Bianca Joukhadar

Quando o filme começou, pensei que não iria conseguir chegar até o final. No entanto, é preciso se deixar levar por essa linguagem teatral e tragicômica do filme, repleta de exageros e situações pouco verossímeis. A trama é realmente muito envolvente e os personagens constituem-se em figuras caricatas, pitorescas, com gestos largos e excessiva dramaticidade. Conforme as máscaras vão caindo, percebemos um retrato da hipocrisia moral e dos preconceitos presentes na sociedade, através de uma visão sarcástica e amarga, porém sem perder a leveza do humor.

Possui aquele mesmo formato de Les Chansons d'amour, com um eficaz uso da trilha sonora que agrega muito significado ao enredo e à subjetividade dos personagens. O filme começa incrível, mas perde o ritmo. A primeira parte, com a Ludivine Sagnier, é realmente apaixonante e envolvente, com momentos muito inspirados e canções maravilhosas. Inclusive, Sagnier e Catherine Deneuve interpretam Madeleine de maneira muito carismática e sensual, criando uma personagem muito intensa. Já o arco da Chiara Mastroianni, embora apresente uma proposta muito interessante, torna a trama melancólica e menos fluida, as músicas, menos envolventes, e o enredo perde em clareza quanto aos acontecimentos trágicos. A personagem Vera transpira insegurança e, apesar da ótima atuação da belíssima Chiara, é difícil criar empatia. Achei que ia me decepcionar, porém o final do filme é lindo, quase uma redenção, confesso que chorei. Para mim, a passagem que simplesmente resume o filme e seu principal sentido: "Je peux vivre sans toi, tu sais. Le seul problème, mon amour, c'est que je ne peux vivre sans t'aimer"

Amo essa mistura de nacionalidades! Maria Flor está linda. Mas as histórias acabam ficando na superficialidade, não são plenamente desenvolvidas, não há consistência. Destaque para a trilha sonora maravilhosa e para as partes do Anthony Hopckins, da Maria Flor e do Ben Foster, as mais interessantes do longa.