o mesmo tratamento seria dado a um homem em julgamento, onde o marido fosse o réu e a esposa a vítima. A sexualidade de Sandra é abordada levianamente, ela é julgada por uma traição que ocorreu há mais de 5 anos, seu sucesso profissional é contraposto ao papel do marido, que se tornou responsável pela educação do filho enquanto ela aparenta ser a principal provedora financeira da família, além do acolhimento da indignação de Samuel por ter perdido tempo de vida ao se dedicar aos "cuidados domésticos" e deixar de lado sua carreira. Um homem seria julgado como culpado de assassinato por tais indícios? Talvez sim, mas me pergunto se seria de forma tão incisiva como feito pelo Júri, sobretudo pelo promotor. Até mesmo na cena em que ouve-se a gravação da briga que ocorreu no dia anterior, é possível perceber que Samuel quase chora algumas vezes, mas em nenhum momento o Júri parece reconhecer um desequilíbrio emocional que pudesse justificar o suicídio do marido. Tal comportamento, vindo de uma mulher, seria facilmente descredibilizado. E isso é feito com Sandra inúmeras vezes ao longo do julgamento.
Anatomia de Uma Queda é um filme angustiante porque traz muitas dúvidas sem respostas, porque mostra o sofrimento de uma mãe e um filho, mas pincipalmente,
Como arquiteta e urbanista, esse filme me tocou extremamente. Me emocionei por diversas vezes com a delicadeza dessa obra! Ela, entre muitas coisas, é como um álbum de recordações, pois trata de memória: a memória que os objetos podem nos trazer, assim como a memória que temos de alguns lugares, a memória que a cidade carrega e as memórias que guardamos daqueles que amamos. E Kleber é muito didático em mostrar que não apenas as pessoas podem marcar nossa vida e deixar tantas lembranças, mas também a cidade, as experiências que vivemos em espaços construídos, desde nossa própria casa, até os edifícios que nos fascinam pela sua bela arquitetura ou pelas histórias que presenciamos e construímos nesses lugares. O filme é uma declaração de amor ao cinema, assim como à cidade de Recife! Obrigada, Kleber, por este presente <3
Há muito tempo queria ver esse filme e acabei assistindo só hoje, depois de já ter lido o livro. Minha impressão é que filme e livro são duas obras completamente diferentes, mas cada uma com seu valor. O filme tem uma atmosfera muito mais pesada. A fotografia, as cores, a iluminação (etc) criam uma ambiência extremamente desconfortável. E o filme deixa o espectador em agonia o tempo todo com as diversas situações repulsivas, constrangedoras e revoltantes que acontecem no desenrolar da história. O livro, apesar de igualmente triste, traz uma experiência mais leve. As duas irmãs sofrem com as adversidades da vida, o machismo, e tantas outras tragédias presentes na vida de mulheres, apenas por elas terem nascido mulheres. O livro não precisa de muito para você se identificar e entender o sofrimento das irmãs e o porque de cada uma agir de determinada forma.
Eurídice sofre pois durante toda a vida ela tenta realizar diferentes sonhos e nenhum deles vai adiante porque os pais ou, mais tarde, o marido a impedem. Ela é uma mulher extremamente inteligente, autodidata, que tenta se agarra a toda e qualquer chance de fazer algo notável, além de ser apenas mãe e dona de casa. Ela não quer ser invisível mas o é apenas por ser mulher.
Guida foge por amor e é abandonada grávida, passa por muitas dificuldades para arranjar emprego, se sustentar, criar um filho e mais tarde pagar o tratamento pro mesmo, que acaba tendo febre reumática. Ela luta para sobreviver.
A dor está presente na vida das duas em ambas as obras, mas o filme consegue tornar tudo 10 vezes pior!
Por exemplo, Guida e Eurídice se reencontram no livro e Guida até mora por um tempo na casa de Eurídice (já casada e com filhos). O pai renega Guida, assim como no filme, mas nunca mentiu sobre Eurídice ter saído do país. Guida e Seu Manuel inclusive se reconciliam e é ela quem cuida do pai na velhice.
Enfim, acho que o livro termina até de uma forma aprazível, enquanto o filme só deixa muitas lágrimas nos olhos. Fernanda Montenegro só com um olhar consegue quebrar seu coração em mil pedacinhos. E só de pensar que
é angustiante demais! Por fim, acho que o filme peca um pouco no desenvolvimento dos personagens, deixando de explorar algumas questões mais profundas sobre os pais, Antenor, Filomena e até mesmo as crianças.
Uma frase em particular, dita pelo pai das meninas, me tocou muito. Ele leva Mei e Satsuki para saudarem os espíritos da floresta e encontram a Canforeira. Ele então diz: "Que árvore magnífica! Deve estar aqui há muitos anos... Dede a época em que árvores e pessoas eram amigas." Esse é um dos pequenos detalhes dessa história encantadora e tão delicada.
Dias Perfeitos
4.2 264 Assista AgoraApaixonada pela arquitetura dos banheiros públicos de Tóquio depois de assistir esse filme <3
Anatomia de uma Queda
4.0 799 Assista AgoraPara além dos diversos comentário muito pertinentes que vi por aqui, gostaria de contribuir com a percepção que tive do filme.
Achei extremamente perspicaz o roteiro de Justine Triet, que nos faz pensar se
o mesmo tratamento seria dado a um homem em julgamento, onde o marido fosse o réu e a esposa a vítima. A sexualidade de Sandra é abordada levianamente, ela é julgada por uma traição que ocorreu há mais de 5 anos, seu sucesso profissional é contraposto ao papel do marido, que se tornou responsável pela educação do filho enquanto ela aparenta ser a principal provedora financeira da família, além do acolhimento da indignação de Samuel por ter perdido tempo de vida ao se dedicar aos "cuidados domésticos" e deixar de lado sua carreira.
Um homem seria julgado como culpado de assassinato por tais indícios? Talvez sim, mas me pergunto se seria de forma tão incisiva como feito pelo Júri, sobretudo pelo promotor. Até mesmo na cena em que ouve-se a gravação da briga que ocorreu no dia anterior, é possível perceber que Samuel quase chora algumas vezes, mas em nenhum momento o Júri parece reconhecer um desequilíbrio emocional que pudesse justificar o suicídio do marido. Tal comportamento, vindo de uma mulher, seria facilmente descredibilizado. E isso é feito com Sandra inúmeras vezes ao longo do julgamento.
Anatomia de Uma Queda é um filme angustiante porque traz muitas dúvidas sem respostas, porque mostra o sofrimento de uma mãe e um filho, mas pincipalmente,
porque demonstra como toda e qualquer atitude de uma mulher pode ser facilmente julgada e usada contra ela quando conveniente.
Saltburn
3.5 848Emerald Fennell se acha tão transgressora, mas só é medíocre e muito arrogante...
Vidas Passadas
4.2 737 Assista AgoraUm filme extremamente bonito e delicado, com diálogos marcantes.
Uma das muitas frase que ressoaram na minha cabeça foi "'É como plantar duas árvores em um lugar só. Nossas raízes precisam se acomodar."
Retratos Fantasmas
4.2 228 Assista AgoraComo arquiteta e urbanista, esse filme me tocou extremamente. Me emocionei por diversas vezes com a delicadeza dessa obra! Ela, entre muitas coisas, é como um álbum de recordações, pois trata de memória: a memória que os objetos podem nos trazer, assim como a memória que temos de alguns lugares, a memória que a cidade carrega e as memórias que guardamos daqueles que amamos. E Kleber é muito didático em mostrar que não apenas as pessoas podem marcar nossa vida e deixar tantas lembranças, mas também a cidade, as experiências que vivemos em espaços construídos, desde nossa própria casa, até os edifícios que nos fascinam pela sua bela arquitetura ou pelas histórias que presenciamos e construímos nesses lugares. O filme é uma declaração de amor ao cinema, assim como à cidade de Recife!
Obrigada, Kleber, por este presente <3
X-Men: Fênix Negra
2.6 1,1K Assista AgoraEsse filme só pode ter sido lavagem de dinheiro
A Vida Invisível
4.3 642Há muito tempo queria ver esse filme e acabei assistindo só hoje, depois de já ter lido o livro. Minha impressão é que filme e livro são duas obras completamente diferentes, mas cada uma com seu valor.
O filme tem uma atmosfera muito mais pesada. A fotografia, as cores, a iluminação (etc) criam uma ambiência extremamente desconfortável. E o filme deixa o espectador em agonia o tempo todo com as diversas situações repulsivas, constrangedoras e revoltantes que acontecem no desenrolar da história.
O livro, apesar de igualmente triste, traz uma experiência mais leve. As duas irmãs sofrem com as adversidades da vida, o machismo, e tantas outras tragédias presentes na vida de mulheres, apenas por elas terem nascido mulheres. O livro não precisa de muito para você se identificar e entender o sofrimento das irmãs e o porque de cada uma agir de determinada forma.
Eurídice sofre pois durante toda a vida ela tenta realizar diferentes sonhos e nenhum deles vai adiante porque os pais ou, mais tarde, o marido a impedem. Ela é uma mulher extremamente inteligente, autodidata, que tenta se agarra a toda e qualquer chance de fazer algo notável, além de ser apenas mãe e dona de casa. Ela não quer ser invisível mas o é apenas por ser mulher.
Guida foge por amor e é abandonada grávida, passa por muitas dificuldades para arranjar emprego, se sustentar, criar um filho e mais tarde pagar o tratamento pro mesmo, que acaba tendo febre reumática. Ela luta para sobreviver.
A dor está presente na vida das duas em ambas as obras, mas o filme consegue tornar tudo 10 vezes pior!
Por exemplo, Guida e Eurídice se reencontram no livro e Guida até mora por um tempo na casa de Eurídice (já casada e com filhos). O pai renega Guida, assim como no filme, mas nunca mentiu sobre Eurídice ter saído do país. Guida e Seu Manuel inclusive se reconciliam e é ela quem cuida do pai na velhice.
Enfim, acho que o livro termina até de uma forma aprazível, enquanto o filme só deixa muitas lágrimas nos olhos. Fernanda Montenegro só com um olhar consegue quebrar seu coração em mil pedacinhos. E só de pensar que
no longa as irmãs nunca se veem novamente
Por fim, acho que o filme peca um pouco no desenvolvimento dos personagens, deixando de explorar algumas questões mais profundas sobre os pais, Antenor, Filomena e até mesmo as crianças.
Meu Amigo Totoro
4.3 1,3K Assista AgoraUma frase em particular, dita pelo pai das meninas, me tocou muito. Ele leva Mei e Satsuki para saudarem os espíritos da floresta e encontram a Canforeira. Ele então diz: "Que árvore magnífica! Deve estar aqui há muitos anos... Dede a época em que árvores e pessoas eram amigas."
Esse é um dos pequenos detalhes dessa história encantadora e tão delicada.
Trama Fantasma
3.7 803 Assista AgoraOutro possível título para o filme:
Cogumelos da Paixão