Lembro que, em 2015, quando a série começou, flodei o primeiro episódio em todo lugar que pude, mesmo que em grupos que nada tinham a ver com a temática, ou pessoas que não se importavam com nada do que a série fala. Por fim, um amigo viu também, e passamos o restante da temporada discutindo episódio a episódio, o que foi a melhor experiência que tive com uma obra assim.
E então, veio a segunda temporada.
Muitos desistiram nela. Apesar de concordar com parte das críticas que a série recebia, principalmente por sua morosidade narrativa, ela ainda possuía um primor técnico tão grande, que era impossível para mim não continuar acompanhando. Embora a narrativa em si tenha sido prejudicada por algumas decisões, todo o restante permanecia impecável. A filmografia disfórica, a trilha sonora claustrofóbica e assertiva e, como não podia deixar de ser, a edição absolutamente primorosa. Lembro de uma sequência onde dois personagens lutam pelo controle, em que tudo funciona perfeitamente, desde a fotografia com enquadramentos cada vez mais experimentais, ao ritmo pulsante e entrecortado da edição. Mesmo entendendo quem desistiu nesse arco da história, não pude negar isso e fazer o mesmo.
Engraçado como que, ainda que mais madura, a terceira temporada parecia também mais tímida. Por mais que envolvesse elementos que escalonavam a narrativa, tudo dava a entender que o que acontecia ali era mais íntimo, fechado e com propósito mais definido que nunca. Deixando para trás a filmografia completamente intimista, o foco agora era em ampliar o escopo técnico e emocional, de todos os elementos apresentados até então. Era o Sam Esmail demonstrando que nunca perdeu o controle de sua criação, mesmo que, por um momento, tenhamos tido dúvidas de sua capacidade de contar uma história. Menos soturna e mais pessoal, a narrativa adentra a mente e consequências dos atos do Elliot, finalmente o reconhecendo e responsabilizando. O ponto alto, como não poderia deixar de ser, é o quinto episódio, todo feito em plano sequência (ou ao menos em um falso plano sequência), que não só ressalta a capacidade de direção e edição de Sam Esmail, como coloca a prova a nossa percepção do que é possível em uma série para a televisão.
E então temos, por fim, a quarta temporada.
Não existem mais dúvidas da capacidade técnica, ou da narrativa, só o que resta agora, é a hesitação de que, se isso será suficiente para uma conclusão a altura de tudo o que nos foi oferecido até então. E a resposta? Bem, a resposta é sim. Ainda que houvesse demonstrado exaustivamente o quanto dominava a história que estava contando, Sam Esmail, como o bom anfitrião que é, guardou o melhor para o final. Em uma série de episódios experimentais, onde cada personagem recebia a conclusão que merecia, sem nunca esquecer a responsabilidade que era o fechamento desses arcos, a série deixava claro que tudo, absolutamente tudo até aqui, fora cuidadosamente planejado. As referências, tão fortes ao longo de todo o show, estão agora ainda mais intensas, mesmo que igualmente mais sutis. Perguntas que nunca careceram de respostas, continuaram assim. O que era a máquina de Whiterose? Não importa. Tudo o que precisamos saber, é que aqueles personagens podem, enfim, tomar o controle, e que nossa participação chegou ao fim, não precisamos mais testemunhar ou validar nada, está na hora de tomarmos o controle de nossas vidas de volta.
Adeus, Elliot.
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Loki (1ª Temporada)
4.0 489 Assista AgoraPerda de tempo, assim como todas as outras séries da Marvel e metade dos filmes.
Mr. Robot (4ª Temporada)
4.6 370Eu tô quebrado.
Lembro que, em 2015, quando a série começou, flodei o primeiro episódio em todo lugar que pude, mesmo que em grupos que nada tinham a ver com a temática, ou pessoas que não se importavam com nada do que a série fala. Por fim, um amigo viu também, e passamos o restante da temporada discutindo episódio a episódio, o que foi a melhor experiência que tive com uma obra assim.
E então, veio a segunda temporada.
Muitos desistiram nela. Apesar de concordar com parte das críticas que a série recebia, principalmente por sua morosidade narrativa, ela ainda possuía um primor técnico tão grande, que era impossível para mim não continuar acompanhando. Embora a narrativa em si tenha sido prejudicada por algumas decisões, todo o restante permanecia impecável. A filmografia disfórica, a trilha sonora claustrofóbica e assertiva e, como não podia deixar de ser, a edição absolutamente primorosa. Lembro de uma sequência onde dois personagens lutam pelo controle, em que tudo funciona perfeitamente, desde a fotografia com enquadramentos cada vez mais experimentais, ao ritmo pulsante e entrecortado da edição. Mesmo entendendo quem desistiu nesse arco da história, não pude negar isso e fazer o mesmo.
Engraçado como que, ainda que mais madura, a terceira temporada parecia também mais tímida. Por mais que envolvesse elementos que escalonavam a narrativa, tudo dava a entender que o que acontecia ali era mais íntimo, fechado e com propósito mais definido que nunca. Deixando para trás a filmografia completamente intimista, o foco agora era em ampliar o escopo técnico e emocional, de todos os elementos apresentados até então. Era o Sam Esmail demonstrando que nunca perdeu o controle de sua criação, mesmo que, por um momento, tenhamos tido dúvidas de sua capacidade de contar uma história. Menos soturna e mais pessoal, a narrativa adentra a mente e consequências dos atos do Elliot, finalmente o reconhecendo e responsabilizando. O ponto alto, como não poderia deixar de ser, é o quinto episódio, todo feito em plano sequência (ou ao menos em um falso plano sequência), que não só ressalta a capacidade de direção e edição de Sam Esmail, como coloca a prova a nossa percepção do que é possível em uma série para a televisão.
E então temos, por fim, a quarta temporada.
Não existem mais dúvidas da capacidade técnica, ou da narrativa, só o que resta agora, é a hesitação de que, se isso será suficiente para uma conclusão a altura de tudo o que nos foi oferecido até então. E a resposta? Bem, a resposta é sim. Ainda que houvesse demonstrado exaustivamente o quanto dominava a história que estava contando, Sam Esmail, como o bom anfitrião que é, guardou o melhor para o final. Em uma série de episódios experimentais, onde cada personagem recebia a conclusão que merecia, sem nunca esquecer a responsabilidade que era o fechamento desses arcos, a série deixava claro que tudo, absolutamente tudo até aqui, fora cuidadosamente planejado. As referências, tão fortes ao longo de todo o show, estão agora ainda mais intensas, mesmo que igualmente mais sutis. Perguntas que nunca careceram de respostas, continuaram assim. O que era a máquina de Whiterose? Não importa. Tudo o que precisamos saber, é que aqueles personagens podem, enfim, tomar o controle, e que nossa participação chegou ao fim, não precisamos mais testemunhar ou validar nada, está na hora de tomarmos o controle de nossas vidas de volta.
Adeus, Elliot.