O filme praticamente grita para ser reassistido. A trama é tão fragmentada, o roteiro é tão árido e os personagens são tão defeituosos que é difícil arranjar qualquer coisa em que se segurar para aguentar a experiência - absolutamente brutal, diga-se de passagem.
É um desses retratos hoje embaraçosos da histeria coletiva que foi a humanidade na década de 80.
Mas ainda que o filme tenha seu charme por baixo de tanto spray de cabelo, o ritmo é irregular demais, os personagens vazios demais e o roteiro solto demais para reterem meu interesse no desenvolvimento do filme.
A fotografia, queridinha de todos aqui, me incomodou sobremaneira. Tudo muito estourado, amarronzado e cheio de contraste, parecendo um filtro de instagram cafona. A história ecoa muitas outras (desde o clássico Doutor Jivago ao moderno Incêndios) e carrega uma forte carga emocional que nem sempre se realiza mas que alicerça a estrutura fragmentada e os singelos devaneios poéticos. Quando estes se casam com imagens oníricas o filme quase ameaça se tornar algo sublime, mas a melancolia que o arrasta impede-o de alçar vôo e a fotografia que o desenha dissipa a poesia em algo demasiado irreal.
Premissa desperdiçada. O filme tenta defender o quão bons foram os Beatles apresentando um mundo em que a cultura pop não mudou em absolutamente nada com a ausência do grupo. E isso se dá de tal maneira que o filme que se pretendia apologista do quarteto, parece abraçar uma lógica mais próxima à dos detratores de sua influência. Faltou tanto cuidado com a lógica interna quanto ousadia de explorar os encadeamentos do argumento-base, salvo alguns breves tangenciamentos (o encontro do protagonista com John Lennon, p.ex) que mostram aquilo que o filme poderia ter sido. Yesterday entretém, mas frustra em igual medida.
Vice flerta tanto com o "mau gosto" que desarma por si só boa parte das críticas que o colocam frente a critérios que ele não tem qualquer pretensão de seguir.
O filme me surpreendeu em diversas passagens, não só Christian Bale merece elogios, como a maquiagem e a edição, ainda que a razão de ser de algumas justaposições tenha me passado completamente sobre a cabeça.
E mesmo que ocasionalmente bastante engraçado e muitas vezes surpreendente, as duas horas de filme me foram maçantes, ainda que fosse familiar à política estadunidense do período Nixon-Bush.
Existe uma cena extraordinária ali no meio de Beoning em que a sempre espontânea Hae-mi dança ao som de Miles Davis, sobretudo para si, ainda que assistida por Ben e Jong-soo, enquanto o sol se põe na fronteira entre as duas Coreias. A cena é uma das mais belas que assisti em meses e não a tirei de minha cabeça desde vista, ouvida e sentida. É um marco divisório no filme também, entre a "Pequena Fome" e a "Grande Fome", como explica em uma cena anterior a própria Hae-mi.
A longa duração, o ritmo relativamente lento e a mudança de foco narrativo do meio para frente podem tornar a experiência meio arrastada para alguns, mas eu me senti investido durante cada minuto.
O final, no entanto, é anti-climático e emocionalmente insatisfatório, eu diria. Especialmente levando em conta a duração do filme e a cena divisora já mencionada que se prova uma montanha alta demais para se escalar duas vezes. Ainda assim, é simbolicamente rico e apto para fechar o longa, além de elusivo o bastante para provocar reflexões horas após a experiência. Altamente recomendado.
Cacá Diegues estava na sessão em que assisti ao filme e sinceramente me perguntei se ele estava rindo da plateia enquanto os 100 anos da vida desta família circense se descortinavam em frente aos espectadores e ficava cada vez mais patente que a viagem no tempo não apenas não fazia qualquer pouso demorado e compreensivo em qualquer década da história brasileira do século passado, tampouco se propunha a alcançar um ponto de chegada conclusivo que arrematasse o filme num argumento interessante.
O passar das décadas, ao contrário, só deixa claro que o diretor se rendeu ao estereótipo do velho tarado que gosta de filmar cenas de sexo a torto e a direita e destila sua misoginia em todas as direções, reservando a pior sorte às personagens femininas da trama: se vingando da castidade da mais assertiva e fazendo troça das contemporâneas como bonecas infláveis de carne e osso alçadas por muito efeito de computador pra lá de cafona.
A direção de arte tem seus méritos, e o Celaví (C'est la vie) tem seu charme, isso não nego. Mas também não nego que há muito um filme não me fazia tapar a cara de vergonha como na cena final deste aqui. Eu e mais uns espectadores aos meus lados se retorcendo nas cadeiras em busca de um lugar para esconder a cara. Pelo menos a sessão foi de graça.
Infelizmente selecionado para representar o Brasil no Oscar.
Esse caiu no meu colo justamente na véspera das eleições brasileiras.
O debate televisionado sobre o qual Moretti fica gritando com o candidato de esquerda para que reaja às falas de Berlusconi soou hilário ainda que preocupante (https://www.youtube.com/watch?v=8T32EyDrMmM), mas tanto mais próximo quanto preocupante vem o estranhamento da francesa que acha pitoresco os italianos colocarem, democraticamente, o partido fascista no poder.
Pois é, vá entender a Itália, vá entender o Brasil.
O filme começa em Sembène e Almodovar, passa por Polanski, Cronenberg e Lynch, e nunca deixa de lado um ar de conto folclórico da rica cultura do interior brasileiro. É crédito dos diretores conseguirem segurar essa mistura num todo tão imersivo... pelo menos por uma hora.
A segunda metade do filme perde em tudo, permitindo a entrada do sexo masculino em tela (até então apenas sugerido nas menções ao filho, ao pai, ao ex-noivo, e nas vozes dos médicos que se recusam a ostentar um rosto), ampliando o universo e apostando em um roteiro muito mais direto, mascado e desinteressante, mostrando o "monstro" tantas vezes que ele acaba perdendo a força, estranhamento e mistério da primeira metade para se tornar uma mera constatação reiterada da computação gráfica utilizada em sua confecção.
A ideia parece ter sido abandonar o mistério e alusões de O Bebê de Rosemary em favor da explicitação e consequente humanismo de O Homem Elefante, mas como não se desvincilha de referências ao terror trash, ainda nisso acaba falhando. O resultado é um filme lutando contra si mesmo.
Ponto alto da temporada é o arco da Diane. Mas, no geral foi uma temporada curiosamente anti-climática. Acho que a série está finalmente dando sinais de que está chegando a hora de encerrar as atividades. Que o faça em grande estilo na próxima, seria uma pena ver a melhor série original do netflix descarrilhar.
Qual é a dessa média baixa desse jeito? Filme muito sincero, que respira naturalidade em uma trama recorrente e muitas vezes desgastada por sentimentalismos e moralismos caricatos ou libertarianismos inconsequentes. E, claro, a contrário do que diz a patrulha da decência por aqui, cenas de nu que justificam sua existência sem qualquer problema. Simplesmente compare a cena de nu com a amante e a cena de nu com a esposa para ficar claro como a intimidade se revela de formas diferentes em cada um dos relacionamentos...
Já vimos esse filme antes. Partes dele estão espalhadas pelas homenagens de Woody Allen à Crime e Castigo ("Crimes e Pecados", "Matchpoint", "O Sonho de Cassandra", "O Homem Irracional"), as outras pelos seus dramas existenciais de mulheres de meia-idade infelizes no casamento ("Setembro", "A Outra", "Alice", "Blue Jasmine").
Mas o que realmente o destoa dos demais e o torna uma experiência definitivamente satisfatória é a fotografia de Vittorio Storaro, que incendeia cada centímetro de película com cores vibrantes e uma fluida alternância entre iluminações de tons gélidos e azulados a escaldantes tons alaranjados, frequentemente na mesma cena. Delineando assim uma clara e esperta referência aos melodramas cinquentistas de Douglas Sirk: a praia de "Imitação da Vida" (um drama sobre a vacuidade da vida de uma aspirante à atriz) e a simultaneidade de tons quentes e frios em salas e quartos de "Tudo que o Céu Permite" (um drama sobre o romance entre uma mulher mais velha e seu jovem parceiro).
Considero o filme mais subestimado da carreira do Altman. O tratamento sonoro de California Split é um deleite por si só. As personagens são extremamente cativantes, os diálogos excelentes e muitas vezes engraçadíssimos - muito devido à um ouvido atentíssimo ao timing das frases. E mesmo estando entre os filmes irreverentes e engraçados do Altman, como MASH, deste se destaca por tratar suas personagens com muito mais sensibilidade, produzindo humanos de carne e osso que se distanciam consideravelmente do teatro de marionetes malucas de sua anterior comédia de sucesso. Felizmente, tudo que deu certo em California Split é trazido, aperfeiçoado e consideravelmente expandido em seu filme subsequente, Nashville.
O filme peca pelo excesso. Não considero o filme arrastado como a maioria aqui. Acho interessante ele partir da mesma premissa de "Suspiria", mas ser dotado de uma personagem principal muito mais interessante. A tensão é bem construída, e muitas vezes é paga com cenas genuinamente belas, agressivas ou repugnantes, como um bom terror consegue alcançar.
Mas o filme passa tempo demais se sabotando. A trilha sonora do Goblin ajuda a prover a atmosfera de Phenomena, mas faixas aceleradas de Motörhead e Iron Maiden matam completamente a tensão das cenas que acompanham. Jennifer Connely e Donald Pleasence estão particularmente muito bem no filme - atuações surpreendentes para um diretor que coleciona tantas ruins - mas pouco se salva do restante do elenco.
E se há buracos no roteiro e falta desenvolvimento de certos trechos, o estilo da direção poderia até conseguir suplantá-los se não caísse no abismo que são os minutos finais de Phenomena. Não me compete detalhá-los aqui, mas não hei de levá-los como qualquer coisa a mais do que uma completa piada. Talvez zombe das seguidas reviravoltas características do giallo das quais o próprio diretor abusa em "Profondo Rosso" e "Tenebre", e mesmo que assim o seja, o contraste com o resto do filme é tamanho que não consegue provocar nada mais do que uma risada pálida e incrédula.
O Mundo Fabuloso de Billy Liar
3.7 7Um Rei da Comédia inofensivo, um Coringa que só faz de palhaço a si mesmo.
BoJack Horseman (6ª Temporada)
4.6 297 Assista Agoraficaram um pouco corridinhos os últimos episódios e alguns desenvolvimentos, especialmente o
reencontro do Todd com sua mãe
Ranking pessoal de temporadas: 3 > 4 > 6 > 2 >> 5 > 1
Bastardos
3.1 33O filme praticamente grita para ser reassistido. A trama é tão fragmentada, o roteiro é tão árido e os personagens são tão defeituosos que é difícil arranjar qualquer coisa em que se segurar para aguentar a experiência - absolutamente brutal, diga-se de passagem.
Traição em Hong Kong
3.0 19 Assista Agoravá lá, a Kim Gordon fala cantonês em um momento do filme. Um ponto por isso.
Subway
3.5 59 Assista AgoraÉ um desses retratos hoje embaraçosos da histeria coletiva que foi a humanidade na década de 80.
Mas ainda que o filme tenha seu charme por baixo de tanto spray de cabelo, o ritmo é irregular demais, os personagens vazios demais e o roteiro solto demais para reterem meu interesse no desenvolvimento do filme.
O Último Poema do Rinoceronte
3.7 53 Assista AgoraA fotografia, queridinha de todos aqui, me incomodou sobremaneira. Tudo muito estourado, amarronzado e cheio de contraste, parecendo um filtro de instagram cafona. A história ecoa muitas outras (desde o clássico Doutor Jivago ao moderno Incêndios) e carrega uma forte carga emocional que nem sempre se realiza mas que alicerça a estrutura fragmentada e os singelos devaneios poéticos. Quando estes se casam com imagens oníricas o filme quase ameaça se tornar algo sublime, mas a melancolia que o arrasta impede-o de alçar vôo e a fotografia que o desenha dissipa a poesia em algo demasiado irreal.
As Quatro Voltas
3.9 35A única coisa que precisaram traduzir do filme foi o título e mesmo assim conseguiram errar. Parabéns aos envolvidos.
Yesterday: A Trilha do Sucesso
3.4 1,0KPremissa desperdiçada. O filme tenta defender o quão bons foram os Beatles apresentando um mundo em que a cultura pop não mudou em absolutamente nada com a ausência do grupo. E isso se dá de tal maneira que o filme que se pretendia apologista do quarteto, parece abraçar uma lógica mais próxima à dos detratores de sua influência. Faltou tanto cuidado com a lógica interna quanto ousadia de explorar os encadeamentos do argumento-base, salvo alguns breves tangenciamentos (o encontro do protagonista com John Lennon, p.ex) que mostram aquilo que o filme poderia ter sido. Yesterday entretém, mas frustra em igual medida.
Vice
3.5 489 Assista AgoraVice flerta tanto com o "mau gosto" que desarma por si só boa parte das críticas que o colocam frente a critérios que ele não tem qualquer pretensão de seguir.
O filme me surpreendeu em diversas passagens, não só Christian Bale merece elogios, como a maquiagem e a edição, ainda que a razão de ser de algumas justaposições tenha me passado completamente sobre a cabeça.
E mesmo que ocasionalmente bastante engraçado e muitas vezes surpreendente, as duas horas de filme me foram maçantes, ainda que fosse familiar à política estadunidense do período Nixon-Bush.
Todos Já Sabem
3.4 227 Assista AgoraVocê gosta do diretor, gosta dos atores e quer muito gostar do filme.
Mas às vezes não dá.
Em Chamas
3.9 376 Assista AgoraExiste uma cena extraordinária ali no meio de Beoning em que a sempre espontânea Hae-mi dança ao som de Miles Davis, sobretudo para si, ainda que assistida por Ben e Jong-soo, enquanto o sol se põe na fronteira entre as duas Coreias. A cena é uma das mais belas que assisti em meses e não a tirei de minha cabeça desde vista, ouvida e sentida. É um marco divisório no filme também, entre a "Pequena Fome" e a "Grande Fome", como explica em uma cena anterior a própria Hae-mi.
A longa duração, o ritmo relativamente lento e a mudança de foco narrativo do meio para frente podem tornar a experiência meio arrastada para alguns, mas eu me senti investido durante cada minuto.
O final, no entanto, é anti-climático e emocionalmente insatisfatório, eu diria. Especialmente levando em conta a duração do filme e a cena divisora já mencionada que se prova uma montanha alta demais para se escalar duas vezes. Ainda assim, é simbolicamente rico e apto para fechar o longa, além de elusivo o bastante para provocar reflexões horas após a experiência. Altamente recomendado.
O Grande Circo Místico
2.2 140 Assista AgoraCacá Diegues estava na sessão em que assisti ao filme e sinceramente me perguntei se ele estava rindo da plateia enquanto os 100 anos da vida desta família circense se descortinavam em frente aos espectadores e ficava cada vez mais patente que a viagem no tempo não apenas não fazia qualquer pouso demorado e compreensivo em qualquer década da história brasileira do século passado, tampouco se propunha a alcançar um ponto de chegada conclusivo que arrematasse o filme num argumento interessante.
O passar das décadas, ao contrário, só deixa claro que o diretor se rendeu ao estereótipo do velho tarado que gosta de filmar cenas de sexo a torto e a direita e destila sua misoginia em todas as direções, reservando a pior sorte às personagens femininas da trama: se vingando da castidade da mais assertiva e fazendo troça das contemporâneas como bonecas infláveis de carne e osso alçadas por muito efeito de computador pra lá de cafona.
A direção de arte tem seus méritos, e o Celaví (C'est la vie) tem seu charme, isso não nego. Mas também não nego que há muito um filme não me fazia tapar a cara de vergonha como na cena final deste aqui. Eu e mais uns espectadores aos meus lados se retorcendo nas cadeiras em busca de um lugar para esconder a cara. Pelo menos a sessão foi de graça.
Infelizmente selecionado para representar o Brasil no Oscar.
Aprile
3.8 10 Assista AgoraEsse caiu no meu colo justamente na véspera das eleições brasileiras.
O debate televisionado sobre o qual Moretti fica gritando com o candidato de esquerda para que reaja às falas de Berlusconi soou hilário ainda que preocupante (https://www.youtube.com/watch?v=8T32EyDrMmM), mas tanto mais próximo quanto preocupante vem o estranhamento da francesa que acha pitoresco os italianos colocarem, democraticamente, o partido fascista no poder.
Pois é, vá entender a Itália, vá entender o Brasil.
As Boas Maneiras
3.4 661 Assista AgoraO filme começa em Sembène e Almodovar, passa por Polanski, Cronenberg e Lynch, e nunca deixa de lado um ar de conto folclórico da rica cultura do interior brasileiro. É crédito dos diretores conseguirem segurar essa mistura num todo tão imersivo... pelo menos por uma hora.
A segunda metade do filme perde em tudo, permitindo a entrada do sexo masculino em tela (até então apenas sugerido nas menções ao filho, ao pai, ao ex-noivo, e nas vozes dos médicos que se recusam a ostentar um rosto), ampliando o universo e apostando em um roteiro muito mais direto, mascado e desinteressante, mostrando o "monstro" tantas vezes que ele acaba perdendo a força, estranhamento e mistério da primeira metade para se tornar uma mera constatação reiterada da computação gráfica utilizada em sua confecção.
A ideia parece ter sido abandonar o mistério e alusões de O Bebê de Rosemary em favor da explicitação e consequente humanismo de O Homem Elefante, mas como não se desvincilha de referências ao terror trash, ainda nisso acaba falhando. O resultado é um filme lutando contra si mesmo.
BoJack Horseman (5ª Temporada)
4.5 194 Assista AgoraPonto alto da temporada é o arco da Diane. Mas, no geral foi uma temporada curiosamente anti-climática. Acho que a série está finalmente dando sinais de que está chegando a hora de encerrar as atividades. Que o faça em grande estilo na próxima, seria uma pena ver a melhor série original do netflix descarrilhar.
Terça-feira, Depois do Natal
3.0 21Qual é a dessa média baixa desse jeito?
Filme muito sincero, que respira naturalidade em uma trama recorrente e muitas vezes desgastada por sentimentalismos e moralismos caricatos ou libertarianismos inconsequentes.
E, claro, a contrário do que diz a patrulha da decência por aqui, cenas de nu que justificam sua existência sem qualquer problema. Simplesmente compare a cena de nu com a amante e a cena de nu com a esposa para ficar claro como a intimidade se revela de formas diferentes em cada um dos relacionamentos...
Vida Cigana
4.3 36ó, meu amor, não fique triste
Quatro Noites de um Sonhador
3.8 22O filme brega do Bresson
Roda Gigante
3.3 312Já vimos esse filme antes. Partes dele estão espalhadas pelas homenagens de Woody Allen à Crime e Castigo ("Crimes e Pecados", "Matchpoint", "O Sonho de Cassandra", "O Homem Irracional"), as outras pelos seus dramas existenciais de mulheres de meia-idade infelizes no casamento ("Setembro", "A Outra", "Alice", "Blue Jasmine").
Mas o que realmente o destoa dos demais e o torna uma experiência definitivamente satisfatória é a fotografia de Vittorio Storaro, que incendeia cada centímetro de película com cores vibrantes e uma fluida alternância entre iluminações de tons gélidos e azulados a escaldantes tons alaranjados, frequentemente na mesma cena. Delineando assim uma clara e esperta referência aos melodramas cinquentistas de Douglas Sirk: a praia de "Imitação da Vida" (um drama sobre a vacuidade da vida de uma aspirante à atriz) e a simultaneidade de tons quentes e frios em salas e quartos de "Tudo que o Céu Permite" (um drama sobre o romance entre uma mulher mais velha e seu jovem parceiro).
Twin Peaks (3ª Temporada)
4.4 618 Assista AgoraI am the FBI
Jogando com a Sorte
3.5 8Considero o filme mais subestimado da carreira do Altman. O tratamento sonoro de California Split é um deleite por si só. As personagens são extremamente cativantes, os diálogos excelentes e muitas vezes engraçadíssimos - muito devido à um ouvido atentíssimo ao timing das frases. E mesmo estando entre os filmes irreverentes e engraçados do Altman, como MASH, deste se destaca por tratar suas personagens com muito mais sensibilidade, produzindo humanos de carne e osso que se distanciam consideravelmente do teatro de marionetes malucas de sua anterior comédia de sucesso. Felizmente, tudo que deu certo em California Split é trazido, aperfeiçoado e consideravelmente expandido em seu filme subsequente, Nashville.
Phenomena
3.7 254O filme peca pelo excesso. Não considero o filme arrastado como a maioria aqui. Acho interessante ele partir da mesma premissa de "Suspiria", mas ser dotado de uma personagem principal muito mais interessante. A tensão é bem construída, e muitas vezes é paga com cenas genuinamente belas, agressivas ou repugnantes, como um bom terror consegue alcançar.
Mas o filme passa tempo demais se sabotando. A trilha sonora do Goblin ajuda a prover a atmosfera de Phenomena, mas faixas aceleradas de Motörhead e Iron Maiden matam completamente a tensão das cenas que acompanham. Jennifer Connely e Donald Pleasence estão particularmente muito bem no filme - atuações surpreendentes para um diretor que coleciona tantas ruins - mas pouco se salva do restante do elenco.
E se há buracos no roteiro e falta desenvolvimento de certos trechos, o estilo da direção poderia até conseguir suplantá-los se não caísse no abismo que são os minutos finais de Phenomena. Não me compete detalhá-los aqui, mas não hei de levá-los como qualquer coisa a mais do que uma completa piada. Talvez zombe das seguidas reviravoltas características do giallo das quais o próprio diretor abusa em "Profondo Rosso" e "Tenebre", e mesmo que assim o seja, o contraste com o resto do filme é tamanho que não consegue provocar nada mais do que uma risada pálida e incrédula.
A Mulher do Aviador
4.0 26A cena do parque!
Voar é com os Pássaros
3.7 17Cativante em sua imperfeição