Um filme que começa com uma cativante relação entre irmãs e deságua num sombrio terror psicológico. Esteticamente belíssimo e eficiente nas mãos de um dos meus favoritos diretores coreanos, Jee-woon Kim, baseado numa criativa e interessantíssima lenda oriental. A trilha sonora é espetacular e o roteiro se revela um trabalho engenhoso e bem elaborado, criando um leque de possibilidades para análises para a mente da personagem principal.
É bem diferente de seu remake americano, "The Uninvited", sendo superior em diversos pontos. Cenas angustiantes, belas e agoniantes. Recomendo fortemente.
Um dos fatores que mais prejudicam o filme é banalisar o horror, colocando por exemplo, logo na primeira sequência, algo potência equivalente ao ápice do filme, sem qualquer suspense ou preparação. Ele tem problemas de construção sensorial. Depois, é a construção narrativa, que resguarda uma charada mas não consegue omitir a resposta antes de ser oficialmente desvendada. Eu mesmo a descobri mais cedo do que gostaria. Uma deficiência que compromete o fator surpresa. Até porque, a maneira como o desfecho se dá é compatível com uma fórmula já bem batida no Cinema.
Por outro lado, os efeitos visuais e especiais são bem convincentes, numa grande produção que não se poderia esperar menos, assim como todos os outros aspectos técnicos. O roteiro é bem elaborado no sentido de comportar Alex de forma especial na trama e de reestruturar a ordem e a forma de como se dão as diversas situações do filme original, coreano, lançado em 2003, "Medo". Também são inseridos novos personagens (Mildred Kemp, o policial e as três crianças mortas), que trazem uma trama paralela à central, dando mais credibilidade e singularidade a essa versão americana.
A performance de Emily Browning lembra muito sua personagem em "Sucker Punch", principalmente na introdução de ambos os filmes, e é curioso como elas realmente se pacerem psicologicamente.
É difícil não comparar "The Hunger Games" com "Battle Royale", uma vez que abraçam contextos tão parecidos. Entretanto, este último rege um conceito muito interessante nos moldes de uma crítica metafórica sobre o sistema educacional, que relaciona alunos e professores. Jogos Vorazes também tem sua força argumentativa, embora seja um filme mais comercial, que envolve o Estado com suas pólíticas ditatoriais e a desigualdade social. O tema, inspirado em arenas onde gladiadores se combatiam, foi base também para o recente "Predadores" e o anime "Hunter X Hunter".
Alguns espectadores reclamam da falta de verossimilhança e principalmente da falta de sangue, mas não se atentam para o perfil do filme, que tem como prioridade a distribuição, tendo de ser acessível a uma faixa etária menor também. Para quem quer ver sangue, há uma lista imensa de títulos que os atenderiam, mas este não é um deles. Outros ainda questionam a arte, que trouxe maquiagens e figurinos bizarramente exuberantes, beirando o surreal, que só faz acrescentar na distoância que existe entre as camadas sociais. Nos distritos, é quase como uma aldeia na Idade Média, representando a pobreza. Em contraponto, a capital, recheada de nobres e burgueses, sugadores de sangue sedentos pela diversão às custas de pobres camponeses. É o resultado de uma escolha estética, e ainda me admira que algumas pessoas não tenham se dado conta de que o cinema comporta a fantasia e não tem qualquer compromisso com a realidade.
Ainda não tenho uma opinião formada sobre isso, mas há algo no filme que me intriga, e que talvez seja o elemento mais interessante no longa. "Chame a atenção deles para conquistar patrocinadores". O romance só acontece porque "os espectadores vão adorar". De qual espectadores estavam realmente se referindo? Aos diegéticos, ou nós, do lado de cá da tela? Em alguns momentos a trama parece criticar o comportamento da sociedade em geral em torno dos reality shows e produções audiovisuais que muitas vezes se "prostituem" em diversos níveis para agradar as massas. Mas um discurso desse vindo de "Jogos Vorazes" é bastante duvidoso.
Jenifer Lawrence me conquistou desde a sua interpretação em "Inverno da Alma" com sua densa e potente atuação. Woody Harrelson e Stanley Tucci sempre estiveram em produções que me agradaram e dessa vez estão com personagens bem notáveis e caricatos. Surpreendeu-me ainda a presença do cantor Lenny Kravitz e de Josh Hutcherson, o garoto de "Zathura" e "Ponte para Terabítia".
Um entretenimento minimamente interessante, que, ainda que pudesse ser melhor explorado, tem um resultado agradável e sugere boas expectativas para as três sequências que estão por vir.
Tarkovsky é um dos cineastas que mais admiro, não por sua complexidade, mas por sua poesia. Este filme me pareceu indigesto mas, após assisti-lo 3 vezes e ler muito sobre, finalmente pude perceber o que Andrei possivelmente queria transmitir, ainda que dizer qualquer coisa sobre ele seja uma tarefa muito frágil.
Retalhos, uma desconstrução, narrativa não-linear. Diversos fragmentos de um espelho diante de si mesmo, começando com o próprio diretor, passando por colaboradores e indo até os espectadores como uma oferta. Para muitos é difícil se relacionar com alguma daquelas sensações. Eu mesmo não pude, nenhuma me pareceu familiar, senti bastante estranhamento, nunca vivi nada parecido, exceto pela presença divina da natureza. Contive-me à sua beleza estética e à missão de compreender a obra um pouco mais, até porque fui prejudicado por uma legenda deficiente.
A forma de envolvimento que encontrei foi, durante algumas cenas, associá-las a fragmentos de outros filmes, como por exemplo "Caché", de Michael Haneke, "A Árvore da Vida", ou alguns outros de Béla Tarr, ao mesmo tempo em que a sensação do desconhecido permanecia.
A presença de sua própria família traz um valor muito maior ao conjunto da obra, onde a senhora que aparece é a mãe de Andrei, e os poemas ditos são recitados por Arseny, seu pai. É com essa densidade existencial que Tarkovsky vai nos apresentar um olhar introspectivo, atemporal, apontando para o eterno - religioso como era - evocando o misticismo para representar memórias oníricas e sonhos nostálgicos.
O filme acaba sendo confuso por não conseguirmos associar com facilidade os atores com seus personagens, além de muitas vezes as passagens de tempo serem bastante sutis e subjetivas. É preciso tomar distância para tentar decifrar os períodos que o longa aborda, e poder perceber os aparentes desconexos episódios como ciclos. Caso contrário, é provável que se sentirá perdido como eu fiquei.
A atmosfera assusta, tem algo de fantasmagórico e traumático. A fotografia é de uma plasticidade e composição admiráveis, que dá espaço à criatividade nos magníficos movimentos de câmera. Diversas cenas são dignas de elogios. Ainda vale dos belíssimos poemas proclamados que contribuem para que cada paisagem e ação seja inspiradora.
Certamente eu jamais diria que "Zerkalo" é um filme inacessível, mas talvez seja um daqueles em que há algo, um espaço, uma compreensão pessoal, como um filtro, entre eu e ele.
Temos, para começar, Paul, um projecionista que é o mais bem informado dos sobreviventes, quase como um intermediário entre suas existências e o mistério que os rodeia. Uma espécie de sutil metalinguagem e uma esperta jogada de quem quer fazer sentir medo o espectador que está no escurinho do cinema assistindo a esse filme. A tela é o ponto de luz, pra onde os olhos correm para estarem a salvos, estimulando o envolvimento sensorial.
As deficiências do filme estão mais na narrativa, de como a história foi contada. Os efeitos visuais à "Ghost: Do Outro Lado da Vida" podem não ser os mais convincentes, mas passam batido em meio à montagem e a eficiente fotografia. As cenas de fuga e tensão são preguiçosas, mal aproveitadas e às vezes mal feitas. A direção pareceu subestimar a execução contando com a curiosidade e espectativa que a história resguarda.
É impressionante a quantidade de espectadores que não entendem a trama. O filme é baseado em uma lenda inglesa em que pessoas de uma colônia haviam desaparecido sem explicação e havia uma árvore com a inscrição "croatoan". Muitas teorias foram criadas a partir de então, obviamente muitas delas foram relacionadas ao cristianismo. Nas entrelinhas pelos diálogos, podemos facilmente deduzir que o objetivo do fenômeno era reiniciar a humanidade, deixando sobreviver apenas um menino e uma menina para então poderem repovoar o planeta (notem que ele é negro e ela é branca). Croatoan, de acordo com a lenda, corresponde ao submundo para onde essas pessoas desaparecidas teriam sido levadas e mescladas com seus habitantes.
As referências continuam até mesmo nos nomes dos personagens. Hayden interpreta novamente Luke, aos moldes de Skywalker, de "Star Wars", e Rosemary tem um bebê perdido, provavelmente uma homenagem ao clássico "O Bebê de Rosemary". Paul, como porta-voz do autor, faz citações do cinema e da música dentro de um ambiente que conforta uma belíssima lista de canções. Ainda me perguntei se a última cena teria algo a ver com a série "The Walking Dead".
A arte, fotografia e elenco são muito bons e por falta de ousadia criativa dos criadores, não passa de mais um filme medíocre com seus clichês e frustrações. No conjunto da obra, não passa de um entretenimento morno.
Um filme incrível se visto pela forma de como Sergio Leone conduz a narrativa. Eu gosto muito das duas primeiras duas horas dele, cena por cena me surpreendendo com gestos e olhares, mas - não sei se por cansaço - senti o ritmo esfriar até o momento do duelo. A famosa trilha me faz pensar em como assisti-lo hoje pode ser diferente de quem pôde assistir em sua época natural. Talvez hoje ela acrescente muito mais potência nas cenas.
É engraçado perceber que a história dá mais foco para Tuco, "o feio", mesmo que ele não seja totalmente bom ou mau. A construção de seu personagem faz com que compreendamos sua personalidade, assim como muitas vezes acabamos por torcer por ele. Angel Eyes, "the bad", é a clássica representação do vilão cruel, impiedoso, que trama, quase não aparece no desenrolar da história e sempre surge no momento mais crítico. Blondie, "o bom", também não passa de outro personagem caricato, um legítimo herói que pouco fala, pouco erra, que apenas acompanha e apara a jornada de Tuco. Uma figura inexpressiva, simbólica, elegante e exemplar, de ações quase sobrehumanas, e que seu prestígio dentro do título está mais em ser interpretado por Eastwood. O carisma, entretanto, acaba sendo partido mesmo em três.
Gostaria de assistir de novo, mas antes quero conhecer os demais trabalhos de Leone. Espetacular e inspirador.
Um dos maiores prazeres que o cinema pode proporcionar é quando o belo e a poesia entram em campo. É aquele momento em que tudo que passa a existir é a tela, você está em outro universo e tudo é tão surreal que você flutua. "Great Expectations" tem um cardápio com uma numerosa lista desses momentos de encantadores.
Sempre fui simpático a Ethan, admiro muito De Niro e o resultado não podia ser diferente ao lado de Cuarón, diretor cujos trabalhos sempre me agradaram. O filme traz algo de fantástico e surreal em sua narrativa, em seus cenários e personagens, o que o faz aproximar da linguagem literária que se relaciona com o onirismo imagético. É como se alguém estivesse te lendo um conto. Os aspectos técnicos são excelentes mas a trilha sonora é de arrepiar.
Achei que era inacreditavelmente ruim, mas é só muito ruim.
A produção em geral, considerando arte e elenco, são até bons. O roteiro - que é péssimo - quase me surpreendeu, mas só ameaçou levar a história pra outro rumo e tratou logo de voltar pro habitual. No fim das contas foi só perda de tempo mesmo.
Eu vivia lendo por aí que o segundo filme era um pedido de desculpas pelo primeiro, uma boa reconciliação. Que nada! Decepção completa, sofre dos mesmos problemas que o anterior.
Gratuito, imaturo, sem qualquer inteligência, brincadeira de criança. A aparição boba do minotauro foi de deixar qualquer um revoltado. Fico imaginando as coisas incríveis que poderiam ser feitas com tanto dinheiro, produção e efeitos visuais. Um desperdício colossal.
Mesmo em melancolia ainda se carrega humor, o que é de mais admirável na história. Joseph, tão carismático quanto em "500 Dias Com Ela" tem momentos doces e devastadores, o que - confesso - me desestabilizou emocionalmente. O tema central me abala e a trilha sonora é tão agradável que não há como não se deixar envolver.
Ninguém melhor que Seth Rogen para interpretar o sem noção do Kyle, uma amizade bizarra e invasiva, mas que se revela leal e verdadeira, digna de cenas muito bacanas. Além da cena do carro e da destruição da pintura, ainda me é memorável aquelas em que a beleza está nos detalhes e sutilezas, gestos e olhares, como a da de Adam sentado ao lado de sua mãe no consultório médico.
Um filme que te faz repensar seus relacionamentos e prioridades.
A minha maior preocupação com o filme era a expectativa, que já se configurava um ponto fraco antes mesmo de Rises nascer. O público não queria ver o próximo vilão, queria ver o próximo Coringa. Entretanto, acredito que o que realmente compromete o filme é o não cumprimento de sua proposta de ser verossímil. Uma guerra civil de homens armados lutada no braço, uma nave futurista como veículo, comportamentos incoerentes pra quem não tem tempo a perder, entre outros. Eu jamais imaginaria Batman entrando num ambiente hostil sem planejar ou averiguar as condições antes. Os desfechos dos vilões chegam a ser ridículos. Como um diretor desse calibre que é o Nolan deixou tudo isso passar, eu não sei.
Este é um filme que fala sobre a decadência, de Batman, que já está mais velho e fora de forma, e de Gotham, onde a fé foi perdida e nunca esteve tão ameaçada. E não só disso, mas também sobre cair e levantar quantas vezes for necessário, assim como em TDK Batman contempla o sacrifício.
Aprecio bastante todo o elenco e suas respectivas atuações, arte e fotografia. O que mais me fascinou dessa vez, por mais estranho que pareça, foi a trilha sonora, que tem algo de épico, grandioso, espetacular, que inclusive não consigo mais parar de escutar. E junto com ela, os efeitos visuais e especiais fazem o espetáculo na tela de forma deslumbrante. Eu, como espectador que se deixou empolgar ao invés de me apegar às minúscias do roteiro ou contaminar pelas más expectativas, gostei bastante, assistiria outras vezes e recomendo fortemente.
Se Tropa de Elite tivesse de ser dirigido por Zack Snyder, provavelmente seria esse o tom. A inspiração é clara, inclusive de seu mais recente "Sucker Punch", e não só dele, mas também de Guy Ritchie, com seus thrillers mirabolantes.
A produção tem MUITO potencial, quase não se aguenta. As belas imagens de Julia na praia são abafadas por um dinamismo impaciente, que quase não respira. Talvez seria o que eu mudaria. Mas para além disso, certamente seria um filme que eu gostaria de fazer. Muitos o atacam lhe chamando de prepotente, artificioso e imaturo, mas acho que isso é argumento de quem não aprecia o estilo mais formalista.
Discordo também quando dizem que ISSO SIM é filme brasileiro. Mas não vou entrar nessa discussão.
Complicado de entender todas os detalhes, assisti duas vezes e percebi que certas respostas somente serão alcançadas por dedução. É o tipo de trama que te faz refletir e "rebobinar" o filme na cabeça depois que ele acaba.
Não é preciso falar da qualidade técnica do filme, mas a fotografia e os efeitos visuais precisam ser elogiados, ao tempo em que não sei se gosto da predominante presença de músicas americanas em filmes brasileiros. Sempre gostei da Alessandra e do Caco como atores, não foi difícil simpatizar com a produção. O filme ganha ainda mais quando deixa de ser um mero entretenimento ao revelar um lado crítico, além de surpreender ainda mais com seu lado emotivo.
Pra quem quer assistir esperando se esborrachar de tanto rir, se decepciona. O roteiro aborda um caso curioso, extraordinário e, na verdade, trata-se de uma história suave, um drama leve e bem humorado. Não me pareceu exatamente um filme que faz apologia às drogas, mas sim uma abordagem a uma situação específica e sensata, devido às circunstâncias.
Brenda interpreta Grace, que é uma senhora simpatissíssima, dona de um carisma que contagia desde os moradores de seu bairro aos mais temidos traficantes. Faço elogios também à trilha sonora bastante lúcida durante o filme e aos sutis e precisos movimentos de câmera. Alguns elementos de desfecho poderiam ser melhor explicados, mas nada que comprometa o entretenimento.
Esteticamente é refinado, delicado e elegante. Arte e fotografia dão consistência à brilhante atuação de Meryl Streep, que é outro show a parte. A direção me pareceu de muito bom gosto, e que legal que a responsável por ela foi uma mulher. A maquiagem me causou uma associação com o também recente "J. Edgar", onde Leonardo DiCaprio também se apresenta com muito mais idade, mas o filme não cativa tanto quanto "A Dama de Ferro". Mesmo não tendo conhecido nada sobre a ex-Primeira Ministra Margaret, a forte personalidade da representação somada às suas frases bélicas me causaram uma legítima admiração.
Ao contrário do que costumam dizer, não achei o filme cansativo. Apesar de ter me embaraçado em dúvidas algumas vezes por falta de conhecimento histórico, acredito que o filme cumpre muito bem sua proposta e dificilmente se conseguiria tamanha classe e sensibilidade para essa "biografia". Pode não ser uma obra-prima, mas certamente está acima de muitos outros títulos que foram citados no último Oscar.
Se eu dissesse que é um filme novelístico, ou que fosse adequado pra passar na Sessão da Tarde, talvez tomassem isso como uma ofensa. Mas, surpreendentemente, é um filme leve, que agrada mesmo com sua narrativa clássica. Um romance tradicional que não apresenta nenhuma ousadia, mas marca e funciona por sua emoção e empatia.
Me remeteu ao filme coreano "Time - O Amor Contra a Passagem do Tempo", de Kim Ki Duk, que recomendo fortemente pra quem gostou do tema.
O que mais me chamou atenção no filme foi a presença indiscreta da direção. Daniel transpareceu um certo prediletismo por algumas cenas, sendo impecável nelas, e, nas que apenas transitam em volta delas, de forma um pouco aquém. Apesar disso e de ter me perdido algumas vezes na trama, achei a história muito interessante. Acredito que o livro seja ótimo pelos detalhes, situações, reviravoltas e personagens. Particularmente, se David Fincher fizer esta sequência, acredito que ele fará um grande filme.
Mais um curioso mockumentary que segue a linha de A Bruxa de Blair, Cloverfield, REC, A Casa Muda, entre outros. O interessante é que, com essa opção de estética, a história procura legitimar a existência dessas criaturas tratando os trolls como "animais secretos", criando uma série de dados e detalhes para torná-los mais verossímeis, como raças, hábitos, comportamentos, características intelectuais, genéticas, etc. Só não sei se foi uma escolha feliz tornar essas criaturas anti-cristãos, numa tentativa de tratá-los como demônios, elemento que talvez tenha sido desnecessário.
Os efeitos visuais não são os mais convincentes, mas o elenco me pareceu muito bem apropriados para seus personagens, incluindo Otto para Hans. O som também me pareceu ter sido trabalhado com muita minúcia e na maioria das cenas de tensão, metade da construção sensorial e de atmosfera se deve a ele.
A intenção de deixar explícito para o espectador que aquilo que vemos é real (onde o próprio filme toma isso como verdade) me remeteu ao filme "Contatos de 4º Grau". Engraçado é que muita gente realmente acredita. Mas o legal do desfecho é que ele não se entrega, ele apenas sugere e te faz pensar para deduzir o final.
Sendo bem honesto comigo mesmo, acredito que o livro seja sensacional, a ideia e a proposta são excelentes, mas, como cinema, não passa do razoável, e só não digo que não deveria nem ter estado no tapete vermelho em consideração à atuação da Gleen Close. Por toda a premissa e propaganda que fizeram, eu esperava algo extraordinário, com cenas intensamente dramáticas, que me deixassem ao menos apreensivo em algum momento. Isso me fez redobrar a minha cautela ao dar minha opinião, já que não quero que ela seja afetada pela minha expectativa inicial.
Entretanto, analisando friamente, é possível perceber que o maior problema do filme é justamente a forma como a história é contada. Chamam esse filme de "surpreendente", mas nos primeiros minutos Albert já é descoberto, enquanto ainda estamos tentando conhecer a personagem e não temos quase nenhuma empatia por ele. Não há motivação ou envolvimento suficiente para nos comovermos com seu desespero naquele momento. A trama começa intensa e vai se tornando cada vez mais passiva, quando deveria ter o ritmo contrário. As surpresas e descobertas vêm todas na primeira metade do filme, sem fazer com que a segunda compense esse adiantamento, muito pelo contrário, evoca uma grande frustração. A personagem, fascinante, o filme, mediano.
Pra quem flertou com o trailer assim como eu, também deve ter tido a sensação de que não teve muito mais de novo no longa. Muito potencial e pouco aproveitamento. As tardes que Albert saía com Helen poderiam ter rendido cenas memoráveis, sua farsa poderia ter lhe proporcionado situações mais interessantes.
Vale a reflexão (que já me faço todos os dias) "o que leva as pessoas a terem vidas tão miseráveis?" e sobre como muitas vezes as pessoas se tornam escravas da sociedade, sustentando máscaras e comportamentos artificiais para nela se manterem ilesos.
A primeira sensação que me veio foi a de estar perdendo alguma coisa. Aparentemente, era uma história contada de forma resumida onde muitas conexões eram perdidas e algumas peças do quebra-cabeça ficavam faltando. Se Howl (Raul) podia mudar sua aparência, por que tanto desespero por uma cor de cabelo? Que maldição foi aquela que caiu sobre ele mais pro final do filme? Outras dúvidas só foram esclarecidas ao ver pela segunda vez, quando eu já entendi o porquê, como por exemplo, por que a bruxa havia enfeitiçado a jovem (pareceu maldade gratuita, só mais tarde conseguimos deduzir que foi por ciumes). Com pesquisa, descobri que é uma adaptação literária, o que me alegra por saber que essa história está melhor detalhada em algum lugar.
Miyazaki tinha uma mãe muito doente e teve uma infância depressiva. Era uma criança com diversos mecanismos de defesa, e isso fez com que sua imaginação lhe projetasse um universo de poções mágicas que curariam sua mãe. Além disso, Hayao também viveu o cenário da Segunda Guerra Mundial, outra forte circunstância abordada neste filme. Interessante é associar o castelo animado (que nem se parece com um castelo, e sim um amontuado) a um refúgio ambulante, tanto para Howl, quanto para Sofia.
Do que é mais encantador, é impossível não ser simpático ao mais gentil dos espantalhos, o Cabeça de Nabo. Também muito carismático é o colaborador Calcifer, uma chama que se apresenta como um demônio aprisionado, mas que revela-se uma estrela cadente portadora do coração de Howl.
Do que faltou, o garotinho aprendiz, que no livro é um adolescente de 15 anos, é um personagem com grande potencial mas que perde força no desenrolar da trama. A bruxa é a minha indignação, foi acolhida sem qualquer ato de redenção.
Antes de concluir, quero deixar registrado a minha admiração pelo estilo de desenho à mão, toda a complexidade, beleza, criatividade e perfeição dos movimentos e paisagens nas imagens. Além disso, me deixou fascinado a belíssima trilha sonora que tem um brilho particular.
Acho que o que mais fica de valor pra mim está em Sofia. Levava uma vida recatada, rotineira, levava a loja dos pais como um fardo, uma vida que passava por passar, sem perspectivas, em inércia, desleixada, submissa, sem auto-estima, desperdiçando sua juventude. Uma velha. Ao se tornar literalmente uma senhora de 90 anos, sai numa jornada e se depara com pessoas que irão lhe despertar nobres sentimentos que a farão rejuvenescer com o passar dos dias. Coragem, afeto, compaixão, generosidade, altruísmo e amor a tornará uma mulher forte que luta por seus objetivos. Através desse percurso, conseguem solucionar e contribuir para o fim da guerra.
A comparação com a versão sueca é inevitável. Acredito que os dois filmes sejam impecáveis em sua estética, também eficientes enquanto adaptação. Pra mim, o melhor Mikael é interpretado por Daniel Craig (mais carismático e expressivo), enquanto a melhor Lisbeth é a de Noomi (mais peso e consistência de personagem). Me remeteu ao filme "O Escritor Fantasma", do Polanski.
Fincher é impecável e, com a ajuda da direção de arte, reproduz cenários quase idênticos com os dos suecos, quase como assistir as duas versões de "Violência Gratuita", ambos do Haneke.
Mesmo não tendo lido o livro, acredito que ambos os filmes são bem feitos, mas também decadentes em seu desfecho. O maior problema da história (ou do roteiro) é a curva dramática. O longo epílogo faz o filme esfriar e a sensação quando a tela escurece é a de estranheza e indiferença. O foco durante a trama é o desvendar do mistério e, ao final, se desloca para um descaso amoroso infeliz. Pelo menos Fincher fez optou por dar um final melhor explicado, um pouco mais longo e que fez mais sentido. Aliás, o sueco às vezes me deixava confuso, eu entendi a história muito melhor pelo americano.
A grande maioria dos filmes de Hitchcock tem a trama dividida em duas partes. Dessa vez, a fronteira é incerta, é mais consolidada por sensações do que necessariamente um momento na história. No começo, temos algo doce, mágico, nobre e sonhador, com algo de Cinderela e sua madrasta, em um campo de mistérios e subjetividade. Depois, a atmosfera se torna mais densa e frágil, há algo de macabro, como num filme de casa assombrada, uma fase marcada por surpresas e reviravoltas. Ambas estão interligadas por uma série de construções que vão instaurando uma tensão psicológica ao redor da protagonista.
A estreante e adorável Joan Fontaine é totalmente encantadora com sua beleza suave, insegurança e modéstia. É interessante perceber que ela e Rebecca se completam, uma vez que a jovem não tem seu nome revelado, ao passo em que uma das maiores presenças do filme é a da falecida Rebecca, que não tem sua aparência revelada. A primeira parece não ter mais qualquer vínculo com seu passado, não tem mais família, e seu destino parece estar reservado para ocupar o posto de Rebecca, um posto a ser conquistado, onde o adversário é quase como uma maldição.
Agora, só eu associei Manderlay a Hogwarts ao ver a cara de Severus Snape daquela governanta? Hahaha A antagonista e devota Mrs. Danvers tem uma carga realmente assustadora.
Longos passos sempre me incomodaram, senti que faltou algo no começo do filme para atenuar a rápida paixão da dama de companhia pelo Mr. De Winter, mas como se trata de uma adaptação literária, isso não era tão importante e o filme já tem mais de 120 minutos, torna-se compreensível. As indicações ao Oscar foram merecidas, me alegra saber que ganhou a categoria de melhor filme.
Para além do belo texto na primeira parte do filme, e a sua engenhosidade na segunda, fiquei também fascinado por duas cenas específicas: a introdução, uma visualização de um sonho sombrio, e a cena da câmera enquadrando os movimentos fantasmagóricos de Rebecca. A fotografia me ganhou na cena do projetor. A história parece ser imensa, talvez pela linha dramática ser bastante intensa, mas com certeza é contada com inúmeras cenas de peso, significativas, o que favorece ao dinamismo e ao interesse do espectador.
Medo
3.5 422 Assista AgoraUm filme que começa com uma cativante relação entre irmãs e deságua num sombrio terror psicológico. Esteticamente belíssimo e eficiente nas mãos de um dos meus favoritos diretores coreanos, Jee-woon Kim, baseado numa criativa e interessantíssima lenda oriental. A trilha sonora é espetacular e o roteiro se revela um trabalho engenhoso e bem elaborado, criando um leque de possibilidades para análises para a mente da personagem principal.
É bem diferente de seu remake americano, "The Uninvited", sendo superior em diversos pontos. Cenas angustiantes, belas e agoniantes. Recomendo fortemente.
O Mistério das Duas Irmãs
3.5 1,5K Assista AgoraUm dos fatores que mais prejudicam o filme é banalisar o horror, colocando por exemplo, logo na primeira sequência, algo potência equivalente ao ápice do filme, sem qualquer suspense ou preparação. Ele tem problemas de construção sensorial.
Depois, é a construção narrativa, que resguarda uma charada mas não consegue omitir a resposta antes de ser oficialmente desvendada. Eu mesmo a descobri mais cedo do que gostaria. Uma deficiência que compromete o fator surpresa. Até porque, a maneira como o desfecho se dá é compatível com uma fórmula já bem batida no Cinema.
Por outro lado, os efeitos visuais e especiais são bem convincentes, numa grande produção que não se poderia esperar menos, assim como todos os outros aspectos técnicos. O roteiro é bem elaborado no sentido de comportar Alex de forma especial na trama e de reestruturar a ordem e a forma de como se dão as diversas situações do filme original, coreano, lançado em 2003, "Medo". Também são inseridos novos personagens (Mildred Kemp, o policial e as três crianças mortas), que trazem uma trama paralela à central, dando mais credibilidade e singularidade a essa versão americana.
A performance de Emily Browning lembra muito sua personagem em "Sucker Punch", principalmente na introdução de ambos os filmes, e é curioso como elas realmente se pacerem psicologicamente.
Jogos Vorazes
3.8 5,0K Assista AgoraÉ difícil não comparar "The Hunger Games" com "Battle Royale", uma vez que abraçam contextos tão parecidos. Entretanto, este último rege um conceito muito interessante nos moldes de uma crítica metafórica sobre o sistema educacional, que relaciona alunos e professores. Jogos Vorazes também tem sua força argumentativa, embora seja um filme mais comercial, que envolve o Estado com suas pólíticas ditatoriais e a desigualdade social. O tema, inspirado em arenas onde gladiadores se combatiam, foi base também para o recente "Predadores" e o anime "Hunter X Hunter".
Alguns espectadores reclamam da falta de verossimilhança e principalmente da falta de sangue, mas não se atentam para o perfil do filme, que tem como prioridade a distribuição, tendo de ser acessível a uma faixa etária menor também. Para quem quer ver sangue, há uma lista imensa de títulos que os atenderiam, mas este não é um deles.
Outros ainda questionam a arte, que trouxe maquiagens e figurinos bizarramente exuberantes, beirando o surreal, que só faz acrescentar na distoância que existe entre as camadas sociais. Nos distritos, é quase como uma aldeia na Idade Média, representando a pobreza. Em contraponto, a capital, recheada de nobres e burgueses, sugadores de sangue sedentos pela diversão às custas de pobres camponeses.
É o resultado de uma escolha estética, e ainda me admira que algumas pessoas não tenham se dado conta de que o cinema comporta a fantasia e não tem qualquer compromisso com a realidade.
Ainda não tenho uma opinião formada sobre isso, mas há algo no filme que me intriga, e que talvez seja o elemento mais interessante no longa. "Chame a atenção deles para conquistar patrocinadores". O romance só acontece porque "os espectadores vão adorar". De qual espectadores estavam realmente se referindo? Aos diegéticos, ou nós, do lado de cá da tela? Em alguns momentos a trama parece criticar o comportamento da sociedade em geral em torno dos reality shows e produções audiovisuais que muitas vezes se "prostituem" em diversos níveis para agradar as massas. Mas um discurso desse vindo de "Jogos Vorazes" é bastante duvidoso.
Jenifer Lawrence me conquistou desde a sua interpretação em "Inverno da Alma" com sua densa e potente atuação. Woody Harrelson e Stanley Tucci sempre estiveram em produções que me agradaram e dessa vez estão com personagens bem notáveis e caricatos. Surpreendeu-me ainda a presença do cantor Lenny Kravitz e de Josh Hutcherson, o garoto de "Zathura" e "Ponte para Terabítia".
Um entretenimento minimamente interessante, que, ainda que pudesse ser melhor explorado, tem um resultado agradável e sugere boas expectativas para as três sequências que estão por vir.
O Espelho
4.3 264 Assista AgoraTarkovsky é um dos cineastas que mais admiro, não por sua complexidade, mas por sua poesia. Este filme me pareceu indigesto mas, após assisti-lo 3 vezes e ler muito sobre, finalmente pude perceber o que Andrei possivelmente queria transmitir, ainda que dizer qualquer coisa sobre ele seja uma tarefa muito frágil.
Retalhos, uma desconstrução, narrativa não-linear. Diversos fragmentos de um espelho diante de si mesmo, começando com o próprio diretor, passando por colaboradores e indo até os espectadores como uma oferta. Para muitos é difícil se relacionar com alguma daquelas sensações. Eu mesmo não pude, nenhuma me pareceu familiar, senti bastante estranhamento, nunca vivi nada parecido, exceto pela presença divina da natureza. Contive-me à sua beleza estética e à missão de compreender a obra um pouco mais, até porque fui prejudicado por uma legenda deficiente.
A forma de envolvimento que encontrei foi, durante algumas cenas, associá-las a fragmentos de outros filmes, como por exemplo "Caché", de Michael Haneke, "A Árvore da Vida", ou alguns outros de Béla Tarr, ao mesmo tempo em que a sensação do desconhecido permanecia.
A presença de sua própria família traz um valor muito maior ao conjunto da obra, onde a senhora que aparece é a mãe de Andrei, e os poemas ditos são recitados por Arseny, seu pai. É com essa densidade existencial que Tarkovsky vai nos apresentar um olhar introspectivo, atemporal, apontando para o eterno - religioso como era - evocando o misticismo para representar memórias oníricas e sonhos nostálgicos.
O filme acaba sendo confuso por não conseguirmos associar com facilidade os atores com seus personagens, além de muitas vezes as passagens de tempo serem bastante sutis e subjetivas. É preciso tomar distância para tentar decifrar os períodos que o longa aborda, e poder perceber os aparentes desconexos episódios como ciclos. Caso contrário, é provável que se sentirá perdido como eu fiquei.
A atmosfera assusta, tem algo de fantasmagórico e traumático. A fotografia é de uma plasticidade e composição admiráveis, que dá espaço à criatividade nos magníficos movimentos de câmera. Diversas cenas são dignas de elogios. Ainda vale dos belíssimos poemas proclamados que contribuem para que cada paisagem e ação seja inspiradora.
Certamente eu jamais diria que "Zerkalo" é um filme inacessível, mas talvez seja um daqueles em que há algo, um espaço, uma compreensão pessoal, como um filtro, entre eu e ele.
Mistério da Rua 7
2.0 964Temos, para começar, Paul, um projecionista que é o mais bem informado dos sobreviventes, quase como um intermediário entre suas existências e o mistério que os rodeia. Uma espécie de sutil metalinguagem e uma esperta jogada de quem quer fazer sentir medo o espectador que está no escurinho do cinema assistindo a esse filme. A tela é o ponto de luz, pra onde os olhos correm para estarem a salvos, estimulando o envolvimento sensorial.
As deficiências do filme estão mais na narrativa, de como a história foi contada. Os efeitos visuais à "Ghost: Do Outro Lado da Vida" podem não ser os mais convincentes, mas passam batido em meio à montagem e a eficiente fotografia. As cenas de fuga e tensão são preguiçosas, mal aproveitadas e às vezes mal feitas. A direção pareceu subestimar a execução contando com a curiosidade e espectativa que a história resguarda.
É impressionante a quantidade de espectadores que não entendem a trama. O filme é baseado em uma lenda inglesa em que pessoas de uma colônia haviam desaparecido sem explicação e havia uma árvore com a inscrição "croatoan". Muitas teorias foram criadas a partir de então, obviamente muitas delas foram relacionadas ao cristianismo. Nas entrelinhas pelos diálogos, podemos facilmente deduzir que o objetivo do fenômeno era reiniciar a humanidade, deixando sobreviver apenas um menino e uma menina para então poderem repovoar o planeta (notem que ele é negro e ela é branca). Croatoan, de acordo com a lenda, corresponde ao submundo para onde essas pessoas desaparecidas teriam sido levadas e mescladas com seus habitantes.
As referências continuam até mesmo nos nomes dos personagens. Hayden interpreta novamente Luke, aos moldes de Skywalker, de "Star Wars", e Rosemary tem um bebê perdido, provavelmente uma homenagem ao clássico "O Bebê de Rosemary". Paul, como porta-voz do autor, faz citações do cinema e da música dentro de um ambiente que conforta uma belíssima lista de canções. Ainda me perguntei se a última cena teria algo a ver com a série "The Walking Dead".
A arte, fotografia e elenco são muito bons e por falta de ousadia criativa dos criadores, não passa de mais um filme medíocre com seus clichês e frustrações. No conjunto da obra, não passa de um entretenimento morno.
Três Homens em Conflito
4.6 1,2K Assista AgoraUm filme incrível se visto pela forma de como Sergio Leone conduz a narrativa. Eu gosto muito das duas primeiras duas horas dele, cena por cena me surpreendendo com gestos e olhares, mas - não sei se por cansaço - senti o ritmo esfriar até o momento do duelo. A famosa trilha me faz pensar em como assisti-lo hoje pode ser diferente de quem pôde assistir em sua época natural. Talvez hoje ela acrescente muito mais potência nas cenas.
É engraçado perceber que a história dá mais foco para Tuco, "o feio", mesmo que ele não seja totalmente bom ou mau. A construção de seu personagem faz com que compreendamos sua personalidade, assim como muitas vezes acabamos por torcer por ele. Angel Eyes, "the bad", é a clássica representação do vilão cruel, impiedoso, que trama, quase não aparece no desenrolar da história e sempre surge no momento mais crítico. Blondie, "o bom", também não passa de outro personagem caricato, um legítimo herói que pouco fala, pouco erra, que apenas acompanha e apara a jornada de Tuco. Uma figura inexpressiva, simbólica, elegante e exemplar, de ações quase sobrehumanas, e que seu prestígio dentro do título está mais em ser interpretado por Eastwood. O carisma, entretanto, acaba sendo partido mesmo em três.
Gostaria de assistir de novo, mas antes quero conhecer os demais trabalhos de Leone.
Espetacular e inspirador.
Grandes Esperanças
3.8 263Um dos maiores prazeres que o cinema pode proporcionar é quando o belo e a poesia entram em campo. É aquele momento em que tudo que passa a existir é a tela, você está em outro universo e tudo é tão surreal que você flutua. "Great Expectations" tem um cardápio com uma numerosa lista desses momentos de encantadores.
Sempre fui simpático a Ethan, admiro muito De Niro e o resultado não podia ser diferente ao lado de Cuarón, diretor cujos trabalhos sempre me agradaram. O filme traz algo de fantástico e surreal em sua narrativa, em seus cenários e personagens, o que o faz aproximar da linguagem literária que se relaciona com o onirismo imagético. É como se alguém estivesse te lendo um conto. Os aspectos técnicos são excelentes mas a trilha sonora é de arrepiar.
Uma feliz experiência visual e sensorial.
Tekken
2.2 542 Assista AgoraAchei que era inacreditavelmente ruim, mas é só muito ruim.
A produção em geral, considerando arte e elenco, são até bons. O roteiro - que é péssimo - quase me surpreendeu, mas só ameaçou levar a história pra outro rumo e tratou logo de voltar pro habitual. No fim das contas foi só perda de tempo mesmo.
Fúria de Titãs 2
3.0 1,7K Assista AgoraEu vivia lendo por aí que o segundo filme era um pedido de desculpas pelo primeiro, uma boa reconciliação. Que nada! Decepção completa, sofre dos mesmos problemas que o anterior.
Gratuito, imaturo, sem qualquer inteligência, brincadeira de criança. A aparição boba do minotauro foi de deixar qualquer um revoltado. Fico imaginando as coisas incríveis que poderiam ser feitas com tanto dinheiro, produção e efeitos visuais. Um desperdício colossal.
50%
3.9 2,2K Assista AgoraMesmo em melancolia ainda se carrega humor, o que é de mais admirável na história. Joseph, tão carismático quanto em "500 Dias Com Ela" tem momentos doces e devastadores, o que - confesso - me desestabilizou emocionalmente. O tema central me abala e a trilha sonora é tão agradável que não há como não se deixar envolver.
Ninguém melhor que Seth Rogen para interpretar o sem noção do Kyle, uma amizade bizarra e invasiva, mas que se revela leal e verdadeira, digna de cenas muito bacanas. Além da cena do carro e da destruição da pintura, ainda me é memorável aquelas em que a beleza está nos detalhes e sutilezas, gestos e olhares, como a da de Adam sentado ao lado de sua mãe no consultório médico.
Um filme que te faz repensar seus relacionamentos e prioridades.
Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge
4.2 6,4K Assista AgoraA minha maior preocupação com o filme era a expectativa, que já se configurava um ponto fraco antes mesmo de Rises nascer. O público não queria ver o próximo vilão, queria ver o próximo Coringa. Entretanto, acredito que o que realmente compromete o filme é o não cumprimento de sua proposta de ser verossímil. Uma guerra civil de homens armados lutada no braço, uma nave futurista como veículo, comportamentos incoerentes pra quem não tem tempo a perder, entre outros. Eu jamais imaginaria Batman entrando num ambiente hostil sem planejar ou averiguar as condições antes. Os desfechos dos vilões chegam a ser ridículos. Como um diretor desse calibre que é o Nolan deixou tudo isso passar, eu não sei.
Este é um filme que fala sobre a decadência, de Batman, que já está mais velho e fora de forma, e de Gotham, onde a fé foi perdida e nunca esteve tão ameaçada. E não só disso, mas também sobre cair e levantar quantas vezes for necessário, assim como em TDK Batman contempla o sacrifício.
Aprecio bastante todo o elenco e suas respectivas atuações, arte e fotografia. O que mais me fascinou dessa vez, por mais estranho que pareça, foi a trilha sonora, que tem algo de épico, grandioso, espetacular, que inclusive não consigo mais parar de escutar. E junto com ela, os efeitos visuais e especiais fazem o espetáculo na tela de forma deslumbrante. Eu, como espectador que se deixou empolgar ao invés de me apegar às minúscias do roteiro ou contaminar pelas más expectativas, gostei bastante, assistiria outras vezes e recomendo fortemente.
Não é impecável, mas continua sendo incrível.
Batman: O Cavaleiro das Trevas
4.5 3,8K Assista AgoraReassisti para me preparar pro terceiro filme e eu não me lembrava de como ele é incrível.
2 Coelhos
4.0 2,7K Assista AgoraSe Tropa de Elite tivesse de ser dirigido por Zack Snyder, provavelmente seria esse o tom. A inspiração é clara, inclusive de seu mais recente "Sucker Punch", e não só dele, mas também de Guy Ritchie, com seus thrillers mirabolantes.
A produção tem MUITO potencial, quase não se aguenta. As belas imagens de Julia na praia são abafadas por um dinamismo impaciente, que quase não respira. Talvez seria o que eu mudaria. Mas para além disso, certamente seria um filme que eu gostaria de fazer. Muitos o atacam lhe chamando de prepotente, artificioso e imaturo, mas acho que isso é argumento de quem não aprecia o estilo mais formalista.
Discordo também quando dizem que ISSO SIM é filme brasileiro. Mas não vou entrar nessa discussão.
Complicado de entender todas os detalhes, assisti duas vezes e percebi que certas respostas somente serão alcançadas por dedução. É o tipo de trama que te faz refletir e "rebobinar" o filme na cabeça depois que ele acaba.
Não é preciso falar da qualidade técnica do filme, mas a fotografia e os efeitos visuais precisam ser elogiados, ao tempo em que não sei se gosto da predominante presença de músicas americanas em filmes brasileiros. Sempre gostei da Alessandra e do Caco como atores, não foi difícil simpatizar com a produção. O filme ganha ainda mais quando deixa de ser um mero entretenimento ao revelar um lado crítico, além de surpreender ainda mais com seu lado emotivo.
Eu não esperava uma história de redenção e sacrifício.
Recomendo.
O Barato de Grace
3.7 81Pra quem quer assistir esperando se esborrachar de tanto rir, se decepciona. O roteiro aborda um caso curioso, extraordinário e, na verdade, trata-se de uma história suave, um drama leve e bem humorado. Não me pareceu exatamente um filme que faz apologia às drogas, mas sim uma abordagem a uma situação específica e sensata, devido às circunstâncias.
Brenda interpreta Grace, que é uma senhora simpatissíssima, dona de um carisma que contagia desde os moradores de seu bairro aos mais temidos traficantes. Faço elogios também à trilha sonora bastante lúcida durante o filme e aos sutis e precisos movimentos de câmera. Alguns elementos de desfecho poderiam ser melhor explicados, mas nada que comprometa o entretenimento.
Jackass 3
3.5 466 Assista AgoraRi demais no da turbina do jato.
A Dama de Ferro
3.6 1,7KEsteticamente é refinado, delicado e elegante. Arte e fotografia dão consistência à brilhante atuação de Meryl Streep, que é outro show a parte. A direção me pareceu de muito bom gosto, e que legal que a responsável por ela foi uma mulher. A maquiagem me causou uma associação com o também recente "J. Edgar", onde Leonardo DiCaprio também se apresenta com muito mais idade, mas o filme não cativa tanto quanto "A Dama de Ferro". Mesmo não tendo conhecido nada sobre a ex-Primeira Ministra Margaret, a forte personalidade da representação somada às suas frases bélicas me causaram uma legítima admiração.
Ao contrário do que costumam dizer, não achei o filme cansativo. Apesar de ter me embaraçado em dúvidas algumas vezes por falta de conhecimento histórico, acredito que o filme cumpre muito bem sua proposta e dificilmente se conseguiria tamanha classe e sensibilidade para essa "biografia". Pode não ser uma obra-prima, mas certamente está acima de muitos outros títulos que foram citados no último Oscar.
O Segredo de uma Promessa
4.1 21Se eu dissesse que é um filme novelístico, ou que fosse adequado pra passar na Sessão da Tarde, talvez tomassem isso como uma ofensa. Mas, surpreendentemente, é um filme leve, que agrada mesmo com sua narrativa clássica. Um romance tradicional que não apresenta nenhuma ousadia, mas marca e funciona por sua emoção e empatia.
Me remeteu ao filme coreano "Time - O Amor Contra a Passagem do Tempo", de Kim Ki Duk, que recomendo fortemente pra quem gostou do tema.
Millennium II - A Menina que Brincava com Fogo
3.9 572O que mais me chamou atenção no filme foi a presença indiscreta da direção. Daniel transpareceu um certo prediletismo por algumas cenas, sendo impecável nelas, e, nas que apenas transitam em volta delas, de forma um pouco aquém. Apesar disso e de ter me perdido algumas vezes na trama, achei a história muito interessante. Acredito que o livro seja ótimo pelos detalhes, situações, reviravoltas e personagens. Particularmente, se David Fincher fizer esta sequência, acredito que ele fará um grande filme.
O Caçador de Troll
3.1 378 Assista AgoraMais um curioso mockumentary que segue a linha de A Bruxa de Blair, Cloverfield, REC, A Casa Muda, entre outros. O interessante é que, com essa opção de estética, a história procura legitimar a existência dessas criaturas tratando os trolls como "animais secretos", criando uma série de dados e detalhes para torná-los mais verossímeis, como raças, hábitos, comportamentos, características intelectuais, genéticas, etc. Só não sei se foi uma escolha feliz tornar essas criaturas anti-cristãos, numa tentativa de tratá-los como demônios, elemento que talvez tenha sido desnecessário.
Os efeitos visuais não são os mais convincentes, mas o elenco me pareceu muito bem apropriados para seus personagens, incluindo Otto para Hans. O som também me pareceu ter sido trabalhado com muita minúcia e na maioria das cenas de tensão, metade da construção sensorial e de atmosfera se deve a ele.
A intenção de deixar explícito para o espectador que aquilo que vemos é real (onde o próprio filme toma isso como verdade) me remeteu ao filme "Contatos de 4º Grau". Engraçado é que muita gente realmente acredita. Mas o legal do desfecho é que ele não se entrega, ele apenas sugere e te faz pensar para deduzir o final.
Albert Nobbs
3.6 576 Assista AgoraSendo bem honesto comigo mesmo, acredito que o livro seja sensacional, a ideia e a proposta são excelentes, mas, como cinema, não passa do razoável, e só não digo que não deveria nem ter estado no tapete vermelho em consideração à atuação da Gleen Close. Por toda a premissa e propaganda que fizeram, eu esperava algo extraordinário, com cenas intensamente dramáticas, que me deixassem ao menos apreensivo em algum momento. Isso me fez redobrar a minha cautela ao dar minha opinião, já que não quero que ela seja afetada pela minha expectativa inicial.
Entretanto, analisando friamente, é possível perceber que o maior problema do filme é justamente a forma como a história é contada. Chamam esse filme de "surpreendente", mas nos primeiros minutos Albert já é descoberto, enquanto ainda estamos tentando conhecer a personagem e não temos quase nenhuma empatia por ele. Não há motivação ou envolvimento suficiente para nos comovermos com seu desespero naquele momento. A trama começa intensa e vai se tornando cada vez mais passiva, quando deveria ter o ritmo contrário. As surpresas e descobertas vêm todas na primeira metade do filme, sem fazer com que a segunda compense esse adiantamento, muito pelo contrário, evoca uma grande frustração. A personagem, fascinante, o filme, mediano.
Pra quem flertou com o trailer assim como eu, também deve ter tido a sensação de que não teve muito mais de novo no longa. Muito potencial e pouco aproveitamento. As tardes que Albert saía com Helen poderiam ter rendido cenas memoráveis, sua farsa poderia ter lhe proporcionado situações mais interessantes.
Vale a reflexão (que já me faço todos os dias) "o que leva as pessoas a terem vidas tão miseráveis?" e sobre como muitas vezes as pessoas se tornam escravas da sociedade, sustentando máscaras e comportamentos artificiais para nela se manterem ilesos.
O Castelo Animado
4.4 1,3K Assista AgoraA primeira sensação que me veio foi a de estar perdendo alguma coisa. Aparentemente, era uma história contada de forma resumida onde muitas conexões eram perdidas e algumas peças do quebra-cabeça ficavam faltando. Se Howl (Raul) podia mudar sua aparência, por que tanto desespero por uma cor de cabelo? Que maldição foi aquela que caiu sobre ele mais pro final do filme? Outras dúvidas só foram esclarecidas ao ver pela segunda vez, quando eu já entendi o porquê, como por exemplo, por que a bruxa havia enfeitiçado a jovem (pareceu maldade gratuita, só mais tarde conseguimos deduzir que foi por ciumes). Com pesquisa, descobri que é uma adaptação literária, o que me alegra por saber que essa história está melhor detalhada em algum lugar.
Miyazaki tinha uma mãe muito doente e teve uma infância depressiva. Era uma criança com diversos mecanismos de defesa, e isso fez com que sua imaginação lhe projetasse um universo de poções mágicas que curariam sua mãe. Além disso, Hayao também viveu o cenário da Segunda Guerra Mundial, outra forte circunstância abordada neste filme. Interessante é associar o castelo animado (que nem se parece com um castelo, e sim um amontuado) a um refúgio ambulante, tanto para Howl, quanto para Sofia.
Do que é mais encantador, é impossível não ser simpático ao mais gentil dos espantalhos, o Cabeça de Nabo. Também muito carismático é o colaborador Calcifer, uma chama que se apresenta como um demônio aprisionado, mas que revela-se uma estrela cadente portadora do coração de Howl.
Do que faltou, o garotinho aprendiz, que no livro é um adolescente de 15 anos, é um personagem com grande potencial mas que perde força no desenrolar da trama. A bruxa é a minha indignação, foi acolhida sem qualquer ato de redenção.
Antes de concluir, quero deixar registrado a minha admiração pelo estilo de desenho à mão, toda a complexidade, beleza, criatividade e perfeição dos movimentos e paisagens nas imagens. Além disso, me deixou fascinado a belíssima trilha sonora que tem um brilho particular.
Acho que o que mais fica de valor pra mim está em Sofia. Levava uma vida recatada, rotineira, levava a loja dos pais como um fardo, uma vida que passava por passar, sem perspectivas, em inércia, desleixada, submissa, sem auto-estima, desperdiçando sua juventude. Uma velha. Ao se tornar literalmente uma senhora de 90 anos, sai numa jornada e se depara com pessoas que irão lhe despertar nobres sentimentos que a farão rejuvenescer com o passar dos dias. Coragem, afeto, compaixão, generosidade, altruísmo e amor a tornará uma mulher forte que luta por seus objetivos. Através desse percurso, conseguem solucionar e contribuir para o fim da guerra.
Recomendo não atribuir juízos precipitados.
Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres
4.2 3,1K Assista AgoraA comparação com a versão sueca é inevitável. Acredito que os dois filmes sejam impecáveis em sua estética, também eficientes enquanto adaptação. Pra mim, o melhor Mikael é interpretado por Daniel Craig (mais carismático e expressivo), enquanto a melhor Lisbeth é a de Noomi (mais peso e consistência de personagem). Me remeteu ao filme "O Escritor Fantasma", do Polanski.
Fincher é impecável e, com a ajuda da direção de arte, reproduz cenários quase idênticos com os dos suecos, quase como assistir as duas versões de "Violência Gratuita", ambos do Haneke.
Mesmo não tendo lido o livro, acredito que ambos os filmes são bem feitos, mas também decadentes em seu desfecho. O maior problema da história (ou do roteiro) é a curva dramática. O longo epílogo faz o filme esfriar e a sensação quando a tela escurece é a de estranheza e indiferença. O foco durante a trama é o desvendar do mistério e, ao final, se desloca para um descaso amoroso infeliz. Pelo menos Fincher fez optou por dar um final melhor explicado, um pouco mais longo e que fez mais sentido. Aliás, o sueco às vezes me deixava confuso, eu entendi a história muito melhor pelo americano.
Leva
4.5 12 Assista AgoraO impacto da última cena dá uma sensação incrível.
Rebecca, a Mulher Inesquecível
4.2 359 Assista AgoraA grande maioria dos filmes de Hitchcock tem a trama dividida em duas partes. Dessa vez, a fronteira é incerta, é mais consolidada por sensações do que necessariamente um momento na história. No começo, temos algo doce, mágico, nobre e sonhador, com algo de Cinderela e sua madrasta, em um campo de mistérios e subjetividade. Depois, a atmosfera se torna mais densa e frágil, há algo de macabro, como num filme de casa assombrada, uma fase marcada por surpresas e reviravoltas. Ambas estão interligadas por uma série de construções que vão instaurando uma tensão psicológica ao redor da protagonista.
A estreante e adorável Joan Fontaine é totalmente encantadora com sua beleza suave, insegurança e modéstia. É interessante perceber que ela e Rebecca se completam, uma vez que a jovem não tem seu nome revelado, ao passo em que uma das maiores presenças do filme é a da falecida Rebecca, que não tem sua aparência revelada. A primeira parece não ter mais qualquer vínculo com seu passado, não tem mais família, e seu destino parece estar reservado para ocupar o posto de Rebecca, um posto a ser conquistado, onde o adversário é quase como uma maldição.
Agora, só eu associei Manderlay a Hogwarts ao ver a cara de Severus Snape daquela governanta? Hahaha A antagonista e devota Mrs. Danvers tem uma carga realmente assustadora.
Longos passos sempre me incomodaram, senti que faltou algo no começo do filme para atenuar a rápida paixão da dama de companhia pelo Mr. De Winter, mas como se trata de uma adaptação literária, isso não era tão importante e o filme já tem mais de 120 minutos, torna-se compreensível. As indicações ao Oscar foram merecidas, me alegra saber que ganhou a categoria de melhor filme.
Para além do belo texto na primeira parte do filme, e a sua engenhosidade na segunda, fiquei também fascinado por duas cenas específicas: a introdução, uma visualização de um sonho sombrio, e a cena da câmera enquadrando os movimentos fantasmagóricos de Rebecca. A fotografia me ganhou na cena do projetor. A história parece ser imensa, talvez pela linha dramática ser bastante intensa, mas com certeza é contada com inúmeras cenas de peso, significativas, o que favorece ao dinamismo e ao interesse do espectador.