A galera quis pegar no pé do Caetano. O filme é bom. Honra o gênero "ensaio cinematográfico". Houve, no entanto, sobretudo no início, alguns diálogos que pareciam resultar de uma certa inconsistência de projeto, ou melhor, de uma insegurança em relação ao projeto.
Há picos de atuação. Lógico, já que ele está trabalhando com atores e não-atores. Só penso que o ideal seria abrir mão de alguns não-atores falando textos. Fora isso, o filme é competente, consegue traduzir a inquietação de uma geração que pretende conceber o Brasil do próximo século. Só tenho vontade de agradecer, material maravilhoso.
Acho impressionante como as pessoas tem uma tara absoluta pela ideia de "referência". Puta que me pariu, vamos elaborar essa merda? "Por que ele está fazendo essa referência?", "do que trata o Janela Indiscreta?", "quais são os pontos levantados pelo De Palma em relação ao discurso do Hitchcock?".
O verde envolvendo o concreto, o concreto envolvendo o verde, e suas respectivas consequências sob a reflexão do autor. Estilo muito mais lapidado do que no Mal do Século. Hong Sang-soo deve abaixar a cabeça quando Apichatpong passar.
Elos afetivos concretos em um mundo com demandas violentas, pragmáticas e egoístas. Um retrato de certa resistência romântica ao pessimismo moral que veio a se instaurar pouco tempo depois.
Existem alguns empréstimos do Dogma 95, inclusive não sei porque o filme não está associado ao movimento, seria ótimo, dois filmes dogma brasileiros no mesmo ano (já que Velório em Família também foi lançado em 2009). Fora isso não enxerguei essa mediocridade na atuação que vi alguns expondo, pelo contrário, com uma proposta de roteiro aberto acho até que eles mandaram bem. É claro que o clima de fim de festa já está meio batido e as frases dos personagens não conseguiam desviar das trilhas que foram traçadas por outras obras com cenários parecidos. Fiz uma pesquisa ligeira e encontrei no site da diretora uma lista dos tópicos que nortearam o projeto:
1. cinco atores. 2. uma única locação. 3. treze horas contínuas de filmagem. 4. três câmeras simultâneas. 5. atores dirigidos durante a filmagem por mensagens de texto. 6. os atores esperam por uma pessoa que não sabem realmente se ela virá. 7. eles seguem roteiros, mas não conhecem todos os roteiros uns dos outros. 8. eles comem, cozinham e bebem de verdade. 9. algumas histórias são reais, outras são inventadas. 10. ninguém pode sair aconteça o que acontecer.
É uma proposta bacana, espero que ela insista nesse formato, com a experiência a tendência é que obras mais polidas surjam.
Para quem gostou do filme indico outros dois bons nacionais: Natal e Entre Nós.
J.J Abrams mostra que domina o gênero e manda mais uma bola dentro. O filme resgata o bom humor original da serie perdido na trilogia mais recente. Tiro meia estrela por dois motivos: o uso de CG para construção de um personagem o Supremo Líder Snoke, interpretado por Andy Serkis e a falta de paixão na trilha. Em um filme com tantos efeitos práticos belíssimos não vi propósito na apresentação de um personagem digital, nessa concessão o J.J me trouxe a memória a megalomania do George Lucas, algo que todos os fãs querem esquecer. Quanto a trilha, o ideal seria termos o Michael Giacchino, que vem realizando um excelente trabalho paralelo em Star Trek junto com J.J, mas entendo o conservadorismo da Disney; espero que agora, com o diretor provado e aprovado, o restante da serie seja trilhada por esse novo grande gênio.
O filme atende a uma demanda do gênero, que a muito tempo não é alimentado com obras bacanas. Em critério técnico o filme manda muito bem, trilha sonora coesa e bem administrada, uso econômico de efeitos práticos, departamento de arte bem dirigido. Quanto a fotografia, não é incompetente, temos uma visita aos planos clássicos de filmes de terror que saltam aos olhos, mas que nem sempre cooperam com a trama. A palheta de cores escolhida dão ao filme um tom bobo que ele não merecia. Vale o destaque para cena do carro que ilustra um dos posters do filme; é uma cena linda, temos a contra-luz anulada e o carro emula uma bidimensionalidade, a luz interna do veículo ilumina o casal e cria contraste com o ambiente sombrio que os cerca. Apesar de muito bonita recebeu uma função dramática inferior a complexidade plastica que evocou. Quanto ao elenco, todos muito jovens e vinculados a filmes B, series de comédia, ou outras produções que trabalham com baixa demanda de interpretação, não chegam a serem bons, na realidade não acrescentam quase nada aos seus papéis, mas já fazem muito ao não destruir por completo os esforços do Robert Mitchell. Bom filme.
O filme é bom, mas não deveria ser um filme de 88 minutos, sim de 110. A falta de tempo provoca uma serie de problemas na trama e na edição. O primeiro é falta de tempo para o desenvolvimento da relação entre os personagens, o que desencadeia um uso incisivo da trilha como uma tentativa de compensação. Poucas cenas no filme não tem trilha, muitas delas tem sem a menor necessidade. A cena do casamento é repetida exaustivamente, me lembro de ao menos três aparições; mais uma consequência da falta de desenvolvimento da relação entre os personagens. Outro problema provocado pela falta de tempo é a sensação de salto temporal. Quando se trata de filmes que narram a progressão, social, sentimental ou até mesmo uma progressão maligna, é necessário tempo, caso contrário tudo fica extremamente mecânico. Aqui mesmo, um salto de corno desprovido de qualquer bem para CEO milionário de uma cena para outra, sabe, isto incomoda bastante.
O diretor é competente, o filme, quando comparado com obras de outros diretores, é uma boa peça, mas, quando você é bom é natural que lhe cobrem mais. De qualquer modo, indico.
Falando de cinema o voyeurismo é sempre um prato cheio. Filme fantástico, excelente trama, uso funcional da trilha - algo incomum dentro do cinema europeu -, o filme, para mim, foi um achado. Só não concordei muito com este ultimo ato, muito longo, quebrou o ritmo. Algumas decisões simples poderia nos poupar deste didatismo. Nada que chegue a ferir a obra, é claro. Muito contente com o filme, tiro meia estrela por este apêndice.
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O Cinema Falado
3.7 22A galera quis pegar no pé do Caetano. O filme é bom. Honra o gênero "ensaio cinematográfico". Houve, no entanto, sobretudo no início, alguns diálogos que pareciam resultar de uma certa inconsistência de projeto, ou melhor, de uma insegurança em relação ao projeto.
Há picos de atuação. Lógico, já que ele está trabalhando com atores e não-atores. Só penso que o ideal seria abrir mão de alguns não-atores falando textos. Fora isso, o filme é competente, consegue traduzir a inquietação de uma geração que pretende conceber o Brasil do próximo século. Só tenho vontade de agradecer, material maravilhoso.
Dublê de Corpo
3.7 243 Assista AgoraAcho impressionante como as pessoas tem uma tara absoluta pela ideia de "referência". Puta que me pariu, vamos elaborar essa merda? "Por que ele está fazendo essa referência?", "do que trata o Janela Indiscreta?", "quais são os pontos levantados pelo De Palma em relação ao discurso do Hitchcock?".
Síndromes e um Século
4.0 46O verde envolvendo o concreto, o concreto envolvendo o verde, e suas respectivas consequências sob a reflexão do autor. Estilo muito mais lapidado do que no Mal do Século. Hong Sang-soo deve abaixar a cabeça quando Apichatpong passar.
Miami Vice
3.1 207 Assista AgoraElos afetivos concretos em um mundo com demandas violentas, pragmáticas e egoístas. Um retrato de certa resistência romântica ao pessimismo moral que veio a se instaurar pouco tempo depois.
A Falta Que Nos Move
3.4 54 Assista AgoraExistem alguns empréstimos do Dogma 95, inclusive não sei porque o filme não está associado ao movimento, seria ótimo, dois filmes dogma brasileiros no mesmo ano (já que Velório em Família também foi lançado em 2009). Fora isso não enxerguei essa mediocridade na atuação que vi alguns expondo, pelo contrário, com uma proposta de roteiro aberto acho até que eles mandaram bem. É claro que o clima de fim de festa já está meio batido e as frases dos personagens não conseguiam desviar das trilhas que foram traçadas por outras obras com cenários parecidos. Fiz uma pesquisa ligeira e encontrei no site da diretora uma lista dos tópicos que nortearam o projeto:
1. cinco atores.
2. uma única locação.
3. treze horas contínuas de filmagem.
4. três câmeras simultâneas.
5. atores dirigidos durante a filmagem por mensagens de texto.
6. os atores esperam por uma pessoa que não sabem realmente se ela virá.
7. eles seguem roteiros, mas não conhecem todos os roteiros uns dos outros.
8. eles comem, cozinham e bebem de verdade.
9. algumas histórias são reais, outras são inventadas.
10. ninguém pode sair aconteça o que acontecer.
É uma proposta bacana, espero que ela insista nesse formato, com a experiência a tendência é que obras mais polidas surjam.
Para quem gostou do filme indico outros dois bons nacionais: Natal e Entre Nós.
Star Wars, Episódio VII: O Despertar da Força
4.3 3,1K Assista AgoraJ.J Abrams mostra que domina o gênero e manda mais uma bola dentro. O filme resgata o bom humor original da serie perdido na trilogia mais recente. Tiro meia estrela por dois motivos: o uso de CG para construção de um personagem o Supremo Líder Snoke, interpretado por Andy Serkis e a falta de paixão na trilha. Em um filme com tantos efeitos práticos belíssimos não vi propósito na apresentação de um personagem digital, nessa concessão o J.J me trouxe a memória a megalomania do George Lucas, algo que todos os fãs querem esquecer. Quanto a trilha, o ideal seria termos o Michael Giacchino, que vem realizando um excelente trabalho paralelo em Star Trek junto com J.J, mas entendo o conservadorismo da Disney; espero que agora, com o diretor provado e aprovado, o restante da serie seja trilhada por esse novo grande gênio.
Corrente do Mal
3.2 1,8K Assista AgoraO filme atende a uma demanda do gênero, que a muito tempo não é alimentado com obras bacanas. Em critério técnico o filme manda muito bem, trilha sonora coesa e bem administrada, uso econômico de efeitos práticos, departamento de arte bem dirigido. Quanto a fotografia, não é incompetente, temos uma visita aos planos clássicos de filmes de terror que saltam aos olhos, mas que nem sempre cooperam com a trama. A palheta de cores escolhida dão ao filme um tom bobo que ele não merecia. Vale o destaque para cena do carro que ilustra um dos posters do filme; é uma cena linda, temos a contra-luz anulada e o carro emula uma bidimensionalidade, a luz interna do veículo ilumina o casal e cria contraste com o ambiente sombrio que os cerca. Apesar de muito bonita recebeu uma função dramática inferior a complexidade plastica que evocou. Quanto ao elenco, todos muito jovens e vinculados a filmes B, series de comédia, ou outras produções que trabalham com baixa demanda de interpretação, não chegam a serem bons, na realidade não acrescentam quase nada aos seus papéis, mas já fazem muito ao não destruir por completo os esforços do Robert Mitchell. Bom filme.
A Igualdade é Branca
4.0 366 Assista AgoraO filme é bom, mas não deveria ser um filme de 88 minutos, sim de 110. A falta de tempo provoca uma serie de problemas na trama e na edição. O primeiro é falta de tempo para o desenvolvimento da relação entre os personagens, o que desencadeia um uso incisivo da trilha como uma tentativa de compensação. Poucas cenas no filme não tem trilha, muitas delas tem sem a menor necessidade. A cena do casamento é repetida exaustivamente, me lembro de ao menos três aparições; mais uma consequência da falta de desenvolvimento da relação entre os personagens. Outro problema provocado pela falta de tempo é a sensação de salto temporal. Quando se trata de filmes que narram a progressão, social, sentimental ou até mesmo uma progressão maligna, é necessário tempo, caso contrário tudo fica extremamente mecânico. Aqui mesmo, um salto de corno desprovido de qualquer bem para CEO milionário de uma cena para outra, sabe, isto incomoda bastante.
O diretor é competente, o filme, quando comparado com obras de outros diretores, é uma boa peça, mas, quando você é bom é natural que lhe cobrem mais. De qualquer modo, indico.
A Vida dos Outros
4.3 645Falando de cinema o voyeurismo é sempre um prato cheio. Filme fantástico, excelente trama, uso funcional da trilha - algo incomum dentro do cinema europeu -, o filme, para mim, foi um achado. Só não concordei muito com este ultimo ato, muito longo, quebrou o ritmo. Algumas decisões simples poderia nos poupar deste didatismo. Nada que chegue a ferir a obra, é claro. Muito contente com o filme, tiro meia estrela por este apêndice.