Em todo o delírio de suas fábulas, Glauber Rocha antecipou muita coisa do que vê-se hoje no país. Em Antena da Raça, Paloma Rocha e Luís Abramo resgatam diálogos, trechos, cenas dos filmes e entrevistas feitas pelo diretor do Cinema Novo e os atualizam com personagens reais, atores da nossa tragédia contemporânea. É com esse filme, que intercala passado e presente, que o Olhar de Cinema - Festival Internacional de Curitiba encerra sua 9ª edição.
Assista ao trailer de Antena da Raça;
Um dos eventos prejudicados pela pandemia de Covid-19, o festival precisou adiar sua realização e se adaptar à nova realidade com uma edição completamente online, de 7 a 15 de outubro. Mas se o formato é outro, a qualidade da seleção não deixa nada a dever aos anos anteriores. Como se percebe justamente pelo título de encerramento, selecionado também para a mostra Cannes Classics do festival francês.
“A edição de 2020 do Olhar com certeza não vai ser igual às outras e, com certeza, vai ser única, mas também isso é algo que buscamos em todas as nossa edições. Então, não vai ser muito diferente”, afirma Antonio Gonçalves Junior, diretor do festival. “As mostras quase todas continuam intactas, com a mesma quantidade de filmes e agora temos o Brasil inteiro para nos comunicar, o Brasil inteiro como público do festival, e estamos animados com esse desafio”, completou.
EXIBIÇÕES ESPECIAIS
Entre as mostra deste ano, está a Exibições Especiais, que conta com filmes de grandes mestres do cinema mundial e busca a redescoberta de títulos, privilegia o cinema brasileiro e abre um espaço especial para pré-estreias.
Com uma seleção reduzida nesta edição, a seleção traz apenas dois títulos que sintetizam muito bem a o objetivo da mostra. O Tango do Viúvo e seu espelho reformador, é um deles. Primeiro longa-metragem do diretor chileno Raúl Ruiz, filmado em 1967, o filme só foi finalizado este ano pela viúva do cineasta, Valeria Sarmiento. O Tango do Viúvo foi encontrado recentemente, restaurado e teve a sua primeira exibição no Festival de Berlim. Assista ao trailer;
Quem completa a seleção é o diretor brasileiro Karim Aïnouz, com seu filme Nardjes A. O longa também foi exibido este ano na Berlinale e conta a história da militante argelina que lhe dá nome em meio aos protestos populares contra a quinta candidatura do então presidente Bouteflika. Assista ao trailer;
OUTROS OLHARES
A Mostra Outros Olhares mescla em sua seleção longas e curtas-metragens ainda mundialmente inéditos e filmes que já possuem uma trajetória em festivais e mostras internacionais recentes. São várias propostas, estilos, linguagens e abordagens feitos em torno de uma série de extremidades que reflete o mundo atual.
Fazem parte da seleção de longas-metragens os brasileiros inéditos O Índio Cor de Rosa Contra a Fera Invisível: a Peleja de Noel Nutels, de Tiago de Almeida, e A Flecha e a Farda, de Miguel Antunes Ramos, além de O Reflexo do Lago, que esteve na seleção Festival de Berlim. Da Berlinale também chegam o indiano Crônica do Espaço, de Akshay Indikar, a co-produção França, Bélgica e Burkina Faso, Traverser (Após a Travessia), dirigido por Joël Akafou, e o longa argentino Responsabilidade Empresarial, de Jonathan Perel.
Do FIDMarseille chega a co-produção Eslovênia e República Tcheca, Oroslan, de Matjaz Ivanisin, do NY Film Festival vem Trouble, uma co-produção entre Estados Unidos e Reino Unido dirigida por Mariah Garnett e, por fim, o longa chileno Visão Noturna, dirigido por Carolina Moscoso Briceño.
Curtas de todos os lugares
A seleção de curtas-metragens também traz um recorte na nova produção brasileiro, com os títulos Manual do Zueiro Sem Noção, de Joacélio Batista; Memby, de Rafael Castanheira Parrode e Rafameia, de Mariah Teixeira e Nanda Félix. Representantes de vários outros países também estão na seleção, como Irã, Argentina, Camboja, Cuba e Rússia.
Sobre o Olhar de Cinema
O Olhar de Cinema é um festival que busca destacar e celebrar o cinema independente produzido no mundo. São propostas estéticas inventivas, envolventes e com comprometimento temático, que abrange desde a abordagem de inquietações contemporâneas acerca do micro universo cotidiano de relacionamentos, até interpretações e posicionamentos sobre política e economia mundial.
A seleção apresenta ao público filmes que se arriscam em novas formas de linguagem cinematográfica, que estão abertos ao experimentalismo e que, ainda assim, possuem um grande potencial de comunicação com o público.
Nesta edição, serão seis mostras: Mostra Competitiva, Novos Olhares, Outros Olhares, Olhares Brasil, Exibições Especiais e Mirada Paranaense.
O 9º Olhar de Cinema - Festival Internacional de Cinema conta com apoio da Copel, Ademilar e Lojacorr. Apoio Cultural: Ag 433. Projeto realizado com o apoio do programa de apoio e incentivo à cultura - Fundação Cultural de Curitiba e da Prefeitura Municipal de Curitiba. Projeto aprovado no programa estadual de fomento e incentivo à cultura | PROFICE da Secretaria de Estado da Cultura | Governo do Estado do Paraná.
Confira a lista completa de selecionados para a mostra OUTROS OLHARES:
Longas-metragens
- Oroslan (Oroslan, Eslovênia, República Tcheca, 71 min.), de Matjaz Ivanisin
- Responsabilidade Empresarial (Responsabilidad Empresarial. Argentina, 68 min.), de Jonathan Perel
- Quem Tem Medo de Ideologia? (Who Is Afraid of Ideology?, Líbano, Síria, Curdistão iraquiano, 57 min.), de Marwa Arsanios;
- Traverser (Após a Travessia) (Traverser [After the Crossing], França, Bélgica, Burkina Faso, 77 min.), de Joël Akafou;
- Crônica do Espaço (Sthalpuran [Chronicle of Space], Índia, 86 min.) de Akshay Indikar;
- Trouble (Estados Unidos, Reino Unido, 82 min.), de Mariah Garnett;
- O Reflexo do Lago (Brasil, 80 min.), de Fernando Segtowick.
- O índio cor de rosa contra a fera invisível: a peleja de Noel Nutels (Brasil, 71 min.), de Tiago de Almeida.
- A Flecha e a Farda ( Brasil, 85 min.), de Miguel Antunes Ramos.
- Visão Noturna (Visión nocturna, Chile, 80 min.), de Carolina Moscoso Briceño
Curtas-metragens
- Manual do Zueiro Sem Noção (Brasil, 16 min.) de Joacélio Batista;
- Memby (Brasil, 18 min.) de Rafael Castanheira Parrode;
- Rafameia (Brasil, 24 min.) de Mariah Teixeira, Nanda Félix;
- Eu Interior (Nahan, Irã, 15 min.) de Mohammad Hormozi;
- Playback. Ensaio de uma Despedida (Playback. Ensayo de una despedida, Argentina, 14 min.) de Agustina Comedi;
- Alienígena (REONGHEE, África do Sul, 15 min.) de Jegwang Yeon;
- Sonho Californiano (Soben California, Cambodja, 16 min.) de Sreylin Meas;
- Garotas Crescem Desenhando Cavalos (Girls grow up drawing horses, EUA, 7 min.) de Joanie Wind;
- Mary, Mary, So Contrary (Singapura, 15 min.) de Nelson Yeo;
- As Chamas do Sol (Las llamas del sol, Espanha, 12 min.) de Pepe Sapena;
- Botões Dourados (Zolotye Pugovitzi (The Golden Buttons), Russia, 20 min.), de Alex Evstigneev;
- Os Meninos Lobo (Los niños lobo, Cuba, 18 min.) de Otávio Almeida;
- Rios Solitários (Lonely Rivers, Espanha, França, 28 min.) de Mauro Herce.