No momento em que uma pandemia massacra as populações indígenas do Brasil, sob o beneplácito de um governo saudoso da ditadura, parece urgente ouvir a voz do médico sanitarista Noel Nutels, que ressurge aqui em seu único registro remanescente, falando ao Congresso em pleno regime militar. Em cotejo com um material audiovisual impressionante, capturado por ele em suas missões aos territórios indígenas, essa voz não esconde a agressividade inata a seu lugar de fala. Nutels não é, aqui, o herói de um cordel laudatório: é um fantasma consciente das suas faltas que interpela o silêncio cúmplice dos que se calam