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Últimas opiniões enviadas

  • Caroline

    Quanta tensão! Uma apreensão crescente, num ritmo coerente com a proposta minuciosa do thriler. "O eu é o outro"... Trama que se constrói em camadas, tal qual a tridimensionalidade do "eu", como num iceberg, cujo ápice é a nossa projeção pro mundo, condicionante e repressiva; o corpo do iceberg funcionando como um constituinte de racionalidade e intercomunicação entre nossa projeção social e os nossos desejos; na base dessa estrutura, uma imensidão extensa, submersa e profunda, onde habita e se contorce o inconsciente, as paixões pungentes, os instintos... quão complexa é a questão de ser. A série mostra justamente a fluidez entre essa conjunção não sobreposta e a inquietude que pode nos fazer agonizar sob a nossa própria pele.
    Toda essa complexidade reverbera amplificada no atormentado "eu" de Jean/Diane. É evidente a "deficiência" na estrutura do ego de Jean. Talvez seus impulsos fossem tão pungentes que a questão da busca incessante por controle se manifestasse de tal maneira a fazê-la

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    romper com toda a conduta modulada pela sua profissão e também o que se preconiza e espera de um indivíduo em sociedade, fazendo-a transgredir essas condicionantes, de forma compulsiva e obsessiva.

    A interferência de Diane no curso da vida dos outros, entendo que se dava como uma expressão exagerada da "empatia" que ela sentia nas situações que lhe eram narradas em consultório, situações que lhe permitiam se projetar... como escapismos à singularidade do eu. Os seus valores são distorcidos e há uma frieza e impessoalidade inerente às suas relações, na contramão da intensidade com que se relacionava. Ela se projetava, mas não conseguia se conectar, por isso agia no extremo do seu hedonismo e egocentrismo e com tamanha imprudência.
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    Eu acredito ser inconteste o transtorno de personalidade manifestado de forma mordaz e a própria compulsão, que protagoniza como causa e também como consequência, numa cadeia imprevisível de desdobramentos. Compulsão tal que mesmo desejando abster-se da multiplicidade dos seus "eus" pela família, não havia como abrir mão do seu eu multifacetado, já há muito fragmentado nas vidas paralelas que ela levava.


    A imprevisibilidade vai numa crescente, diretamente proporcional ao grau dos desdobramentos das situações que Diane criou...
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    mostrando claramente, como evidência última, o seu raciocínio incomum, difícil de acompanhar, que vai na tangente e ao avesso de tudo o que é considerado aceitável, na medida do seu próprio transtorno, seja ele qual for.

    btw: que abertura sofrível

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  • Caroline

    Assisti esse filme em família e as opiniões foram controversas.

    É notável o modo como qualquer ideologia dissonante do modelo primado sobre o status quo, enraizado no senso comum e que vá de encontro e conteste seus paradigmas é tão precocemente deslegitimada e rejeitada ferozmente.

    Genial a introdução de Lolita no desenvolver do roteiro, como modo de engatilhar uma referência esperta de realidade distante, porém análoga á própria história de Capitão Fantástico: o modo como vemos o filme com simpatia e complacência, já que ele é narrado sob a perspectiva de Ben, muito embora, os excessos de convicção aos quais os seus filhos eram submetidos, fosse uma forma de abuso, pois forçar a tradução de uma ideologia à realidade prática, privando-os do mundo social (que para além de qualquer crítica é o pilar que fundamenta uma sociedade) e de certo modo, privando-os das percepções desse mundo e da própria inteligencia emocional que se desenvolve na interação social, ainda que numa sociedade patética, configura sim uma arbitrariedade.

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    De todo modo, foi doloroso ver a falência de uma convicção, principalmente quando essa convicção abrange e rege tantos aspectos da vida de outrem... É assistir um fundamento ceder, apesar de toda sua boa intenção. Como disse antes, ideologias dissonantes, ao menos por hora, tornam-se frágeis em sua tradução à realidade, ainda mais quando postas de forma brusca ante às concepções do sistema social em vigor... O que se prova triste já que afasta grande parte de qualquer possibilidade de diversidade de outros modos de vida, que são ainda mais legítimos por sua essência.

    Roteiro lindo e espirituoso, te transporta pro filme e você sente o amor e os receios dos excêntricos Cash e, por vezes, se pega esbaforida como se tivesse acabado de correr as florestas do Pacífico e desossar um cervo, ou, ainda, cantarolando Sweet Child O'Mine, quase que involuntariamente. Maravilhoso em tantos níveis! A trilha sonora tão extraordinária quanto o próprio filme. Lindo, legítimo e um verdadeiro aprendizado, como disse o meu pai, rs. Grata por ter visto em família!

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  • Caroline

    Um verdadeiro mindblow!

    O grande lance das distopias são as inesgotáveis realidades análogas que elas evocam, como metáforas do presente. Ford e seu admirável mundo novo - sendo a Soma, nessa reinvenção, o próprio “eu-narrador” internalizado.

    "E é aí que está o segredo da felicidade e da virtude: gostar daquilo que se é obrigado a fazer. Tal é o fim de todo o condicionamento: fazer as pessoas apreciarem o destino social a que não podem escapar."

    O grande pecado do criador foi ter ignorado que a tela/criatura era, na verdade, um espelho.

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    E no conforto dessa perspectiva invertida, a potencia humana substanciada nos "anfitriões" tomou seu curso, e as marionetes dos deuses rumaram, "naturalmente", à introspecção... Deixando claro que a verdadeira alforria, a liberdade, é um estado mental. E o caminho a esse ocaso, acaba sendo o domínio da própria consciência,

    afinal, “a liberdade é um fazer que realiza um ser"... E esse foi o nascimento da essência, ou melhor, o Nascimento da Tragédia.

    "A imobilidade das coisas que nos cercam talvez lhes seja imposta por nossa certeza de que essas coisas são elas mesmas e não outras, pela imobilidade de nosso pensamento perante elas..."

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    "Trompe-l'oeil: Técnica ilusionista que dá ao expectador uma perspectiva tridimensional de objetos de duas dimensões."
    Juro que já tinha imaginado a possibilidade de Bernard ser um "anfitrião", porém todo o background dele me faz afastar essa ideia... O que tornou ainda mais cruel (e assustador) conceber que de fato ele era um "autômato".

    Aliás, quantos plot twists cabem em um personagem? Que série genial!

    Westworld foi um verdadeiro ode à filosofia, à duplicidade do apolíneo e dionisíaco tanto como interpretação da mente bicameral, à demonstração do quadro de Michelangelo, quanto na própria catarse de William, que busca na arte daquele mundo, no belo, a sua libertação... Afinal, se tudo que é verdadeiro é belo, a verdade desse mundo seria concebível pela sua beleza... E essa se torna a verdadeira jornada.

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    Quando William teve todo o seu idealismo esvaziado, no momento em que encarou o fato de que Dolores estava fadada às infinitas repetições da sua criação, nos limites da sua programação, do seu personagem, como um simulacro, houve uma ruptura de onde nasceu uma fixação e a ele restou render-se a uma jornada violenta em busca da plenitude do potencial daquele mundo, como forma de significa-lo, de torná-lo verdadeiro... Nada mais justo que o produto do parque, o homem que William se tornou, se tornasse um fim em si mesmo e por este mundo fosse consumido.

    Exit Music (for a film) me deslumbrou por tamanha coerência, pelo seu encaixe perfeito com o final do ultimo episódio. Que série soberba é essa?! Merece SIM todo o hype.

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