Todo o meu amor ao cinema iraniano, suas cenas aparentemente cotidianas dotadas de significados tão humanos e doçura que beira a tristeza - ou tristeza que beira a doçura -. Lindo observar as nuances de cada personagem, suas carcaças, o tanto de dito no não dito naquele pai que divide a maçã, na mãe que corta os cabelos do filho, talvez guardando para si seu último resquício, e na criança, cujo universo íntimo é tão infinito que alcança as estrelas. Vi, além de tudo, também uma homenagem do diretor ao cinema de seu pai, profundo em sua simplicidade e viagem pelos rumos da vida.
De algum modo você acaba por se ver em Nathalie. Nos passos firmes - no sentido concreto e figurado - pela cidade, trazendo dentro de si tanta história, lutas e, claro, tamanho cansaço. Tem uma dureza nela, mas não porque seja fria, pelo contrário, cada olhar demonstra o que ela sente pelos outros e pelo mundo, o que não é pouco: nos pés que seguiram na lama, sedenta pelo sinal para conseguir noticiais da mãe, no choro mudo ao volante depois de deixá-la internada: "se você soubesse o quanto isto me custa...". Muitas vezes o sentimento parece estar justamente no não (ou pouco) verbalizado, e até mesmo na falta de trilha sonora - que, nos raros momentos em que surge, nos causa profundo envolvimento -.
A vida vivida pela filosofia, pelos alunos, pela mãe, pela academia, pelo marido, mas nunca por si. E, depois, a poesia da liberdade, que se deu por certo desapego, mas também graças a maturidade de saber encarar na vida prioridades diferentes. "Tenho sorte de ser intelectualmente realizada, me basta para ser feliz". Abraçando a solidão, bem como a si mesma.
O cunho político e intelectual do filme também é riquíssimo, nos seus debates mais banais - afinal, o não-autor é uma categoria de afirmação e uma resistência, ou, pela negativa, justamente só uma nova forma de auto bajulação? - até aqueles mais profundos, sobre o modo de vida de Nathalie - intelectual que não expressa em ações coletivas os seus ideais.
Senti que muito do que foi mostrado no filme era apenas a representação de algo maior, e o que é isso se não arte em sua forma mais sensível?
Saramago para mim virou quase uma entidade, uma dessas pessoas que personificam e representam em si tantas coisas que mal consigo explicar. Pessoalmente, sempre achei que a melhor escrita é aquela que também te inspira a criar, mas ele está para além disso: Saramago é como um sopro de vida, sem vírgulas. Achei o documentário bonito, vivo, angustiante (dentro de tanta viagem, frenesi e inconstância), íntimo, verdadeiro. Pilar, por outro lado, forte, feminista e presidentA, foi uma inspiração à parte. É uma dessas obras para rever de tempos em tempos.
Para mim foi engraçado porque ao terminar de assistir o documentário eu simplesmente não sabia se achava o Thierry um completo imbecil de obra vazia de conceito ou um cara muito esperto, por ter estado no lugar certo no momento certo (o contrário do que ele alega em uma das cenas) e ter tirado proveito disso, se tornando bem sucedido.
Também é interessante como no início o personagem do Thierry quase que parece desnecessário frente aos outros artistas que ele "persegue", se não fosse pelo fato de ser ele o responsável por filmar tudo. Em certo ponto, cheguei a me perguntar por que diabos Banksy estava se propondo a contar a história daquele cara. E aí você percebe que talvez tudo não passe de uma piada, de uma crítica irônica ao próprio mercado da arte. Gostei do documentário e me instigou a procurar mais sobre o assunto, o que por si só já é para mim uma resposta muito boa.
"Estamos habituados que os médicos esclareçam todos os mistérios, que descubram os pequenos segredos escondidos, que eles expliquem. Recuso-me a entender. O mistério faz parte da vida" . Filme bem lindo e leve, gostoso de ver.
Pegando a Estrada
3.9 13Todo o meu amor ao cinema iraniano, suas cenas aparentemente cotidianas dotadas de significados tão humanos e doçura que beira a tristeza - ou tristeza que beira a doçura -. Lindo observar as nuances de cada personagem, suas carcaças, o tanto de dito no não dito naquele pai que divide a maçã, na mãe que corta os cabelos do filho, talvez guardando para si seu último resquício, e na criança, cujo universo íntimo é tão infinito que alcança as estrelas. Vi, além de tudo, também uma homenagem do diretor ao cinema de seu pai, profundo em sua simplicidade e viagem pelos rumos da vida.
O Que Está Por Vir
3.8 102 Assista AgoraDe algum modo você acaba por se ver em Nathalie. Nos passos firmes - no sentido concreto e figurado - pela cidade, trazendo dentro de si tanta história, lutas e, claro, tamanho cansaço. Tem uma dureza nela, mas não porque seja fria, pelo contrário, cada olhar demonstra o que ela sente pelos outros e pelo mundo, o que não é pouco: nos pés que seguiram na lama, sedenta pelo sinal para conseguir noticiais da mãe, no choro mudo ao volante depois de deixá-la internada: "se você soubesse o quanto isto me custa...". Muitas vezes o sentimento parece estar justamente no não (ou pouco) verbalizado, e até mesmo na falta de trilha sonora - que, nos raros momentos em que surge, nos causa profundo envolvimento -.
A vida vivida pela filosofia, pelos alunos, pela mãe, pela academia, pelo marido, mas nunca por si. E, depois, a poesia da liberdade, que se deu por certo desapego, mas também graças a maturidade de saber encarar na vida prioridades diferentes. "Tenho sorte de ser intelectualmente realizada, me basta para ser feliz". Abraçando a solidão, bem como a si mesma.
O cunho político e intelectual do filme também é riquíssimo, nos seus debates mais banais - afinal, o não-autor é uma categoria de afirmação e uma resistência, ou, pela negativa, justamente só uma nova forma de auto bajulação? - até aqueles mais profundos, sobre o modo de vida de Nathalie - intelectual que não expressa em ações coletivas os seus ideais.
Senti que muito do que foi mostrado no filme era apenas a representação de algo maior, e o que é isso se não arte em sua forma mais sensível?
José e Pilar
4.5 160 Assista AgoraSaramago para mim virou quase uma entidade, uma dessas pessoas que personificam e representam em si tantas coisas que mal consigo explicar. Pessoalmente, sempre achei que a melhor escrita é aquela que também te inspira a criar, mas ele está para além disso: Saramago é como um sopro de vida, sem vírgulas. Achei o documentário bonito, vivo, angustiante (dentro de tanta viagem, frenesi e inconstância), íntimo, verdadeiro. Pilar, por outro lado, forte, feminista e presidentA, foi uma inspiração à parte. É uma dessas obras para rever de tempos em tempos.
Saída Pela Loja de Presentes
4.3 195Para mim foi engraçado porque ao terminar de assistir o documentário eu simplesmente não sabia se achava o Thierry um completo imbecil de obra vazia de conceito ou um cara muito esperto, por ter estado no lugar certo no momento certo (o contrário do que ele alega em uma das cenas) e ter tirado proveito disso, se tornando bem sucedido.
Também é interessante como no início o personagem do Thierry quase que parece desnecessário frente aos outros artistas que ele "persegue", se não fosse pelo fato de ser ele o responsável por filmar tudo. Em certo ponto, cheguei a me perguntar por que diabos Banksy estava se propondo a contar a história daquele cara. E aí você percebe que talvez tudo não passe de uma piada, de uma crítica irônica ao próprio mercado da arte. Gostei do documentário e me instigou a procurar mais sobre o assunto, o que por si só já é para mim uma resposta muito boa.
Elena
4.2 1,3K Assista Agora"Tô dançando com a lua!"
Canções de Amor
4.1 829 Assista Agora"Estamos habituados que os médicos esclareçam todos os mistérios, que descubram os pequenos segredos escondidos, que eles expliquem. Recuso-me a entender. O mistério faz parte da vida" . Filme bem lindo e leve, gostoso de ver.
A Teoria de Tudo
4.1 3,4K Assista Agora"Your glasses are always dirty" <3