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Anora
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Não dá para dizer que é um bom filme, mas é assistível sob o ponto de vista de que entretém e até mesmo informa - com os limites da ficção, é claro. Tem elementos ruins, sim; porém, a existência da personagem da jornalista e seu suposto destaque estão longe de ser sequer um problema. A ideia é muito válida e interessante, aliás. A construção da personagem é que foi preguiçosa, gerando um resultado raso e estereotipado.
Sobre isso, teria dado certo ou ao menos sido melhor sem certas escolhas cafonas do roteiro, como o descambo da entrevista na cadeia ou a última fala do chefe sobre a matéria dela, seguida de uma caminhada triunfante da mesma ao sair do local - ficou tudo com um ar muito brega e amador, e é nesses pontos que o filme mais perde a qualidade. Escolheram os caminhos mais fáceis e clichês possíveis. Já a sua caracterização está de acordo com a de uma jovem jornalista no final dos anos 90 - sério, o que neste ponto não é crível? Até esse detalhe pífio invocaram. Muitos especialistas em figurino por aqui, pelo visto.
No mais, a Giovanna Grigio está regular (nada de atuação péssima ou sofrível, sinceramente) e o Silvero muito competente, para a surpresa de ninguém. Dá para entender e se envolver perfeitamente com a história sem que o foco absoluto seja no maníaco. Para quem diz que queria algo diferente, parece que vem documentário em breve, também pelo Prime Video.
P.S.: Sobre os ambientes e personagens masculinos serem caricatamente machistas (jornalistas, delegado)... Até entendo que essa característica caricatural seja uma questão-discussão em produções brasileiras, mas, nesse caso, Brasil dos anos 90... é, não tenho dúvidas de que a realidade era disso para pior. Outro ponto é que, à época, a vasta maioria das mulheres não tinha uma mínima consciência feminista formada e foi um acerto a jornalista ir desenvolvendo isso de maneira orgânica ao longo da trama. Começa como uma disputa profissional e oportunidade na carreira e se torna um baita choque de realidade, com seu envolvimento emocional e um protesto simbólico indignado - um "despertar" muito verossímil e humano. Sua condição de classe ajuda nesse quesito. Pena a roupagem não ter sido das melhores.
Extremamente raso. Um mico e uma ofensa. Prêmios absolutamente não merecidos. Que fase...