Três imagens para o espectador: A imagem-ternura; a imagem-social do mínimo; a imagem-frieza das causas e consequências. Tudo capturado pela câmera-denúncia de Elizabeth Marzaei.
A coerção sistêmica que, através do desespero do indivíduo de tentar ascender à uma situação de classe superior, o leva para o caminho mais fácil - o da defesa desse mesmo sistema ("o pobre nunca deve servir o exército").
Depois de The Tribe (2014), nunca mais assisti um filme decente sobre o tema da surdez.
Audible, tal qual Sound of Metal, faz uma abordagem que visa agradar todas as "tribos" (ouvintes e não-ouvintes), mas acaba fazendo muito mais uma celebração do ouvir - com toda aquela trilha sonora vibrante, por exemplo -, do que um desconforto do não-ouvir, que traria a empatia buscada. O filme é uma bagunça genérica. Não há riscos, e, a meu ver, se o espectador nunca conheceu uma pessoa com essa condição, ou nunca teve contato com uma obra sobre essa temática, o impacto é inevitável - o que não foi o meu caso.
Se aproveita muito mais da problemática enquanto objeto de impacto visual, e de dialogo, do que uma discussão aprofundada sobre o tema - e quando tenta articular uma saída para aquela situação, além de ficar na superficie, flerta com uma possivel propaganda politica. O impacto fica por conta dos relatos. É praticamente impossivel ficar impassivel diante de uma experiência tão extrema.
Camila. Para o amigo, apenas uma péssima ex-namorada. Para o cinegrafista, um mar de lembranças que tenta recuperar. Camila, enquanto corpo, é apenas representação de bons tempos, de bons sentimentos, que embora tenham terminado de forma negativa - aparentemente -, foram importantes o suficientes para ainda impactar, mesmo com um rápido gesto de olhar. A conversa despretensiosa entre os dois, revela suas diferenças temporais: enquanto um fala do futuro, do futebol de amanhã e da próxima semana, o cinegrafista se mostra esmorecido, não sabe se vai jogar, mas vibra com a representação de uma parte do seu passado. Ele está preso. O looping enquanto autoengano. O tempo passou, Camila passou, mas a obsessão nostálgica fez a sua vítima.
Segundo filme que vejo do autor Edgard Navarro - Superoutro foi o primeiro-, e mais uma vez me deparo com uma criação incomodante. A imagem em Super 8 casou com a "sujeira" do espaço, regada a fezes e bundas. Seus personagens, sempre transeuntes de grandes cidades, vivem uma liberdade invejável, sempre respeitando seus instintos - aliás, nossos instintos. Qual o fetiche de Navarro com homens que jogam fezes em motoristas? Não sei, mas é engraçado. A curta duração da obra foi ideal para a apreciação do subversivo enredo apresentado; diferente de Superoutro, que embora seja curto, tem uma construção em esquetes que me soa cansativo.
O privilégio mór de um indivíduo num país terceiro mundista: na solidão da classe média, frutas e legumes se convertem em objetos sexuais; e a feira - agora transmutada - um sex shop a céu aberto. Há um equilíbrio entre o visual - quase uma chanchada com melancia - e a verbalização do homem, que se mostra consciente de sua perversão horti-fruteira, e das implicações sociais do seu ato.
Um filme de montagem onde Bernardet faz uma organização de cenas que fazem parte de um universo narrativo proprio, mas que, aqui, se unem e se ressignificam dentro da tematica: uma sintese da cidade de São Paulo através do olhar cinematografico. Entre o plano geral da cidade viva e pulsante que inicia o filme, ao close de uma criança que o encerra, a obra conseguiu extrair de mim os mesmos sentimentos de quando caminho pela terra da garoa: a contemplação e maravilhamento do espaço, e a melancolia do mesmo.
Três Canções para Benazir
3.2 48 Assista AgoraTrês imagens para o espectador: A imagem-ternura; a imagem-social do mínimo; a imagem-frieza das causas e consequências. Tudo capturado pela câmera-denúncia de Elizabeth Marzaei.
A coerção sistêmica que, através do desespero do indivíduo de tentar ascender à uma situação de classe superior, o leva para o caminho mais fácil - o da defesa desse mesmo sistema ("o pobre nunca deve servir o exército").
Audible
3.5 32Depois de The Tribe (2014), nunca mais assisti um filme decente sobre o tema da surdez.
Audible, tal qual Sound of Metal, faz uma abordagem que visa agradar todas as "tribos" (ouvintes e não-ouvintes), mas acaba fazendo muito mais uma celebração do ouvir - com toda aquela trilha sonora vibrante, por exemplo -, do que um desconforto do não-ouvir, que traria a empatia buscada. O filme é uma bagunça genérica. Não há riscos, e, a meu ver, se o espectador nunca conheceu uma pessoa com essa condição, ou nunca teve contato com uma obra sobre essa temática, o impacto é inevitável - o que não foi o meu caso.
Onde Eu Moro
3.4 71 Assista AgoraSe aproveita muito mais da problemática enquanto objeto de impacto visual, e de dialogo, do que uma discussão aprofundada sobre o tema - e quando tenta articular uma saída para aquela situação, além de ficar na superficie, flerta com uma possivel propaganda politica.
O impacto fica por conta dos relatos. É praticamente impossivel ficar impassivel diante de uma experiência tão extrema.
Fantasmas
3.9 22Das obsessões.
Sorte daquele que nunca tentou salvar um fragmento do seu passado.
Sorte?
Ou falta de passado?
Camila. Para o amigo, apenas uma péssima ex-namorada. Para o cinegrafista, um mar de lembranças que tenta recuperar. Camila, enquanto corpo, é apenas representação de bons tempos, de bons sentimentos, que embora tenham terminado de forma negativa - aparentemente -, foram importantes o suficientes para ainda impactar, mesmo com um rápido gesto de olhar.
A conversa despretensiosa entre os dois, revela suas diferenças temporais: enquanto um fala do futuro, do futebol de amanhã e da próxima semana, o cinegrafista se mostra esmorecido, não sabe se vai jogar, mas vibra com a representação de uma parte do seu passado. Ele está preso.
O looping enquanto autoengano. O tempo passou, Camila passou, mas a obsessão nostálgica fez a sua vítima.
O Rei do Cagaço
3.3 10Segundo filme que vejo do autor Edgard Navarro - Superoutro foi o primeiro-, e mais uma vez me deparo com uma criação incomodante. A imagem em Super 8 casou com a "sujeira" do espaço, regada a fezes e bundas. Seus personagens, sempre transeuntes de grandes cidades, vivem uma liberdade invejável, sempre respeitando seus instintos - aliás, nossos instintos.
Qual o fetiche de Navarro com homens que jogam fezes em motoristas? Não sei, mas é engraçado.
A curta duração da obra foi ideal para a apreciação do subversivo enredo apresentado; diferente de Superoutro, que embora seja curto, tem uma construção em esquetes que me soa cansativo.
Vereda Tropical
3.8 4O privilégio mór de um indivíduo num país terceiro mundista: na solidão da classe média, frutas e legumes se convertem em objetos sexuais; e a feira - agora transmutada - um sex shop a céu aberto.
Há um equilíbrio entre o visual - quase uma chanchada com melancia - e a verbalização do homem, que se mostra consciente de sua perversão horti-fruteira, e das implicações sociais do seu ato.
São Paulo - Sinfonia e Cacofonia
4.1 6Um filme de montagem onde Bernardet faz uma organização de cenas que fazem parte de um universo narrativo proprio, mas que, aqui, se unem e se ressignificam dentro da tematica: uma sintese da cidade de São Paulo através do olhar cinematografico.
Entre o plano geral da cidade viva e pulsante que inicia o filme, ao close de uma criança que o encerra, a obra conseguiu extrair de mim os mesmos sentimentos de quando caminho pela terra da garoa: a contemplação e maravilhamento do espaço, e a melancolia do mesmo.
Panorama pris d'un train en marche
3.3 3Fantástico!
Uma pequena viagem de trem na Paris do século 19.
Rated R for Nudity
2.9 17experimental.