Diferente de A Teoria de Tudo, O Jogo da Imitação consegue não se limitar apenas ao arco dramático da adaptação e cria uma narrativa coerente com altos e baixos, mesmo utilizando diálogos não muito inovadores. Dirigido pelo norueguês Morten Tyldum, a cinebiografia mescla a vida pessoal e profissional de Alan Turing, onde suas ideias e sentimentos não passam despercebidos.
Situada na Segunda Guerra Mundial, o filme não poderia ter um nome diferente. A Inglaterra antiga não era um lugar de fácil para homossexuais e mulheres em termos de igualdade de direitos - um jogo de imitação era necessário para garantir a própria sobrevivência. O cientista da computação Alan Turing (Benedict Cumberbatch), se propõe a entrar nesse jogo, já que infelizmente, sua orientação sexual sobrepõe a sua inteligência e a ação pela humanidade, na qual ao criar uma máquina capaz de decifrar os códigos criptografados que serviam de comunicação para a Alemanha nazista, ele pode encurtar a guerra em pelo menos dois anos, salvando, assim, a vida de mais de 14 milhões de pessoas. Hoje, essa preciosa máquina é chamada de computador.
De personalidade peculiar e nada extrovertido, Turing tem a história de sua vida contada em três épocas distintas: sua infância, durante a guerra e no pós-guerra. As três partes são montadas com um método de fácil entendimento ao espectador sem subestima-lo, mesmo sendo utilizadas de uma forma simples e pouco arriscada. Por diversas vezes, há planos com Alan de costas mostrando apenas a sua nuca, com isso, Tyldum reforça ainda mais a indiferença que o matemático tem para com os outros, ponto característico de sua personalidade.
Benedict faz um de seus melhores papéis ao encarar Alan Turing. É possível se identificar com as características do protagonista e acreditar nelas. Mesmo com o roteiro abusando das frases clichês e de efeito melodramático, a conexão entre os personagens é bem feita. Joan Clarke, que também tem é belissimamente interpretada por Keira Knightley, é a válvula de escape de Alan. Sua presença fornece o equilíbrio necessário para tudo fluir sem cair na monotonia e, mais uma vez, a atriz traz o carisma necessário para a obra sendo capaz de tirar vários sorrisos do público.
O Jogo da Imitação não se vende como um filme sobre um herói de guerra, mas poderia ser dito como tal. Turing não foi apenas um homem que salvou a vida de milhões de pessoas, mas sim um gênio que mudou totalmente a humanidade sem os seus merecidos créditos. Neste longa, é possível conhecer a sua história e a importância que ela tem em nossas vidas. Onde mesmo cercado por clichês hollywoodianos, é reconhecida a legitimidade da obra que merece seu devido respeito.
Por: Caroline Venco