencido de que pode interpretar qualquer papel dado a ela e tirá-lo com graça. Na verdade, a grande maioria das cenas emocionalmente ressonantes são quase totalmente realizadas por ela. É uma performance maravilhosa que merecia sinceramente ser lembrada por todas as premiações.
Não é um filme isento de falhas. É uma narrativa apressada que apresenta personagens de cena em cena, muitas vezes se sente que momentos poderosos estão sendo estrangulados para nos levar ao final da trama a todo custo. A Disney criou algo de um subgênero para si mesmo com os dramas de esportes inspiradores. O grande diferencial deste para os demais dramas esportivos é que este realmente tem a vontade e a paixão para inspirar as pessoas sem soar à sentimentalismo barato.
O visual é vibrante repleto de cores brilhantes que se encaixam a cultura da Polinésia e do Pacífico. A narrativa por sua vez, é capaz de subverter alguns dos clichês mais cansados e tradicionais das Princesas da Disney.
O mais encorajador desta animação é a evolução que a Disney propõe com sua fórmula aqui. Como alguém que nunca se desentendeu sobre a natureza fórmica de seu trabalho, as mudanças feitas aqui são notavelmente bem-vindas. Quem disse que para ser Princesa precisa de um Príncipe?
Moana é uma personagem multidimensional em um conto culturalmente infundido repleto de mitos espirituais. Sonha com realizações que não são projetadas a ela, é limitada pelas restrições de sua sociedade. Com muita aventura, e músicas a trama lida com a quebra de restrições de uma sociedade, independentemente das limitações que foram colocadas a ela. É uma jornada mais preocupada com a autodescoberta. Mas, o que é ainda mais fascinante é que não tem um vilão tradicional, entende que às vezes podemos ser nossos próprios inimigos.
Por que outro filme baseado no diário de Anne Frank? - Todo mundo sabe a história. Respondo a pergunta. Esta é a primeira vez que um filme sobre Anne é feito em alemão, a língua nativa dela. A proposta é uma nova abordagem para tornar ainda mais acessível a uma nova geração. O diretor e o roteirista tiveram acesso a novas informações recolhidas a partir dos diários "inéditos" não publicados.
A trama nos lembra que Anne era uma adolescente acima de tudo que estava curiosa sobre seu corpo em mudança. Ao mesmo tempo, torna palpáveis os terrores diários de se esconder dos perseguidores no "Anexo Secreto". A perda da dignidade humana em condições sub-humanas. O ponto alto, no entanto, é o brilhante elenco. Não existe um elo fraco. E eles operam como um verdadeiro conjunto. É uma vitrine de atuação. Mesmo se você já tenha conferido outras versões do DIÁRIO DE ANNE FRANK essa produção merece uma nova chance de ser vista.
A Europa é novamente confrontada com inúmeras tragédias humanas causadas pela imigração. O diário de Anne Frank abre a porta a muitos temas contemporâneos, especialmente a respeito da igualdade, da emancipação e da proteção das minorias.
Qualquer filme que coloca em seus créditos iniciais Janet Jackson é um bom começo. Especialmente quando a canção é "Miss You Much" suprassumo das rádios no ano de 1989. O filme define o tom de um dia de verão nas ruas de Chicago no fim da década de 80. A trama retrata o primeiro encontro de Michelle e Barack Obama através da lente de algo semelhante à trilogia de "Antes do Amanhecer" do diretor Richard Linklater.
A magia de como estranhos perfeitos podem se conectar tão intimamente durante um curto período de tempo. A trama analisa esse sentimento indescritível que cria um laço forte e confiante entre essas duas pessoas - um vínculo que inevitavelmente se transformará em amor e uma parceria de sucesso resultando em Presidente e Primeira Dama. É político, sem ser sobre político. É romântico, sem ser melodramático. Não é perfeito, mas dentro de sua proposta é um sucesso.
Este é um olhar interessante sobre Barrack Obama e se você puder pôr suas opiniões políticas de lado, apreciará esta compreensão humana do ex-presidente norte-americano.
Não se trata de uma biografia convencional de um homem destinado a ser um vencedor. É sobre a busca de um homem tentando pertencer a algo, e encontrar-se na grande cidade de Nova York. Acompanhamos esta busca de autoconhecimento em uma América ainda divisiva racialmente no qual o jovem Obama tenta cautelosamente colocar a ponta dos pés, mas tropeça em um romance inter-racial instantaneamente condenado que serve como a espinha dorsal da trama.
Às vezes, a trama luta para externalizar a crise de identidade de seu protagonista de uma maneira que é genuína, e outras vezes nem tanto, contudo, é um olhar suficientemente perspicaz no estado de ser um "Outsider" em uma sociedade que tenta à qualquer custo nos categorizar.
O documentário segue o ex-jogador da NFL Steve Gleason desde seu diagnóstico de Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) - coincidindo em questão de semanas com a descoberta que sua esposa está grávida. Acompanhamos de forma gradual a deterioração de suas habilidades físicas, mas o tempo é apenas uma parte das ambições deste espetacular documentário.
O diretor transforma seus assuntos principais em personagens ricos e complexos: Steve, um ex-atleta tentando fazer as pazes com seu novo corpo, e sua esposa uma mulher de espírito livre lutando com seu novo papel de "cuidadora" tanto do marido quanto para o seu filho pequeno.
É um documentário que dedica-se a problemas de pais e filhos ao longo de três gerações, como Steve tenta fazer as pazes com seu próprio pai. E de sua construção de relacionamento com o seu filho que inadvertidamente não poderá vê-lo crescer. É difícil imaginar um retrato mais sentimental que este. Esse desconforto voyeurístico é o que torna o documentário tão espetacular. Ou melhor, a intimidade que este desconforto oferece. No meio do filme eu senti como se tivesse visto esta família atravessando o inferno. Mas, é acima de tudo uma família confrontando a tragédia com dignidade, em cenas cheias de amor, dor e esperança.
A trama examina uma fatia da percepção da cultura americana como um todo. Da necessidade constante de novas experiência até a individualidade. Disseca a juventude, seus relacionamentos e suas respectivas localidades. Tudo isso é visto através dos olhos nunca descansados de uma adolescente curiosa, cuja insaciável sede de novas experiências a motivam a viver na corda bamba.
O filme de Andrea Arnold reflete a mentalidade de uma juventude desesperada para ser parte de algo e dispostos a assumir riscos para chegar lá, mas que talvez subconscientemente querem adiar essa ideia de crescer para o maior tempo possível. Quem precisa do futuro quando o presente é tão presente?
É uma viagem com pano de fundo repleto de canções populares de gêneros diferentes: Country, Rap, Pop e R&B todos reunidos em diferentes tons que se misturam para se apropriar dos "sons" da América moderna. Talvez, seja este pequeno toque doce para a produção que faz do filme uma das melhores desconstruções modernas da cultura americana. É ao mesmo tempo esperançoso e desesperançoso, a diferença entre a adolescência moderna e a vida adulta tornou-se um abismo onde a maioria não consegue dar o salto.
Skate é um dos esportes mais associados com a marginalização. A trama retrata um grupo de 04 jovens skatistas em uma área suburbana e pobre dos E.U.A. Enquanto, muitos filmes confundem suas histórias com melodramas exagerados ou proselitismo social, esta trama se atreve a ser sombria, contando uma história angustiante sobre a natureza cíclica e geracional da violência política e econômica da periferia.
Não concordamos com as escolhas desses anti-heróis que são sempre claras em sua verdade e consequência, e por qualquer motivo estão sempre presos em escolhas erradas nos momentos errados. O espectador realmente se importa com esses 'caras' e sentimos por eles a inevitabilidade das situações de risco as quais estão inseridos.
O diretor explora a subcultura do Hip-Hop / Skate de Cleveland através de uma câmera invasiva que povoa estes personagens fascinantes com momentos vividos; é um filme cuja autenticidade é tão marcante quanto seu estilo, mesmo que em seu momento final se entrega a tudo aquilo que condena no início, mais contraditório impossível. Mesmo com falhas vale ser conhecido.
Há uma excelente e ousada premissa neste drama sueco. Um jovem adolescente do sexo masculino é solto de uma instituição correcional por um crime hediondo. O espectador não tem conhecimento do crime, e de quem volta para casa, onde a família e a pequena cidade não estão certos quanto sua libertação. Inicialmente, o público é viciado em saber que ele é culpado, e de como as pessoas na cidade são abertamente desdenhosas em relação a sua presença.
A dúvida permanece até o fim. É um adolescente incompreendido que cometeu um erro terrível em um ataque de raiva ou um sociopata incapaz de forjar apegos duradouros e sentir emoções genuínas?
A trama permite ao público vislumbrar tanto os lados claros quanto os escuros do personagem principal, enquanto ele carrega a cruz da vida que tomou para si. É um filme com uma ressonância moral através do qual a luta do perdão e o desejo de seguir em frente são motivações compreensíveis.
Amaldiçoada
3.8 372 Assista AgoraÉ um suntuoso Western com uma perspectiva feminina em uma estrutura de 4 capítulos não-lineares. É certamente único em sua proposta.
Deixando de lado a possibilidade do aspecto espectral, os capítulos que exploram o passado da protagonista, em primeiro lugar, mostram a brutalidade de um velho Oeste muito conhecido - no qual os duelos entre pistoleiros e a atividade nos bordéis nunca param - para depois ir em profundidade para outros temas como: O lar de uma família de imigrantes europeus onde a religião reina e, ao mesmo tempo, justifica as ações mais cruéis.
Exibe, do ponto de vista feminino, o lado brutal do patriarcado no Oeste Selvagem Americano, aceito devido às regras impostas em um lugar específico em conveniência, obviamente, do patriarca. Assim, o filme expõe sem reservas a objetivação sexual das mulheres.
O diálogo (e, muitas vezes, a falta dele) é executado com precisão. A trama apresenta temas espinhosos como abuso sexual, incesto, pedofilia, estupro, prostituição infantil e fanatismo religioso. No entanto, toca em todos estes temas de modo áspero. É filmado com uma beleza ímpar, o que é uma justaposição ao forte conteúdo gráfico que apresenta.
É um filme violento e intransigente. Para aqueles que podem lidar com a desolação e brutalidade do conteúdo será recompensado com uma história incrível. É sem dúvidas, um dos Western híbridos mais poderosos da memória recente.
Peles
3.4 590 Assista AgoraUm filme que confronta os espectadores com a beleza da imperfeição, o estigma da deformidade e a doença da mente humana.
Segue algumas pessoas fisicamente deformadas e como eles tentam encontrar seu lugar em um mundo "normal". Para alguns, suas deformidades significam que o mundo normal os assaltará sexualmente, tentando mantê-los escondidos, perversamente cobiçá-los, rir de suas faces, explorá-los, adorá-los e para a maioria deles uma combinação de tudo isso.
Esses Outsiders vivem vidas herméticas, criam seu próprio mundo dentro de seus interiores impecáveis e elegantes. Seu contato com o mundo exterior geralmente termina em desgosto ou fetichização; De qualquer forma eles nunca podem esquecer sua aparência alternativa.
Combinado com uma estética radical de plástico cor-de-rosa com roxo e temas ousados, a estreia do diretor Eduardo Casanova é mais que promissora. Os personagens são adoráveis e os capítulos vão desde o comicamente absurdo ao moralmente confuso. Merece ser conhecido.
A Tartaruga Vermelha
4.1 392 Assista AgoraO poder do silêncio no Cinema. Às vezes, as imagens não precisam de palavras para acompanhá-las para obter o seu ponto de vista. Como diz o ditado, uma imagem vale mais que mil palavras.
É um conto atemporal de aceitação da própria circunstância de como o amor pode vir do mais improvável dos lugares. Nenhuma palavra é dita, mas tudo é sentido.
A vida é preciosa, terrível, mágica, humorística, triste e absolutamente bela, muito parecida com esta animação.
Moonlight: Sob a Luz do Luar
4.1 2,4K Assista AgoraEste não é um filme "para" negros: é um filme "para" todos. Absolutamente todos. É um filme que consegue estabelecer uma empatia com um protagonista que, para a maioria das pessoas que leem sua sinopse, poderiam categoriza-lo como uma trama muito distante de suas próprias vidas e suas próprias experiências. Há um mistério e uma mágica em como o escritor e diretor Barry Jenkins conduz a trama.
Chiron é pobre, negro e gay (embora o último deles não seja algo que pareça confortável em voz alta), raramente o Cinema americano aborda esse tipo de personagem sem recorrer a estereótipos fáceis e caricatos, muito menos com tal graça e poesia. É um filme estruturado em três atos que deslizam uns sobre os outros com três atores e três instancias da vida (infância, adolescência e vida adulta). Há um pequeno número de pessoas que podem assistir, e dizer honestamente que o personagem principal: "...é como eu." O filme, no entanto, faz sua experiência se sentir Universal e inesquecível, como sua história é a sua história. Suponho que é capaz de fazer isso na maneira em que somos imersos em sua vida nas diferentes instâncias que são retratadas. É quase como uma realidade virtual emocional: enquanto você está sentado conferindo, você é ele.
A trama reconhece os ciclos destrutivos da pobreza, violências, do crime, da autoimagem. Ao mesmo tempo, evita todos os estereótipos sobre identidade, raça, cultura e sexualidade, e realiza essa proeza à custa do pequeno e desolador estudo de caráter que está em seu centro. A questão do que realmente significa ser um homem ganha uma nova ressignificação Filmes como este são tão escassos como a água no deserto. Não tenho dúvidas de se tratar do melhor filme de 2016.
Um Limite Entre Nós
3.8 1,1K Assista AgoraÉ um drama poderoso. É acima de tudo um retrato de um homem muito complexo que luta para criar uma família, enquanto culpa o mundo ao seu redor e reflete sobre os eventos de sua vida. O roteiro de August Wilson é uma parábola sobre a condição humana, o poder de moldar a própria vida, e os fantasmas de sonhos fracassados em autoridade sobre os nossos descendentes. É robusto, espirituoso, emotivo e explícito em camadas de poesia. Denzel Washington dirige e estrela, claramente tem grande respeito e reverência pela peça de Wilson, o que parece limitá-lo em respirar demais na peça. Contudo, encontra a beleza na simplicidade.
É um filme sem uma pausa para respirar, e não há um momento em que queremos que eles parem. Washington habilmente deixa sua câmera sobre o elenco, movendo-se como parte dele, nunca intrusiva e sempre envolvente. Não é cinematográfico o suficiente para fazer você esquecer que está vendo uma peça filmada, mas é feliz em captar a intensidade, a emoção de um grande evento teatral.
Há uma cerca literal no centro da trama, talvez não ressoa na tela da maneira que faz no palco. Não é uma metáfora viva. As "cercas" que são construídas, ressaltam a barreira que o personagem de Denzel ergueu entre ele, sua esposa e seus filhos, reconhece a injustiça histórica contra o povo negro, mas nos lembra que todos nós somos humanos e cometermos erros que geralmente vêm à custa de nossas próprias falhas pessoais. O desempenho de Viola Davis é devastador, e às vezes insuportavelmente doloroso de assistir, como luta para manter o equilíbrio no caos. Quando ela muda a dor dos fracassos percebidos "dele" para "ele", é uma das cenas mais memoráveis, honestas e dolorosas do filme. A química que ela e Denzel Washington compartilham estão entre as melhores da década.
É um exame fascinante e preocupante sobre a família e expõe: Esperança, paixões e dor, aceitação e negação. Somos produtos de nossos tempos, as casas em que nascemos, e a linhagem do qual fazemos parte pode formar muito mais do que somos. Pode ser o que nós nos tornaremos. Essa é uma verdade que muitas vezes só os outros podem ver. É um filme de grande importância, e com uma mensagem atemporal.
Estrelas Além do Tempo
4.3 1,5K Assista AgoraÉ uma trama de sensação boa que incomoda, um filme baseado em eventos históricos que se sente tanto relevante como novo. A trama capta com habilidade a energia febril a corrida espacial durante a guerra fria entre Russos e Americanos, no entanto, muito do que mantém o filme de ponta a ponta vem de sua ressonância contemporânea sobre o racismo e sexismo vigente até hoje.
Não é um filme irritado, ou de julgamentos, mas de instrução. As mulheres desta trama usam suas mentes brilhantes, - enxergam números que outros não podem ver, realizam cálculos complexos para viagens espaciais - mas, são figuras desconhecidas, tanto por serem mulheres quanto por serem negras. A trama pode ser acusada de tratar o racismo com uma simplicidade simplista, mas o faz com excelência. Se assemelha mais a um conto de fadas do que um exame sério de seus problemas. Sua simplicidade consegue tornar palatável a um público maior, o que é sua proposta. No entanto, é completamente consciente, e ao mesmo tempo pessoal do assunto que trata. A ideia que o racismo existe e termina até tornar-se inconveniente para os interesses mútuos é... bem, mais próxima da verdade que inconvenientemente impera dos dias atuais.
É dominado por performances fantásticas, enérgicas e muitas vezes comoventes de suas três protagonistas, e reforçado pelo trabalho silencioso, mas ainda excelente do elenco de apóio. A revelação neste elenco, porém, é a cantora Janelle Monáe. Aqui, é o centro espiritual do filme, uma mulher de convicção notável que vê o mundo como ele é, mas se recusa a aceitá-lo. O escopo do filme em si é íntimo: trata-se de conquistar a custódia sobre o direito fundamental à dignidade, o direito de ir trabalhar e fazer o seu trabalho como todo mundo sem ser espreitado por conta de sua raça ou gênero. Estes são privilégios básicos, que talvez exija uma abordagem básica. Um trabalho que vai inspirar mulheres negras em todo o mundo. A opressão não pode prender alguém para baixo na busca de lutar por seus sonhos e ideais.
Até o Último Homem
4.2 2,0K Assista AgoraParece irônico, Mel Gibson, um diretor que demonstra uma clara fascinação e habilidade com a violência na tela, assumir um filme como este, sobre a vida e o heroísmo de um soldado pacifista que se recusou a usar armas. No entanto, Gibson é um ajuste natural para a história, que, assim como seus outros filmes, gira em torno de um homem que tem uma relação íntima com a violência e cuja devoção à sua fé é inabalável.
O filme é efetivamente dividido em duas partes, a primeira é uma biografia padrão e sem floreios, enquanto a segunda parte é quando Gibson se solta e descreve a guerra da maneira mais violenta e crua possível. Para o homem que recriou a famosa crucificação de Jesus Cristo como um festival de tortura e horror, é evidente que o resultado final entrega algumas das imagens mais sangrentas que o gênero já viu.
O sucesso de qualquer filme biográfico baseia-se na habilidade do ator principal de humanizar quem quer que seja, e Andrew Garfield faz exatamente isso. Mas, é Mel Gibson que leva o filme a outro patamar. Ele é um artista febril, e não há um segundo em seu filme que não transpareça a sua intensidade peculiar. Este é um filme de guerra não sobre a glória da luta, não sobre a glória de morrer, mas sobre a glória do altruísmo.
A Chegada
4.2 3,4K Assista AgoraA tese fundamental da trama é que o intelecto e compaixão serão a salvação da humanidade. O filme se preocupa com a forma como reagimos ao medo e a tragédia. A nossa interpretação é inteiramente única. Há evidências que afirmam que não sabemos como as percepções diferenciam até que tenhamos uma palavra anexada a ela, por exemplo, podemos ver o amarelo, mas até que conhecemos a palavra amarela, o amarelo é indistinguível. Em um plano semelhante, as emoções são tão inexploradas em termos de potencial linguístico. Nosso espectro emocional é vasto e indefinível, mas para articular como sentimos recorremos a um pequeno conjunto de palavras para descrevê-las.
Uma vez que surgem novas palavras e se integram em nosso vocabulário coletivo, somos capazes de descrever nossos sentimentos melhor e, subsequentemente, temos uma capacidade aumentada de empatia e razão uns com os outros. Essa capacidade linguística expandida, obviamente estendendo-se a falantes bilíngues, é dito para oferecer um outro meio de perceber o mundo. Esta é a visão básica de "A Chegada". Que se encontrarmos outra espécie tão radicalmente diferente da nossa, a única maneira realista de se conectar e se comunicar verdadeiramente com eles é mergulhar completamente no que eles estão vendo, pensando e sentindo. Para nos absorvermos em seu mundo. Encontrar uma maneira diferente e assustadoramente nova de ver - Um conceito que muitos veementemente se opõem ao fim da Terra.
A necessidade de decifrar uma linguagem extraterrestre não é diferente da nossa própria necessidade de simplesmente falar com aqueles que se opõem a nós, e se comunicar com aqueles que tememos. As palavras têm um significado tangível e importante. A trama é um lembrete que a comunicação oferece o melhor caminho para a humanidade. Uma luz brilhante em um mundo de incertezas preocupantes. Os desafios devem ser resolvidos com o cérebro, não com os músculos...Temos a capacidade de ser grandes, mas desperdiçamos com ignorância e preconceitos. O diretor Denis Villeneuve fornece o corpo essencial, complexo e reflexivo a este Sci-Fi, e Amy Adams fornece a humanidade que o transforma em algo verdadeiramente especial. Merece ser visto e revisto. Um dos Melhores filmes de 2016.
Animais Noturnos
4.0 2,2K Assista AgoraÉ uma trama que se disfarça como um drama suave e sofisticado no início, mas mostra que é corajoso e brutal quando a história avança. O diretor Tom Ford combina brilhantemente sua complexa abordagem da narrativa de "história dentro de uma história", fazendo com que o mundo ficcional espelhe, contraste ou exemplifique a realidade da relação entre os personagens. Falando dos personagens, todos os atores dão performances de alto nível, especialmente Jake Gyllenhaal e Michael Shannon.
É um elegante conto torcido de vingança que nunca deixa de atrair o público ainda mais para sua complicada conspiração final. É também um filme incitador, que irá claramente dividir sua audiência. É frio, amargo e muito cínico. Questiona a natureza e a fragilidade do julgamento humano e pergunta se podemos confiar em como vemos as coisas nós mesmos. É uma meta-narrativa sobre críticas ou arte em geral ou talvez isso é só eu projetando. É um filme de vingança que se manifesta através da sugestão e da violência psicológica, e não através da ação e da violência física. Obra-prima.
As Faces de Toni Erdmann
3.8 257 Assista AgoraO enredo pode parecer familiar, e muitos podem se perguntar: Por que três horas se este cenário simples pode ser encurtado em um filme de 1 hora e meia? - Acontece que Toni Erdmann é mais complexo do que qualquer um poderia pensar. Confia na inteligência da audiência em acolher estes seres humanos adoráveis e defeituosos, enquanto suas vidas mundanas começam a evoluir para uma aprendizagem mútua envolvida em um humor absolutamente absurdo. E o público não sente que é tão longo devido ao enredo dinâmico e a excelente capacidade da diretora em contar histórias com atuações que vão simplesmente explodir sua mente.
É uma ambiciosa e profundamente perceptível comédia humanista que observa os laços familiares entre pai e filha, e apresenta um passo além da sua premissa simplista capturando a estranheza da monotonia diária, enquanto reconhece o valor dos relacionamentos.
Manchester à Beira-Mar
3.8 1,4K Assista AgoraUm filme profundamente deprimente, mas comovente. Uma trama construída por suas performances. O roteiro é fantástico no desenvolvimento de caráter de seu protagonista. O ator Casey Affleck confere o desempenho de uma vida neste papel, embora seu personagem pareça mundano e sem brilho no início, aos poucos o público entende a razão que ele é do jeito que é.
O sofrimento é um animal diferente para todos os que são forçados a senti-lo. Algumas pessoas lidam com raiva, algumas pessoas escolhem abertamente falar sobre isso, e outros não dizem uma palavra e carregam tudo para dentro. Este é um retrato desta última instância.
O grande problema com a trama é que ela é completamente dependente do sofrimento de seu protagonista. Eventualmente, todo o azar e sofrimento com o passar da projeção se sente repetitivo e cansado. E me impediu de sentir completamente deslumbrado com o filme como a maioria do público e crítica parece contemplar. É bom, mas confesso que realmente não entendo todo o amor que está recebendo.
Loving: Uma História de Amor
3.7 292 Assista AgoraO filme é um mergulho em uma das mais belas histórias de amor. Eles lutaram contra um estado segregado e um país dividido para ficar juntos e provar que não havia nada de errado com as emoções que sentiam e compartilhavam uns com os outros. O diretor Jeff Nichols evoca a intimidade em todas as oportunidades. Ele resiste à tentação de sublinhar a importância de sua história, de passar tempo em cenas (como cenas de tribunal) que podemos imaginar muito bem por conta própria, e se recusa a ampliar o escopo de seu filme para demonstrar sua influência no resto do mundo, ou para mostrar seu detalhe naturalista e meticuloso do período.
Os atores Joel Edgerton e Ruth Negga caem como luva em toda esta naturalidade simplista que é a proposta da trama. Ambos os personagens se sentem vividos, acostumados com suas rotinas e sincronizados como se estivessem se segurando uns aos outros durante os tempos difíceis.
É uma trama sutil, silenciosa que mostra a quantidade certa de dor que estes dois sofreram durante uma década inteira antes que um contexto histórico lhes trouxesse justiça. É chamado "Loving" não apenas porque eram seus sobrenomes, mas porque é isso que eles fizeram; eles se amaram.
La La Land: Cantando Estações
4.1 3,6K Assista AgoraParte do que gostei em Whiplash: Em Busca da Perfeição (2015) é replicado aqui: a edição, a câmera, a direção e a paixão pela música. O que está faltando, no entanto, é o ponto de vista inclinado, a maneira estranha de olhar para a arte e a insaciada busca por ela. Em Whiplash ocorre uma destruição mutuamente assegurada: o foco e o desejo de perfeição dos dois personagens principais aniquilam seu capital social. Nenhum funcionará novamente. É um final tematicamente adequado.
Em vez desta crítica cuidadosamente modulada da perseguição artística. O que La La Land está tentando dizer sobre artistas? Que só a arte comercialmente viável é a arte que vale a pena prosseguir? Que os artistas devem ser apoiados não importa quão tolas sejam suas ideias?- Os astros Emma Stone e Ryan Gosling se apresentam e são encantadores até a última instância, mas certamente não são texturizados o suficiente para sustentar o meu interesse através das sequências não-musicais. As músicas são banais quando não são totalmente imemoráveis, e o tema de piano parece apenas um tilintar aleatório e triste.
Pode-se encontrar a paixão íntima que o diretor Damien Chazelle tem por suas influências cinematográficas e musicais, em que a cada momento parece recordar algo bonito, uma referência de uma memória preciosa. Possui momentos de maravilha visual e auditiva, mas não são suficientes para preencher a falta de coerência ideológica. É um filme vazio aparentemente projetado para o prazer máximo do público, e neste quesito é um sucesso.
O Nascimento de Uma Nação
3.6 149Será que é possível separar a arte do artista?- Desde a sua estreia arrebatadora no Festival de Sundance em janeiro de 2016, o filme tem lutado uma batalha difícil. Isto é especialmente decepcionante como começou em 2016 no topo da colina. A produção foi recebida com elogios quase unânimes de plateias e críticos completamente extáticos. Depois foi comprado pela Fox no maior acordo de aquisição da história de Sundance. No entanto, alguns meses se passaram e acusações de estupro centradas no cineasta Nate Parker e roteirista Jean Celestin ofuscaram completamente a produção. Para piorar o ator demonstrou sua aparente falta de empatia em entrevistas sobre o assunto.
O filme, contudo, é uma poderosa e imperfeita lição de história da vida e da morte de Nat Turner, um pastor negro que liderou uma insurreição de escravos nos E.U.A em 1831. O que não se pode negar é a paixão que Nate Parker tem por esta história em cada quadro. Ele aproveita todas as oportunidades possíveis para fazer algo novo com a câmera e exibir a excelente fotografia, especialmente em algumas sequências "sonhos", onde quase se torna metafísico.
A trama faz observações verdadeiramente pungentes sobre religião através da lente da violência. Fica claro que o diretor está muito mais preocupado com o caráter de seu protagonista e como a religião o transformou em um líder mítico do que qualquer outra instância. Embora, o filme pode ser desigual, especialmente no terceiro ato, ainda alcança momentos de beleza e horror enquanto observamos Nate Turner em uma violenta e necessária rebelião contra o pecado da escravidão. É um filme brutal em certo aspecto que pode ter falhas enfadonhas, talvez falte audácia e sadismo que fizeram de Coração Valente (1995) uma produção “Oscarizada”. O que nos resta é um filme admirável, agitado, falho, simplista, mas importante, que sem dúvidas merece ser conhecido.
Sete Minutos Depois da Meia-Noite
4.1 992 Assista AgoraÉ uma dura narrativa emocional sobre a perda, mas também é um filme de monstro. Como o monstro desta história explica, saber o que nos assusta é entender quem realmente somos. O monstro é apenas um reflexo de uma verdade profunda e escura que muitas vezes tentamos não enfrentar.
A trama é algo parecido com um nervo cru, destacando não apenas um período de grande estresse emocional, mas o ponto em que a infância de um menino é forçosamente quebrada em favor das nuanças complicadas de um mundo adulto.
Um filme que encontra profundidade em desvendar a natureza do medo, tristeza e depressão, apenas para desconstruir o que mais importa: recusar as mentiras reconfortantes e aceitar a verdade amarga.
Rainha de Katwe
4.2 209 Assista AgoraO filme de Mira Nair explode com energia vibrante e cores deslumbrantes e saturadas. Uma produção com um elenco essencialmente negro que representa a pobreza de alguns que vivem na África, mas também apresenta a vibrante cultura que prospera por lá, e está mais interessado em sua beleza do que em seu tormento.
Mas são as performances que realmente elevam esta história em algo especial. É Lupita Nyong'o que mais uma vez rouba o show. Neste ponto, estou convencido de que pode interpretar qualquer papel dado a ela e tirá-lo com graça. Na verdade, a grande maioria das cenas emocionalmente ressonantes são quase totalmente realizadas por ela. É uma performance maravilhosa que merecia sinceramente ser lembrada por todas as premiações.
Não é um filme isento de falhas. É uma narrativa apressada que apresenta personagens de cena em cena, muitas vezes se sente que momentos poderosos estão sendo estrangulados para nos levar ao final da trama a todo custo. A Disney criou algo de um subgênero para si mesmo com os dramas de esportes inspiradores. O grande diferencial deste para os demais dramas esportivos é que este realmente tem a vontade e a paixão para inspirar as pessoas sem soar à sentimentalismo barato.
Moana: Um Mar de Aventuras
4.1 1,5KO visual é vibrante repleto de cores brilhantes que se encaixam a cultura da Polinésia e do Pacífico. A narrativa por sua vez, é capaz de subverter alguns dos clichês mais cansados e tradicionais das Princesas da Disney.
O mais encorajador desta animação é a evolução que a Disney propõe com sua fórmula aqui. Como alguém que nunca se desentendeu sobre a natureza fórmica de seu trabalho, as mudanças feitas aqui são notavelmente bem-vindas. Quem disse que para ser Princesa precisa de um Príncipe?
Moana é uma personagem multidimensional em um conto culturalmente infundido repleto de mitos espirituais. Sonha com realizações que não são projetadas a ela, é limitada pelas restrições de sua sociedade. Com muita aventura, e músicas a trama lida com a quebra de restrições de uma sociedade, independentemente das limitações que foram colocadas a ela. É uma jornada mais preocupada com a autodescoberta. Mas, o que é ainda mais fascinante é que não tem um vilão tradicional, entende que às vezes podemos ser nossos próprios inimigos.
O Diário de Anne Frank
3.7 41 Assista AgoraPor que outro filme baseado no diário de Anne Frank? - Todo mundo sabe a história. Respondo a pergunta. Esta é a primeira vez que um filme sobre Anne é feito em alemão, a língua nativa dela. A proposta é uma nova abordagem para tornar ainda mais acessível a uma nova geração. O diretor e o roteirista tiveram acesso a novas informações recolhidas a partir dos diários "inéditos" não publicados.
A trama nos lembra que Anne era uma adolescente acima de tudo que estava curiosa sobre seu corpo em mudança. Ao mesmo tempo, torna palpáveis os terrores diários de se esconder dos perseguidores no "Anexo Secreto". A perda da dignidade humana em condições sub-humanas. O ponto alto, no entanto, é o brilhante elenco. Não existe um elo fraco. E eles operam como um verdadeiro conjunto. É uma vitrine de atuação. Mesmo se você já tenha conferido outras versões do DIÁRIO DE ANNE FRANK essa produção merece uma nova chance de ser vista.
A Europa é novamente confrontada com inúmeras tragédias humanas causadas pela imigração. O diário de Anne Frank abre a porta a muitos temas contemporâneos, especialmente a respeito da igualdade, da emancipação e da proteção das minorias.
Michelle e Obama
2.8 52 Assista AgoraQualquer filme que coloca em seus créditos iniciais Janet Jackson é um bom começo. Especialmente quando a canção é "Miss You Much" suprassumo das rádios no ano de 1989. O filme define o tom de um dia de verão nas ruas de Chicago no fim da década de 80. A trama retrata o primeiro encontro de Michelle e Barack Obama através da lente de algo semelhante à trilogia de "Antes do Amanhecer" do diretor Richard Linklater.
A magia de como estranhos perfeitos podem se conectar tão intimamente durante um curto período de tempo. A trama analisa esse sentimento indescritível que cria um laço forte e confiante entre essas duas pessoas - um vínculo que inevitavelmente se transformará em amor e uma parceria de sucesso resultando em Presidente e Primeira Dama. É político, sem ser sobre político. É romântico, sem ser melodramático. Não é perfeito, mas dentro de sua proposta é um sucesso.
Barry
3.1 85 Assista AgoraEste é um olhar interessante sobre Barrack Obama e se você puder pôr suas opiniões políticas de lado, apreciará esta compreensão humana do ex-presidente norte-americano.
Não se trata de uma biografia convencional de um homem destinado a ser um vencedor. É sobre a busca de um homem tentando pertencer a algo, e encontrar-se na grande cidade de Nova York. Acompanhamos esta busca de autoconhecimento em uma América ainda divisiva racialmente no qual o jovem Obama tenta cautelosamente colocar a ponta dos pés, mas tropeça em um romance inter-racial instantaneamente condenado que serve como a espinha dorsal da trama.
Às vezes, a trama luta para externalizar a crise de identidade de seu protagonista de uma maneira que é genuína, e outras vezes nem tanto, contudo, é um olhar suficientemente perspicaz no estado de ser um "Outsider" em uma sociedade que tenta à qualquer custo nos categorizar.
A Luta de Steve
4.4 16O documentário segue o ex-jogador da NFL Steve Gleason desde seu diagnóstico de Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) - coincidindo em questão de semanas com a descoberta que sua esposa está grávida. Acompanhamos de forma gradual a deterioração de suas habilidades físicas, mas o tempo é apenas uma parte das ambições deste espetacular documentário.
O diretor transforma seus assuntos principais em personagens ricos e complexos: Steve, um ex-atleta tentando fazer as pazes com seu novo corpo, e sua esposa uma mulher de espírito livre lutando com seu novo papel de "cuidadora" tanto do marido quanto para o seu filho pequeno.
É um documentário que dedica-se a problemas de pais e filhos ao longo de três gerações, como Steve tenta fazer as pazes com seu próprio pai. E de sua construção de relacionamento com o seu filho que inadvertidamente não poderá vê-lo crescer. É difícil imaginar um retrato mais sentimental que este. Esse desconforto voyeurístico é o que torna o documentário tão espetacular. Ou melhor, a intimidade que este desconforto oferece. No meio do filme eu senti como se tivesse visto esta família atravessando o inferno. Mas, é acima de tudo uma família confrontando a tragédia com dignidade, em cenas cheias de amor, dor e esperança.
Docinho da América
3.5 215 Assista AgoraA trama examina uma fatia da percepção da cultura americana como um todo. Da necessidade constante de novas experiência até a individualidade. Disseca a juventude, seus relacionamentos e suas respectivas localidades. Tudo isso é visto através dos olhos nunca descansados de uma adolescente curiosa, cuja insaciável sede de novas experiências a motivam a viver na corda bamba.
O filme de Andrea Arnold reflete a mentalidade de uma juventude desesperada para ser parte de algo e dispostos a assumir riscos para chegar lá, mas que talvez subconscientemente querem adiar essa ideia de crescer para o maior tempo possível. Quem precisa do futuro quando o presente é tão presente?
É uma viagem com pano de fundo repleto de canções populares de gêneros diferentes: Country, Rap, Pop e R&B todos reunidos em diferentes tons que se misturam para se apropriar dos "sons" da América moderna. Talvez, seja este pequeno toque doce para a produção que faz do filme uma das melhores desconstruções modernas da cultura americana. É ao mesmo tempo esperançoso e desesperançoso, a diferença entre a adolescência moderna e a vida adulta tornou-se um abismo onde a maioria não consegue dar o salto.
The Land
3.5 3Skate é um dos esportes mais associados com a marginalização. A trama retrata um grupo de 04 jovens skatistas em uma área suburbana e pobre dos E.U.A. Enquanto, muitos filmes confundem suas histórias com melodramas exagerados ou proselitismo social, esta trama se atreve a ser sombria, contando uma história angustiante sobre a natureza cíclica e geracional da violência política e econômica da periferia.
Não concordamos com as escolhas desses anti-heróis que são sempre claras em sua verdade e consequência, e por qualquer motivo estão sempre presos em escolhas erradas nos momentos errados. O espectador realmente se importa com esses 'caras' e sentimos por eles a inevitabilidade das situações de risco as quais estão inseridos.
O diretor explora a subcultura do Hip-Hop / Skate de Cleveland através de uma câmera invasiva que povoa estes personagens fascinantes com momentos vividos; é um filme cuja autenticidade é tão marcante quanto seu estilo, mesmo que em seu momento final se entrega a tudo aquilo que condena no início, mais contraditório impossível. Mesmo com falhas vale ser conhecido.
O Amanhã
3.4 14Há uma excelente e ousada premissa neste drama sueco. Um jovem adolescente do sexo masculino é solto de uma instituição correcional por um crime hediondo. O espectador não tem conhecimento do crime, e de quem volta para casa, onde a família e a pequena cidade não estão certos quanto sua libertação. Inicialmente, o público é viciado em saber que ele é culpado, e de como as pessoas na cidade são abertamente desdenhosas em relação a sua presença.
A dúvida permanece até o fim. É um adolescente incompreendido que cometeu um erro terrível em um ataque de raiva ou um sociopata incapaz de forjar apegos duradouros e sentir emoções genuínas?
A trama permite ao público vislumbrar tanto os lados claros quanto os escuros do personagem principal, enquanto ele carrega a cruz da vida que tomou para si. É um filme com uma ressonância moral através do qual a luta do perdão e o desejo de seguir em frente são motivações compreensíveis.