Então continuemos. Continuemos e vejamos, talvez aconteça algo. Se não for o caso, perdoem-me, caros espectadores. Se nada acontecer, continuemos assim mesmo. A vida é assim, é sempre mais do mesmo.
Num contraponto à Chungking Express, dessa vez Kar-wai conta a história de cinco personagens que vai se interligando no decorrer do filme numa narrativa que aproveita ao máximo cada um deles. O que para alguns pode parecer um excesso estilístico, pra mim só configura uma maturidade formal que salta aos olhos. O rapaz mudo é algo simplesmente inédito em toda a filmografia do diretor, que costuma deixar as marcas e traumas de seus personagens sempre de forma externa, seja através da distância entre eles ou do espaço ao redor, mas nunca de forma tão internalizada.
Kieslowski está bastante ácido nesse seu filme de transição entre os curtas documentais e as ficções de conflitos morais. O que mais chama atenção é a crítica à censura soviética. Já pro fim do filme as intenções cinematográficas pouco democráticas do partido ficam escancaradas num diálogo entre o diretor da fábrica e Filip, o protagonista, onde este é questionado sobre o porquê de filmar apenas trabalhadores, numa realidade um tanto penosa, cinza, triste e que pouco serviria aos interesses panfletários do partido. Ao invés, foi sugerido que filmasse a natureza, que é sempre colorida e feliz.
Há algo peculiar sobre esse filme que é ser capaz de observar os acontecimentos sob a ótica do personagem do Hopkins e experimentar as mesmas confusões, mesmo que em intensidade muito menor, o que garante organicidade à obra. Isso sem falar nas inúmeras qualidades técnicas, que vão desde a trilha sonora de Einaudi à montagem soberba.
Os filmes de Éric Rohmer são como um pequeno retrato da vida e como ela funciona da forma mais verossímil possível. É impressionante como eu consigo acreditar em cada gesto, diálogo ou toque. As cenas dos beijos e pegação são impecáveis e poucas vezes vi uma direção de personagens tão sutil e sincera.
Apesar da fotografia impecável, o que mais me chama a atenção no filme são os diálogos, outra marca registrada do cinema de Ceylan. E nesse filme em especial, ao contrário de "Sono de Inverno", a narrativa se constrói a partir do que não é dito, o que me fez abarcar muito fácil na história. Os silêncios e introspecção do personagem principal evidenciam ao mesmo tempo uma falta de resolução interna e uma tentativa de se fazer visto no mundo. E por isso é tão fácil se conectar com ele.
Peguei pra ver sem saber absolutamente nada. Meu primeiro choque foi com a qualidade da cinematografia, que me lembrou Days of Heaven, mas sem o tom naturalístico do filme de Malick. A grande quantidade de elementos circunstanciais que constroem a narrativa me fez questionar o real objetivo do filme até mais ou menos a metade, e acabei duvidando de um desfecho convincente. Felizmente o diretor soube convergir todos os plots num fim bastante satisfatório.
O que mais me chamou atenção foi o tom contido com que o diretor tratou temas espinhosos e fez com que o pequeno Seth Dove fosse o protagonista não somente da sua história, mas também da de todos os outros personagens importantes do filme. As angústias da infância ganham conotação macabra e até sobrenatural, numa tentativa de sucesso de refletir a velha geração nas mais novas.
A primeira metade é impecável. Na segunda parte achei que houve um excesso de sentimentalismo e uma tentativa de criar vilões (alemães) e mocinhos (russos), que é um artifício bastante usado em filmes de guerra com perspectiva única. Não é uma crítica inteiramente negativa, mas esses fatores me impediram de ter uma conexão maior com o filme. Ainda assim, imperdível.
"Por Que Você Não Vai Brincar no Inferno" pode enganar pelo título ao sugerir elementos típicos de filmes de terror, mas na verdade é cinema social puro, com toneladas de ásperas críticas à vasta cultura cinematográfica japonesa.
A mais evidente fica por conta da decadência do cinema japonês logo após a "noberu bagu", que foi rapidamente inundado por tramas genéricas de crime, que ganharia a alcunha de "cinema Yakuza" (ressalvados os grandes títulos desse sub-genero). Sion Sono zomba sem pena desses filmes usando seu próprio estilo de metalinguagem, inserindo o elemento - dessa vez universal - do jovem cineasta sonhador.
Para Sono, mais vale fazer um único grande filme que transmita o máximo possível a realidade do que entupir a indústria cinematográfica com filmes inúteis apenas visando o lucro.
A maioria dos filmes que abordam jornalismo investigativo, principalmente os que tratam de grandes escândalos, geralmente dão bastante foco aos protagonistas, e alguns são tratados como herois. Acredito que Pakula conseguiu se diferenciar pois senti um afastamento muito pertinente entre o caso e a figura dos jornalistas, onde o foco era apenas montar e contar a história. Nisso os brilhantes Hoffman e Redford, no auge de suas carreiras, têm crédito, por entregarem atuações contidas e conscientes.
Tião é o brasileiro trabalhador que tem poucos anseios além de prover para sua família. Tião não se importa com política, apesar de ter consciência de quem é o opressor e de quem é o oprimido; não é de esquerda nem de direita, ele só quer que a sua esposa dê à luz o seu filho numa cama em um quarto de hospital, com dignidade. A Tião falta o espírito revolucionário, e isso não o faz uma pessoa ruim.
O Romeu e Julieta de 1968 é tido como a melhor e mais fiel adaptação cinematográfica da peça de Shakespeare. Eu não saberia dizer, já que não conheço a peça e tampouco vi muitas outras adaptações. O fato é que o filme de Franco Zeffirelli tenta se destacar de longas de romance ao inserir o lirismo e poesia da obra original, mas ao mesmo tempo se distanciando dos musicais.
Ainda fisgou indicações a melhor filme e melhor diretor no Oscar de 1969, mas acabou perdendo para o musical Oliver, de Carol Reed, nas duas categorias. Ganhou outros dois troféus de melhor fotografia (não consegui identificar uma justificativa plausível para tal prêmio assistindo ao filme) e melhor figurino, que de fato está sensacional, assim como a direção de arte.
Terminei o filme com uma sensação curiosa, de ter visto uma boa adaptação mas sem conhecer a obra original. Como filme, não poderia deixar de ser formuláico, dado o desgaste do enredo e limitações do gênero; e, tirando o texto poético, pouco inovador.
"Quando eu era menino, falava como menino, pensava como menino e raciocinava como menino. Quando me tornei homem, deixei para trás as coisas de menino. Agora, pois, vemos apenas um reflexo obscuro, como em espelho; mas, então, veremos face a face. Agora conheço em parte; então, conhecerei plenamente, da mesma forma com que sou plenamente conhecido. Assim, permanecem agora estes três: a fé, a esperança e o amor. O maior deles, porém, é o amor."
Filme sem grandes qualidades narrativas onde Refn mais treina um refinamento técnico, que atingiria seu ápice em "Too Old to Die Young", do que se preocupa em contar uma história.
Sobre a impiedade do tempo que é tão cruel quanto aqueles orquestradores da injustiça. Porque ele não espera, simplesmente passa, de forma que as crianças se tornarão adultos e a família que poderia ter sido não existe mais. Fica uma forte mensagem: resiliência, tenacidade e sensatez também podem combater injustiças.
Sátira ambientada na Europa Feudal durante a Idade Média, que foca na trajetória errática do protagonista que dá nome ao filme e de seu "exército" que, na verdade, são uma meia dúzia de homens tão decadentes quanto Brancaleone.
A primeira coisa que identifiquei assistindo ao filme foi a incrível semelhança com "Em Busca do Cálice Sagrado" do grupo Monty Python, claramente influenciado pela obra de Monicelli. As principais diferenças ficam por conta do discurso. Enquanto o grupo de Terry Gilliam misturou conceitos políticos medievais e contemporâneos, Brancaleone se limita a uma sátira medieval, o que deixa o filme hermético e datado.
Tirando algumas boas piadas de cunho religioso, não me interessei muito pelo filme, um tanto devido à minha falta de interesse por esse tipo de comédia non sense, apesar de gostar muito de Holy Grail. Os pontos positivos ficam por conta da incrível direção de arte e grande atuação de Vittorio Gassman na pele de Brancaleone da Norcia.
Alain Resnais tratou de mostrar em seus filmes aquela memória de mais difícil acesso, criando verdadeiros quebra-cabeças em que seus personagens parecem perdidos no tempo. Tarkóvski pegou emprestado imagens, muitas vezes do próprio ambiente em seus filmes, para construir uma imagética bastante característica que evoca as recordações criando um elo entre o passado e presente. Ao contrário da estilística de Resnais e do que Tarkóvski fez em seu autobiográfio "O Espelho", Hsiao-hsien navega pela própria história de forma bastante direta e sóbria, com uma mise en scene característica dos dramas familiares de Yasujiru Ozu. "Um Tempo para Viver, um Tempo para Morrer" é um coming-of-age que se destaca por tratar da antinomia do amadurecimento através da morte, o que é pouco comum para filmes do gênero.
Uma obra que aposta em uma lenta cadência narrativa e em grande introspecção dos personagens tem que, ao final, transmitir uma mensagem clara e objetiva, sob o risco de ser apenas pretensioso ou cair no senso comum. "Never Gonna Snow Again" busca elementos fantásticos para explorar a superficialidade, futilidade e incomunicabilidade das pessoas. Mas também critica a exploração do meio ambiente. E também a questão da imigração. E também a precariedade do trabalho para estrangeiros.
A falta de propósito faz com que o filme caia um pouco, o que é decepcionante, pois, no fim do longa, o encontro do protagonista com seus próprios fracassos dá um tom impessoal, terreno e comum que a obra precisava.
Ainda assim, faltou objetividade, e por isso acho que a aposta da Polônia no Oscar 2021 poderia ter sido melhor.
Mesmo que de forma contida, cada palavra, expressão ou contato dos personagens encontra seu encaixe perfeito na condução da excepcional diretora Chloé Zhao. É isso que o cinema deveria ser. Tão realista e verdadeiro que chega a ser sufocante.
O filme segue uma narrativa pouco convencional. Kiarostami usa a ficção para reescrever a realidade ao filmar o caso com as pessoas que vivenciaram aqueles acontecimentos interpretando elas mesmas. E usa a realidade ao inserir as gravações do próprio julgamento.
Essa mistura ousada de ficção e realidade faz com que as reflexões de Close Up fiquem na cabeça por um bom tempo, seja as de ordem filosófica envolvendo ética e moral, o papel do homem comum que rejeita sua mediocridade e toma o controle da sua pobre existência; seja pelo valor incalculável que a arte pode ter para algumas pessoas.
O apocalipse de Kiyoshi Kurosawa é tecnológico e causado por pessoas que se deixaram seduzir por uma inovadora maneira de se conectar com o próximo: a internet.
Ao Caminhar Entrevi Lampejos de Beleza
4.6 32Então continuemos. Continuemos e vejamos, talvez aconteça algo. Se não for o caso, perdoem-me, caros espectadores. Se nada acontecer, continuemos assim mesmo. A vida é assim, é sempre mais do mesmo.
Anjos Caídos
4.0 259 Assista AgoraNum contraponto à Chungking Express, dessa vez Kar-wai conta a história de cinco personagens que vai se interligando no decorrer do filme numa narrativa que aproveita ao máximo cada um deles. O que para alguns pode parecer um excesso estilístico, pra mim só configura uma maturidade formal que salta aos olhos. O rapaz mudo é algo simplesmente inédito em toda a filmografia do diretor, que costuma deixar as marcas e traumas de seus personagens sempre de forma externa, seja através da distância entre eles ou do espaço ao redor, mas nunca de forma tão internalizada.
Cinemaníaco
4.2 43Kieslowski está bastante ácido nesse seu filme de transição entre os curtas documentais e as ficções de conflitos morais. O que mais chama atenção é a crítica à censura soviética. Já pro fim do filme as intenções cinematográficas pouco democráticas do partido ficam escancaradas num diálogo entre o diretor da fábrica e Filip, o protagonista, onde este é questionado sobre o porquê de filmar apenas trabalhadores, numa realidade um tanto penosa, cinza, triste e que pouco serviria aos interesses panfletários do partido. Ao invés, foi sugerido que filmasse a natureza, que é sempre colorida e feliz.
Meu Pai
4.4 1,2K Assista AgoraHá algo peculiar sobre esse filme que é ser capaz de observar os acontecimentos sob a ótica do personagem do Hopkins e experimentar as mesmas confusões, mesmo que em intensidade muito menor, o que garante organicidade à obra. Isso sem falar nas inúmeras qualidades técnicas, que vão desde a trilha sonora de Einaudi à montagem soberba.
Conto de Verão
4.0 48Os filmes de Éric Rohmer são como um pequeno retrato da vida e como ela funciona da forma mais verossímil possível. É impressionante como eu consigo acreditar em cada gesto, diálogo ou toque. As cenas dos beijos e pegação são impecáveis e poucas vezes vi uma direção de personagens tão sutil e sincera.
A Árvore dos Frutos Selvagens
4.0 46Apesar da fotografia impecável, o que mais me chama a atenção no filme são os diálogos, outra marca registrada do cinema de Ceylan. E nesse filme em especial, ao contrário de "Sono de Inverno", a narrativa se constrói a partir do que não é dito, o que me fez abarcar muito fácil na história. Os silêncios e introspecção do personagem principal evidenciam ao mesmo tempo uma falta de resolução interna e uma tentativa de se fazer visto no mundo. E por isso é tão fácil se conectar com ele.
O Reflexo do Mal
3.6 74Peguei pra ver sem saber absolutamente nada. Meu primeiro choque foi com a qualidade da cinematografia, que me lembrou Days of Heaven, mas sem o tom naturalístico do filme de Malick. A grande quantidade de elementos circunstanciais que constroem a narrativa me fez questionar o real objetivo do filme até mais ou menos a metade, e acabei duvidando de um desfecho convincente. Felizmente o diretor soube convergir todos os plots num fim bastante satisfatório.
O que mais me chamou atenção foi o tom contido com que o diretor tratou temas espinhosos e fez com que o pequeno Seth Dove fosse o protagonista não somente da sua história, mas também da de todos os outros personagens importantes do filme. As angústias da infância ganham conotação macabra e até sobrenatural, numa tentativa de sucesso de refletir a velha geração nas mais novas.
Filme subestimadíssimo.
A Ascensão
4.3 61A primeira metade é impecável. Na segunda parte achei que houve um excesso de sentimentalismo e uma tentativa de criar vilões (alemães) e mocinhos (russos), que é um artifício bastante usado em filmes de guerra com perspectiva única. Não é uma crítica inteiramente negativa, mas esses fatores me impediram de ter uma conexão maior com o filme. Ainda assim, imperdível.
Por Que Você Não Vai Brincar no Inferno?
3.9 54"Por Que Você Não Vai Brincar no Inferno" pode enganar pelo título ao sugerir elementos típicos de filmes de terror, mas na verdade é cinema social puro, com toneladas de ásperas críticas à vasta cultura cinematográfica japonesa.
A mais evidente fica por conta da decadência do cinema japonês logo após a "noberu bagu", que foi rapidamente inundado por tramas genéricas de crime, que ganharia a alcunha de "cinema Yakuza" (ressalvados os grandes títulos desse sub-genero). Sion Sono zomba sem pena desses filmes usando seu próprio estilo de metalinguagem, inserindo o elemento - dessa vez universal - do jovem cineasta sonhador.
Para Sono, mais vale fazer um único grande filme que transmita o máximo possível a realidade do que entupir a indústria cinematográfica com filmes inúteis apenas visando o lucro.
Todos os Homens do Presidente
4.1 206 Assista AgoraA maioria dos filmes que abordam jornalismo investigativo, principalmente os que tratam de grandes escândalos, geralmente dão bastante foco aos protagonistas, e alguns são tratados como herois. Acredito que Pakula conseguiu se diferenciar pois senti um afastamento muito pertinente entre o caso e a figura dos jornalistas, onde o foco era apenas montar e contar a história. Nisso os brilhantes Hoffman e Redford, no auge de suas carreiras, têm crédito, por entregarem atuações contidas e conscientes.
Eles Não Usam Black-Tie
4.3 286Tião é o brasileiro trabalhador que tem poucos anseios além de prover para sua família. Tião não se importa com política, apesar de ter consciência de quem é o opressor e de quem é o oprimido; não é de esquerda nem de direita, ele só quer que a sua esposa dê à luz o seu filho numa cama em um quarto de hospital, com dignidade. A Tião falta o espírito revolucionário, e isso não o faz uma pessoa ruim.
Tião não merece o ódio de seus semelhantes.
Romeu e Julieta
4.1 269 Assista AgoraO Romeu e Julieta de 1968 é tido como a melhor e mais fiel adaptação cinematográfica da peça de Shakespeare. Eu não saberia dizer, já que não conheço a peça e tampouco vi muitas outras adaptações. O fato é que o filme de Franco Zeffirelli tenta se destacar de longas de romance ao inserir o lirismo e poesia da obra original, mas ao mesmo tempo se distanciando dos musicais.
Ainda fisgou indicações a melhor filme e melhor diretor no Oscar de 1969, mas acabou perdendo para o musical Oliver, de Carol Reed, nas duas categorias. Ganhou outros dois troféus de melhor fotografia (não consegui identificar uma justificativa plausível para tal prêmio assistindo ao filme) e melhor figurino, que de fato está sensacional, assim como a direção de arte.
Terminei o filme com uma sensação curiosa, de ter visto uma boa adaptação mas sem conhecer a obra original. Como filme, não poderia deixar de ser formuláico, dado o desgaste do enredo e limitações do gênero; e, tirando o texto poético, pouco inovador.
Love Exposure
4.2 93"Quando eu era menino, falava como menino, pensava como menino e raciocinava como menino. Quando me tornei homem, deixei para trás as coisas de menino. Agora, pois, vemos apenas um reflexo obscuro, como em espelho; mas, então, veremos face a face. Agora conheço em parte; então, conhecerei plenamente, da mesma forma com que sou plenamente conhecido. Assim, permanecem agora estes três: a fé, a esperança e o amor. O maior deles, porém, é o amor."
Apenas Deus Perdoa
3.0 630 Assista AgoraFilme sem grandes qualidades narrativas onde Refn mais treina um refinamento técnico, que atingiria seu ápice em "Too Old to Die Young", do que se preocupa em contar uma história.
Time
3.5 71 Assista AgoraSobre a impiedade do tempo que é tão cruel quanto aqueles orquestradores da injustiça. Porque ele não espera, simplesmente passa, de forma que as crianças se tornarão adultos e a família que poderia ter sido não existe mais. Fica uma forte mensagem: resiliência, tenacidade e sensatez também podem combater injustiças.
O Incrível Exército de Brancaleone
4.0 136 Assista AgoraSátira ambientada na Europa Feudal durante a Idade Média, que foca na trajetória errática do protagonista que dá nome ao filme e de seu "exército" que, na verdade, são uma meia dúzia de homens tão decadentes quanto Brancaleone.
A primeira coisa que identifiquei assistindo ao filme foi a incrível semelhança com "Em Busca do Cálice Sagrado" do grupo Monty Python, claramente influenciado pela obra de Monicelli. As principais diferenças ficam por conta do discurso. Enquanto o grupo de Terry Gilliam misturou conceitos políticos medievais e contemporâneos, Brancaleone se limita a uma sátira medieval, o que deixa o filme hermético e datado.
Tirando algumas boas piadas de cunho religioso, não me interessei muito pelo filme, um tanto devido à minha falta de interesse por esse tipo de comédia non sense, apesar de gostar muito de Holy Grail. Os pontos positivos ficam por conta da incrível direção de arte e grande atuação de Vittorio Gassman na pele de Brancaleone da Norcia.
Um Tempo para Viver, um Tempo para Morrer
4.0 16Yasujiru Ozu encontra Edward Yang
Alain Resnais tratou de mostrar em seus filmes aquela memória de mais difícil acesso, criando verdadeiros quebra-cabeças em que seus personagens parecem perdidos no tempo. Tarkóvski pegou emprestado imagens, muitas vezes do próprio ambiente em seus filmes, para construir uma imagética bastante característica que evoca as recordações criando um elo entre o passado e presente. Ao contrário da estilística de Resnais e do que Tarkóvski fez em seu autobiográfio "O Espelho", Hsiao-hsien navega pela própria história de forma bastante direta e sóbria, com uma mise en scene característica dos dramas familiares de Yasujiru Ozu. "Um Tempo para Viver, um Tempo para Morrer" é um coming-of-age que se destaca por tratar da antinomia do amadurecimento através da morte, o que é pouco comum para filmes do gênero.
Nunca Mais Nevará
3.1 15 Assista AgoraPareceu que ia, mas não foi.
Uma obra que aposta em uma lenta cadência narrativa e em grande introspecção dos personagens tem que, ao final, transmitir uma mensagem clara e objetiva, sob o risco de ser apenas pretensioso ou cair no senso comum. "Never Gonna Snow Again" busca elementos fantásticos para explorar a superficialidade, futilidade e incomunicabilidade das pessoas. Mas também critica a exploração do meio ambiente. E também a questão da imigração. E também a precariedade do trabalho para estrangeiros.
A falta de propósito faz com que o filme caia um pouco, o que é decepcionante, pois, no fim do longa, o encontro do protagonista com seus próprios fracassos dá um tom impessoal, terreno e comum que a obra precisava.
Ainda assim, faltou objetividade, e por isso acho que a aposta da Polônia no Oscar 2021 poderia ter sido melhor.
Bela Vingança
3.8 1,3K Assista AgoraJamais perdoarei quem deu esse título nacional ao filme.
Minari - Em Busca da Felicidade
3.9 548 Assista AgoraEdward Yang estaria orgulhoso.
Domando o Destino
3.8 78 Assista AgoraMesmo que de forma contida, cada palavra, expressão ou contato dos personagens encontra seu encaixe perfeito na condução da excepcional diretora Chloé Zhao. É isso que o cinema deveria ser. Tão realista e verdadeiro que chega a ser sufocante.
Close Up
4.3 117O filme segue uma narrativa pouco convencional. Kiarostami usa a ficção para reescrever a realidade ao filmar o caso com as pessoas que vivenciaram aqueles acontecimentos interpretando elas mesmas. E usa a realidade ao inserir as gravações do próprio julgamento.
Essa mistura ousada de ficção e realidade faz com que as reflexões de Close Up fiquem na cabeça por um bom tempo, seja as de ordem filosófica envolvendo ética e moral, o papel do homem comum que rejeita sua mediocridade e toma o controle da sua pobre existência; seja pelo valor incalculável que a arte pode ter para algumas pessoas.
Kairo
3.4 163O apocalipse de Kiyoshi Kurosawa é tecnológico e causado por pessoas que se deixaram seduzir por uma inovadora maneira de se conectar com o próximo: a internet.
O Poderoso Chefão - Desfecho: A Morte de Michael Corleone
4.2 25O que o poster de Star Wars tá fazendo no Poderoso Chefão?