Henrique Pavin

O inicio do filme achei sensacional. Travelling pelo cemitério com

narrando o filme do além. De arrepiar! Mas aí, como uma montanha russa de 2 horas que tem seu ponto mais alto muito cedo, The Many Saints of Newark começa a cair. No quesito atuação, sabemos que Ray Liotta nunca foi bom ator, porém, parabéns pra ele, conseguiu se superar. Atuou como dois personagens e fez os dois de forma pobre. E o Jon Bernthal? Praticamente passou despercebido no filme.

Achei estranha a diferença de idade entre Tony, Sil e Puss. Na série parece que eles têm pouca diferença de idade, inclusive em um diálogo, Tony e Sil falam dos velhos tempos, quando eles sonhavam em ter um jogo de poker executivo igual ao do pai de Tony, em que eles espiavam o jogo pela fechadura e o Uncle Jun corria atrás deles com um cinto. No filme Sil e Puss, são claramente uns 15 anos mais velhos que Tony. Eu diria que o David Chase ferrou a timeline da série, mas se levarmos em conta a idade dos atores, Steve Van Zandt e Vincent Pastore são mais de 10 anos mais velhos que o James Gandolfini. Então fica essa estranha dúvida no ar.

Quanto ao Michael Gandolfini, ele é muito parecido com o pai. Os trejeitos, o olhar, a linguagem corporal, mas infelizmente, talento não se herda com a genética.

A ideia de um prequel foi interessante, afinal, The Sopranos foi um marco pra terceira era de ouro da Televisão, porém esse filme não condiz com sua grandiosidade.

Mais um clássico! Não tem muito o que falar, só aplaudir! Que trabalho impecável. Scorsese revisita suas melhores obras em The Irishman e mesmo assim nos apresenta um filme fascinante, renovado e genial. Long takes subjetivos, alguns em Dolly, outros em Steadycam que combinam e se alinham com o trabalho fantástico de direção de fotografia do Rodrigo Pietro. Trabalho esse que deixa o filme natural e suave. A técnica de iluminação usada, basicamente mudando o tom do filme com o passar dos anos, não só no quesito fotografia, mas também de acordo com o destino e ações do Frank (De Niro), tornam o VFX imperceptível. Sem contar com a missão quase impossível que tiveram para rejuvenescer e envelhecer ainda mais os três monstros sagrados do cinema, já que não foram usados dublês de corpo e segundo Marty: "Meus atores nunca vão usar capacetes ou qualquer outro acessório facial!" — Ainda sobre renovação, tem até narração tradicional que finaliza em uma sútil e genial quebra da quarta parede.

Que filme! Que trabalho incrível desse senhorzinho de 1,60m com quase 80 anos!

Gostei. Esperava mais, mas gostei. Mais uma vez o Tarantino brinca de licença poética, ou melhor, "justiça poética". Seja fuzilando a cara do Hitler ou no caso de Once Uppon A Time In Hollywood, matando brutalmente os assassinos da Sharon Tate.
Que venha o décimo desse gênio sanguinolento!