Eu achei que o filme conseguiu extrair a potencialidade da obra de Stevenson e construir um roteiro absolutamente instigante considerando o clímax da obra O Médico e o Monstro, que é precisamente o problema
. E, nesse sentido, o roteiro consegue trazer maior profundidade simbólica à narrativa que carece à obra de Stevenson. Entretanto, ao contrário do que foi comentado aqui, considero que o livro e o filme, como linguagens independentes, complementam-se; não competem entre si. As principais diferenças são o foco narrativo e o desenvolvimento do roteiro a partir do clímax do livro. O foco narrativo em Dr. Jekyll consegue transportar com mais eficiência o espectador para dentro do universo psicológico do personagem, aumentando e potencializando sua experiência sensível e estética. O desenvolvimento na obra de Stevenson se dá quase que absolutamente à trama investigativa, e apesar de o filme ir para outro rumo, este não deixou faltar ao expectador a sensação instigante de descoberta iminente.
É realmente muito fofa a maneira do filme de mostrar a discriminação de grupos (e fundamentação equivocada em uma razão biológica/científica, como já foi feita por Lombroso, Galton, entre outros) e apontar isso como algo a ser superado
Eu li o livro antes de assistir ao filme e acredito que isso complementou muito a experiência. A história foi escrita por Stanley Kubrick em parceria com Arthur C. Clarke. No livro de Arthur C. Clarke somos apresentados mais detalhadamente à pretensão e motivação do roteiro do filme; no filme o complemento visual se torna essencial para preencher possíveis lacunas da narrativa do livro. De qualquer maneira, é um ótimo material de ficção científica e acho que a experiência fica sensacional quando combinamos as duas linguagens. Fica a sugestão. Não vou cair e nem incitar a competição entre o livro e o filme. São duas linguagens e experiências diferentes da mesma narrativa. Qual melhor? Depende. Sempre depende. Nenhum filme tem obrigação de representar a narrativa de um livro em sua completude. E esse caso é interessantíssimo, visto que, na verdade, o livro veio depois do filme. O livro, que é o primeiro de uma tetralogia, foi escrito durante a produção do filme, mas só foi publicado depois de sua estreia. Curioso, não?
"Alfredo, Alfredo!!!" Toto é um ícone da metalinguagem cinematográfica. Tornatore demonstra de maneira mágica (apesar de não ser uma fantasia) a admiração por cinema. De longe um dos meus filmes favoritos. Comovente, lindo.
Apesar de parecer uma analogia com o comunismo, o filme mostra o poder de qualquer objeto intelectual e íntimo que devasta o antigo "eu", de modo a renová-lo; a influência de uma religião, uma ideologia política, arte, ou, tão somente: um romance.
Uma conhece a vida (da mais pura) fora do elo familiar, abre-se; outra, relutante desde o começo, prefere a morte ao deixar-se seduzir, deixa-se santificar após o vazio; outro dedica-se à arte inteiramente; outra procura voluptuosamente preencher o buraco que o homem deixou; outro, torna-se homem de deus após supostamente renegar a vida burguesa.
São várias maneiras de demonstrar as consequências da apropriação ilícita, ou seja, a retirada de algo sem substituir por outro: deixar oco, vazio, buraco.
Foi minha primeira experiência com S. Eisenstein; foi surreal, marcante. Soube que Eisenstein fundamenta em suas produções o Proletkult, "cultura proletária", com cunhos políticos e engajamento social. Assim, foi desta maneira que o filme apresentou-se: um instrumento para movimentos populares. E, da maneira que a usuária abaixo comenta, S. Eisenstein usa todos os recursos para isso; a experiência estética é perturbadora e a trilha sonora contribui para tal. É sinistro, macabro. Mas certamente uma obra prima revolucionária.
Estamos acostumados às expectativas de uma obra "Tarkovskyana", de sentarmo-nos e esperar o baque psicológico, quase como um estupro artístico. Creio que por ter sido seu último feito, este, leva consigo uma carga brutal de subjetivismo filosófico. Confesso, ainda, que pouco entendi. Humildemente, assistirei noutros tempos, e, quem sabe, absorva melhor seu significado.
É um filme que fala, sobretudo, de medos íntimos em perspectiva filha-mãe. Bergman consegue colocar o tópico por entrelinhas, em frases com subjetiva nuança, sutilmente, peculiarmente. Embora este seja um filme simples (comparando-se com os do diretor), os diálogos sempre destacam-se; as cenas complementam um tipo de conversa calada entre o espectador e um sentimento (não aleatório nem abstrato). A fotografia, igualmente ao roteiro, tem sua peculiaridade reservada; as cores, pra mim, parecem genialmente desencontrar-se numa espécie de misto, que prossegue de modo sintonizado à ferocidade das emoções. Em suma, amei. É uma obra singular. Favoritei sem pensar duas vezes.
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O Médico e o Monstro
4.0 66Eu achei que o filme conseguiu extrair a potencialidade da obra de Stevenson e construir um roteiro absolutamente instigante considerando o clímax da obra O Médico e o Monstro, que é precisamente o problema
d'O Duplo
O foco narrativo em Dr. Jekyll consegue transportar com mais eficiência o espectador para dentro do universo psicológico do personagem, aumentando e potencializando sua experiência sensível e estética. O desenvolvimento na obra de Stevenson se dá quase que absolutamente à trama investigativa, e apesar de o filme ir para outro rumo, este não deixou faltar ao expectador a sensação instigante de descoberta iminente.
Zootopia: Essa Cidade é o Bicho
4.2 1,5K Assista AgoraUtopia: lugar ou estado ideal, de completa felicidade e harmonia entre os indivíduos. Olha o trocadilho do título do filme.
É realmente muito fofa a maneira do filme de mostrar a discriminação de grupos (e fundamentação equivocada em uma razão biológica/científica, como já foi feita por Lombroso, Galton, entre outros) e apontar isso como algo a ser superado
2001: Uma Odisseia no Espaço
4.2 2,4K Assista AgoraEu li o livro antes de assistir ao filme e acredito que isso complementou muito a experiência. A história foi escrita por Stanley Kubrick em parceria com Arthur C. Clarke. No livro de Arthur C. Clarke somos apresentados mais detalhadamente à pretensão e motivação do roteiro do filme; no filme o complemento visual se torna essencial para preencher possíveis lacunas da narrativa do livro. De qualquer maneira, é um ótimo material de ficção científica e acho que a experiência fica sensacional quando combinamos as duas linguagens. Fica a sugestão.
Não vou cair e nem incitar a competição entre o livro e o filme. São duas linguagens e experiências diferentes da mesma narrativa. Qual melhor? Depende. Sempre depende. Nenhum filme tem obrigação de representar a narrativa de um livro em sua completude. E esse caso é interessantíssimo, visto que, na verdade, o livro veio depois do filme. O livro, que é o primeiro de uma tetralogia, foi escrito durante a produção do filme, mas só foi publicado depois de sua estreia. Curioso, não?
Cinema Paradiso
4.5 1,4K Assista Agora"Alfredo, Alfredo!!!"
Toto é um ícone da metalinguagem cinematográfica. Tornatore demonstra de maneira mágica (apesar de não ser uma fantasia) a admiração por cinema. De longe um dos meus filmes favoritos. Comovente, lindo.
Teorema
4.0 198Apesar de parecer uma analogia com o comunismo, o filme mostra o poder de qualquer objeto intelectual e íntimo que devasta o antigo "eu", de modo a renová-lo; a influência de uma religião, uma ideologia política, arte, ou, tão somente: um romance.
Uma conhece a vida (da mais pura) fora do elo familiar, abre-se; outra, relutante desde o começo, prefere a morte ao deixar-se seduzir, deixa-se santificar após o vazio; outro dedica-se à arte inteiramente; outra procura voluptuosamente preencher o buraco que o homem deixou; outro, torna-se homem de deus após supostamente renegar a vida burguesa.
A Greve
4.1 62 Assista AgoraFoi minha primeira experiência com S. Eisenstein; foi surreal, marcante. Soube que Eisenstein fundamenta em suas produções o Proletkult, "cultura proletária", com cunhos políticos e engajamento social. Assim, foi desta maneira que o filme apresentou-se: um instrumento para movimentos populares. E, da maneira que a usuária abaixo comenta, S. Eisenstein usa todos os recursos para isso; a experiência estética é perturbadora e a trilha sonora contribui para tal. É sinistro, macabro. Mas certamente uma obra prima revolucionária.
O Sacrifício
4.3 147Estamos acostumados às expectativas de uma obra "Tarkovskyana", de sentarmo-nos e esperar o baque psicológico, quase como um estupro artístico. Creio que por ter sido seu último feito, este, leva consigo uma carga brutal de subjetivismo filosófico. Confesso, ainda, que pouco entendi. Humildemente, assistirei noutros tempos, e, quem sabe, absorva melhor seu significado.
Sonata de Outono
4.5 491É um filme que fala, sobretudo, de medos íntimos em perspectiva filha-mãe. Bergman consegue colocar o tópico por entrelinhas, em frases com subjetiva nuança, sutilmente, peculiarmente. Embora este seja um filme simples (comparando-se com os do diretor), os diálogos sempre destacam-se; as cenas complementam um tipo de conversa calada entre o espectador e um sentimento (não aleatório nem abstrato). A fotografia, igualmente ao roteiro, tem sua peculiaridade reservada; as cores, pra mim, parecem genialmente desencontrar-se numa espécie de misto, que prossegue de modo sintonizado à ferocidade das emoções. Em suma, amei. É uma obra singular. Favoritei sem pensar duas vezes.