"É bonito quando você estuda a vida de um artista e se encanta com a maneira como ele viveu e como ele vê o mundo", afirma o diretor paulistano Esmir Filho que há uma semana lançou nos cinemas HOMEM COM H, cinebiografia sobre o cantor Ney Matogrosso, e já soma 200 mil espectadores pelo país. "É interessante, porque o pensamento do Ney influenciou meu próprio processo como diretor. Ele me estimulou a valorizar o respiro e a dar voz ao meu delírio criativo, e reforçou como o tempo todo estamos conversando com o público do outro lado da tela."
Desde OS FAMOSOS E OS DUENDES DA MORTE, seu primeiro longa-metragem, o cineasta teve como o norte essa ideia de estabelecer um diálogo aberto com o espectador. "Tem uma frase do Humberto Mauro que fala que o cinema é cachoeira. Eu fico pensando: se o cinema é cachoeira, nós, enquanto equipe, somos gotas d'água sendo tragadas para essa obra cascata, mas quem se banha é o público", define.
"Venho compartilhando minhas inquietações diante do mundo sobre as possibilidades de afeto, o acolhimento às diferenças, a pulsão de viver, a sensualidade", relembra o diretor. "Tudo o que venho retratando em diferentes roupagens narrativas chega com uma força imensa em HOMEM COM H. Porque estamos falando de alguém que viveu tudo isso. Através da história do Ney consigo comunicar ideias, questões e sentimentos para um público ainda maior."
Com a cinebiografia ainda em cartaz nos cinemas de todo o país, Esmir Filho quer continuar esse trabalho e conversar com mais e mais pessoas. “É o que eu quero, é o caminho que estou traçando. Minha ideia é justamente furar as bolhas e trazer o pensamento de um canto para o outro."
Não é à toa, portanto, que seu próximo projeto nos cinemas dê sequência a temas que atravessam toda sua filmografia. Desde 2017, Esmir Filho trabalha em INDETECTÁVEL, um filme que, como seu biografado em HOMEM COM H, quer olhar para o HIV através do viés do afeto.
"INDETECTÁVEL faz um recorte contemporâneo, diferente do que costuma ser retratado no audiovisual, e fala sobre o HIV enquanto vida. É um projeto sobre pulsão de vida, desejo e anseios. E é um filme que quer conversar com o público também, porque a experiência do HIV pode ser pessoal, mas sua dimensão é coletiva", explica o cineasta. "A ideia do filme é acabar com certos estigmas e mostrar que não existe mais sentença de morte. As pessoas vivem e convivem com o vírus, trabalham, amam, desejam."
Antes disso, Esmir e sua irmã, a apresentadora Sarah Oliveira, gravam uma série documental sobre grandes nomes da música brasileira. Atualmente em pré-produção, o projeto começa a ser rodado ainda neste mês.
Imagem: Paris Filmes/Divulgação