O novo longa do diretor Woody Allen, Magia ao Luar, mantém todas as características de seus filmes anteriores: diálogos longos, bela fotografia, luz e trilha sonora em destaque. Porém, seu roteiro deixa a desejar com frases sem graça, onde muitas coisas não se encaixam ou não fazem sentido para a narrativa.
Colin Firth interpreta o mágico Stanley, para o qual se fantasia de chinês com nome artístico Wei Ling Soo para apresentar os seus mais mirabolantes truques magia ao redor do mundo. Ao sair do palco, Stanley mostra ser um homem sem muitas preces e amigos. Papel muito comum nos filmes de Allen, do tipo que faz referência a ele próprio. Por ser um homem totalmente racional e defensor da ciência acima de tudo, Firth parece não ter se encaixado no papel. O ator não transpareceu estar totalmente confortável, suas atuações ficaram engessadas sem transmitir todo o seu potencial e confiança.
Howard (Simon McBurney), que também é mágico, convida Stanley para passar uma temporada na casa de seus amigos no sul da França, onde pretendem desmascarar Sophie (Emma Stone), uma suposta médium norte-americana que se instalou na residência conquistando todos ao seu redor com seus poderes paranormais. O mágico e a suposta médium passam a viver como gato e rato, na qual brigar e fazer as pazes são as partes cordiais da trama.
No decorrer do filme, percebemos os grandes diálogos comuns de Woody Allen, que geralmente são muito bem feitos e plausíveis. Entretanto, não fazem jus a esse projeto. O longa se alastra com frases sem graça, muitas vezes sarcásticas trazendo um humor negro à tona, porém, nada muito espetacular. Com isso, a trama acaba ficando cansativa e entediante.
Durante os diálogos extensos os planos são acompanhados de belíssimas paisagens, utilizando-se de diversos contrastes de cores e luzes. Servindo como uma verdadeira aula de direção de arte para quem assiste. Os detalhes parecem ter sidos escolhidos minuciosamente, tendo flores como o símbolo principal. Elas são vistas em todas as partes, na natureza, na mesa da sala ou no papel de parede. Algo que deixa um ar mais aconchegante e te transporta para a casa daquela sua tia-avó que mora no interior.
Junto ao cenário, temos uma trilha sonora que se torna algo muito cativante na trama, além do jazz que tem presença confirmada em todos os longas do diretor, contamos também com a música clássica tocada por Beethoven, Stranvinski e Ravel. A montagem entre as cenas em conjunto com o fundo musical criam uma ótima sintonia, onde se pode ver o cuidado e o olhar crítico do montador.
Magia ao Luar é um trabalho esteticamente perfeito, todos os contrastes de cores e cada detalhe que parece ter sido escolhido a dedo faz com que a obra se diferencie das demais comédias românticas. Em contra partida temos um roteiro vazio e com um desfecho torpe, criando-se assim uma suposição de que Allen escreveu a história numa tarde ociosa. Como não tinha nada melhor, lançou o projeto só para dizer que fez um filme este ano, assim como ele faz desde 1982 consecutivamente.
Por: Caroline Venco