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“Entre a época em que os mares engoliram Atlântida e o surgimento dos filhos de Aryas, houve uma era incrível. E foi então, que Conan, defendeu a coroa de Aquilônia diante de muita turbulência. Sou eu, seu historiador, o único que pode contar a respeito de sua saga. Deixe-me falar sobre aqueles dias de grandes aventuras!” – O Mago.
Toda pessoa que não viveu numa caverna glacial tem um filme, uma música ou um livro que marca a vida dela. Quem me conhece bem, sabe que tenho uma lista de produções específicas que adoro citar. São aquelas obras que marcam, que despertam algo e transformam você. E frequentemente eu menciono Conan, O Bárbaro. É a mescla ousada dos westerns, dos filmes de samurai e épicos medievais que o cinema clássico adorava trazer ao mundo com toda aquela suntuosidade. Minha história com o Conan começou nas tardes dos anos 2000, quando eu ainda era um moleque. Derretia o aparelho de DVD todos os fins de semana com longas sessões de filmes de ação oitentistas (O Rei Leão aparecia entre um filme e outro, mas essa é “outra história a ser contada”). Era Robocop, Exterminador do Futuro, O Predador... Enfim, só porrada e bomba, como dizem. Além da clássica jornada do héroi, algo que me deixava vidrado era essa mitologia bem peculiar, uma aura filosófica que eu não compreendia. Estava bem distante de conhecer nomes como os de Nietzsche e Wagner, mas o que importava mesmo era esse reino dominado por guerreiros, bruxas e serpentes monstruosas.
Hoje, com um olhar mais crítico, reconheço que é um filme com limitações. A trinca de heróis é bem amadora nos diálogos, mas acabam compensando nos momentos mais agitados. O figurino até arranca risos involuntários (sim, a peruca do James Earl Jones entra no tópico). Também chega a ser cômico o aspecto quase exploitation da fita, com direito a canibais envolvidos numa orgia (meio caída, diga-se de passagem) e uma sopa verde com pedaços de carne humana.
Mas sigo na defesa de que esse é um dos filmes B mais bem produzidos. O polêmico John Millius captura o cinema de Kurosawa e do Leone, injetando discussões políticas e o espírito crítico do filósofo do Além-Homem. Millius filma a ação com rigor, imprimindo solenidade e crueza à era Hiboriana. Observe por exemplo o desenrolar dos créditos que rapidamente nos conduz através da narração de Mako para sequência da forja, para os ensinamentos no monte, culminando no massacre no vilarejo, depois, terminando na roda da dor. A câmera está no lugar certo e na hora certa. Claro, toda essa sequência não teria metade do impacto sem a condução musical de Basil Poledouris e do design de produção de Ron Cobb (alô, Alien). Arnold “quatorze letras de sobrenome” tinha as suas limitações como ator, e parar piorar, por imposição dos produtores, os diálogos de Conan foram severamente reduzidos devido ao sotaque austríaco do brucutu. Talvez por isso o filme tenha ganhado esse aspecto musical tão proeminente. Nos sebos do Recife, só um vinil antigo da trilha sonora do filme, é duzentos reais! Poledouris compôs um material brilhante que sobrevive mesmo isolado das cenas do filme, como uma peça wagneriana perdida. Vale citar o Thulsa Doom de James Earl Jones que é a fusão perfeita de imponência e overacting em um vilão, uma cria de fanático religioso e Darth Vader reptiliano.
Junto com Excalibur, Dragonslayer e Heavy Metal (os três de 1981), o cimeriano ajudou a impulsionar o interesse em filmes de espada e feitiçaria nos anos 80, gerando sequências, derivados ou influênciando outras obras.“Ele é Conan, cimeriano. Ele não vai chorar, então eu choro por ele.” – Subotai.
“Crom, eu nunca rezei para você antes. Eu nunca tive jeito para isso. Ninguém, nem mesmo você, vai lembrar se fomos bons ou maus. Por que lutamos, ou por que morremos. Tudo o que importa é que dois enfrentarão muitos. Isso é o que importa! Satisfaça-se com isso, Crom... e atenda um pedido meu. Conceda-me a vingança! Mas se não me atender, então vá para o INFERNO!” – Conan
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Todo ano eu tento separar algumas produções underground para assistir. Tem aquelas que surpreendem positivamente e que eu torno a visitar, que até indico. E não é o caso de Ilsa... Sim, o filme tem uma temática nada palatável, mas, ainda assim lança ideias interessantes para outras produções (vide Operação Overlord e o curta Werewolf Women of the S.S.). O problema é que o roteiro é péssimo e o ritmo do filme acaba sendo enfadonho. São cenas e mais cenas de tortura, diálogos péssimos e outras situações bizarras que transformam a experiência em um desafio. Definitivamente não vale a pena ver de novo. Mas eu deveria ter visto isso?
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Breno
Ta rolando a campanha para o lançamento do livro "Eles Vivem" de Ray Nelson que contem o conto que inspirou John Carpenter a fazer o filme.
Trabalho impecável da Editora Diário Macabro
Da uma olhadinha 😉
“It's a good scream. It's a good scream.” – Jack Terry
Em tempos de Snyder um sujeito como o De Palma faz muita falta. É incrível como o diretor sabia fazer um filme pessoal ao mesmo tempo em que cumpria com o esquema de Hollywood. Não seria uma afirmação equivocada dizer que o Jack Terry já havia dado as caras em Vestida Para Matar (1980) na figura do garoto curioso interpretado pelo Keith Gordon. E o Jack ainda voltaria a aparecer em Missão Impossível (1996), dessa vez reencarnado em Ethan Hunt. O que eles têm em comum além de estarem metidos numa baita cruzeta? Buscam a verdade, por mais brutal que ela possa ser, no rebobinar de uma fita, no recorte de uma imagem, na observação curiosa e quase mórbida de um grito. Em Blow Out, as inspirações em Hitchcock estão presentes, mas não são apenas um pastiche do mestre do suspense. De Palma faz isso ser um truque somente dele. A câmera passeando calmamente pelo cenário, as loiras despreocupadas tomando uma chuveirada, os quartos sujos e embebidos em neon vermelho – são esses os caminhos da trama. Ainda no grande caldeirão de influências, há acenos bem calorosos para o Antonioni (Blow Up) e para o Coppola (A Conversação). Não duvido de que em algum momento da estadia do Jack na polícia, ele deve ter conhecido o Harry Caul.