A REPRESENTAÇÃO PROBLEMÁTICA DA TRANSEXUALIDADE Quando se faz parte de um grupo marginalizado pela sociedade e totalmente invisibilizado pelas Artes do Entretimento, é de se imaginar a transformação social que uma obra assim tem o poder de causar entre as pessoas. E é justamente por conta desse poder de mudança que todo cuidado no tratamento do filme ainda é pouco. A representação somente pela representação pode fazer muito mais mal do que bem. Pode desinformar mais do que informar. Aumentar a ignorância de um povo ao invés de acabar com os preconceitos há muito enraizados.
Aqui, vou me limitar apenas a discutir os aspectos técnicos do filme como o enredo e a atuação do Eddie Redmayne: enquanto muitos elogiaram o seu desempenho, o que eu vi foi uma caricatura estereotipada do feminino. Sua atuação parecia tão forçada que me tirava da imersão do cinema, me lembrava a todo instante que eu estava assistindo a uma representação da Lili. O olhar, especialmente, foi a minha maior fonte de incômodo. (Cheguei até a me questionar se ele estava interpretando uma personagem com tique nervoso, que toda vez que entrava em contato com a sua feminilidade, começava a piscar e arregalar os olhos. Concluí que foi apenas uma atuação ruim mesmo, onde foi decidido que ser mulher se resume a ter um olhar de louca).
Sobre o enredo, foi perpetuado um falso conhecimento sobre a biografia das personagens e ainda mais danos foram causados em relação às questões da transexualidade - promovendo a manutenção da ignorância entre os espectadores menos familiarizados com o assunto.
Inicialmente, Lili e Greta são completamente apaixonadas e possuem um casamento exemplar, sem nenhum problema conjugal e, especialmente, sexual. Fica claro que Lili, antes da sua transição, ama e sente muito desejo por sua esposa Greta. Entretanto, sem qualquer tipo de explicação maior, após o início da sua transição, Lili não só perde o interesse sexual por Greta, como só tem olhos para outros homens. Percebe o problema? Há uma total confusão e junção entre identidade de gênero e orientação sexual, como se fosse tudo uma coisa só e são tratadas de igual maneira ao longo da obra.
Lili, enquanto vivia como homem na sociedade, sentia atrações por mulheres. Mas quando passou a viver como mulher, começou a gostar de homens. Simples assim e sem nenhum tipo maior de explicação. Esse é o nível de superficialidade da obra quando se tratando de assuntos tão delicados e é aí que mora o perigo desse tipo de "descuido".
Para além dessas questões, o que mais me surpreendeu é que o filme é muito mais empenhado em mostrar como a esposa, Greta, lida com a transição do marido do que na experiência do marido em si. É muito mais importante nos encantarmos com a pessoa elevada, compreensiva e aceitadora que era Greta do que sermos tocados pela história pessoal da vida de Lili. Nesse contexto, Greta que é a verdadeira "garota Dinamarquesa" do filme e a verdadeira protagonista dessa história. É o seu amor o que mais nos emociona.
Em suma, acredito que o principal defeito do filme está num roteiro mal elaborado e confuso, na falta de pesquisa histórica e no descuido com as questões transsexuais. Já nos outros aspectos em que o ele também foi indicado ao Oscar: Figurino, Design de Produção e Melhor Atriz Coadjuvante, eu acredito que o filme acerta nesses pontos e inclusive estou na torcida pela Alicia Vikander.
Nota: 5/10 mais resenhas e vídeos em: www. vanessachanice. com
Infelizmente filmes de luta não são o meu estilo preferido e devido à isso eu jamais assisti nenhum filme da série Rocky Balboa, sendo Creed a minha primeira experiência no universo dessas personagens.
Como alguém que, portanto, não é fã da série e não tem os outros filmes como parâmetros, eu preciso dizer que fiquei extremamente surpresa com o quanto fui capaz de me encantar com o filme. Acredito que ele consegue ter apelo com qualquer público - seja você fã de carteirinha ou apenas alguém que caiu de paraquedas no cinema como eu.
O importante sobre essa história é perceber como todas as personagens estão, de alguma forma, precisando superar um grande obstáculo pessoal. Rocky lida com a solidão da velhice e a notícia de uma doença severa; Bianca (par romântico de Creed) lida com seu amor e dom pela música e como eles serão afetado pela sua surdez progressiva e irreversível; Creed, por sua vez, lida com a responsabilidade de ser filho de uma grande lenda do box e com o peso que esse nome carrega enquanto ele percorre o seu próprio caminho para o sucesso.
A interpretação de todo o elenco é sensacional e Michael B. Jordan não é ofuscado em momento algum pela brilhante atuação do Stallone. Eu adorei especialmente como a trilha sonora - desde o primeiro plano do filme - ajuda a compor o ambiente da história mesclando os elementos da black music com as músicas clássicas dos filmes de box.
Em suma, é um filme que é impossível de não nos identificarmos, em algum momento, com as dificuldades enfrentadas pelas personagens e que injeta inspiração em todos os poros do nosso corpo. É um filme que cumpre absolutamente tudo aquilo a que se propõe e, para se decepcionar com essa obra, apenas não compreendendo qual era a sua proposta inicial.
Nota: 6/10 mais resenhas e vídeos em: www. vanessachanice. com
Que Tarantino tem uma fixação com a história dos negros qualquer um que assiste aos filmes dele já sabe, mas até que ponto ele não reproduz o racismo de forma danosa? Assistindo Os Oito Odiados, por mais fascinada que eu continue a ser pela execução impecável do seu filme (elenco perfeito, fotografia perfeita, roteiro perfeito...), eu não pude evitar me sentir incomodada com a forma que o negro e - principalmente - a mulher foi colocada no filme.
Um dos argumentos "óbvios" e apresentado pelo Tarantino para a presença desse tratamento machista e racista entre as personagens é devido a época em que a história se passa. Entretanto, o diretor não tem essa preocupação em manter a fidedignidade da época em todos os aspectos do filme: muitas expressões e vocabulário utilizado pelas personagens são modernos e não era usados naquela época. Então porque essa seletividade? Porque adaptar os diálogos a para um entendimento moderno, mas permanecer palavras ofensivas como n****, entre outras expressões, de forma excessiva?
Daisy Domergue é a personagem feminina desse filme. Ela é uma assassina procurada pelo governo com o valor de U$ 10 mil pela sua cabeça. Apesar de ser extremamente cativante com o público e de nós torcemos para que ela escape de alguma forma, o tratamento que ela recebe incomoda. Muitas vezes ela é praticamente um saco de pancada e a razão da conexão entre brancos e negros: a misoginia os conecta e faz com que superem suas diferenças em nome de um ódio maior em comum.
E esses acontecimentos são sempre colocados de forma cômica, para provocar o riso no público e fazer piada da situação ao invés de promover uma crítica consciente. De qualquer forma, o filme promove a reflexão acerca do assunto e eu ainda não tenho uma opinião totalmente formada. Não concordo com o uso exacerbado das palavras ofensivas - uma vez ou outra pra pontuar uma situação mais agressiva ok, mas não há necessidade para sair cuspindo as palavras a cada sentença. Da mesma forma, não concordo que a Daisy seja usada para promover o riso às suas custas e nem que sofra nas cenas nojentas: coberta de sangue e restos mortais, em situações degradantes que nenhuma outra personagem sofre.
mais resenhas e vídeos em: www. vanessachanice .com
Eu poderia dizer que esse é um filme sobre a corrupção das instituições religiosas, sobre a pedofilia acobertada pela Igreja Católica e sobre o abuso sofrido por números inestimáveis de criança. E eu estaria falando a verdade em todos os casos.
Mas esse filme também é mais: ele é sobre você que prefere virar para o outro lado.
Ninguém quer ser culpado pela doença do mundo. Ninguém quer acreditar ser parte do problema. Todos procuram pela torneira mais próxima onde podem lavar as próprias mãos.
"Se tivessem 90 desses desgraçados por aí, as pessoas saberiam". "Talvez elas saibam".
Estima-se que mais de 1500 crianças - apenas na cidade de Boston - foram molestadas por padres e que estes foram protegidos pela Igreja Católica. A notícia agita alguns bichos lá nas nossas entranhas. Num país tão católico quanto o Brasil, a vítima poderia ter sido qualquer um de nós. E talvez você pudesse ter feito alguma coisa para evitar.
Durante o processo investigativo da Spotlight, equipe de jornalistas do Boston Globe, eles se defrontam com dezenas de denúncias e depoimentos dolorosos. Tão dolorosos que se agarram à esperança de nada ser verdade. Vítimas são desacreditadas, o estupro e a pedofilia são diminuídos pela sociedade e a irritante pergunta surge na tela do cinema: você quer mesmo comprar essa briga? Incomodar a Igreja em cima de suposições? Confiar na palavra de pessoas desequilibradas?
"É preciso uma vila inteira para educar uma criança; é preciso uma vila inteira para abusá-la"
Por um milagre - ou mais especificamente pela presença fundamental de um estrangeiro - as investigações continuam e as provas de que as pessoas "desequilibradas" estavam falando a verdade não demoram a aparecer. Juntamente com elas, a consciência de que tudo aquilo poderia ter sido exposto há décadas atrás e o sofrimento de incontáveis famílias seria poupado no caminho.
Pra você essa pode ser apenas uma história de ficção (baseada em fatos reais), mas pra mim ela é mais real do que você imagina. Eu vejo essa história acontecer todos os dias, em todos os lugares.
"você tem certeza que não entendeu/ouviu errado?"; "mas ele é um cara tão bom, tenho certeza que foi só um deslize"; "vai querer colocar tudo a perder por causa de um único erro?"; "tenho certeza que isso nunca mais vai acontecer"; "se resolver contar, no final quem vai ficar exposta é você e a sua família"; "eu prefiro não opinar"; "melhor vocês se resolverem sozinhos"; "em conversa de marido e mulher ninguém mete a colher"; "não dá pra acreditar em tudo que mariazinha fala, ela tá mais pra lá do que pra cá"; "o melhor que a gente faz é fingir que não sabe da história"; "se a pessoa se colocou nessa posição deve ser porque gosta".
Se você não é parte da solução, você é parte do problema.
Esse filme veio pra incomodar e ele cumpre o que promete.
Em Meu Malvado Favorito nós conhecemos e nos apaixonamos pelos Minions: os parceiros dos sonhos de todos os grandes vilões, mas que apenas o Gru tem a sorte de ter encontrado! Agora, em seu próprio filme, os Minions roubam oficialmente a cena e nós mergulhamos fundo na história dessas personagens.
O filme nos conta sobre a origem dessas criaturinhas amarelas desde a época pré histórica até o grande momento de encontro com o Gru. Nesse decorrer, o trio principal - Stuart, Kevin e Bob - se envolvem numa grande empreitada em busca de um vilão - ou vilã - para que eles possam ajudar a dominar o mundo.
Durante essa jornada, que é literalmente uma road trip, nós viajamos por algumas cidades dos Estados Unidos e de Londres em meio a décadas icônicas que dão um ar nostálgico ao filme. A trilha sonora excelente e essas "sacadas" que compõem o cenário da história (os Minions em meio ao movimento hippie americano, cartazes do presidente Nixon e constantes referências aos Beatles) dão um ar nostálgico à trama e foram o ponto alto do filme para mim, como público adulto da narrativa.
Devo confessar que as demais personagens - os vilões que os minions encontram durante essa viagem - deixaram muito a desejar e não me peguei rindo em muitas das piadas feitas por elas. No entanto, acredito que o filme cumpre muito bem a função proposta para o seu público infantil e as atrapalhadas dos próprios minions já garantem comicidade suficiente durante toda a trama.
Em relação ao 3D, não foi nem de longe um diferencial para mim e não acredito que a experiência entre o 2D e o 3D sofra qualquer diferença de fato relevante. (Mas tenham em mente que quem vos escreve não é lá a maior fã de 3D do mundo, então seria necessário o melhor filme 3D do planeta pra eu recomendar esse tipo de tecnologia pra alguém).
No mais, fica a indicação de Minions - O Filme para seu público infantil, para uma boa programação em família e para eventuais fãs adultos que saibam apreciar uma comédia estilo pastelão.
A Garota Dinamarquesa
4.0 2,2K Assista AgoraA REPRESENTAÇÃO PROBLEMÁTICA DA TRANSEXUALIDADE
Quando se faz parte de um grupo marginalizado pela sociedade e totalmente invisibilizado pelas Artes do Entretimento, é de se imaginar a transformação social que uma obra assim tem o poder de causar entre as pessoas. E é justamente por conta desse poder de mudança que todo cuidado no tratamento do filme ainda é pouco. A representação somente pela representação pode fazer muito mais mal do que bem. Pode desinformar mais do que informar. Aumentar a ignorância de um povo ao invés de acabar com os preconceitos há muito enraizados.
Aqui, vou me limitar apenas a discutir os aspectos técnicos do filme como o enredo e a atuação do Eddie Redmayne: enquanto muitos elogiaram o seu desempenho, o que eu vi foi uma caricatura estereotipada do feminino. Sua atuação parecia tão forçada que me tirava da imersão do cinema, me lembrava a todo instante que eu estava assistindo a uma representação da Lili. O olhar, especialmente, foi a minha maior fonte de incômodo. (Cheguei até a me questionar se ele estava interpretando uma personagem com tique nervoso, que toda vez que entrava em contato com a sua feminilidade, começava a piscar e arregalar os olhos. Concluí que foi apenas uma atuação ruim mesmo, onde foi decidido que ser mulher se resume a ter um olhar de louca).
Sobre o enredo, foi perpetuado um falso conhecimento sobre a biografia das personagens e ainda mais danos foram causados em relação às questões da transexualidade - promovendo a manutenção da ignorância entre os espectadores menos familiarizados com o assunto.
Inicialmente, Lili e Greta são completamente apaixonadas e possuem um casamento exemplar, sem nenhum problema conjugal e, especialmente, sexual. Fica claro que Lili, antes da sua transição, ama e sente muito desejo por sua esposa Greta. Entretanto, sem qualquer tipo de explicação maior, após o início da sua transição, Lili não só perde o interesse sexual por Greta, como só tem olhos para outros homens. Percebe o problema? Há uma total confusão e junção entre identidade de gênero e orientação sexual, como se fosse tudo uma coisa só e são tratadas de igual maneira ao longo da obra.
Lili, enquanto vivia como homem na sociedade, sentia atrações por mulheres. Mas quando passou a viver como mulher, começou a gostar de homens. Simples assim e sem nenhum tipo maior de explicação. Esse é o nível de superficialidade da obra quando se tratando de assuntos tão delicados e é aí que mora o perigo desse tipo de "descuido".
Para além dessas questões, o que mais me surpreendeu é que o filme é muito mais empenhado em mostrar como a esposa, Greta, lida com a transição do marido do que na experiência do marido em si. É muito mais importante nos encantarmos com a pessoa elevada, compreensiva e aceitadora que era Greta do que sermos tocados pela história pessoal da vida de Lili. Nesse contexto, Greta que é a verdadeira "garota Dinamarquesa" do filme e a verdadeira protagonista dessa história. É o seu amor o que mais nos emociona.
Em suma, acredito que o principal defeito do filme está num roteiro mal elaborado e confuso, na falta de pesquisa histórica e no descuido com as questões transsexuais. Já nos outros aspectos em que o ele também foi indicado ao Oscar: Figurino, Design de Produção e Melhor Atriz Coadjuvante, eu acredito que o filme acerta nesses pontos e inclusive estou na torcida pela Alicia Vikander.
Nota: 5/10
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Creed: Nascido para Lutar
4.0 1,1K Assista AgoraInfelizmente filmes de luta não são o meu estilo preferido e devido à isso eu jamais assisti nenhum filme da série Rocky Balboa, sendo Creed a minha primeira experiência no universo dessas personagens.
Como alguém que, portanto, não é fã da série e não tem os outros filmes como parâmetros, eu preciso dizer que fiquei extremamente surpresa com o quanto fui capaz de me encantar com o filme. Acredito que ele consegue ter apelo com qualquer público - seja você fã de carteirinha ou apenas alguém que caiu de paraquedas no cinema como eu.
O importante sobre essa história é perceber como todas as personagens estão, de alguma forma, precisando superar um grande obstáculo pessoal. Rocky lida com a solidão da velhice e a notícia de uma doença severa; Bianca (par romântico de Creed) lida com seu amor e dom pela música e como eles serão afetado pela sua surdez progressiva e irreversível; Creed, por sua vez, lida com a responsabilidade de ser filho de uma grande lenda do box e com o peso que esse nome carrega enquanto ele percorre o seu próprio caminho para o sucesso.
A interpretação de todo o elenco é sensacional e Michael B. Jordan não é ofuscado em momento algum pela brilhante atuação do Stallone. Eu adorei especialmente como a trilha sonora - desde o primeiro plano do filme - ajuda a compor o ambiente da história mesclando os elementos da black music com as músicas clássicas dos filmes de box.
Em suma, é um filme que é impossível de não nos identificarmos, em algum momento, com as dificuldades enfrentadas pelas personagens e que injeta inspiração em todos os poros do nosso corpo. É um filme que cumpre absolutamente tudo aquilo a que se propõe e, para se decepcionar com essa obra, apenas não compreendendo qual era a sua proposta inicial.
Nota: 6/10
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Os Oito Odiados
4.1 2,4K Assista AgoraQue Tarantino tem uma fixação com a história dos negros qualquer um que assiste aos filmes dele já sabe, mas até que ponto ele não reproduz o racismo de forma danosa? Assistindo Os Oito Odiados, por mais fascinada que eu continue a ser pela execução impecável do seu filme (elenco perfeito, fotografia perfeita, roteiro perfeito...), eu não pude evitar me sentir incomodada com a forma que o negro e - principalmente - a mulher foi colocada no filme.
Um dos argumentos "óbvios" e apresentado pelo Tarantino para a presença desse tratamento machista e racista entre as personagens é devido a época em que a história se passa. Entretanto, o diretor não tem essa preocupação em manter a fidedignidade da época em todos os aspectos do filme: muitas expressões e vocabulário utilizado pelas personagens são modernos e não era usados naquela época. Então porque essa seletividade? Porque adaptar os diálogos a para um entendimento moderno, mas permanecer palavras ofensivas como n****, entre outras expressões, de forma excessiva?
Daisy Domergue é a personagem feminina desse filme. Ela é uma assassina procurada pelo governo com o valor de U$ 10 mil pela sua cabeça. Apesar de ser extremamente cativante com o público e de nós torcemos para que ela escape de alguma forma, o tratamento que ela recebe incomoda. Muitas vezes ela é praticamente um saco de pancada e a razão da conexão entre brancos e negros: a misoginia os conecta e faz com que superem suas diferenças em nome de um ódio maior em comum.
E esses acontecimentos são sempre colocados de forma cômica, para provocar o riso no público e fazer piada da situação ao invés de promover uma crítica consciente. De qualquer forma, o filme promove a reflexão acerca do assunto e eu ainda não tenho uma opinião totalmente formada. Não concordo com o uso exacerbado das palavras ofensivas - uma vez ou outra pra pontuar uma situação mais agressiva ok, mas não há necessidade para sair cuspindo as palavras a cada sentença. Da mesma forma, não concordo que a Daisy seja usada para promover o riso às suas custas e nem que sofra nas cenas nojentas: coberta de sangue e restos mortais, em situações degradantes que nenhuma outra personagem sofre.
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Spotlight - Segredos Revelados
4.1 1,7K Assista AgoraEu poderia dizer que esse é um filme sobre a corrupção das instituições religiosas, sobre a pedofilia acobertada pela Igreja Católica e sobre o abuso sofrido por números inestimáveis de criança. E eu estaria falando a verdade em todos os casos.
Mas esse filme também é mais: ele é sobre você que prefere virar para o outro lado.
Ninguém quer ser culpado pela doença do mundo. Ninguém quer acreditar ser parte do problema. Todos procuram pela torneira mais próxima onde podem lavar as próprias mãos.
"Se tivessem 90 desses desgraçados por aí, as pessoas saberiam".
"Talvez elas saibam".
Estima-se que mais de 1500 crianças - apenas na cidade de Boston - foram molestadas por padres e que estes foram protegidos pela Igreja Católica. A notícia agita alguns bichos lá nas nossas entranhas.
Num país tão católico quanto o Brasil, a vítima poderia ter sido qualquer um de nós. E talvez você pudesse ter feito alguma coisa para evitar.
Durante o processo investigativo da Spotlight, equipe de jornalistas do Boston Globe, eles se defrontam com dezenas de denúncias e depoimentos dolorosos. Tão dolorosos que se agarram à esperança de nada ser verdade. Vítimas são desacreditadas, o estupro e a pedofilia são diminuídos pela sociedade e a irritante pergunta surge na tela do cinema: você quer mesmo comprar essa briga? Incomodar a Igreja em cima de suposições? Confiar na palavra de pessoas desequilibradas?
"É preciso uma vila inteira para educar uma criança; é preciso uma vila inteira para abusá-la"
Por um milagre - ou mais especificamente pela presença fundamental de um estrangeiro - as investigações continuam e as provas de que as pessoas "desequilibradas" estavam falando a verdade não demoram a aparecer. Juntamente com elas, a consciência de que tudo aquilo poderia ter sido exposto há décadas atrás e o sofrimento de incontáveis famílias seria poupado no caminho.
Pra você essa pode ser apenas uma história de ficção (baseada em fatos reais), mas pra mim ela é mais real do que você imagina. Eu vejo essa história acontecer todos os dias, em todos os lugares.
"você tem certeza que não entendeu/ouviu errado?"; "mas ele é um cara tão bom, tenho certeza que foi só um deslize"; "vai querer colocar tudo a perder por causa de um único erro?"; "tenho certeza que isso nunca mais vai acontecer"; "se resolver contar, no final quem vai ficar exposta é você e a sua família"; "eu prefiro não opinar"; "melhor vocês se resolverem sozinhos"; "em conversa de marido e mulher ninguém mete a colher"; "não dá pra acreditar em tudo que mariazinha fala, ela tá mais pra lá do que pra cá"; "o melhor que a gente faz é fingir que não sabe da história"; "se a pessoa se colocou nessa posição deve ser porque gosta".
Se você não é parte da solução, você é parte do problema.
Esse filme veio pra incomodar e ele cumpre o que promete.
Nota: 9/10
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Minions
3.3 994 Assista AgoraEm Meu Malvado Favorito nós conhecemos e nos apaixonamos pelos Minions: os parceiros dos sonhos de todos os grandes vilões, mas que apenas o Gru tem a sorte de ter encontrado! Agora, em seu próprio filme, os Minions roubam oficialmente a cena e nós mergulhamos fundo na história dessas personagens.
O filme nos conta sobre a origem dessas criaturinhas amarelas desde a época pré histórica até o grande momento de encontro com o Gru. Nesse decorrer, o trio principal - Stuart, Kevin e Bob - se envolvem numa grande empreitada em busca de um vilão - ou vilã - para que eles possam ajudar a dominar o mundo.
Durante essa jornada, que é literalmente uma road trip, nós viajamos por algumas cidades dos Estados Unidos e de Londres em meio a décadas icônicas que dão um ar nostálgico ao filme. A trilha sonora excelente e essas "sacadas" que compõem o cenário da história (os Minions em meio ao movimento hippie americano, cartazes do presidente Nixon e constantes referências aos Beatles) dão um ar nostálgico à trama e foram o ponto alto do filme para mim, como público adulto da narrativa.
Devo confessar que as demais personagens - os vilões que os minions encontram durante essa viagem - deixaram muito a desejar e não me peguei rindo em muitas das piadas feitas por elas. No entanto, acredito que o filme cumpre muito bem a função proposta para o seu público infantil e as atrapalhadas dos próprios minions já garantem comicidade suficiente durante toda a trama.
Em relação ao 3D, não foi nem de longe um diferencial para mim e não acredito que a experiência entre o 2D e o 3D sofra qualquer diferença de fato relevante. (Mas tenham em mente que quem vos escreve não é lá a maior fã de 3D do mundo, então seria necessário o melhor filme 3D do planeta pra eu recomendar esse tipo de tecnologia pra alguém).
No mais, fica a indicação de Minions - O Filme para seu público infantil, para uma boa programação em família e para eventuais fãs adultos que saibam apreciar uma comédia estilo pastelão.
Nota: 5/10
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Você vai Conhecer o Homem dos seus Sonhos
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