Igor Vinícius

O primeiro é que não se trata de um filme que ressalta a importância da família.
Cage vive o papel de um protagonista tentando reconstruir o sonho de ter uma família perfeita, que nunca existiu. O Mike tem histórico com drogas; tudo indica que a Shelly está no mesmo caminho e a Noreen parece ter sido tão infeliz como esposa quanto é o personagem de Cage no geral. Ou a relação deles foi infeliz por David não conseguir colocar os interesses da família frente ao seus, ou ela é infeliz agora por ele colocar os seus interesses de família frente aos interesses dos próprios membros da família.

David é um neurótico que não aceita sua culpa nisso tudo. O máximo que ele reconhece como sua responsabilidade está por não ter trazido molho tártaro para casa. David é mais que o personagem principal. Se a neurose é o que deve ser explorado, então ele é a própria trama.

Uma vez que David é o centro da trama, não há espaço para o desenvolvimento de outros personagens. Muito mais, a maneira como ele se desenvolve ressalta toda essa angustia que ele vive: um desenvolvimento aparentemente raso, simples e over-estimado.

Só resta espaço para o homem mais importante na vida do protagonista, que é o seu pai. O pai simboliza um oráculo em quase todos os instantes do filme. É com ele que David dialoga sobre as questões filosóficas que o incomodam e é nele que eventualmente encontra respostas. Todo o resto é plano de fundo.

Minha única conclusão é que se trata de um ótimo filme que tem bom roteiro, boas atuações e boa direção. Não há personagens mal desenvolvidos no sentido de que seus desenvolvimentos jamais se comparam ao próprio David. Assistiria mais 5 vezes.