Um daqueles filmes que ao terminar você vai dizer: "Puta que pariu pra que porra fui assistir isso?" Filme de 1979 baseado no livro "O Vidiota" de Jerzy Kosinski. No papel principal Peter Sellers, “desinterpreta” a vida e interpreta Chance, um jardineiro que ao que nada indica nasceu e viveu toda sua vida na casa de seu patrão sem nenhum contato com o mundo exterior que não a televisão que ele aprendeu a amar, endeusar e vivenciar. Sem registros, sem histórico, sem parentes, sem dinheiro, sem maldade ou bondade, munido de humanidade/humanismo, Chance vive sua vida entre seu quarto, sua TV, o jardim e as refeições servidas pela governanta da casa, até que seu patrão - o velho, como o chamava - morre. Despejado do lugar em que sempre viveu e nunca saiu perambula pelas ruas, descobrindo a vida que nunca havia visto, que não, pela TV. Até ser "semiatropelado" pelo carro pertencente a família Rand, que num ato de bondade e pré-pacificação a senhora Rand (Eve Randa) interpretada por Shirley MacLaine - absolutamente, sensual, linda, solitária e carente -, resolve levá-lo a sua mansão, já que lá existe um centro médico de última geração montado para atender ao seu marido, o multimilionário Benjamin Rand, que em sua velhice está à beira da morte por conta de uma doença de jovem. Neste contexto, Chance sendo quem sempre foi, pois nunca teve oportunidade e nem poderia ser alguém diferente, contagia transcendentalmente e hibridamente a todos que tem contatos, desde Eve, funcionários da mansão e Benjamim que o acolhe como um grande sábio que trata as ações da vida com sutileza e sobriedade que deveria ser. Como a única coisa que Chance teve contato além da TV em toda sua vida, foi o jardim ele trata de absolutamente tudo que lhe é perguntado como tal, assim nasce a política do "jardim da vida", que contagia o até então Presidente americano interpretado por Jack Warden, que o acata com a mesma perspicácia que Benjamim, porém com um tanto de oportunismo e esperteza. Com sua pureza desabrasiva Chance alcança popularidade notória no meio político e social, vai a TV, dá entrevistas, conquista admiradores e o amor de Eve, com o consentimento do moribundo Benjamin, que em suas últimas palavras pede-o que tome conta e a faça feliz - nesta cena é possível se ver uma mareação ocular deslocada da cena. No final do filme duas cenas extraordinárias e chocantes - enterro e lago - não para a época, mas para o sempre, que abrem um leque de interpretações infinitas para serem debatidas e que para mim talvez, seja a prova de que anjos não são criaturas celestiais com poderes místicos ou qualquer coisa desse tipo, mas sim criaturas desprovidas de maldades, criaturas que atingiram um nível tão absurdo de pureza, não de inocência, mas de pureza, que se convertem em tal. Muito além do Jardim vai muito além do que seus olhos podem ver.
Mais um daqueles filmes que cagam a obra literária, sim, ele caga mesmo de verdade, será que não enxergam a necessidade de se criar uma espécie de comissão julgadora para avaliar covers musicais, remakes ou adaptações de livros? Pois bem, o filme é estrelado por Ben Barnes, uma versão emo de Keanu Reeves que parece ter saído diretamente de Malhação, talvez seja o Fiuk gringo com mais prestígio e currículo. Atores ruins, cenas lentas, efeitos especiais anacrônicos, trilha sonora forçada, cenografia amadora e direção de cenas estúpidas, pois não passam absolutamente nada do que tentam passar: medo, excitação, frustração, desejo, suspense, absolutamente NADA, talvez a sonoplastia geral mereça um crédito. Não percam seu tempo, não vão ao cinema, vá a livraria ou biblioteca mais próxima e leiam o livro e pronto.
Taí mais um excelente documentário brasileiro e de um ilustre brasileiro - ilustre de verdade. Com direção de Rogério Velloso, produção de Carol Dantas e roteiro de George Queiroz, o filme faz jus a obra deixada pelo compositor, cantor, instrumentista, arranjador, sonhador e sofredor Itamar de Assumpção. Lembrando toda sua energia sonora e poética, o longa mostra momentos celebres do cantor em shows, ensaios, entre amigos e com sua válvula de escape do mundo cão: sua família. Um louco, aprisionado, maltratado e amaldiçoado por uma nação com retardo cultural que enaltece e exalta Chimbinhas e Luans Santanas da vida, alguém, que para muitos foi ninguém, com "cara de mal, falava tudo que tinha na cabeça; tinha cabelo duro, mas não tinha miolo mole". Fica registrado toda a indignação de Itamar em saber que tinha o que dizer e que poucos tinham vontade/acesso de escutar e sua não aceitação em "ter nascido para ser póstumo" - conforme a poeta e parceira musical Alice Ruiz, que junto a outros músicos, parceiros, amigos e família recheiam o filme com depoimentos arrebatadores, saudosos, entristecidos, enaltecedores e realistas sobre o homem, artista, amigo e pai que foi o Ita-mar. Dentre as imagens contidas, tem apresentações na Alemanha, França, o seu último show e dezenas de verdadeiras memórias dele com a Banda Isca de Polícia e Orquídea, que, aliás, junto com a música e família era uma de suas paixões - orquídeas, plantas e a natureza de modo geral. Do ponto de vista técnico a sonoplastia pode dar a entender uma confusão, mas do ponto de vista poético-artístico, compreende-se perfeitamente (para quem conhece o som) que essa confusão, mistura de elementos é nada mais que uma referência ao "pirex". Partindo do processo criativo de suas canções ao processo degenerativo de reco-nhecimento de sua obra em vida, fica a cada minuto mais claro a obscuridade de seu desejo em desejar, desconfiar e negar tudo aquilo que ele queria, mas somente da forma que ele queria. "Não devia ser fácil ser Itamar Assumpção" - Dessa forma a dificuldade em tudo insistia em fazer parte de sua vida. Morreu sem o devido reconhecimento, sem ter casa própria, sem ter todo seu trabalho lançado, sem ser reconhecido, sem ser acla-mado, sem ter a vasta obra utilizada como deveria e gostaria, uma mente pensante, elé-trica, além, altamente produtiva, massacrada, holocausteada pelo destino, pela vida, mal aproveitado, exceto, por ele mesmo, que sempre acreditou em si e seguiu em frente, e por aqueles que o acompanharam e souberam e sabem o seu incalculável valor para a cultura aculturada brasileira. Assim como Raul e tantos outros artistas amargos, dissolvi-dos, Itamar não morreu de câncer ou de outra doença específica qualquer, ele(s) morre-ram.consumidos pelo tédio, pelo cansaço da inquietude, pelo amargor das regras da vida. Aqui fica a dica de um documentário feito não para celebrar, ou não somente, para celebrar, mas para avisar, esclarecer que o Brasil tem muito a ser descoberto, aproveitado e justiçado. Se você conhece algo, ou não, mas possui uma sensata loucura vale muito a pena.
Um filme de memórias, conclusões e pensares em torno da perda, da mutilação genética e relações humanas familiares. A história gira em torno de uma família americana, típica e feliz, com três filhos criados nas trincheiras do amor incondicional solitário e materno (Jessica Chastain) e o amor truncado misturados a arrogância e seriedade do pai (Brad Pitt), que traja um figurino quase impecável, desde vestimentas a movimentos e manias comportamentais (corte de cabelo, postura, roupas e até uma espécie de prognatismo mandibular ocasional. Até feio conseguiram deixar ele). Mérito total para a preparação de lenco que traz crianças em atuações excelentes e semelhanças assustadoras com seus pais fictícios. O desabrochar da árvore se dá com a notícia da morte de um dos filhos, a partir daí uma enxurrada de memórias desde a concepção, nascimento, infância e momentos atuais, sequencia as imagens fazendo o telespectador entrar numa adorável e reflexiva sensação de paz com paisagens e sons das mais variadas formas de vida e criação existentes no nosso planeta. Em algumas passagens há longos minutos sem qualquer diálogo, parecendo que está se assistindo a um dos episódio do National Geographic, o que fazem alguns telespectadores desistir do filme - na sessão que assisti, seis pessoas jogaram a toalha. As imagens da vida no universo se confundem com as memórias abordadas no filme, conflitando, como se fossem a mesma coisa, o ciclo, do nascimento, desenvolvimento e fim - e talvez seja. Ou não? - Esse é o objetivo. Não é um filme ruim, excelente ou para poucos, é apenas um filme denso, mas confortável cuja atmosfera criada não foi projetada para grandes salas de shoppings, para ser assistido depois de um dia exaustivo de cansado, para convidar aquela garota, ou vê-lo em grupo, é um filme para ser assistindo quando o universo lhe conceber o mínimo de sintonia com algo puro, um fim de tarde com roupas e alimentação leve, café espresso, seiva de alfazema e um dia livre, depois dele para pensar e perambular pelas ruas. Compreendi a Árvore da Vida como uma resposta altamente pessoal e subjetiva, sobre umas das perguntas mais sombrias do universo "O que é a vida? O que é a morte?".
Filme bem bobinho, Sessão da Tarde mal feita, que dá para se assistir não tendo nada melhor para fazer. O que fica claro – novamente - é o declínio Hollywoodiano, ano após ano, com aquisições de importantes adeptos. Cada vez mais, torna-se comum, bons atores aceitarem papéis que não acrescentam nada a sua carreira, que não, altíssimas cifra$. O filme que tem roteiro, direção e produção de Tom Hanks, tem como protagonistas ele mesmo e Julia Roberts. Larry Crowne (Tom Hanks) após uma dedicada vida a seu emprego numa grande rede de supermercado é demitido, por não ter ambições na vida e nunca ter se inscrito numa faculdade. Desempregado, com casa na hipoteca e idade avançada para o mercado de trabalho, resolve começar a estudar e é lá que conhece Mercedes Tainot (Julia Roberts), que será sua professora de Observação Informal, uma mulher mal amada, indisposta e entediada com a vida. A partir daí é sé seguir o ABCD, os dois se estranham, depois se gostam, etc e tal e coisa. Em alguns momentos realmente tem cenas engraçadas, e o que impede o filme de ser perda total são os atores coadjuvantes, paralelos a história, como o vizinho (Cedric the Entertainer ), alguns alunos da turma entre eles Mack (Malcolm Barrett), um negão que em 3X4 já é engraçado, a participação da vocalista do Kid Abelha como a moça da financeira e a interpretação de Julia Roberts que não é modorra como muitas outras dela em filmes de grande sucesso.
Não é sangrento do começo ao fim, não é o mais violento do mundo, existem piores, mas o fato é que este filme possui muita ação, sangue, cenas de lutas muito bem dirigidas , sem gente voando aleatoriamente pra tudo que é lado, boas atuações e um roteiro bem coerente e preciso. A história se passa em torno de um evento incomum, uma competição entre assassinos, que acontece a cada sete anos em uma cidade qualquer do mundo, totalmente monitorada por câmeras, GPS e toda tecnologia possível que permita a transmissão em tempo real dos combates. O país da vez é a Grã-Bretanha, onde milionários se reúnem e fazem apostas mínimas de cem mil em seus preferidos dentre os 39 participantes de todo o mundo. O torneio paga ao ganhador 10 milhões e possui apenas uma regra: matar ou morrer. Após convocados, os assassinos ao chegar no local do torneio recebem um implante subcutâneo de um rastreador e um aparelho que indica a localização dos outros competidores, dessa forma eles vão a caça e são caçados. Além dessa adrenalina tem o drama pessoal de Joshua Harlow(Vig Rhames), que após vencer o último torneio - ocorrido no Brasil - resolve levar uma vida tranquila e se aposentar, mas tem sua esposa assassinada, fazendo-o participar da caçada em busca de vingança para descobrir quem a matou. Se você gosta de uma boa ação e cenas violentas bem dirigidas não perca esse filme.
E lá vou eu novamente pro cinema assistir uma comédia romântica - sim eu fui, sou descarado de carteirinha. Lá está eu com uma Amiga e "Kazammmm!", grande surpresa, Amizade Colorida é uma grande pedida para aqueles que apreciam uma verdadeira comédia romântica. Ao contrário da maioria esmagadora das últimas safras do gênero, esse foge a regra e traz um trabalho com ritmo empolgante, enredo e roteiro coerentes, diálogos reais sem lengalenga e acreditem: inteligentes. As atuações sem exceções, desde os protagonistas aos secundários são excelentes e cativam o telespectador desde a primeira cena até o final. O filme começa com uma cena bem montada de encontros passionais nas vidas dos protagonistas, que são as mesmas situações e apesar de ocorrem em locais diferentes, levam às mesmas perguntas: "por que um relacionamento é tão difícil?", "por que não se pode ter sexo e pronto?", "podemos ser amigos?" - clichê né? É sim. Mas com um bom roteiro, diálogos roubados do nosso cotidiano, boa fotografia e atuações, isso se torna uma adorável e prazerosa repetição que não culmina no "mais do mesmo e mal feito" como os milhares de comédias românticas por aí. É aquela velha historinha do bolo... qualquer imbecil sabe fazer um bolo, a receita é padrão, mas se você o faz de uma forma especial e com bons ingredientes não será mais "só" um bolo, será "o, aquele" bolo. Dylan (Justin Timberlake) é um blogueiro bem sucedido em Los Angeles, que recebe uma proposta de emprego em Nova York, tendo como mediadora da situação, Jamie (Mila Kunis), uma captadora de recursos humanos promissores para empresas. A princípio ele vai a uma entrevista e depois de aprovado, sob influência de Jamie, aceita o cargo de Diretor de Artes de uma revista, mudando-se assim para N.Y. onde tem apenas como referência ela, que aos poucos vai lhe apresentando as várias facetas da cidade. Os dois tornam-se amigos e numa noite, após expor seus pensamentos semelhantes sobre relacionamentos decidem fazer um acordo sob juramento de uma Bíblia digital, que farão sexo sem compromisso, nada, além disso. Daí a história se desenvolve, com os pesares e delícias de uma relação deste tipo, cenas cadenciadas, sagazes, inteligentes e realmente hilárias. Vale uma ressalva toda especial, para a mãe de Jamie (Patricia Clarkson) que está casualmente gostosíssima e atraente, dando um show na pele de Lorna, uma mãe relax, que curte a vida sem compromissos ou estresses; Tommy (Woody Harrelson), na serelepe atuação de um editor de esportes do tipo "gay-cara homem"; e de Richard Jenkins, que faz o pai de Dylan, um jornalista aposentado e bem sucedido, assombrado pela Alzheimer e pelo amor perdido, o que traz de forma rápida, mas não, evasiva ou desconexa, conflitos de família e pessoais. Até a dublagem tá perfeita – ponto pra gente. Fica então a esperança que os outros diretores e roteirista inspirem-se e parem de produzir merdas cinematográficas. Sem dúvidas este deve ser uma das comédias românticas do ano, se não "A" do ano. Desde "Minha Mãe Quer Que Eu Case" e “Ah! O Amor” que não vejo algo do tipo, tão interessante.
Brasileiro é foda, quando não caga na entrada, caga na saída. Depois de uma safra de boas e até excelentes filmes nacionais "voltamos" às origens com o Amanhã Nunca Mais, de Tadeu Jungle, com elenco convidativo. Logo na primeira cena, o telespectador se ajeita na poltrona e pensa "opa lá vem coisa boa", mas 20 minutos depois, "caralho, será que devolvem o dinheiro?". O filme conta a história de Walter (Lázaro Ramos), um médico anestesista, atormentado pelos pesares de uma vida urbana, sem emoções, autonomia, prazeres e desconforto pela sua incapacidade de não saber lidar com sua timidez e não conseguir dizer "não". Casado com a gostosinha Solange (Fernanda Machado) vive um casamento insosso cercado de "desculpas" e "o que eu podia fazer?". A coisa segue durante uma noite em que Walter, em virote de plantão, tem a missão, de pegar um bolo na confeiteira e levar no horário para a festa de sua filha, encarando todos os micros infortúnios e catástrofes que possam lhe ocorrer. E aí vai, vai, vai, vai e vai, até que acaba e você pensa "não é possível, é muita sacanagem... mas ainda bem que acabou". As únicas coisas aproveitáveis são algumas fotografias e montagem de cenas e a tentativa de Lázaro Ramos e Maria Luisa Mendonça, Fernanda Machado, Milhem Cortaz, Luis Miranda tentarem salvar o filme, sem sucesso. Nem os fodões Arnaldo Antunes e Abujamra acertaram na música. Amanhã Nunca Mais, nunca mais!
A grande atração da noite: O Fodástico Circo Esperança, "Sim-sim -salabim-sim-sim", não pensem em hipótese alguma perder este filmaço, de Direção, Roteiro e Atuação estupenda de Selton Mello, mostrando um avanço sapiente em relação ao seu primeiro trabalho atrás das câmeras - Feliz Natal.- que não é ruim, apenas demasiadamente denso e vazio. O Palhaço é um daqueles filmes em que você se sente confortável, cruzas as pernas e espera só sair dali depois do apocalipse. No Roteiro, dele e de Marcelo Vindicatto, a coisa se desenvolve de forma exoticamente simples, sim, simplicidade e dedicação é a exorbitância máxima deste longa, completo, sem furos, coerente, de fácil interpretação e emoções e sem os "desejares". Maquiagem, figurino, iluminação, montagem, som direto – intactos, e uma trilha sonora sob o comando de Plínio Profeta, que parece não ter sido feita para o filme, mas sim parida por ele, são unha e carne sem pôr nem tirar nenhum "esmalte ou cutícula". Na porta do circo estão Paulo José e Selton Mello, nas intocáveis interpretações dos Palhaços Puro Sangue e Pangaré, pai e filho, na guerrilha da sobrevivência pelo amor a arte e pelo conflito de fazer graça sem se ter "autograça" - parecem ter feito mestrado em Palhaço. Isso não é segredo, é resultado de trabalho duro, bons atores, direção e preparação de elenco - no apoio do espetáculo um time destruidor, não somente de estrelas consagradas ou que já brilharam, mas de interpretações com luz própria, que faz o telespectador pensar "caralho, por que me fazem assistir aquilo nas novelas?". Absolutamente todos os atores secundários, coadjuvantes, etc. Fazem do Circo Esperança um "Cirque du soleil", tornando tarefa árdua a preferência de uma atuação ou personagem. Somado a isso, as participações especiais, são ultra especiais, Moacyr Franco, Jackson Antunes, Ferrugem, Jorge Loredo, Fabiana Karla, Tonico Pereira entre outros. Com essa trupe você vai conhecer uma história quase boba de esperança, sonhos, conflitos, inocência, esperteza e de decisões que por menores e mais estúpidas que possam parecer, podem afetar a cada um, de uma forma especial e inclusive alterar algo sem que ele seja modificado, apenas visto de outra forma. Se você é do interior, é de circo, de família de artistas, se não é, se tem algum sonho esquecido, se tem algo que te incomoda, sê vê balões em preto em branco e uma folha de papel em branco colorida, vai gostar desse filme. Porque rir é bom, mas rir de tudo é desespero. Pois o gato bebe leite, o rato come queijo e você do que gosta? Que cada um possa encontrar seu ventilador.
Um filme de Jean-François Pouliot, escrito por Ken Scott que retrata com muito bom humor a luta dos moradores de uma ilha de pescadores chamada Saint Marie La Mauderne, que já teve tempos áureos de fertilidade, entretanto, há muito tempo os moradores daquela pacata cidadezinha são mantidos pelo seguro-desemprego oferecido pelo governo, o que para os moradores mais antigos é uma ofensa e vergonha, já que são fortes e se sentem aptos e dispostos a produzirem, mas sem incentivos ou suportes. Toda a história se desenrola a partir do momento em que uma fábrica demonstra interesse em abrir uma filial na ilha, só que para isso algumas exigências são feitas, entre elas, a residência fixa de um médico na cidade, que nunca teve um, e um número de moradores maior que 200, quando o total real aproxima-se dos 120. Todos reunidos liderados por Germain, o antigo Prefeito da cidade, montam uma graciosa e bem humorada farsa para conseguir um médico e fazer com que em um mês ele se encante pela cidade e decida assinar um contrato de cinco anos, além de quase duplicar a quantidade de habitantes e maquiar a cidade para que pareça irresistivelmente sedutora. Vale à pena conferir esse filme delicioso, num fim de tarde.
Brandon (Michael Fassbender) é um homem simpático, na casa dos 40, que conquistou algumas realizações (emprego estável e casa própria) em Nova York. Solitário, divide seus dias entre seu trabalho num escritório, seu apartamento e sexo das mais variadas formas possíveis. Não como lazer, mas como uma penitência perniciosa. Gradativamente o longa vai revelando a faceta da vergonha na vida de uma pessoa viciada, seja em que for. No caso de Brandon, um sexólatra que se deteriora dia a dia em busca, não de seu objeto de desejo, mas do de sua escravidão. Ele não consegue se livrar da pornografia nem no trabalho e quando em casa, blinda-se em seu mundo com chats eróticos, revistas, filmes e prostitutas. A rotina de Brandon é abalada com a chegada repentina, porém previsível, de sua irmã Cissy (Carey Mulligan), uma cantora com histórico suicida, que após inúmeras tentativas fracassadas de contato com seu irmão, aparece para ficar por uns dias. O convívio diário com uma pessoa que tende a ter intimidades e a penetrar nas suas, desestabiliza ainda mais a vida de Brandon que não consegue manter a mascara social por muito tempo e desaba do seu castelo pornográfico, mostrando o apego pelo desapego e a incapacidade de se relacionar emotivamente com quem quer que seja. Para completar seu quadro, surge com uma colega de trabalho a oportunidade de um relacionamento "normal" não somente baseado em sexo, o que só faz afirmar seus medos. O filme consegue manter um clima pastoso, obscuro necessário para abordagem da espessa humilhação a que se submetem os viciados, que para sustentar seu vicio, põe em jogo sua vida social, integridade física e mental, uma trilha sonora não impecável, mas perfeita em algumas passagens, boa fotografia e atuações. Shame, não é mais um filme sem fim, mas uma história que não pode terminar enquanto a vida do personagem persista.
Talvez o mais chocante desse filme é ver e ouviar o "chocante e peverso" das pessoas que se sentam todos os dias pela manhã e leem o jornal no café. Bubby é o poder de criação, destruição e insanidade sintonica carmica e carente da humanidade.
Muito Além do Jardim
4.1 267 Assista AgoraUm daqueles filmes que ao terminar você vai dizer: "Puta que pariu pra que porra fui assistir isso?" Filme de 1979 baseado no livro "O Vidiota" de Jerzy Kosinski. No papel principal Peter Sellers, “desinterpreta” a vida e interpreta Chance, um jardineiro que ao que nada indica nasceu e viveu toda sua vida na casa de seu patrão sem nenhum contato com o mundo exterior que não a televisão que ele aprendeu a amar, endeusar e vivenciar. Sem registros, sem histórico, sem parentes, sem dinheiro, sem maldade ou bondade, munido de humanidade/humanismo, Chance vive sua vida entre seu quarto, sua TV, o jardim e as refeições servidas pela governanta da casa, até que seu patrão - o velho, como o chamava - morre.
Despejado do lugar em que sempre viveu e nunca saiu perambula pelas ruas, descobrindo a vida que nunca havia visto, que não, pela TV. Até ser "semiatropelado" pelo carro pertencente a família Rand, que num ato de bondade e pré-pacificação a senhora Rand (Eve Randa) interpretada por Shirley MacLaine - absolutamente, sensual, linda, solitária e carente -, resolve levá-lo a sua mansão, já que lá existe um centro médico de última geração montado para atender ao seu marido, o multimilionário Benjamin Rand, que em sua velhice está à beira da morte por conta de uma doença de jovem. Neste contexto, Chance sendo quem sempre foi, pois nunca teve oportunidade e nem poderia ser alguém diferente, contagia transcendentalmente e hibridamente a todos que tem contatos, desde Eve, funcionários da mansão e Benjamim que o acolhe como um grande sábio que trata as ações da vida com sutileza e sobriedade que deveria ser. Como a única coisa que Chance teve contato além da TV em toda sua vida, foi o jardim ele trata de absolutamente tudo que lhe é perguntado como tal, assim nasce a política do "jardim da vida", que contagia o até então Presidente americano interpretado por Jack Warden, que o acata com a mesma perspicácia que Benjamim, porém com um tanto de oportunismo e esperteza.
Com sua pureza desabrasiva Chance alcança popularidade notória no meio político e social, vai a TV, dá entrevistas, conquista admiradores e o amor de Eve, com o consentimento do moribundo Benjamin, que em suas últimas palavras pede-o que tome conta e a faça feliz - nesta cena é possível se ver uma mareação ocular deslocada da cena. No final do filme duas cenas extraordinárias e chocantes - enterro e lago - não para a época, mas para o sempre, que abrem um leque de interpretações infinitas para serem debatidas e que para mim talvez, seja a prova de que anjos não são criaturas celestiais com poderes místicos ou qualquer coisa desse tipo, mas sim criaturas desprovidas de maldades, criaturas que atingiram um nível tão absurdo de pureza, não de inocência, mas de pureza, que se convertem em tal. Muito além do Jardim vai muito além do que seus olhos podem ver.
O Retrato de Dorian Gray
3.2 1,5K Assista AgoraMais um daqueles filmes que cagam a obra literária, sim, ele caga mesmo de verdade, será que não enxergam a necessidade de se criar uma espécie de comissão julgadora para avaliar covers musicais, remakes ou adaptações de livros? Pois bem, o filme é estrelado por Ben Barnes, uma versão emo de Keanu Reeves que parece ter saído diretamente de Malhação, talvez seja o Fiuk gringo com mais prestígio e currículo. Atores ruins, cenas lentas, efeitos especiais anacrônicos, trilha sonora forçada, cenografia amadora e direção de cenas estúpidas, pois não passam absolutamente nada do que tentam passar: medo, excitação, frustração, desejo, suspense, absolutamente NADA, talvez a sonoplastia geral mereça um crédito.
Não percam seu tempo, não vão ao cinema, vá a livraria ou biblioteca mais próxima e leiam o livro e pronto.
Daquele Instante em Diante
4.4 25Taí mais um excelente documentário brasileiro e de um ilustre brasileiro - ilustre de verdade. Com direção de Rogério Velloso, produção de Carol Dantas e roteiro de George Queiroz, o filme faz jus a obra deixada pelo compositor, cantor, instrumentista, arranjador, sonhador e sofredor Itamar de Assumpção. Lembrando toda sua energia sonora e poética, o longa mostra momentos celebres do cantor em shows, ensaios, entre amigos e com sua válvula de escape do mundo cão: sua família. Um louco, aprisionado, maltratado e amaldiçoado por uma nação com retardo cultural que enaltece e exalta Chimbinhas e Luans Santanas da vida, alguém, que para muitos foi ninguém, com "cara de mal, falava tudo que tinha na cabeça; tinha cabelo duro, mas não tinha miolo mole".
Fica registrado toda a indignação de Itamar em saber que tinha o que dizer e que poucos tinham vontade/acesso de escutar e sua não aceitação em "ter nascido para ser póstumo" - conforme a poeta e parceira musical Alice Ruiz, que junto a outros músicos, parceiros, amigos e família recheiam o filme com depoimentos arrebatadores, saudosos, entristecidos, enaltecedores e realistas sobre o homem, artista, amigo e pai que foi o Ita-mar. Dentre as imagens contidas, tem apresentações na Alemanha, França, o seu último show e dezenas de verdadeiras memórias dele com a Banda Isca de Polícia e Orquídea, que, aliás, junto com a música e família era uma de suas paixões - orquídeas, plantas e a natureza de modo geral. Do ponto de vista técnico a sonoplastia pode dar a entender uma confusão, mas do ponto de vista poético-artístico, compreende-se perfeitamente (para quem conhece o som) que essa confusão, mistura de elementos é nada mais que uma referência ao "pirex".
Partindo do processo criativo de suas canções ao processo degenerativo de reco-nhecimento de sua obra em vida, fica a cada minuto mais claro a obscuridade de seu desejo em desejar, desconfiar e negar tudo aquilo que ele queria, mas somente da forma que ele queria. "Não devia ser fácil ser Itamar Assumpção" - Dessa forma a dificuldade em tudo insistia em fazer parte de sua vida. Morreu sem o devido reconhecimento, sem ter casa própria, sem ter todo seu trabalho lançado, sem ser reconhecido, sem ser acla-mado, sem ter a vasta obra utilizada como deveria e gostaria, uma mente pensante, elé-trica, além, altamente produtiva, massacrada, holocausteada pelo destino, pela vida, mal aproveitado, exceto, por ele mesmo, que sempre acreditou em si e seguiu em frente, e por aqueles que o acompanharam e souberam e sabem o seu incalculável valor para a cultura aculturada brasileira. Assim como Raul e tantos outros artistas amargos, dissolvi-dos, Itamar não morreu de câncer ou de outra doença específica qualquer, ele(s) morre-ram.consumidos pelo tédio, pelo cansaço da inquietude, pelo amargor das regras da vida.
Aqui fica a dica de um documentário feito não para celebrar, ou não somente, para celebrar, mas para avisar, esclarecer que o Brasil tem muito a ser descoberto, aproveitado e justiçado. Se você conhece algo, ou não, mas possui uma sensata loucura vale muito a pena.
A Árvore da Vida
3.4 3,1K Assista AgoraUm filme de memórias, conclusões e pensares em torno da perda, da mutilação genética e relações humanas familiares. A história gira em torno de uma família americana, típica e feliz, com três filhos criados nas trincheiras do amor incondicional solitário e materno (Jessica Chastain) e o amor truncado misturados a arrogância e seriedade do pai (Brad Pitt), que traja um figurino quase impecável, desde vestimentas a movimentos e manias comportamentais (corte de cabelo, postura, roupas e até uma espécie de prognatismo mandibular ocasional. Até feio conseguiram deixar ele). Mérito total para a preparação de lenco que traz crianças em atuações excelentes e semelhanças assustadoras com seus pais fictícios.
O desabrochar da árvore se dá com a notícia da morte de um dos filhos, a partir daí uma enxurrada de memórias desde a concepção, nascimento, infância e momentos atuais, sequencia as imagens fazendo o telespectador entrar numa adorável e reflexiva sensação de paz com paisagens e sons das mais variadas formas de vida e criação existentes no nosso planeta. Em algumas passagens há longos minutos sem qualquer diálogo, parecendo que está se assistindo a um dos episódio do National Geographic, o que fazem alguns telespectadores desistir do filme - na sessão que assisti, seis pessoas jogaram a toalha. As imagens da vida no universo se confundem com as memórias abordadas no filme, conflitando, como se fossem a mesma coisa, o ciclo, do nascimento, desenvolvimento e fim - e talvez seja. Ou não? - Esse é o objetivo.
Não é um filme ruim, excelente ou para poucos, é apenas um filme denso, mas confortável cuja atmosfera criada não foi projetada para grandes salas de shoppings, para ser assistido depois de um dia exaustivo de cansado, para convidar aquela garota, ou vê-lo em grupo, é um filme para ser assistindo quando o universo lhe conceber o mínimo de sintonia com algo puro, um fim de tarde com roupas e alimentação leve, café espresso, seiva de alfazema e um dia livre, depois dele para pensar e perambular pelas ruas. Compreendi a Árvore da Vida como uma resposta altamente pessoal e subjetiva, sobre umas das perguntas mais sombrias do universo "O que é a vida? O que é a morte?".
Larry Crowne: O Amor Está de Volta
3.0 714 Assista AgoraFilme bem bobinho, Sessão da Tarde mal feita, que dá para se assistir não tendo nada melhor para fazer. O que fica claro – novamente - é o declínio Hollywoodiano, ano após ano, com aquisições de importantes adeptos. Cada vez mais, torna-se comum, bons atores aceitarem papéis que não acrescentam nada a sua carreira, que não, altíssimas cifra$. O filme que tem roteiro, direção e produção de Tom Hanks, tem como protagonistas ele mesmo e Julia Roberts. Larry Crowne (Tom Hanks) após uma dedicada vida a seu emprego numa grande rede de supermercado é demitido, por não ter ambições na vida e nunca ter se inscrito numa faculdade. Desempregado, com casa na hipoteca e idade avançada para o mercado de trabalho, resolve começar a estudar e é lá que conhece Mercedes Tainot (Julia Roberts), que será sua professora de Observação Informal, uma mulher mal amada, indisposta e entediada com a vida. A partir daí é sé seguir o ABCD, os dois se estranham, depois se gostam, etc e tal e coisa.
Em alguns momentos realmente tem cenas engraçadas, e o que impede o filme de ser perda total são os atores coadjuvantes, paralelos a história, como o vizinho (Cedric the Entertainer ), alguns alunos da turma entre eles Mack (Malcolm Barrett), um negão que em 3X4 já é engraçado, a participação da vocalista do Kid Abelha como a moça da financeira e a interpretação de Julia Roberts que não é modorra como muitas outras dela em filmes de grande sucesso.
Vingança Entre Assassinos
3.3 203 Assista AgoraNão é sangrento do começo ao fim, não é o mais violento do mundo, existem piores, mas o fato é que este filme possui muita ação, sangue, cenas de lutas muito bem dirigidas , sem gente voando aleatoriamente pra tudo que é lado, boas atuações e um roteiro bem coerente e preciso. A história se passa em torno de um evento incomum, uma competição entre assassinos, que acontece a cada sete anos em uma cidade qualquer do mundo, totalmente monitorada por câmeras, GPS e toda tecnologia possível que permita a transmissão em tempo real dos combates. O país da vez é a Grã-Bretanha, onde milionários se reúnem e fazem apostas mínimas de cem mil em seus preferidos dentre os 39 participantes de todo o mundo. O torneio paga ao ganhador 10 milhões e possui apenas uma regra: matar ou morrer.
Após convocados, os assassinos ao chegar no local do torneio recebem um implante subcutâneo de um rastreador e um aparelho que indica a localização dos outros competidores, dessa forma eles vão a caça e são caçados. Além dessa adrenalina tem o drama pessoal de Joshua Harlow(Vig Rhames), que após vencer o último torneio - ocorrido no Brasil - resolve levar uma vida tranquila e se aposentar, mas tem sua esposa assassinada, fazendo-o participar da caçada em busca de vingança para descobrir quem a matou. Se você gosta de uma boa ação e cenas violentas bem dirigidas não perca esse filme.
Amizade Colorida
3.5 3,0K Assista AgoraE lá vou eu novamente pro cinema assistir uma comédia romântica - sim eu fui, sou descarado de carteirinha. Lá está eu com uma Amiga e "Kazammmm!", grande surpresa, Amizade Colorida é uma grande pedida para aqueles que apreciam uma verdadeira comédia romântica. Ao contrário da maioria esmagadora das últimas safras do gênero, esse foge a regra e traz um trabalho com ritmo empolgante, enredo e roteiro coerentes, diálogos reais sem lengalenga e acreditem: inteligentes. As atuações sem exceções, desde os protagonistas aos secundários são excelentes e cativam o telespectador desde a primeira cena até o final.
O filme começa com uma cena bem montada de encontros passionais nas vidas dos protagonistas, que são as mesmas situações e apesar de ocorrem em locais diferentes, levam às mesmas perguntas: "por que um relacionamento é tão difícil?", "por que não se pode ter sexo e pronto?", "podemos ser amigos?" - clichê né? É sim. Mas com um bom roteiro, diálogos roubados do nosso cotidiano, boa fotografia e atuações, isso se torna uma adorável e prazerosa repetição que não culmina no "mais do mesmo e mal feito" como os milhares de comédias românticas por aí. É aquela velha historinha do bolo... qualquer imbecil sabe fazer um bolo, a receita é padrão, mas se você o faz de uma forma especial e com bons ingredientes não será mais "só" um bolo, será "o, aquele" bolo.
Dylan (Justin Timberlake) é um blogueiro bem sucedido em Los Angeles, que recebe uma proposta de emprego em Nova York, tendo como mediadora da situação, Jamie (Mila Kunis), uma captadora de recursos humanos promissores para empresas. A princípio ele vai a uma entrevista e depois de aprovado, sob influência de Jamie, aceita o cargo de Diretor de Artes de uma revista, mudando-se assim para N.Y. onde tem apenas como referência ela, que aos poucos vai lhe apresentando as várias facetas da cidade. Os dois tornam-se amigos e numa noite, após expor seus pensamentos semelhantes sobre relacionamentos decidem fazer um acordo sob juramento de uma Bíblia digital, que farão sexo sem compromisso, nada, além disso. Daí a história se desenvolve, com os pesares e delícias de uma relação deste tipo, cenas cadenciadas, sagazes, inteligentes e realmente hilárias. Vale uma ressalva toda especial, para a mãe de Jamie (Patricia Clarkson) que está casualmente gostosíssima e atraente, dando um show na pele de Lorna, uma mãe relax, que curte a vida sem compromissos ou estresses; Tommy (Woody Harrelson), na serelepe atuação de um editor de esportes do tipo "gay-cara homem"; e de Richard Jenkins, que faz o pai de Dylan, um jornalista aposentado e bem sucedido, assombrado pela Alzheimer e pelo amor perdido, o que traz de forma rápida, mas não, evasiva ou desconexa, conflitos de família e pessoais. Até a dublagem tá perfeita – ponto pra gente.
Fica então a esperança que os outros diretores e roteirista inspirem-se e parem de produzir merdas cinematográficas. Sem dúvidas este deve ser uma das comédias românticas do ano, se não "A" do ano. Desde "Minha Mãe Quer Que Eu Case" e “Ah! O Amor” que não vejo algo do tipo, tão interessante.
Noite de Ano Novo
3.1 1,2K Assista AgoraSem dúvida uma das melhores comédias românticas contemporâneas.
Amanhã Nunca Mais
2.8 166Brasileiro é foda, quando não caga na entrada, caga na saída. Depois de uma safra de boas e até excelentes filmes nacionais "voltamos" às origens com o Amanhã Nunca Mais, de Tadeu Jungle, com elenco convidativo. Logo na primeira cena, o telespectador se ajeita na poltrona e pensa "opa lá vem coisa boa", mas 20 minutos depois, "caralho, será que devolvem o dinheiro?". O filme conta a história de Walter (Lázaro Ramos), um médico anestesista, atormentado pelos pesares de uma vida urbana, sem emoções, autonomia, prazeres e desconforto pela sua incapacidade de não saber lidar com sua timidez e não conseguir dizer "não". Casado com a gostosinha Solange (Fernanda Machado) vive um casamento insosso cercado de "desculpas" e "o que eu podia fazer?". A coisa segue durante uma noite em que Walter, em virote de plantão, tem a missão, de pegar um bolo na confeiteira e levar no horário para a festa de sua filha, encarando todos os micros infortúnios e catástrofes que possam lhe ocorrer. E aí vai, vai, vai, vai e vai, até que acaba e você pensa "não é possível, é muita sacanagem... mas ainda bem que acabou". As únicas coisas aproveitáveis são algumas fotografias e montagem de cenas e a tentativa de Lázaro Ramos e Maria Luisa Mendonça, Fernanda Machado, Milhem Cortaz, Luis Miranda tentarem salvar o filme, sem sucesso. Nem os fodões Arnaldo Antunes e Abujamra acertaram na música. Amanhã Nunca Mais, nunca mais!
O Palhaço
3.6 2,2K Assista AgoraA grande atração da noite: O Fodástico Circo Esperança, "Sim-sim -salabim-sim-sim", não pensem em hipótese alguma perder este filmaço, de Direção, Roteiro e Atuação estupenda de Selton Mello, mostrando um avanço sapiente em relação ao seu primeiro trabalho atrás das câmeras - Feliz Natal.- que não é ruim, apenas demasiadamente denso e vazio. O Palhaço é um daqueles filmes em que você se sente confortável, cruzas as pernas e espera só sair dali depois do apocalipse. No Roteiro, dele e de Marcelo Vindicatto, a coisa se desenvolve de forma exoticamente simples, sim, simplicidade e dedicação é a exorbitância máxima deste longa, completo, sem furos, coerente, de fácil interpretação e emoções e sem os "desejares". Maquiagem, figurino, iluminação, montagem, som direto – intactos, e uma trilha sonora sob o comando de Plínio Profeta, que parece não ter sido feita para o filme, mas sim parida por ele, são unha e carne sem pôr nem tirar nenhum "esmalte ou cutícula". Na porta do circo estão Paulo José e Selton Mello, nas intocáveis interpretações dos Palhaços Puro Sangue e Pangaré, pai e filho, na guerrilha da sobrevivência pelo amor a arte e pelo conflito de fazer graça sem se ter "autograça" - parecem ter feito mestrado em Palhaço. Isso não é segredo, é resultado de trabalho duro, bons atores, direção e preparação de elenco - no apoio do espetáculo um time destruidor, não somente de estrelas consagradas ou que já brilharam, mas de interpretações com luz própria, que faz o telespectador pensar "caralho, por que me fazem assistir aquilo nas novelas?". Absolutamente todos os atores secundários, coadjuvantes, etc. Fazem do Circo Esperança um "Cirque du soleil", tornando tarefa árdua a preferência de uma atuação ou personagem. Somado a isso, as participações especiais, são ultra especiais, Moacyr Franco, Jackson Antunes, Ferrugem, Jorge Loredo, Fabiana Karla, Tonico Pereira entre outros.
Com essa trupe você vai conhecer uma história quase boba de esperança, sonhos, conflitos, inocência, esperteza e de decisões que por menores e mais estúpidas que possam parecer, podem afetar a cada um, de uma forma especial e inclusive alterar algo sem que ele seja modificado, apenas visto de outra forma. Se você é do interior, é de circo, de família de artistas, se não é, se tem algum sonho esquecido, se tem algo que te incomoda, sê vê balões em preto em branco e uma folha de papel em branco colorida, vai gostar desse filme. Porque rir é bom, mas rir de tudo é desespero. Pois o gato bebe leite, o rato come queijo e você do que gosta? Que cada um possa encontrar seu ventilador.
A Grande Sedução
4.0 27 Assista AgoraUm filme de Jean-François Pouliot, escrito por Ken Scott que retrata com muito bom humor a luta dos moradores de uma ilha de pescadores chamada Saint Marie La Mauderne, que já teve tempos áureos de fertilidade, entretanto, há muito tempo os moradores daquela pacata cidadezinha são mantidos pelo seguro-desemprego oferecido pelo governo, o que para os moradores mais antigos é uma ofensa e vergonha, já que são fortes e se sentem aptos e dispostos a produzirem, mas sem incentivos ou suportes. Toda a história se desenrola a partir do momento em que uma fábrica demonstra interesse em abrir uma filial na ilha, só que para isso algumas exigências são feitas, entre elas, a residência fixa de um médico na cidade, que nunca teve um, e um número de moradores maior que 200, quando o total real aproxima-se dos 120. Todos reunidos liderados por Germain, o antigo Prefeito da cidade, montam uma graciosa e bem humorada farsa para conseguir um médico e fazer com que em um mês ele se encante pela cidade e decida assinar um contrato de cinco anos, além de quase duplicar a quantidade de habitantes e maquiar a cidade para que pareça irresistivelmente sedutora.
Vale à pena conferir esse filme delicioso, num fim de tarde.
Shame
3.6 2,0K Assista AgoraBrandon (Michael Fassbender) é um homem simpático, na casa dos 40, que conquistou algumas realizações (emprego estável e casa própria) em Nova York. Solitário, divide seus dias entre seu trabalho num escritório, seu apartamento e sexo das mais variadas formas possíveis. Não como lazer, mas como uma penitência perniciosa. Gradativamente o longa vai revelando a faceta da vergonha na vida de uma pessoa viciada, seja em que for. No caso de Brandon, um sexólatra que se deteriora dia a dia em busca, não de seu objeto de desejo, mas do de sua escravidão. Ele não consegue se livrar da pornografia nem no trabalho e quando em casa, blinda-se em seu mundo com chats eróticos, revistas, filmes e prostitutas.
A rotina de Brandon é abalada com a chegada repentina, porém previsível, de sua irmã Cissy (Carey Mulligan), uma cantora com histórico suicida, que após inúmeras tentativas fracassadas de contato com seu irmão, aparece para ficar por uns dias. O convívio diário com uma pessoa que tende a ter intimidades e a penetrar nas suas, desestabiliza ainda mais a vida de Brandon que não consegue manter a mascara social por muito tempo e desaba do seu castelo pornográfico, mostrando o apego pelo desapego e a incapacidade de se relacionar emotivamente com quem quer que seja. Para completar seu quadro, surge com uma colega de trabalho a oportunidade de um relacionamento "normal" não somente baseado em sexo, o que só faz afirmar seus medos.
O filme consegue manter um clima pastoso, obscuro necessário para abordagem da espessa humilhação a que se submetem os viciados, que para sustentar seu vicio, põe em jogo sua vida social, integridade física e mental, uma trilha sonora não impecável, mas perfeita em algumas passagens, boa fotografia e atuações. Shame, não é mais um filme sem fim, mas uma história que não pode terminar enquanto a vida do personagem persista.
A Casa de Alice
3.7 139 Assista AgoraFilme surpreendente, com elenco engajado e roteiro do jeitinho que a vida é.
Bad Boy Bubby
4.0 142Talvez o mais chocante desse filme é ver e ouviar o "chocante e peverso" das pessoas que se sentam todos os dias pela manhã e leem o jornal no café. Bubby é o poder de criação, destruição e insanidade sintonica carmica e carente da humanidade.