É sempre muito emocionante se debruçar sobre alguém e, quando ouvimos e vemos uma pessoa tão dissecada, creio que tudo se torna ainda mais latente. Acredito que, para além do que foi dito sobre a Vivian Maier e sobre a sua arte oculta, tão necessariamente ocultada, ela buscava enxergar a si. Todas as fotografias parecem intimamente buscar pelo grotesco, pela solidão, pelo desespero e pela incessante catarse a que ela estava submetida; acredito que Vivian Maier se deixou duplamente para a posteridade: em si e sobre si.
Não me atrevo a julgar a parte técnica do filme, pois posso cometer erros com as severas más impressões que o cinema brasileiro me dá nesse aspecto, mas, em se falando de roteiro, esse filme é um presente! Enxerguei muitas pessoas importantes da minha vida nele e, de certa forma, me vi encarnada em inúmeros personagens. O cinema nacional é excepcional no que toca a vida brasileira e o jeito de sentir e comunicar brasileiro. E Karina Teles sempre uma figura indizível e irreconhecível assumindo seus papéis.
Uma contemplação clariceana através dos olhos de uma mulher sozinha na companhia dela mesma. O devaneio que surge com a possibilidade de ser muitas e ter um algoz simbólico e real: o eu, o reflexo, o espelho que mostra o próprio rosto (que é nenhum) e que ressurge em clímax com a face do marido (algoz real e simbólico na vida cotidiana da mulher que resiste à existência monótona e múltipla da figura feminina dos anos 40). Surrealismo e simbolismo unidos pelo bem da distopia particular dos (in)conscientes estridentes da vida.
Conflituoso, forte, hipnótico... Extremamente denso! É de uma linguagem poética soberba, todo o simbólico que paira sobre o amor e a morte, todos os rituais intensos que podemos realizar em vida.
A Fotografia Oculta de Vivian Maier
4.4 106É sempre muito emocionante se debruçar sobre alguém e, quando ouvimos e vemos uma pessoa tão dissecada, creio que tudo se torna ainda mais latente. Acredito que, para além do que foi dito sobre a Vivian Maier e sobre a sua arte oculta, tão necessariamente ocultada, ela buscava enxergar a si. Todas as fotografias parecem intimamente buscar pelo grotesco, pela solidão, pelo desespero e pela incessante catarse a que ela estava submetida; acredito que Vivian Maier se deixou duplamente para a posteridade: em si e sobre si.
[06.05.20]
Benzinho
3.9 348 Assista AgoraNão me atrevo a julgar a parte técnica do filme, pois posso cometer erros com as severas más impressões que o cinema brasileiro me dá nesse aspecto, mas, em se falando de roteiro, esse filme é um presente! Enxerguei muitas pessoas importantes da minha vida nele e, de certa forma, me vi encarnada em inúmeros personagens. O cinema nacional é excepcional no que toca a vida brasileira e o jeito de sentir e comunicar brasileiro. E Karina Teles sempre uma figura indizível e irreconhecível assumindo seus papéis.
No Porão
4.0 32O Svankmajer nos confirma de uma bela maneira que as crianças são as verdadeiras anarquistas e as verdadeiras surrealistas.
O Apartamento
4.3 34 Assista AgoraImpossibilidade de sacies, encarceramento e escassez. Ainda rola um encontro/referência com/ao Magritte <3
Tramas do Entardecer
4.4 94Uma contemplação clariceana através dos olhos de uma mulher sozinha na companhia dela mesma. O devaneio que surge com a possibilidade de ser muitas e ter um algoz simbólico e real: o eu, o reflexo, o espelho que mostra o próprio rosto (que é nenhum) e que ressurge em clímax com a face do marido (algoz real e simbólico na vida cotidiana da mulher que resiste à existência monótona e múltipla da figura feminina dos anos 40). Surrealismo e simbolismo unidos pelo bem da distopia particular dos (in)conscientes estridentes da vida.
Rito de Amor e de Morte
4.5 16Conflituoso, forte, hipnótico... Extremamente denso! É de uma linguagem poética soberba, todo o simbólico que paira sobre o amor e a morte, todos os rituais intensos que podemos realizar em vida.
A Princesa das Ostras
4.1 3Lubitsch é grotesco, o fazer cinema de Lubitsch é grotesco! ♥