Qualquer tentativa do roteiro de desenvolver algum personagem ou relação é frustrada e parece forçada. Ainda bem que a maior parte do filme é formada pelas belíssimas cenas de ação.
O filme começa como um belo tiro, saído direto de um GTA ou de uma vinheta da MTV. À medida que vamos nos acostumando com a linguagem visual e com a própria linguagem das personagens principais, vamos sabendo torcer por elas. Nisso a escolha de atrizes e atores amadores foi bem feliz, construindo o estilo documental em harmonia com a direção em iPhone, câmera tremida e sempre em movimento. Felizmente, conseguiram unir a representatividade necessária a um bom filme.
Viva o jornalismo investigativo! McCarthy é inteligente o bastante para não interferir no filme e deixar a história de desenrolar como a própria investigação da equipe. Técnicas simples de direção, um filme inteiro nas mãos dos bons, não ótimos, trabalhos de seus atores principais.
Não acho que tenha sido arrastado ou cansativo, a direção é hábil o suficiente pra manter o controle do filme, principalmente nos momentos de ação e nos planos longos bem ensaiados. Meu problema principal foi a falta de identificação com o personagem principal desde o início, coisa que me impediu de suportar junto com ele todo aquele sofrimento. Fora os momentos de suposta transcendência que Iñárritu parece copiar diretamente de A Árvore da Vida (alô, Malick!!!), por isso a escolha de Lubezki. A fotografia é realmente muito bonita com aquela iluminação natural, mas nunca chega a ter uma harmonia completa com a jornada de Hugh Glass, são alguns adornos de planos abertos jogados no meio dos infinitos resmungos e as ótimas cenas de ação.
DiCaprio já teve atuações melhores, mas sua entrega física total ao personagem é um grande mérito, assim como a direção que parece lutar junto com ele contra o urso e se enfia em todas as provações. Tom Hardy é outro grande ator que quase sempre tem menção justa em seus papéis e aqui forma um antagonista incrível.
Infelizmente criaram um Colossus retardado, um vilãozinho vagabundo e cenas de ação não muito interessantes pra dividir a tela com Deadpool. O personagem é o papel da vida de Reynolds e é muito melhor quando faz piada de si mesmo e de seus companheiros de Marvel, mas o resto do tempo parece um comediante de stand-up sem graça.
Como pode ser perturbadora a presença de uma figura do passado. Todos os momentos em que o olhar de Charlotte Rampling vaga pela casa parece que ela está reconsiderando aqueles 45 anos, agora com a presença daquele amor do passado ao lado de cada momento. A bela direção de Andrew Haigh constrói a distância entre o casal e os vazios daquela casa com tanta história.
Encantador na medida certa! Gags muito bem pensadas, referências interessantes a outros filmes, animação das personagens super bem feita e carismática. Palmas para o plano da turma de Shaun para fazer os humanos dormirem!
Praticamente tudo já foi falado desse filme. Desde o plano sequência de abertura que saiu da tela direto pras aulas de cinema, até a sequência final que só pode ter sido produzida por um mestre. Welles é, além de um grande diretor, um ótimo ator que constroi o principal personagem deste filme. Nem o mexicano fake de Heston, nem a fraca Susie são capazes de manchar qualquer coisa, porque no final o que fica de mais impressionante é o controle de Orson Welles em cada cena.
Desde cedo no documentário, Matthew Heineman deixa claro que a linha da fronteira entre México e EUA, que ele filme do alto com tanto cuidado, é tão frágil quanto a linha imaginária entre o certo e o errado. O problema da violência dos cartéis afeta mais aos mexicanos, mas sempre respinga do lado estadunidense da fronteira - até porque é esse o destino de quase toda a produção.
De ambos os lados, cidadãos que viram de perto a perda e acreditam viver sem a assistência de nenhum governo, em um território sem lei, decidem se organizar e pegar em armas. A mílicia dos EUA, parte menos desenvolvida e menos interessante de toda a trama, é liderada por alguém que perdeu seu emprego na crise e culpou os imigrantes, decidiu defender seu país contra qualquer a "invasão externa" e do próprio governo, percebeu que o cartel é o grande problema. Enquanto isso, os Autodefensas, são introduzidos por cenas de perdas muito grandes, violência e uma mulher que olha fixo para a câmera, pedindo por uma atitude. Agem com mais apoio da população, organizam-se contra a ineficácia do governo, mas acabam tornando-se os criminosos que combatiam, mudando somente a cor das camisetas.
Cartel Land é um trabalho maravilhoso de captação de material, com filmagens diretamente das zonas de ação, ainda que peque na divisão de suas histórias, voltadas para uma personalidade ambígua, forte e bem construída, e para outra que acaba parecendo mais uma caricatura da mílicia estadunidense.
Sorkin acerta em cheio no roteiro, fugindo da estrutura convencional e do didatismo que normalmente permeiam as biografias de alguém tão conhecido. Ao escolher esses três momentos distintos como pano de fundo para o desenvolvimento das personagens consegue demonstrar o crescimento e as mudanças físicas e psicológicas. O ritmo frenético das discussões que cria é seguido de perto pela direção inquieta de Danny Boyle, que apesar de algumas firulas controla muito bem o ritmo do filme.
Mais uma bela franquia do cinema se renovando em 2015! Assim como em Star Wars, a nostalgia é bem dosada, bem como as referências ao lendário filme original. Rocky é, por meio do excelente trabalho de Stallone, o mesmo durão amável, que parece atuar como coadjuvante com a mesma naturalidade de seus Rockys anteriores. Que maravilha vê-lo relembrar Adrian e Paulie com tanta ternura!
Houve um grande mérito do roteiro de utilizar uma estrutura bem próxima da original, adicionando aquilo que se precisava ser adicionado para passar o bastão para Adonis e criar um personagem bem complexo e interessante. Além disso, a direção já desde a primeira luta no centro de correção se demonstra bem correta e chega a pontos sensacionais como a luta filmada de dentro do ringue e em um belo plano sequência. Há a falta de um oponente interessante para Adonis, como havia sido seu pai para Rocky, mas, na realidade, seu grande oponente é ele mesmo e seu próprio nome - como deixa explicitada a cena da luta no espelho.
Apesar de algumas firulas visuais, o filme é uma imensa homenagem à Rocky e tem capacidade para ganhar corpo próprio.
A construção do relacionamento entre mãe e filho da primeira metade do filme é linda, se debruçando totalmente na atuação excepcional do Jacob Tremblay como Jack, que consegue pular da curiosidade à rebeldia injustificada em alguns segundos, a partir de suas reações mais do que infantis. A direção sufocante trabalha muito bem para construir a relação e a vida dos dois naquele pequeno espaço.
Curiosamente, é quanto o filme se liberta, depois de uma cena incrível de tensão, que ele vai perdendo a mão, principalmente a partir da inclusão de outras personagens na história, desinteressantes e mal construídas. E enquanto isso, a própria narração de Jack já não cabe mais no que a história quer colocar.
Desde o começo do filme, fiquei surpreso com a quantidade de gravações caseiras em que ela aparecia. Todo esse material ganha vida com um excelente trabalho de direção, edição e roteiro, mesclando as reações sempre sinceras de Amy, seja com os amigos, seja em programas de entrevista. A linha de argumentação criada pelo diretor fica bem clara e bem desenvolvida a partir das letras extremamente auto-referenciais que vão surgindo na tela, costurando a vida pessoal de Amy com sua carreira musical, e pelos flashs que cegam qualquer um.
A imersão na vida íntima da cantora tão problemática para sua vida e sua carreira é, de maneira curiosa, exatamente o que o diretor repete nesse ótimo trabalho de pesquisa. Cantora excepcional que teve um relacionamento intenso e destrutivo com quase tudo em sua vida - seu pai, Blake e a própria indústria da música - mas que, ao mesmo, não foi retratada aqui somente como vítima disso tudo. O que fica de mais forte do documentário é a cena da premiação no Grammy, com sua reação mais triste e sincera, quase infantil.
De novo a Pixar lançando um filme com uma proposta bem interessante: e se um asteroide que iria matar todos os dinossauros passasse reto e fosse embora sem causar nenhum mal? A partir disso, a história-modelo de um personagem deslocado que quer provar seu valor para a família, tantas vezes vista, segue seu rumo arriscando muito pouco e acertando alguns bons momentos. A relação entre os dois é uma interessante inversão dos papéis animal de estimação e humano, e rende o momento mais bonito do filme, em que conseguem se comunicar sem nenhuma palavra, apenas com a representação visual de suas famílias. Além disso, o desenvolvimento racional que é dado para alguns dinossauros, como o domínio da agricultura ou da pecuária é um ponto que funciona muito bem. O sentimentalismo e os momentos de comédia são bem dosados, e o desenho de todo o filme é lindo, principalmente das cenas do ambiente, que parecem muito realistas em oposição ao desenho dos dinossauros. Uma animação muito agradável, superficial e que em nenhum momento sai fora das fórmulas.
Achei o argumento do roteiro muito interessante e original (se é que alguma coisa no cinema cheio de referências de Tarantino pode ser chamado de original), tendo lido algumas críticas já fiquei familiarizado com a ideia de ser a alegoria de algo maior, mas para um filme que se apóia tanto nos diálogos e discursos, achei o mais preguiçoso dos filmes dele. Preenchimento de espaços com falas previsíveis, piadas desnecessárias e problemáticas não me ajudaram a digerir o ritmo do filme, que teve ainda personagens muito mal aproveitados como o de Michael Madsen e o sósia de Christoph Waltz por Tim Roth.
Assim como a cena do flashback, que serviu praticamente para apresentar um Channing Tatum que fica alguns minutos na trama e encher a tela da megalomania sangrenta dele, e que poderiam muito bem ter encontrado um caminho mais natural para dentro do roteiro, ainda mais nas mãos de um roteirista tão habilidoso como Tarantino.
Considerando que sempre achei que um dos méritos de Tarantino é o controle do ritmo de seus filmes (Bastardos Inglórios é um grande exercício disso), mesmo no meio do que considerei algumas falhas, há cenas construídas de maneira maravilhosa e com uma direção que só aumentam a tensão proposta: cena do café e o conflito entre Warren e o General Smithers, que achei de longe o ponto mais alto do filme. O que fica de mais impressionante do filme é uma bela de uma experiência visual, filmada em Super Panavision 70 mas que na sala de cinema que vi pareceria um super widescreen, capturando detalhes maravilhosos principalmente nos planos abertos na nevasca - pena que são poucos!
Mais desesperador e melancólico do que o primeiro volume, as três histórias, que aqui não são contextualizadas se não pelo curto texto de introdução, tratam muito mais da austeridade que molda nosso comportamento interno. "Simão Sem Tripa" é um momento maravilhoso da direção de Miguel Gomes, apresenta aquele cenário devastador no qual o criminoso vira herói simplesmente por desafiar as autoridades. "Lágrimas da Juíza" é o melhor momento dos dois volumes até agora. A sequência é memorável, numa cadeia de crimes cômica, triste, e que tem cada etapa explicada por um habitante cujo senso de justiça foi deturpado pela crise. O "interminável rol de culpa e miséria" desperta a raiva da juíza impotente. O cãozinho que passa de morador para morador em "Os Donos de Dixie" é quase um narrador daquele bloco decadente de apartamentos, parecendo resolver temporariamente o problema de cada companhia, até que é passado para o dono seguinte. Os despejos vão ficando cada vez mais comuns e a quantidade de tralhas acumulada nos cantos enche os quadros.
A cumplicidade das cinco irmãs é a única coisa que as mantém fortes contra aquela "fábrica de esposas". Nas cenas mais lindas do filme não há como diferenciar uma da outra, entrelaçadas e livres nas brincadeiras, parecendo uma só. Enquanto a irmandade vai se desfazendo, cada uma tem seu modo de se rebelar e Lale fica atenta a tudo, podendo em sua posição transitar entre as novelas e o jogo de futebol.
E aquela prisão vai se transformando cada vez mais no carro que, por mais que ela acelere, não sai do lugar.
"Escuta, ó venturoso rei, fui sabedora de que, num triste país entre os países, um diretor aliou a ficção à realidade para retratar a desolação de seu povo depois da austeridade."
Grandes interpretações do casal principal, som e imagem maravilhosos. Shakespeare já foi tão revisitado no cinema que fica difícil não comparar com outros Macbeths.
Certas divergências com a história real do grupo pode ser percebidas até por quem não conhece muito a fundo a história do N.W.A. - como eu. Muito se deve ao investimento dos três principais e mais famosos e, consequentemente, ao modo como foram retratados seus personagens. Ainda assim, nada que atrapalhe a sensação de ir reconhecendo personagens e músicas da história do rap, ou que possa ofuscar a trajetória do grupo.
Achei a premissa boa demais pra ser tratada com cenas de ação em câmera lenta ou uma direção epiléptica. Bom trabalho de todo o elenco e da direção de arte, confesso que fiquei com vontade de conhecer a obra original.
Todos os quadros são lindos, como Del Toro talvez nunca tenha sido em seus outros filmes. Ainda que a tensão esteja presente além dos próprios fantasmas, o desenvolvimento da história me pareceu muito fraco, previsível até, nada que satisfaça completamente.
Operação Invasão
3.9 628 Assista AgoraQualquer tentativa do roteiro de desenvolver algum personagem ou relação é frustrada e parece forçada. Ainda bem que a maior parte do filme é formada pelas belíssimas cenas de ação.
Batman vs Superman - A Origem da Justiça
3.4 5,0K Assista AgoraUm trailer (bem) estendido para a Liga da Justiça.
Tangerina
4.0 278 Assista AgoraO filme começa como um belo tiro, saído direto de um GTA ou de uma vinheta da MTV. À medida que vamos nos acostumando com a linguagem visual e com a própria linguagem das personagens principais, vamos sabendo torcer por elas. Nisso a escolha de atrizes e atores amadores foi bem feliz, construindo o estilo documental em harmonia com a direção em iPhone, câmera tremida e sempre em movimento.
Felizmente, conseguiram unir a representatividade necessária a um bom filme.
Spotlight - Segredos Revelados
4.1 1,7K Assista AgoraViva o jornalismo investigativo!
McCarthy é inteligente o bastante para não interferir no filme e deixar a história de desenrolar como a própria investigação da equipe. Técnicas simples de direção, um filme inteiro nas mãos dos bons, não ótimos, trabalhos de seus atores principais.
O Regresso
4.0 3,5K Assista AgoraNão acho que tenha sido arrastado ou cansativo, a direção é hábil o suficiente pra manter o controle do filme, principalmente nos momentos de ação e nos planos longos bem ensaiados. Meu problema principal foi a falta de identificação com o personagem principal desde o início, coisa que me impediu de suportar junto com ele todo aquele sofrimento. Fora os momentos de suposta transcendência que Iñárritu parece copiar diretamente de A Árvore da Vida (alô, Malick!!!), por isso a escolha de Lubezki. A fotografia é realmente muito bonita com aquela iluminação natural, mas nunca chega a ter uma harmonia completa com a jornada de Hugh Glass, são alguns adornos de planos abertos jogados no meio dos infinitos resmungos e as ótimas cenas de ação.
DiCaprio já teve atuações melhores, mas sua entrega física total ao personagem é um grande mérito, assim como a direção que parece lutar junto com ele contra o urso e se enfia em todas as provações. Tom Hardy é outro grande ator que quase sempre tem menção justa em seus papéis e aqui forma um antagonista incrível.
Deadpool
4.0 3,0K Assista AgoraInfelizmente criaram um Colossus retardado, um vilãozinho vagabundo e cenas de ação não muito interessantes pra dividir a tela com Deadpool. O personagem é o papel da vida de Reynolds e é muito melhor quando faz piada de si mesmo e de seus companheiros de Marvel, mas o resto do tempo parece um comediante de stand-up sem graça.
45 Anos
3.7 254 Assista AgoraComo pode ser perturbadora a presença de uma figura do passado. Todos os momentos em que o olhar de Charlotte Rampling vaga pela casa parece que ela está reconsiderando aqueles 45 anos, agora com a presença daquele amor do passado ao lado de cada momento. A bela direção de Andrew Haigh constrói a distância entre o casal e os vazios daquela casa com tanta história.
Shaun: O Carneiro - O Filme
3.9 183Encantador na medida certa! Gags muito bem pensadas, referências interessantes a outros filmes, animação das personagens super bem feita e carismática. Palmas para o plano da turma de Shaun para fazer os humanos dormirem!
A Marca da Maldade
4.1 221 Assista AgoraPraticamente tudo já foi falado desse filme. Desde o plano sequência de abertura que saiu da tela direto pras aulas de cinema, até a sequência final que só pode ter sido produzida por um mestre. Welles é, além de um grande diretor, um ótimo ator que constroi o principal personagem deste filme. Nem o mexicano fake de Heston, nem a fraca Susie são capazes de manchar qualquer coisa, porque no final o que fica de mais impressionante é o controle de Orson Welles em cada cena.
Terra de Cartéis
4.0 62 Assista AgoraDesde cedo no documentário, Matthew Heineman deixa claro que a linha da fronteira entre México e EUA, que ele filme do alto com tanto cuidado, é tão frágil quanto a linha imaginária entre o certo e o errado. O problema da violência dos cartéis afeta mais aos mexicanos, mas sempre respinga do lado estadunidense da fronteira - até porque é esse o destino de quase toda a produção.
De ambos os lados, cidadãos que viram de perto a perda e acreditam viver sem a assistência de nenhum governo, em um território sem lei, decidem se organizar e pegar em armas. A mílicia dos EUA, parte menos desenvolvida e menos interessante de toda a trama, é liderada por alguém que perdeu seu emprego na crise e culpou os imigrantes, decidiu defender seu país contra qualquer a "invasão externa" e do próprio governo, percebeu que o cartel é o grande problema. Enquanto isso, os Autodefensas, são introduzidos por cenas de perdas muito grandes, violência e uma mulher que olha fixo para a câmera, pedindo por uma atitude. Agem com mais apoio da população, organizam-se contra a ineficácia do governo, mas acabam tornando-se os criminosos que combatiam, mudando somente a cor das camisetas.
Cartel Land é um trabalho maravilhoso de captação de material, com filmagens diretamente das zonas de ação, ainda que peque na divisão de suas histórias, voltadas para uma personalidade ambígua, forte e bem construída, e para outra que acaba parecendo mais uma caricatura da mílicia estadunidense.
Steve Jobs
3.5 591 Assista AgoraSorkin acerta em cheio no roteiro, fugindo da estrutura convencional e do didatismo que normalmente permeiam as biografias de alguém tão conhecido. Ao escolher esses três momentos distintos como pano de fundo para o desenvolvimento das personagens consegue demonstrar o crescimento e as mudanças físicas e psicológicas.
O ritmo frenético das discussões que cria é seguido de perto pela direção inquieta de Danny Boyle, que apesar de algumas firulas controla muito bem o ritmo do filme.
Creed: Nascido para Lutar
4.0 1,1K Assista AgoraMais uma bela franquia do cinema se renovando em 2015! Assim como em Star Wars, a nostalgia é bem dosada, bem como as referências ao lendário filme original. Rocky é, por meio do excelente trabalho de Stallone, o mesmo durão amável, que parece atuar como coadjuvante com a mesma naturalidade de seus Rockys anteriores. Que maravilha vê-lo relembrar Adrian e Paulie com tanta ternura!
Houve um grande mérito do roteiro de utilizar uma estrutura bem próxima da original, adicionando aquilo que se precisava ser adicionado para passar o bastão para Adonis e criar um personagem bem complexo e interessante. Além disso, a direção já desde a primeira luta no centro de correção se demonstra bem correta e chega a pontos sensacionais como a luta filmada de dentro do ringue e em um belo plano sequência. Há a falta de um oponente interessante para Adonis, como havia sido seu pai para Rocky, mas, na realidade, seu grande oponente é ele mesmo e seu próprio nome - como deixa explicitada a cena da luta no espelho.
Apesar de algumas firulas visuais, o filme é uma imensa homenagem à Rocky e tem capacidade para ganhar corpo próprio.
O Quarto de Jack
4.4 3,3K Assista AgoraA construção do relacionamento entre mãe e filho da primeira metade do filme é linda, se debruçando totalmente na atuação excepcional do Jacob Tremblay como Jack, que consegue pular da curiosidade à rebeldia injustificada em alguns segundos, a partir de suas reações mais do que infantis. A direção sufocante trabalha muito bem para construir a relação e a vida dos dois naquele pequeno espaço.
Curiosamente, é quanto o filme se liberta, depois de uma cena incrível de tensão, que ele vai perdendo a mão, principalmente a partir da inclusão de outras personagens na história, desinteressantes e mal construídas. E enquanto isso, a própria narração de Jack já não cabe mais no que a história quer colocar.
Amy
4.4 1,0K Assista AgoraDesde o começo do filme, fiquei surpreso com a quantidade de gravações caseiras em que ela aparecia. Todo esse material ganha vida com um excelente trabalho de direção, edição e roteiro, mesclando as reações sempre sinceras de Amy, seja com os amigos, seja em programas de entrevista. A linha de argumentação criada pelo diretor fica bem clara e bem desenvolvida a partir das letras extremamente auto-referenciais que vão surgindo na tela, costurando a vida pessoal de Amy com sua carreira musical, e pelos flashs que cegam qualquer um.
A imersão na vida íntima da cantora tão problemática para sua vida e sua carreira é, de maneira curiosa, exatamente o que o diretor repete nesse ótimo trabalho de pesquisa. Cantora excepcional que teve um relacionamento intenso e destrutivo com quase tudo em sua vida - seu pai, Blake e a própria indústria da música - mas que, ao mesmo, não foi retratada aqui somente como vítima disso tudo. O que fica de mais forte do documentário é a cena da premiação no Grammy, com sua reação mais triste e sincera, quase infantil.
O Bom Dinossauro
3.7 1,0K Assista AgoraDe novo a Pixar lançando um filme com uma proposta bem interessante: e se um asteroide que iria matar todos os dinossauros passasse reto e fosse embora sem causar nenhum mal?
A partir disso, a história-modelo de um personagem deslocado que quer provar seu valor para a família, tantas vezes vista, segue seu rumo arriscando muito pouco e acertando alguns bons momentos. A relação entre os dois é uma interessante inversão dos papéis animal de estimação e humano, e rende o momento mais bonito do filme, em que conseguem se comunicar sem nenhuma palavra, apenas com a representação visual de suas famílias. Além disso, o desenvolvimento racional que é dado para alguns dinossauros, como o domínio da agricultura ou da pecuária é um ponto que funciona muito bem.
O sentimentalismo e os momentos de comédia são bem dosados, e o desenho de todo o filme é lindo, principalmente das cenas do ambiente, que parecem muito realistas em oposição ao desenho dos dinossauros. Uma animação muito agradável, superficial e que em nenhum momento sai fora das fórmulas.
Os Oito Odiados
4.1 2,4K Assista AgoraAchei o argumento do roteiro muito interessante e original (se é que alguma coisa no cinema cheio de referências de Tarantino pode ser chamado de original), tendo lido algumas críticas já fiquei familiarizado com a ideia de ser a alegoria de algo maior, mas para um filme que se apóia tanto nos diálogos e discursos, achei o mais preguiçoso dos filmes dele. Preenchimento de espaços com falas previsíveis, piadas desnecessárias e problemáticas não me ajudaram a digerir o ritmo do filme, que teve ainda personagens muito mal aproveitados como o de Michael Madsen e o sósia de Christoph Waltz por Tim Roth.
Assim como a cena do flashback, que serviu praticamente para apresentar um Channing Tatum que fica alguns minutos na trama e encher a tela da megalomania sangrenta dele, e que poderiam muito bem ter encontrado um caminho mais natural para dentro do roteiro, ainda mais nas mãos de um roteirista tão habilidoso como Tarantino.
Considerando que sempre achei que um dos méritos de Tarantino é o controle do ritmo de seus filmes (Bastardos Inglórios é um grande exercício disso), mesmo no meio do que considerei algumas falhas, há cenas construídas de maneira maravilhosa e com uma direção que só aumentam a tensão proposta: cena do café e o conflito entre Warren e o General Smithers, que achei de longe o ponto mais alto do filme. O que fica de mais impressionante do filme é uma bela de uma experiência visual, filmada em Super Panavision 70 mas que na sala de cinema que vi pareceria um super widescreen, capturando detalhes maravilhosos principalmente nos planos abertos na nevasca - pena que são poucos!
As Mil e Uma Noites: Volume 2, O Desolado
4.2 9Mais desesperador e melancólico do que o primeiro volume, as três histórias, que aqui não são contextualizadas se não pelo curto texto de introdução, tratam muito mais da austeridade que molda nosso comportamento interno. "Simão Sem Tripa" é um momento maravilhoso da direção de Miguel Gomes, apresenta aquele cenário devastador no qual o criminoso vira herói simplesmente por desafiar as autoridades. "Lágrimas da Juíza" é o melhor momento dos dois volumes até agora. A sequência é memorável, numa cadeia de crimes cômica, triste, e que tem cada etapa explicada por um habitante cujo senso de justiça foi deturpado pela crise. O "interminável rol de culpa e miséria" desperta a raiva da juíza impotente. O cãozinho que passa de morador para morador em "Os Donos de Dixie" é quase um narrador daquele bloco decadente de apartamentos, parecendo resolver temporariamente o problema de cada companhia, até que é passado para o dono seguinte. Os despejos vão ficando cada vez mais comuns e a quantidade de tralhas acumulada nos cantos enche os quadros.
Cinco Graças
4.3 329 Assista AgoraA cumplicidade das cinco irmãs é a única coisa que as mantém fortes contra aquela "fábrica de esposas". Nas cenas mais lindas do filme não há como diferenciar uma da outra, entrelaçadas e livres nas brincadeiras, parecendo uma só. Enquanto a irmandade vai se desfazendo, cada uma tem seu modo de se rebelar e Lale fica atenta a tudo, podendo em sua posição transitar entre as novelas e o jogo de futebol.
E aquela prisão vai se transformando cada vez mais no carro que, por mais que ela acelere, não sai do lugar.
As Mil e Uma Noites: Volume 1, O Inquieto
4.1 28 Assista Agora"Escuta, ó venturoso rei, fui sabedora de que, num triste país entre os países, um diretor aliou a ficção à realidade para retratar a desolação de seu povo depois da austeridade."
Macbeth: Ambição e Guerra
3.5 383 Assista AgoraGrandes interpretações do casal principal, som e imagem maravilhosos. Shakespeare já foi tão revisitado no cinema que fica difícil não comparar com outros Macbeths.
Straight Outta Compton - A História do N.W.A.
4.2 361 Assista AgoraCertas divergências com a história real do grupo pode ser percebidas até por quem não conhece muito a fundo a história do N.W.A. - como eu. Muito se deve ao investimento dos três principais e mais famosos e, consequentemente, ao modo como foram retratados seus personagens. Ainda assim, nada que atrapalhe a sensação de ir reconhecendo personagens e músicas da história do rap, ou que possa ofuscar a trajetória do grupo.
Expresso do Amanhã
3.5 1,3K Assista grátisAchei a premissa boa demais pra ser tratada com cenas de ação em câmera lenta ou uma direção epiléptica. Bom trabalho de todo o elenco e da direção de arte, confesso que fiquei com vontade de conhecer a obra original.
Zumbilândia
3.7 2,5K Assista AgoraBill fucking Murray
A Colina Escarlate
3.3 1,3K Assista AgoraTodos os quadros são lindos, como Del Toro talvez nunca tenha sido em seus outros filmes. Ainda que a tensão esteja presente além dos próprios fantasmas, o desenvolvimento da história me pareceu muito fraco, previsível até, nada que satisfaça completamente.