Pena que o mistério se revele muito precocemente. E isso me fez pensar que era mais um jogo de pista falsa para confundir o espectador. Mas não. Mesmo assim é uma minissérie em que não falta suspense, e o terceiro episódio mantém bem o clima de ansiedade. Também acho que poderia ser um filme em vez de minissérie pois a história não é tão longa. No final das contas dá uma boa diversão.
Infelizmente essa segunda temporada de "Dark" não me envolveu tanto quanto a primeira, possivelmente porque eu esperava mudanças mais surpreendentes no desenrolar da história. Ou até novas formas de apresentação dos mistérios e surpresas, pois para mim em certos momentos mesmo as novidades tinham um certo ar de monotonia. Isso não significa que eu achei a temporada ruim. Claro que não, ela teve seus méritos, desenvolveu um pouco mais certos personagens (aliás, o fato de ter vários protagonistas foi uma das boas ideias), retirando-os de um maniqueísmo rasteiro em um tema no qual não se costuma muito fazer isso. Gostei especialmente do trabalho dos atores mais maduros. Os personagens mais jovens (com uma ou outra exceção) não me agradaram tanto, e acredito que em parte foi por causa do elenco, em parte devido aos diálogos pouco inspirados. Também penso que não precisavam fazer tanto uso de máximas como se estivessem fazendo sempre um sábio discurso. Às vezes a simplicidade soa mais autêntica. Enfim, entre idas e vindas dos personagens, olhares de espanto e respiração constantemente ofegante, "Dark" encerrou dignamente sua segunda temporada com a promessa de uma grande conclusão no que virá.
Foi um teste de concentração e memória entrar no universo dessa série e seus inúmeros personagens à beira do abismo e para com os quais demorei a estabelecer empatia. Os primeiros episódios não foram fáceis de assistir, a trama não me envolveu o suficiente, nem os dramas pessoais exibidos. Porém, lá para o quarto episódio o ritmo avança, fica melhor cadenciado, e eu pude desfrutar melhor de uma experiência apresentada com nervosismo e uma dramaticidade mais significativa. Há ficção científica, religiosidade, misticismo, investigação policial, tudo entrelaçado aos eternos choques entre famílias com conteúdos mais ou menos convencionais: ambição, traições, vingança, violência, sexualidade provocando uniões e rupturas, etc. Algumas vezes até os problemas familiares dos personagens sobrepujavam os mistérios que "Dark" ia desenhando aos poucos, outras vezes ocorria o contrário. E nem sempre vi nisso um bom equilíbrio, mas é questão de gosto pessoal. O fato é que, à proporção que os episódios iam avançando, mais eu me interessava em assisti-los. Algumas cenas são memoráveis e o elenco também começa a mostrar melhor seu talento, e isso compensa o esforço constante do espectador para não perder o fio da meada. Em séries dessa natureza sempre se há de dar algum desconto para certos momentos que parecem bem forçados. Contudo, olhando como um todo, "Dark" certamente proporciona um ótimo entretenimento, além de desafiar nossa massa cinzenta.
Um clima deprimente, sombrio, e a lenta construção de interações emocionais entre os personagens percorre "Objetos cortantes", o que nos indica que essa minissérie em 8 episódios tenta valorizar tanto o drama familiar quanto os aspectos de mistério e suspense. Infelizmente os aspectos dramáticos (que eu tanto aprecio) não me cativaram o suficiente, não me soaram autênticos e tive grande dificuldade de empatizar com algum personagem. Na conclusão, ou melhor, nas duas "surpresas" finais apressadas, fiquei com a impressão de que todo o longo percurso da história merecia mais tempo de elaboração para seu desfecho. Como se um carro em baixa velocidade repentinamente desembestasse. Mistério sempre atiça nossa curiosidade, "Objetos cortantes" tem seus méritos, porém seu início prometia algo bem mais impressionante.
Senti essa terceira temporada com mais imersão no drama. Isso é válido, mas uma série que nos mergulha no suspense, terror e fantasia com personagens icônicos precisa se firmar cada vez mais nesses terrenos. E esta temporada me pareceu uma promessa de desfechos fantásticos, porém não achei que os mesmos justificassem suas articulações. Pra compensar a frustração vi uma Eva Green agarrar-se com unhas e dentes à sua personagem. E uma Billie Piper roubando todas as cenas.
Ao mesmo tempo que eu penso que o documentário se estendeu demais, descrevendo com excesso de minúcias o passo a passo da investigação, por outro lado eu o teria assistido com o maior interesse mesmo que durasse umas 5 ou 6 horas. E alguém (não me lembro quem) certa vez me disse: "não temos ideia das radicais transformações que a era digital trará ao mundo, inclusive nas relações mais pessoais."
John Malkovich dá vida a um Hercule Poirot cansado, alquebrado, amargo, diferente de como este personagem costumava se apresentar. Porém ainda vaidoso, o que mostra que o velho detetive não se divorciou completamente de si mesmo. O problema é que, para mim, a história renderia melhor como um filme de 90 ou 100 minutos, em vez de arrastados 172. O último episódio consegue ser ágil, tenso e instigante como os livros da própria Agatha Christie, que nos provoca um desejo quase incontrolável de prosseguir na leitura, porém os dois primeiros episódios - pelo menos pra mim - foram difíceis de serem acompanhados devido a um excesso de detalhamento e lentidão que nem sempre contribuíam favoravelmente para a armação da trama. Como sou fã de histórias de mistério é claro que assisti até o final, também achei que a produção consegue fazer o espectador sentir-se parte daquele contexto. Mas não posso negar que, em se tratando de adaptação de obra da "dama do crime", meu entusiasmo não foi grande.
Entre os livros da "dama do crime" que li não tenho dúvida que o melhor é "O caso dos dez negrinhos" (rebatizado como "E não sobrou nenhum"). Dona Agatha superou a si mesma e a seus esquemas de desvendamento de mistérios, apresentando-nos a essa história de crimes sem a figura onipotente do detetive que raciocina melhor do que o criminoso, jogando para o leitor a tarefa de torrar seus neurônios e tentar resolver o enigma. E a solução final é brilhante, impactante e sarcástica. Mas as duas adaptações cinematográficas que eu tinha visto não fizeram jus ao espetáculo de suspense e tensão que as páginas do livro contém.
Nesta produção da BBC há fidelidade ao livro com detalhamentos que a arte visual facilita. Também há inevitáveis perdas pois as imagens não são suficientes para traduzir o que se sente diante da palavra escrita. Porém é uma adaptação digna, sóbria, criativa. Achei que o elenco cumpriu bem seu papel, foi muito bom eu ter conhecido a atriz Maeve Dermody e lamentei porque os veteranos San Neill e Miranda Richardson não tiveram uma participação mais expressiva. E uma bela fotografia. Vi como ponto negativo um ritmo oscilante que fez a trama diminuir seu impacto como um todo (no romance da Agatha há uma tensão enervante do princípio ao fim que me fazia não querer outra coisa a não ser conhecer a resolução do enigma). Mas sem dúvida é uma ótima adaptação.
Para quem gosta de mistério com inteligência sem precisar de toneladas de tripas na calçada, esta produção macabra e desafiadora é um prato cheio.
Sensacional documentário que eu não me cansaria de assistir mesmo que tivesse 50 episódios. Bastante esclarecedor quando se detém em certos detalhes de técnica e criação que poderiam passar despercebidos. Faz uma interessantíssima abordagem da história da sétima arte que FELIZMENTE não se concentra no cinema norte-americano como é de costume e nos apresenta a curiosos filmes dos quais pouco ou nada se ouve falar. Senti falta apenas de um mergulho mais prolongado na obra de certos cineastas (como Bergman e Fellini) e de uma atenção maior ao cinema brasileiro (a obra de Glauber Rocha poderia ser mais dissecada). Mesmo assim (já que nada nessa vida é completo ou perfeito) "A História do Cinema: Uma Odisseia" é uma das melhores coisas que tive a sorte de desfrutar.
Uma história que guarda semelhanças com outras tantas levadas às telas porém que ganha uma aura "mais nobre" devido à pessoalidade com que Lars Von Trier imprime ao seu trabalho. Com imagens amareladas que me fizeram lembrar de antigas fotografias e "câmera impaciente", o cineasta nos leva a um mundo de medicina, intrigas, ambições, falta de caráter e situações absurdas que ficam entre o assustador, o risível e o grotesco. E que de tão surreal se torna palpável. Além de uma crítica à indiferença e mau caratismo de certos representantes de uma profissão da qual se espera abnegação e valorização da vida, Von Trier dirige seus dardos contra o egocentrismo humano em geral, visível em qualquer contexto. E o que vemos é uma espécie de "sordidez empoeirada", loucuras, estupidez, mesquinharias, o ridículo da condição humana atuando sem nenhuma cerimônia. Apesar da agilidade da exibição dos fatos, a história prossegue sem pressa de mostrar grandes clímax. Há momentos até enfadonhos. Mas "O Reino" tem o mérito de não ser apenas mais uma história de mistério e suspense. É um mundo à parte criado para ridicularizar o mundinho nosso de cada dia, e nisso se sai bem. Sem contar que o ator Ernst-Hugo Järegård encarna muito bem a própria arrogância em forma humana.
Uma grande casa misteriosa que esconde segredos abomináveis e que irá interferir irremediavelmente na vida de seus atuais habitantes. E dá-lhe violência, personagens bizarros, "forças do mal" pra dar e vender e, é claro, pinceladas de sexo. É "American Horror Story" pedindo passagem para (pelo menos tentar) colocar lenha na fogueira de nossos medos antigos e recentes. Numa trama em que não faltam personagens esquisitos que revelam suas histórias ainda mais escabrosas, a primeira temporada da série tropeça aqui e ali para alcançar seus 12 episódios e encerrar de modo que agradou a uns e decepcionou a outros. Eu, particularmente, gostei da "solução final" e me desapontei com alguns episódios lá pela metade da temporada, quando parecia que a história apenas aguardava seu desfecho. O que achei positivo é que cada temporada contém sua própria história e pode ser curtida independentemente de conhecermos suas antecessoras.
Com referências a filmes como o clássico "O Bebê de Rosemary", com um elenco que nem sempre convencia (por exemplo, não consegui empatizar com o trabalho de Taissa Farmiga), "American Horror Story" cumpre seu papel de entreter e causar curiosidade. E carrega um grande trunfo: a interpretação inspirada de Jessica Lange que, na minha opinião, foi a melhor coisa da história.
Seria muito difícil uma série de terror e suspense abdicar dos clichês do gênero. Porém, felizmente, eles foram relativamente bem usados. O que não gostei foi o clássico drama de uma "família comum americana" ter dado tantas voltas sobre si mesmo, repetindo-se, e também achei que o romance inusitado entre os dois jovens exagerou no açúcar. Bem, se essa primeira temporada da série (como um todo) me empolgou só até certo ponto, também teve vários momentos que achei bastante acima da média.
Quando se trata de histórias de época, o cinema sempre teve um certo fascínio pela Inglaterra vitoriana (mais precisamente no final do século XIX) com suas ruas sombrias e perigosas. E a série "Penny Dreadful" resolveu usar e abusar de referências a esse século no quesito terror, juntando no mesmo balaio personagens icônicos como Dr. Frankenstein, Mina Harker, Dorian Gray, etc. Ou seja, juntar as famosas criações de Mary Shelley, Bram Stoker, Oscar Wilde e sabe-se lá quem mais entrará na dança. E essa junção poderia colocar tudo a perder, já que os personagens mostrados são bem mais complexos do que se pode imaginar a princípio, pois retratam - explícita ou metaforicamente - os nossos próprios porões escuros recheados de medos, volúpia, violência e estranheza. Ainda bem que, apesar de manter certa fidelidade ao material original, "Penny Dreadful" ousa fazer modificações no que já é conhecido, e assim meio que se livra de certas cobranças.
Quanto ao que eu vi nesta primeira temporada acho que o resultado global ficou mais para o positivo, a começar pela surpreendente atuação de Eva Green com sua Vanessa que, a princípio, faz a linha "mulher-linda-sexy-misteriosa" para, em seguida, mostrar que não estava para brincadeira. Em alguns episódios a dominância é claramente dela, em outros ela não deixa de abocanhar um quinhão de nossa atenção. Quanto o resto do elenco (principalmente Reeve Carney e Rory Kinnear, na minha opinião) tem seus grandes momentos.
Os confrontos entre Frankenstein e sua cria são memoráveis.
Em relação ao enredo achei que tem seus altos e baixos, tanto nos fazendo roer as unhas de apreensão quanto "nos presenteando" com cenas que não precisavam se estender tanto ou que soaram repetitivas. Mas certas coisas são difíceis de serem evitadas quando se trata de uma série que se estenderá por várias temporadas.
Não comecei a assistir a segunda temporada mas, pelo que já percebi, "velhos amigos" que já nos assustaram em livros e filmes darão o ar de sua graça - talvez provocando desgraças. Valeu o que assisti.
Uma história com duração muito longa, com subtramas que não precisavam ser tão exploradas e com pouca ênfase nas cenas mais violentas. Apesar disso prendeu minha atenção do princípio ao fim. E certamente agradará aos fãs de filmes com investigação policial e vários momentos de tensão. Jack, o Estripador é um personagem emblemático, geralmente lembrado quando se fala em assassinos em série. Por isso uma revisão cinematográfica desse quase mito corre o risco de cair em lugares comuns. Porém o filme de David Wickes tem qualidades suficientes para se destacar entre produções similares. E tem o ótimo Michael Caine como fio condutor da trama. Tensão garantida.
Uma série que parece filmes de aventuras e certamente agradará ao público mais jovem pois não faltam passagens de tensão e suspense entremeando os fatos históricos mais conhecidos. Aliás eu achei que a opção por focalizar o destino de vários personagens desconhecidos (como aquele egípcio capturado e julgado ou a macabra cerimônia em Creta) deu um novo sopro de vida a esse tipo de documentário, aumentando a curiosidade do espectador.
Em um projeto ambicioso como esse naturalmente algumas coisas ficariam incompletas. E, nesse caso, lamentei a não inclusão de certos fatos, contextos e personagens que para mim mereciam ser expostos tais como: a estrutura sócio-política da Europa feudal, a Guerra dos 100 Anos, a revolução mexicana, a independência das colônias espanholas, além de outras questões que poderiam ser mais detalhadas como a decadência do império romano, as guerras napoleônicas, a Europa oriental pós comunismo, etc. E meu lamento é porque gostei muito do estilo da série que poderia ter alguns episódios a mais. É claro que para compreender fatos históricos e suas implicações com maior profundidade crítica os livros ainda são o melhor apoio. Porém, uma série tão boa como essa poderia ter ido um pouco além. Ou talvez eu já esteja com saudade da empolgação que senti.
De qualquer modo é um empreendimento que vai além dos interessados na história da humanidade. É aprendizado de forma emocionante e também divertida. E quem gostou desta série provavelmente também gostará desta: http://filmow.com/humanidade-a-historia-de-todos-nos-t76449/
Eu só lamentei porque esta série não tem mais uns dez episódios (e eu não me cansaria de assistir). Seria excelente ver outros fatos históricos discorridos no estilo do seriado. Não pude deixar de imaginar outros personagens sendo retratados (como Henrique VIII, Joana d'Arc, Napoleão Bonaparte, Ivan, o Terrível, Richelieu, Spartacus, Buda, Rasputin, etc, etc). E meu lamento se deve porque o que foi mostrado me agradou muito. A interligação entre fatos históricos, ao meu ver, foi um dos pontos altos dessa ótima produção.
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Punição para a Inocência
3.9 16Pena que o mistério se revele muito precocemente. E isso me fez pensar que era mais um jogo de pista falsa para confundir o espectador. Mas não. Mesmo assim é uma minissérie em que não falta suspense, e o terceiro episódio mantém bem o clima de ansiedade. Também acho que poderia ser um filme em vez de minissérie pois a história não é tão longa. No final das contas dá uma boa diversão.
Dark (2ª Temporada)
4.5 897Infelizmente essa segunda temporada de "Dark" não me envolveu tanto quanto a primeira, possivelmente porque eu esperava mudanças mais surpreendentes no desenrolar da história. Ou até novas formas de apresentação dos mistérios e surpresas, pois para mim em certos momentos mesmo as novidades tinham um certo ar de monotonia. Isso não significa que eu achei a temporada ruim. Claro que não, ela teve seus méritos, desenvolveu um pouco mais certos personagens (aliás, o fato de ter vários protagonistas foi uma das boas ideias), retirando-os de um maniqueísmo rasteiro em um tema no qual não se costuma muito fazer isso. Gostei especialmente do trabalho dos atores mais maduros. Os personagens mais jovens (com uma ou outra exceção) não me agradaram tanto, e acredito que em parte foi por causa do elenco, em parte devido aos diálogos pouco inspirados. Também penso que não precisavam fazer tanto uso de máximas como se estivessem fazendo sempre um sábio discurso. Às vezes a simplicidade soa mais autêntica. Enfim, entre idas e vindas dos personagens, olhares de espanto e respiração constantemente ofegante, "Dark" encerrou dignamente sua segunda temporada com a promessa de uma grande conclusão no que virá.
Dark (1ª Temporada)
4.4 1,6KFoi um teste de concentração e memória entrar no universo dessa série e seus inúmeros personagens à beira do abismo e para com os quais demorei a estabelecer empatia. Os primeiros episódios não foram fáceis de assistir, a trama não me envolveu o suficiente, nem os dramas pessoais exibidos. Porém, lá para o quarto episódio o ritmo avança, fica melhor cadenciado, e eu pude desfrutar melhor de uma experiência apresentada com nervosismo e uma dramaticidade mais significativa. Há ficção científica, religiosidade, misticismo, investigação policial, tudo entrelaçado aos eternos choques entre famílias com conteúdos mais ou menos convencionais: ambição, traições, vingança, violência, sexualidade provocando uniões e rupturas, etc. Algumas vezes até os problemas familiares dos personagens sobrepujavam os mistérios que "Dark" ia desenhando aos poucos, outras vezes ocorria o contrário. E nem sempre vi nisso um bom equilíbrio, mas é questão de gosto pessoal. O fato é que, à proporção que os episódios iam avançando, mais eu me interessava em assisti-los. Algumas cenas são memoráveis e o elenco também começa a mostrar melhor seu talento, e isso compensa o esforço constante do espectador para não perder o fio da meada. Em séries dessa natureza sempre se há de dar algum desconto para certos momentos que parecem bem forçados. Contudo, olhando como um todo, "Dark" certamente proporciona um ótimo entretenimento, além de desafiar nossa massa cinzenta.
Objetos Cortantes
4.3 831 Assista AgoraUm clima deprimente, sombrio, e a lenta construção de interações emocionais entre os personagens percorre "Objetos cortantes", o que nos indica que essa minissérie em 8 episódios tenta valorizar tanto o drama familiar quanto os aspectos de mistério e suspense. Infelizmente os aspectos dramáticos (que eu tanto aprecio) não me cativaram o suficiente, não me soaram autênticos e tive grande dificuldade de empatizar com algum personagem. Na conclusão, ou melhor, nas duas "surpresas" finais apressadas, fiquei com a impressão de que todo o longo percurso da história merecia mais tempo de elaboração para seu desfecho. Como se um carro em baixa velocidade repentinamente desembestasse. Mistério sempre atiça nossa curiosidade, "Objetos cortantes" tem seus méritos, porém seu início prometia algo bem mais impressionante.
Penny Dreadful (3ª Temporada)
4.2 646 Assista AgoraSenti essa terceira temporada com mais imersão no drama. Isso é válido, mas uma série que nos mergulha no suspense, terror e fantasia com personagens icônicos precisa se firmar cada vez mais nesses terrenos. E esta temporada me pareceu uma promessa de desfechos fantásticos, porém não achei que os mesmos justificassem suas articulações. Pra compensar a frustração vi uma Eva Green agarrar-se com unhas e dentes à sua personagem. E uma Billie Piper roubando todas as cenas.
Don't F**k With Cats: Uma Caçada Online
4.2 325 Assista AgoraAo mesmo tempo que eu penso que o documentário se estendeu demais, descrevendo com excesso de minúcias o passo a passo da investigação, por outro lado eu o teria assistido com o maior interesse mesmo que durasse umas 5 ou 6 horas. E alguém (não me lembro quem) certa vez me disse: "não temos ideia das radicais transformações que a era digital trará ao mundo, inclusive nas relações mais pessoais."
Os Crimes ABC
3.4 28John Malkovich dá vida a um Hercule Poirot cansado, alquebrado, amargo, diferente de como este personagem costumava se apresentar. Porém ainda vaidoso, o que mostra que o velho detetive não se divorciou completamente de si mesmo. O problema é que, para mim, a história renderia melhor como um filme de 90 ou 100 minutos, em vez de arrastados 172. O último episódio consegue ser ágil, tenso e instigante como os livros da própria Agatha Christie, que nos provoca um desejo quase incontrolável de prosseguir na leitura, porém os dois primeiros episódios - pelo menos pra mim - foram difíceis de serem acompanhados devido a um excesso de detalhamento e lentidão que nem sempre contribuíam favoravelmente para a armação da trama. Como sou fã de histórias de mistério é claro que assisti até o final, também achei que a produção consegue fazer o espectador sentir-se parte daquele contexto. Mas não posso negar que, em se tratando de adaptação de obra da "dama do crime", meu entusiasmo não foi grande.
E Não Sobrou Nenhum
4.2 123Entre os livros da "dama do crime" que li não tenho dúvida que o melhor é "O caso dos dez negrinhos" (rebatizado como "E não sobrou nenhum"). Dona Agatha superou a si mesma e a seus esquemas de desvendamento de mistérios, apresentando-nos a essa história de crimes sem a figura onipotente do detetive que raciocina melhor do que o criminoso, jogando para o leitor a tarefa de torrar seus neurônios e tentar resolver o enigma. E a solução final é brilhante, impactante e sarcástica. Mas as duas adaptações cinematográficas que eu tinha visto não fizeram jus ao espetáculo de suspense e tensão que as páginas do livro contém.
Nesta produção da BBC há fidelidade ao livro com detalhamentos que a arte visual facilita. Também há inevitáveis perdas pois as imagens não são suficientes para traduzir o que se sente diante da palavra escrita. Porém é uma adaptação digna, sóbria, criativa. Achei que o elenco cumpriu bem seu papel, foi muito bom eu ter conhecido a atriz Maeve Dermody e lamentei porque os veteranos San Neill e Miranda Richardson não tiveram uma participação mais expressiva. E uma bela fotografia. Vi como ponto negativo um ritmo oscilante que fez a trama diminuir seu impacto como um todo (no romance da Agatha há uma tensão enervante do princípio ao fim que me fazia não querer outra coisa a não ser conhecer a resolução do enigma). Mas sem dúvida é uma ótima adaptação.
Para quem gosta de mistério com inteligência sem precisar de toneladas de tripas na calçada, esta produção macabra e desafiadora é um prato cheio.
A História do Cinema: Uma Odisseia
4.7 54Sensacional documentário que eu não me cansaria de assistir mesmo que tivesse 50 episódios. Bastante esclarecedor quando se detém em certos detalhes de técnica e criação que poderiam passar despercebidos. Faz uma interessantíssima abordagem da história da sétima arte que FELIZMENTE não se concentra no cinema norte-americano como é de costume e nos apresenta a curiosos filmes dos quais pouco ou nada se ouve falar. Senti falta apenas de um mergulho mais prolongado na obra de certos cineastas (como Bergman e Fellini) e de uma atenção maior ao cinema brasileiro (a obra de Glauber Rocha poderia ser mais dissecada). Mesmo assim (já que nada nessa vida é completo ou perfeito) "A História do Cinema: Uma Odisseia" é uma das melhores coisas que tive a sorte de desfrutar.
O Reino
4.0 73 Assista AgoraUma história que guarda semelhanças com outras tantas levadas às telas porém que ganha uma aura "mais nobre" devido à pessoalidade com que Lars Von Trier imprime ao seu trabalho. Com imagens amareladas que me fizeram lembrar de antigas fotografias e "câmera impaciente", o cineasta nos leva a um mundo de medicina, intrigas, ambições, falta de caráter e situações absurdas que ficam entre o assustador, o risível e o grotesco. E que de tão surreal se torna palpável. Além de uma crítica à indiferença e mau caratismo de certos representantes de uma profissão da qual se espera abnegação e valorização da vida, Von Trier dirige seus dardos contra o egocentrismo humano em geral, visível em qualquer contexto. E o que vemos é uma espécie de "sordidez empoeirada", loucuras, estupidez, mesquinharias, o ridículo da condição humana atuando sem nenhuma cerimônia. Apesar da agilidade da exibição dos fatos, a história prossegue sem pressa de mostrar grandes clímax. Há momentos até enfadonhos. Mas "O Reino" tem o mérito de não ser apenas mais uma história de mistério e suspense. É um mundo à parte criado para ridicularizar o mundinho nosso de cada dia, e nisso se sai bem. Sem contar que o ator Ernst-Hugo Järegård encarna muito bem a própria arrogância em forma humana.
American Horror Story: Murder House (1ª Temporada)
4.2 2,2KUma grande casa misteriosa que esconde segredos abomináveis e que irá interferir irremediavelmente na vida de seus atuais habitantes. E dá-lhe violência, personagens bizarros, "forças do mal" pra dar e vender e, é claro, pinceladas de sexo. É "American Horror Story" pedindo passagem para (pelo menos tentar) colocar lenha na fogueira de nossos medos antigos e recentes. Numa trama em que não faltam personagens esquisitos que revelam suas histórias ainda mais escabrosas, a primeira temporada da série tropeça aqui e ali para alcançar seus 12 episódios e encerrar de modo que agradou a uns e decepcionou a outros. Eu, particularmente, gostei da "solução final" e me desapontei com alguns episódios lá pela metade da temporada, quando parecia que a história apenas aguardava seu desfecho. O que achei positivo é que cada temporada contém sua própria história e pode ser curtida independentemente de conhecermos suas antecessoras.
Com referências a filmes como o clássico "O Bebê de Rosemary", com um elenco que nem sempre convencia (por exemplo, não consegui empatizar com o trabalho de Taissa Farmiga), "American Horror Story" cumpre seu papel de entreter e causar curiosidade. E carrega um grande trunfo: a interpretação inspirada de Jessica Lange que, na minha opinião, foi a melhor coisa da história.
Seria muito difícil uma série de terror e suspense abdicar dos clichês do gênero. Porém, felizmente, eles foram relativamente bem usados. O que não gostei foi o clássico drama de uma "família comum americana" ter dado tantas voltas sobre si mesmo, repetindo-se, e também achei que o romance inusitado entre os dois jovens exagerou no açúcar. Bem, se essa primeira temporada da série (como um todo) me empolgou só até certo ponto, também teve vários momentos que achei bastante acima da média.
Penny Dreadful (1ª Temporada)
4.3 1,0K Assista AgoraQuando se trata de histórias de época, o cinema sempre teve um certo fascínio pela Inglaterra vitoriana (mais precisamente no final do século XIX) com suas ruas sombrias e perigosas. E a série "Penny Dreadful" resolveu usar e abusar de referências a esse século no quesito terror, juntando no mesmo balaio personagens icônicos como Dr. Frankenstein, Mina Harker, Dorian Gray, etc. Ou seja, juntar as famosas criações de Mary Shelley, Bram Stoker, Oscar Wilde e sabe-se lá quem mais entrará na dança. E essa junção poderia colocar tudo a perder, já que os personagens mostrados são bem mais complexos do que se pode imaginar a princípio, pois retratam - explícita ou metaforicamente - os nossos próprios porões escuros recheados de medos, volúpia, violência e estranheza. Ainda bem que, apesar de manter certa fidelidade ao material original, "Penny Dreadful" ousa fazer modificações no que já é conhecido, e assim meio que se livra de certas cobranças.
Quanto ao que eu vi nesta primeira temporada acho que o resultado global ficou mais para o positivo, a começar pela surpreendente atuação de Eva Green com sua Vanessa que, a princípio, faz a linha "mulher-linda-sexy-misteriosa" para, em seguida, mostrar que não estava para brincadeira. Em alguns episódios a dominância é claramente dela, em outros ela não deixa de abocanhar um quinhão de nossa atenção. Quanto o resto do elenco (principalmente Reeve Carney e Rory Kinnear, na minha opinião) tem seus grandes momentos.
Os confrontos entre Frankenstein e sua cria são memoráveis.
Não comecei a assistir a segunda temporada mas, pelo que já percebi, "velhos amigos" que já nos assustaram em livros e filmes darão o ar de sua graça - talvez provocando desgraças. Valeu o que assisti.
Jack, O Estripador
3.6 13Uma história com duração muito longa, com subtramas que não precisavam ser tão exploradas e com pouca ênfase nas cenas mais violentas. Apesar disso prendeu minha atenção do princípio ao fim. E certamente agradará aos fãs de filmes com investigação policial e vários momentos de tensão. Jack, o Estripador é um personagem emblemático, geralmente lembrado quando se fala em assassinos em série. Por isso uma revisão cinematográfica desse quase mito corre o risco de cair em lugares comuns. Porém o filme de David Wickes tem qualidades suficientes para se destacar entre produções similares. E tem o ótimo Michael Caine como fio condutor da trama. Tensão garantida.
História Mundial com Andrew Marr
4.3 6Uma série que parece filmes de aventuras e certamente agradará ao público mais jovem pois não faltam passagens de tensão e suspense entremeando os fatos históricos mais conhecidos. Aliás eu achei que a opção por focalizar o destino de vários personagens desconhecidos (como aquele egípcio capturado e julgado ou a macabra cerimônia em Creta) deu um novo sopro de vida a esse tipo de documentário, aumentando a curiosidade do espectador.
Em um projeto ambicioso como esse naturalmente algumas coisas ficariam incompletas. E, nesse caso, lamentei a não inclusão de certos fatos, contextos e personagens que para mim mereciam ser expostos tais como: a estrutura sócio-política da Europa feudal, a Guerra dos 100 Anos, a revolução mexicana, a independência das colônias espanholas, além de outras questões que poderiam ser mais detalhadas como a decadência do império romano, as guerras napoleônicas, a Europa oriental pós comunismo, etc. E meu lamento é porque gostei muito do estilo da série que poderia ter alguns episódios a mais. É claro que para compreender fatos históricos e suas implicações com maior profundidade crítica os livros ainda são o melhor apoio. Porém, uma série tão boa como essa poderia ter ido um pouco além. Ou talvez eu já esteja com saudade da empolgação que senti.
De qualquer modo é um empreendimento que vai além dos interessados na história da humanidade. É aprendizado de forma emocionante e também divertida. E quem gostou desta série provavelmente também gostará desta:
http://filmow.com/humanidade-a-historia-de-todos-nos-t76449/
Humanidade: A História de Todos Nós
4.4 6Eu só lamentei porque esta série não tem mais uns dez episódios (e eu não me cansaria de assistir). Seria excelente ver outros fatos históricos discorridos no estilo do seriado. Não pude deixar de imaginar outros personagens sendo retratados (como Henrique VIII, Joana d'Arc, Napoleão Bonaparte, Ivan, o Terrível, Richelieu, Spartacus, Buda, Rasputin, etc, etc). E meu lamento se deve porque o que foi mostrado me agradou muito. A interligação entre fatos históricos, ao meu ver, foi um dos pontos altos dessa ótima produção.