As adaptações de best-sellers estão ficando cada vez mais comuns no mundo cinematográfico, e com o passar do tempo é de se esperar algo cada vez melhor e verossímil para os fãs de livros. Se Eu Ficar, dirigido por R. J. Cutler e com roteiro de Shauna Cross, transforma a obra literária em um filme razoável para os admiradores do exemplar e plausível para aqueles que não leram e nem conhecem a história.
A violoncelista Mia (Chloë Grace Moretz), de apenas 17 anos, está em estado de coma após um gravíssimo acidente de carro envolvendo sua família. Porém, a garota consegue ver tudo o que acontece ao seu redor, incluindo todo o sofrimento de familiares, amigos e de seu namorado Adam (Jamie Blackley). A trama vai decorrendo intercalando os acontecimentos presentes que ocorrem num hospital e as lembranças de Mia, que são baseadas nos momentos mais marcantes de sua vida.
A ordem dos acontecimentos não é exatamente como está no livro, fazendo disso um ponto positivo para a adaptação, pois, deixou uma narrativa muito mais sólida e coerente nos cinemas sem se prender muito a história original. A montagem entre as lembranças de Mia e as partes no hospital tornou o filme muito ágil e de fácil assimilação pelo espectador, era simples de compreender quando os fatos estavam no presente ou no passado, sempre seguidos por uma narração da protagonista.
Apesar do casal não ter demonstrado muita química, a parte romântica do roteiro foi muito bem trabalhada. O fato da garota ser virgem não se tornou um problema para o longa, como sempre fazem nos filmes infanto-juvenis, dando assim um amadurecimento à obra. A questão de Mia ir ou não para a escola de música Julliard, em Nova York é um subtema na narrativa. Algo que não foi muito explorado no livro trouxe um conflito interessante para o filme, saindo um pouco do drama exaustivo.
Alguns dos detalhes descritos na obra literária foram adaptados fielmente para os cinemas, como a pulseira de Mia ou seu primeiro encontro com Adam, e outros foram muito bem adicionados ou modificados. Entretanto, as características físicas de alguns personagens foram deixadas de lado, por exemplo, o cabelo de Kim (Liana Liberato) não ter trança e cachos como detalhado no livro ou o fato de Mia não ser o único membro da família com olhos castanhos como relatado. Isso não modifica em nada a narrativa cinematográfica, porém, seria agradável para o leitor do exemplar poder identificar essas características dos personagens também nas telas.
Mia transparece ser uma garota solitária e insegura em 90% do filme, algo que chega ser irritante e demonstra certo egocentrismo por parte da garota. Moretz, pode até ser uma boa atriz, mas não convence em suas cenas dramáticas. A adolescente não tem a empatia necessária com a personagem e soa falsa nas cenas que necessitam de fortes emoções. O que ajudou para que esses acontecimentos não se tornassem um desastre, foi a trilha sonora melodramática que tem a capacidade de emocionar a todos por si só.
Se Eu Ficar com certeza é uma obra que tem o poder de emocionar e talvez esse objetivo seja alcançado por parte do público. Entretanto, o drama abordado deixa as coisas muito óbvias e não evoluí a ponto de surpreender o espectador. As piadas pertinentes dos pais da garota, são as únicas partes que desfazem a uniformidade do longa. Mas ele surpreende ao provar que não é uma adaptação totalmente fiel ao livro, modificando o que era necessário para todo tipo de público entender o que está sendo apresentado. Desta forma, Se Eu Ficar se diferencia das demais produções baseadas em obras literárias.
Por: Caroline Venco