Felizmente existem filmes que mais do que maquiados e bem vestidos apelam para uma conversa franca com você do outro lado. Nem sempre isso é possível, mas nunca deixa de acontecer em longas como Okja. Se o mainstream consolidado não produz uma obra de denúncia tão perfeitamente crua e ingênua como essa, existe a indústria secundária que faz. E faz bem. Okja não busca conversar. O filme da metade para o final te segura na cadeira e te mostra até aonde vai o buraco do coelho que você entrou quando deu o play.
É muito bom ter uma produção descentralizada da americana como acontece aqui. Uma nova perspectiva fotográfica, sequencial, e nem é preciso citar o claro comprometimento com um suspense realmente pesado em algumas das poucas cenas decisivas. A ''aventura barata'' como justificativa para o descobrimento realista de uma linha de produção cruel e terrivelmente complacente com sua clientela acontece (é nessa parte que o nariz entorta). Há uma denúncia e uma mensagem em cada personagem. Carregados com personalidades muito distintas, é perfeitamente possível avaliar o que Bong Joon-ho tentou injetar na grande alegoria sobre os maus tratos de animais. O núcleo corporativo do filme é uma evidência disso.
Okja me intrigou muito mais pela abordagem do que pelo que em si foi mostrado usando do cinema para isso. A forma sucinta como a aventura sul-coreana se propôs a trilhar um caminho tão comprometedor, visceral e repulsivo. Não há aqui um brilho fenomenal do elenco de peso que, mais do que forte, foi simplesmente cumpridor de uma função razoável. Okja surpreende em certas passagens usando da sua própria inocência de filme barato de ''resgate ao fulano". E não haveria outra forma melhor do que essa para dividir opiniões. Embora mais do que simplesmente opinar, é importante retroceder ao debate, e Okja coloca o prato vazio na mesa de 2017. Um soco no estômago e outro na cara. Um questionamento sobre o que é ser realmente humano.
"Não importa se os animais são incapazes ou não de pensar. O que importa é que são capazes de sofrer" - Mark Twain.
Não tenho ideia de como consegui sobreviver todos esses anos sem ter ouvido qualquer menção a este filme. Achei ele por acidente em um fórum da internet e resolvi assistir. O melhor pior filme do mundo se tornou um dos meus longas mais queridos. Assumindo que Wiseau na verdade é um gênio, eu nunca ri tanto com um filme de drama e enredo tão maduro (ele tenta ser).
A cena de um dos primeiros diálogos no topo do prédio, a provocação pelo som da galinha e as contextualizações sem sentido algum que nascem nas interações dos personagens são simplesmente demais para qualquer um se segurar. É um filme curto e que te prende bastante apesar de tudo. É perfeitamente possível enxergar como tudo é tão precário e dispensável que se torna divertida a sensação de ''má apreensão". Vale totalmente a pena juntar alguns amigos para assistir. O filme é pouco conhecido no final das contas.
The Room é um clássico que, apesar de ruim e com fundos independentes, inegavelmente ancorou na indústria com um roteiro e direção destroçadas e de pouco esforço. Há ali uma busca muito clara pelos clichês de drama que são sempre desrespeitadas e se tornam engraçadas quando mal executadas. Ainda acho e possivelmente sempre acharei que The Room não é um filme ruim ou o melhor dos piores, é só um filme preguiçoso que não se leva a sério.
"You're just a chicken. Chip-chip-chip-chip-chip-chip-chiiiii" - Johnny.
A ascensão do DCEU nesses últimos anos tem me trazido muito orgulho. Algo que nunca imaginei que fosse acontecer (e tão rápido) foi esse filme ter saído logo após o estrondo de bilheteria do divisor de águas A Origem da Justiça. Eu não tive pressa alguma para assistir o filme, tanto que só em uma oportunidade de realmente não ter o que ver, aqui estou. Que roteiro danado de trabalhoso durante todos esses anos. Patty Jenkins soltou uma bomba para 2017 e ela não foi pequena. O filme não é inacreditável, mas é muito bem executado. Assim eu o percebi.
Eu não sou um consumidor assíduo de quadrinhos. Os da Mulher-Maravilha, antigos e recentes, nunca me chamaram muita atenção. Sempre consumi algo mais abaixo do radar dos super-poderes. O que o filme da heroína apresentou foi algo que me impressonou bastante pelo cuidado e a qualidade. Claro, há momentos no filme (pouquíssimos) em que essa despreocupação é colocada de lado pelo que eu julgo ser o único defeito aqui: a pressa.
Um filme, sem pudor algum, te leva em uma viagem e busca te entreter de diversas maneiras. Isso acontece declaradamente pelo gênero (direcionamento). Se um filme de duas horas te apresenta uma história de origem tão rica e movediça do universo expandido, eu, pessoalmente, gostaria de ver mais ali que me suprisse além das cenas de ação e progressão previsível de atos. Pode ser uma birra, mas eu acho que se o filme se propusesse a estender-se por mais tempo, faria um trabalho excepcional em estabelecer ali uma referência para a introdução a uma parte do DCEU até então obscura demais.
Gal Gadot será para mim a eterna e definitiva Mulher-Maravilha. Não é um hype ou contestação, ela é muito boa! Há no filme interpretações muito características que podem se confundir com atuações precárias, o que não é bem verdade. O universo cinematográfico dali tenta misturar o agrado público com o agrado do fã. Nesse caso em específico o público parece ter abocanhado mais do que o segundo tipo. A história em sua complexidade não é tão enxuta e tampouco tão simples, mas foi deixada dessa maneira. Acredito que pelo mesmo motivo da pressa em atravessar a protagonista por tantos cenários, fases e diálogos.
A grande reviravolta do filme e luta final acabou sendo só... genérica. Não há aqui uma grande batalha travada por força e superação de uma grande personagem. O que existe é uma frase de efeito rasa, uma decisão definitiva sobre o futuro da humanidade e um grande golpe na cara do vilão. Um desfecho que claramente não acompanhou o filme. Ficou evidente aqui uma falta de tempo ou cuidado. Ares apresentou-se como um vilão tão genérico quando o seu embate. A sua representação no ''todo e em qualquer um'' foi muito bem sacada e intrigante. Na verdade uma daquelas coisas que te deixa pensativo durante o filme. Então sim, eu realmente queria que aquele vilão fosse diferente do que se mostrou. Foi um pouco frustrante.
Como sendo uma peça tão única, diferente e desligada do DCEU usual, com certeza vale a pena ver o filme novamente. Apesar de tudo o que o caracteriza como ousado e singular para os filmes mais ordinários com o mesmo cunho, aqui quem brilha é um papel feminino que eu adorei presenciar. Não existem padrões, obrigatoriedades e nem compromissos, só uma missão, uma heroína para efetuá-la e uma discussão válida e persistente sobre nossos papéis no mundo. Maravilhoso!
"It's about what you believe. And I believe in love. Only love will truly save the world" - Diana of Themyscira.
O engate de roteiro desse filme me intrigou bastante. Eu acho muito massa quando o elemento do terror é subvertido em algo incrivelmente mundano e simples. Jordan Peele tenta recriar no longa a vivência do negro em sociedade. Essa ideia acaba sendo refratada pela tentativa de passar com destreza pelos atos. Aliás, os atos do filme são até bem construídos se você parar e pensar que é só um filme simples, direto e que não promete nada. A música parece não ser tão bem montada e apenas torna-se confusa com as suas entradas. É algo que ficou gritante. E por sinal, Corra! é assim. Gritante em qualquer aspecto. Bom ou ruim.
Esquecer de como esse filme chegou até mim na época do seu lançamento é impossível. Muito por já ter testemunhado o quão bom ator Daniel Kaluuya se mostrou em Fifteen Million Merits, de Black Mirror. O hype só meu levou a decepção aqui. O que muito o filme tenta passar do ponto de vista do personagem de Kaluuya é o estranhamento. Com o desenrolar do descobrimento o personagem passa por algumas interpretações no mínimo... bizarras. Não sei se isso foi uma impressão pessoal, mas já tendo assistido uma vez o filme e revendo-o agora, ainda mantenho essa conclusão. A impressão que dá é que durante o primeiro ato inteiro Kaluuya respira por aparelhos ou só interpreta um personagem sem vida (o que não é verdade).
O que mais me deixou surpreso no filme foi com certeza a minha reação ao que ele mostra nos momentos-chave do coadjuvante vivido por LilRel Howery. Já tinha visto esse cara em Mad Families. Conter o riso era impossível quando Rod entrava em cena. Não são piadas ou tiradas marcantes, é só o ator e o personagem, simplesmente. Com Allison Williams, talvez essa composição tenha sido a da dupla que funcionou aqui dentro. O destaque para a Rose é bem óbvio e quem assiste perceba ela dentro de poucas, mas bem executadas atuações em que brilhou.
Se você busca por um terror inteligente, o filme te dá algo próximo disso. Se você se contentar com o roteiro e quiser estudar ele por mero gosto, é brilhante e profundo (sim, é muito legal). Para assistir com um amigo e encarar como uma comédia, boa sorte, é um filmaço! O diretor colocou aqui um misto claramente desequilibrado de tensão e alívio cômico que eu adorei sem compromisso algum. Não corra, é um bom filme (apesar da tradução do título horrível como essa piada).
Eu nunca imaginei que o espaço pudesse ser palco de uma história de amor tão terrestre e cheia de clichês. Assisti o filme sabendo o que encontraria com a sinopse e o pequeno elenco tão descabido. O êxodo da companhia Homestead é uma motivação de roteiro simples, mas muito bem sacada. O que deu para concluir no final do filme é que tudo ia bem em seu andamento até a cápsula soltar Chris Pratt dentro daquele complexo sem pessoas.
Se você se esforçar muito consegue sim sentir algo que os atores falharam em passar. É impossível não lembrar de Náufrago aqui. Eliminando qualquer semelhança com filmes do mesmo gênero, a ficção científica acaba aparecendo mais do que a própria história. Uma anomalia bizarra (e provavelmente acidental) do roteiro é a de confiar um papel importante e até bem executado por Michael Sheen. Embora não seja algo extraordinário, na escala Passageiros, é único.
O filme tenta tocar na temática da vida e do real sentido dela quanto a conformidade. De um jeito ou de outro todos morrem. O caminho trilhado até isso pode ser mudado, redirecionado, buscado, mas nunca atrasado. Quando se coloca esse tema em debate usando o plástico cenário da nave algo químico acontece. Passageiros não me desapontou muito por não ousar. Em diversos momentos da narrativa uma criança poderia julgar o melhor destino para uma cena que melhor progrediria para um final impactante.
E por sinal, o final de Passageiros é rápido, seco e sem propósito algum de estar lá. Sim, que nem a existência desperdiçadíssima de Laurence Fishburne no elenco. Isso me constrangeu muito.
Queria eu dar uma nota mais baixa, mas o filme me deixou bem pensativo quanto a questões que eu não revisava há anos. Sem isso em particular, é só um filme B que dividirá opiniões no futuro. Pelo menos discutí-lo ainda é válido. Passageiros não é ruim, só é falho.
Minha teimosia em rever filmes de natureza biográfica é algo do qual não quero me ver livre. Assisti Intocáveis pela primeira vez no cinema. Segunda ou terceira sessão, não me recordo bem. Li muito pouco sobre. Vendado é pouco para definir o meu estado quando sentei na cadeira. Iria Intocáveis ser um extrato de O Escafandro e a Borboleta ou um popular Marley e Eu? Tudo era apreensão até então. Decidi só assistir. E nossa, como curti cada segundo daquele filme.
Intocáveis é, antes de tudo, uma adaptação cinematográfica de uma história real. Isso sempre pesa quando decidimos revidar a mensagem do filme com argumentos fantasiosos de improbabilidade. Não é trabalho de um roteiro ou de um jogo de câmeras, é o relacionamento de duas pessoas que se apresenta ali, perfeito para você. Entre as coisas mais belas que já pude testemunhar pelo cinema a amizade cultivada por intenso amor com certeza ganha um pódio evidente. Antes do dinheiro, fama, poder e independência, existem mínimas virtudes que diferenciam a vida de uma vivência. O filme marca a amizade verdadeira como uma delas. E mais importante que isso, destaca o valor do improvável bem em cima disso.
Embora o filme só sofra alívio cômico pelo bem protagonizado personagem de Omar Sy, Driss, ainda assim marca bem as passagens necessárias para que o destaque se desafogue do drama e da monotonia. François Cluzet poupa comentários. A relação não se limita só ao filme, mas a própria química dos atores passa a evidenciar o quão entrelaçados são na dança com a câmera. É simplesmente impossível deixar de admirar a união dos dois em cada renovação de cenário e situação. Aliás, o cenário aqui pouco é priorizado, o que me fez sentir falta de mais cenas enquadradas com o mundo e não só com pessoas.
Quando uma direção extrai tão bem o suco de um roteiro a ponto de nos dar uma fórmula tão simples e tão bem desenhada, o que sobra é Intocáveis. Eu quero revisitar o filme sempre que me der na telha, já que nunca é uma má ideia seguir um instinto ou outro. Acredito que mesmo passando das cinco visitações ao curto filme, não me cansarei de sentir o impacto, valorizar mais as pessoas que eu amo e fazê-las cada vez mais felizes enquanto eu estiver ao seus lados. É um filme para ser sentido, não comentado, haha. Só tenho a agradecer por filmes assim existirem. E gostando ou não, o público deveria fazer o mesmo.
"A melhor maneira de começar uma amizade é com uma boa gargalhada. De terminar com ela, também" - Oscar Wilde.
Queria poder rever mensalmente este filme e reimaginar a sua mensagem de uma nova forma. Antigo como é e naturalmente um clássico já para a época, Sociedade dos Poetas Mortos ainda me banca bem-estar. Como é harmônica a pequena classe de promissores jovens da Academia Welton. Embora eu ache que não se limite ao particular, queria eu estar ali. Beber da mesma fonte de tão famintas mentes. Mentes essas que sobretudo eram inquietas e duvidavam de suas próprias jornadas. Afinal, é isso que o filme usa para te tocar do outro lado da tela com poucos núcleos de personagens.
Não dá pra cansar de afirmar que Robin Williams encarna qualquer papel com uma bagagem monstra na interpretação. O destaque para o professor Keating vem pelo quão especial o personagem é para o enredo. De fato, a força motora que destaca uma sala de promissores poetas. Todo mundo já teve um professor de literatura ou português próximo disso, certo? Lembro da primeira vez que assisti esse filme pela recomendação do estudo da maiêutica há anos e anos atrás em uma aula dessas de filosofia. Descobrir talentos que a sociedade reprime por mera estatística e luxúria é o mesmo que matar alguém em silêncio e indiferença.
É impossível para mim descrever tudo aquilo que sou e deixei de ser só por ler o legado de Walt Whitman. No filme ele definitivamente vive em cada diálogo e reviravolta. A pregação do homem de turvo amor e a percepção crua do mundo pelo verso livre não está só presente como também tece o que acontecerá durante a narrativa. Sinto que mesmo com uma discussão literária importantíssima levantada na trama, há o que se ter de crédito por aquele que quase nunca o tem: o leitor. Se por deixar de seguir os sonhos ou viver às custas de uma conformidade me deixa aceito, então que me recuse a ser quem sou para me tornar quem sinto. Um clássico que com certeza guardo com muito carinho. Vale totalmente a sua duração média para um filme com essa abordagem. Carpe Diem!
“A vida é o pouco que nos sobra da morte" - Walt Whitman.
O filme sempre me foi recomendado por amigos, mas não costumava dar bola alguma. Mesmo com os nomes de peso já presentes em filmes que eu tanto gostava, nunca me animei para dar o 'play' em Histórias Cruzadas. O filme é um tapa na cara da história americana de busca pelos direitos iguais. Não é contextual ou parcial, é cru, simplesmente assim. Acho que nenhuma perspectiva seria melhor usada para abordar a história do que a das empregadas. O elenco feminino é fantástico.
Para ser franco, achei que Viola Davis roubaria a cena. Octavia Spencer pode muito bem ter dado a melhor interpretação de uma emprega negra dentro de toda a trama. Seu caráter coadjuvante me emocionou demais (por ser assim mesmo, secundário). Não pude encontrar um personagem sem motivações senão os masculinos, bem inexplorados.Não conseguirei esquecer o final do filme por um bom tempo. A abordagem da luta pela identidade em filmes tão dinâmicos é rara. Misturar gêneros, mais complicado ainda.
A jornada das empregadas, apesar de diferentes, é única e dá para o mesmo lugar. O Mississippi, apesar de pouco abordado senão pelos diálogos e pelas notícias na televisão, é vivo ao olhar por cada janela. E por falar em janelas, aqui elas são portas para outros lares e outras histórias. Imaginar uma vida de cuidados e trabalho é algo desconfortável. Aprender a amar aquele que lhe trata com submissão é levado aqui como uma lição de amor ao inimigo. Apesar de falta de escolha, os negros do Mississippi sobreviveram a dura represália branca na busca pelos seus próprios direitos. E se sobreviveram, contam histórias. Boas histórias.
A força de duas horas desse filme durou até o último segundo. A cena de encerramento foi clássica, mas funcionou bem para a reflexão sobre a história. Histórias Cruzadas não é um relato ou simples sussurro, é um ciclo de uma luta silenciosa que existe e resiste durante todos esses anos. Que mais histórias tenham suas vozes ouvidas a cada dia. Aconteça o que acontecer, busque estar certo primeiro para quem você é, depois para quem você ama. Octavia, você é fantástica.
"Espere o melhor, prepare-se para o pior e aceite o que vier".
Eu não poderia ter resgatado esse filme em melhor hora. É um lembrete para a persistência e disciplina como nenhum outro. E como qualquer um deve se lembrar de seus princípios uma vez ou outra, a história de Bill Porter também merece uma recordação.
O erro é uma infelicidade para o fraco e uma noção de caminho para o forte. A derrota não existe até que o viajante da vida se dê por vencido. A trajetória do Sr. Porter não poupa o auto-conhecimento. Ninguém é limitado, mas ainda assim se limita. E sim, muito pelo que os outros dizem. Na verdade, só pelo que o mundo conta.
O filme é uma lição de vida. Só é possível agradecer a William H. Macy por transmitir tão bem a essência do famoso vendedor. Mais do que pela resiliência, Bill Porter inspira a termos sobretudo paz e fé. A vida não melhora ou piora sozinha. A trajetória não é uma ponte por cima de um lago cristalino. Para passar por ela, você se suja na lama funda e descansa em uma rocha ou outra para voltar a seguir.
As coisas vão piorar, pois sempre pioram. A melhora vem da forma como lidamos. Pessoas vêm e vão. E em um momento a caminhada chega ao seu clímax. Um momento em que não se pode voltar. A partir daqui a sua vida muda para sempre. E antes que chegue e você pense em desistir, olhe para trás e veja o que o sustentou até então.
"Só existem dois momentos importantes em nossas vidas. O primeiro é o dia que nascemos e o segundo o dia em que descobrimos o porquê" - Mark Twain.
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Okja
4.0 1,3K Assista AgoraFelizmente existem filmes que mais do que maquiados e bem vestidos apelam para uma conversa franca com você do outro lado. Nem sempre isso é possível, mas nunca deixa de acontecer em longas como Okja. Se o mainstream consolidado não produz uma obra de denúncia tão perfeitamente crua e ingênua como essa, existe a indústria secundária que faz. E faz bem. Okja não busca conversar. O filme da metade para o final te
segura na cadeira e te mostra até aonde vai o buraco do coelho que você entrou quando deu o play.
É muito bom ter uma produção descentralizada da americana como acontece aqui. Uma nova perspectiva fotográfica, sequencial, e nem é preciso citar o claro comprometimento com um suspense realmente pesado em algumas das poucas cenas decisivas. A ''aventura barata'' como justificativa para o descobrimento realista de uma linha de produção cruel e terrivelmente complacente com sua clientela acontece (é nessa parte que o nariz entorta). Há uma denúncia e uma mensagem em cada personagem. Carregados com personalidades muito distintas, é perfeitamente possível avaliar o que Bong Joon-ho tentou injetar na grande alegoria sobre os maus tratos de animais. O núcleo corporativo do filme é uma evidência disso.
Okja me intrigou muito mais pela abordagem do que pelo que em si foi mostrado usando do cinema para isso. A forma sucinta como a aventura sul-coreana se propôs a trilhar um caminho tão comprometedor, visceral e repulsivo. Não há aqui um brilho fenomenal do elenco de peso que, mais do que forte, foi simplesmente cumpridor de uma função razoável. Okja surpreende em certas passagens usando da sua própria inocência de filme barato de ''resgate ao fulano". E não haveria outra forma melhor do que essa para dividir opiniões. Embora mais do que simplesmente opinar, é importante retroceder ao debate, e Okja coloca o prato vazio na mesa de 2017. Um soco no estômago e outro na cara. Um questionamento sobre o que é ser realmente humano.
"Não importa se os animais são incapazes ou não de pensar. O que importa é que são capazes de sofrer" - Mark Twain.
The Room
2.3 492Não tenho ideia de como consegui sobreviver todos esses anos sem ter ouvido qualquer menção a este filme. Achei ele por acidente em um fórum da internet e resolvi assistir. O melhor pior filme do mundo se tornou um dos meus longas mais queridos. Assumindo que Wiseau na verdade é um gênio, eu nunca ri tanto com um filme
de drama e enredo tão maduro (ele tenta ser).
A cena de um dos primeiros diálogos no topo do prédio, a provocação pelo som da galinha e as contextualizações sem sentido algum que nascem nas interações dos personagens são simplesmente demais para qualquer um se segurar.
É um filme curto e que te prende bastante apesar de tudo. É perfeitamente possível enxergar como tudo é tão precário e dispensável que se torna divertida a sensação de ''má apreensão". Vale totalmente a pena juntar alguns amigos para assistir. O filme é pouco conhecido no final das contas.
The Room é um clássico que, apesar de ruim e com fundos independentes, inegavelmente ancorou na indústria com um roteiro e direção destroçadas e de pouco esforço. Há ali uma busca muito clara pelos clichês de drama que são sempre desrespeitadas e se tornam engraçadas quando mal executadas. Ainda acho e possivelmente sempre acharei que The Room não é um filme ruim ou o melhor dos piores, é só um filme preguiçoso que não se leva a sério.
"You're just a chicken. Chip-chip-chip-chip-chip-chip-chiiiii" - Johnny.
Mulher-Maravilha
4.1 2,9K Assista AgoraA ascensão do DCEU nesses últimos anos tem me trazido muito orgulho. Algo que nunca imaginei que fosse acontecer (e tão rápido) foi esse filme ter saído logo após o estrondo de bilheteria do divisor de águas A Origem da Justiça. Eu não tive pressa alguma para assistir o filme, tanto que só em uma oportunidade de realmente não ter o que ver, aqui estou. Que roteiro danado de trabalhoso durante todos esses anos. Patty Jenkins soltou uma bomba para 2017 e ela não foi pequena. O filme não é inacreditável, mas é muito bem executado. Assim eu o percebi.
Eu não sou um consumidor assíduo de quadrinhos. Os da Mulher-Maravilha, antigos e recentes, nunca me chamaram muita atenção. Sempre consumi algo mais abaixo do radar dos super-poderes. O que o filme da heroína apresentou foi algo que
me impressonou bastante pelo cuidado e a qualidade. Claro, há momentos no filme (pouquíssimos) em que essa despreocupação é colocada de lado pelo que eu julgo ser o único defeito aqui: a pressa.
Um filme, sem pudor algum, te leva em uma viagem e busca te entreter de diversas maneiras. Isso acontece declaradamente pelo gênero (direcionamento). Se um filme de duas horas te apresenta uma história de origem tão rica e movediça do universo
expandido, eu, pessoalmente, gostaria de ver mais ali que me suprisse além das cenas de ação e progressão previsível de atos. Pode ser uma birra, mas eu acho que se o filme se propusesse a estender-se por mais tempo, faria um trabalho excepcional em estabelecer ali uma referência para a introdução a uma parte do DCEU até então obscura demais.
Gal Gadot será para mim a eterna e definitiva Mulher-Maravilha. Não é um hype ou contestação, ela é muito boa! Há no filme interpretações muito características que podem se confundir com atuações precárias, o que não é bem verdade. O universo cinematográfico dali tenta misturar o agrado público com o agrado do fã. Nesse caso em específico o público parece ter abocanhado mais do que o segundo tipo. A história em sua complexidade não é tão enxuta e tampouco tão simples, mas foi deixada dessa maneira. Acredito que pelo mesmo motivo da pressa em atravessar a protagonista por tantos cenários, fases e diálogos.
A grande reviravolta do filme e luta final acabou sendo só... genérica. Não há aqui uma grande batalha travada por força e superação de uma grande personagem. O que existe é uma frase de efeito rasa, uma decisão definitiva sobre o futuro da humanidade e um grande golpe na cara do vilão. Um desfecho que claramente não acompanhou o filme. Ficou evidente aqui uma falta de tempo ou cuidado. Ares apresentou-se como um vilão tão genérico quando o seu embate. A sua representação no ''todo e em qualquer um'' foi muito bem sacada e intrigante. Na verdade uma daquelas coisas que te deixa pensativo durante o filme. Então sim, eu realmente queria que aquele vilão fosse diferente do que se mostrou. Foi um pouco frustrante.
Como sendo uma peça tão única, diferente e desligada do DCEU usual, com certeza vale a pena ver o filme novamente. Apesar de tudo o que o caracteriza como ousado e singular para os filmes mais ordinários com o mesmo cunho, aqui quem brilha é um
papel feminino que eu adorei presenciar. Não existem padrões, obrigatoriedades e nem compromissos, só uma missão, uma heroína para efetuá-la e uma discussão válida e persistente sobre nossos papéis no mundo. Maravilhoso!
"It's about what you believe. And I believe in love. Only love will truly save the world" - Diana of Themyscira.
Corra!
4.2 3,6K Assista AgoraO engate de roteiro desse filme me intrigou bastante. Eu acho muito massa quando o elemento do terror é subvertido em algo incrivelmente mundano e simples. Jordan Peele tenta recriar no longa a vivência do negro em sociedade. Essa ideia acaba sendo refratada pela tentativa de passar com destreza pelos atos. Aliás, os atos do filme são até bem construídos se você parar e pensar que é só um filme simples, direto e que não promete nada. A música parece não ser tão bem montada e apenas torna-se confusa com as suas entradas. É algo que ficou gritante. E por sinal, Corra! é assim. Gritante em qualquer aspecto. Bom ou ruim.
Esquecer de como esse filme chegou até mim na época do seu lançamento é impossível. Muito por já ter testemunhado o quão bom ator Daniel Kaluuya se mostrou em Fifteen Million Merits, de Black Mirror. O hype só meu levou a decepção aqui. O que muito o filme tenta passar do ponto de vista do personagem de Kaluuya é o estranhamento. Com o desenrolar do descobrimento o personagem passa por algumas interpretações no mínimo... bizarras. Não sei se isso foi uma impressão pessoal, mas já tendo assistido uma vez o filme e revendo-o agora, ainda mantenho essa conclusão. A impressão que dá é que durante o primeiro ato inteiro Kaluuya respira por aparelhos ou só interpreta um personagem sem vida (o que não é verdade).
O que mais me deixou surpreso no filme foi com certeza a minha reação ao que ele mostra nos momentos-chave do coadjuvante vivido por LilRel Howery. Já tinha visto esse cara em Mad Families. Conter o riso era impossível quando Rod entrava em cena. Não são piadas ou tiradas marcantes, é só o ator e o personagem, simplesmente. Com Allison Williams, talvez essa composição tenha sido a da dupla que funcionou aqui dentro. O destaque para a Rose é bem óbvio e quem assiste perceba ela dentro
de poucas, mas bem executadas atuações em que brilhou.
Se você busca por um terror inteligente, o filme te dá algo próximo disso. Se você se contentar com o roteiro e quiser estudar ele por mero gosto, é brilhante e profundo (sim, é muito legal). Para assistir com um amigo e encarar como uma comédia, boa sorte, é um filmaço! O diretor colocou aqui um misto claramente desequilibrado de tensão e alívio cômico que eu adorei sem compromisso algum. Não corra, é um bom filme (apesar da tradução do título horrível como essa piada).
Passageiros
3.3 1,5K Assista AgoraEu nunca imaginei que o espaço pudesse ser palco de uma história de amor tão terrestre e cheia de clichês. Assisti o filme sabendo o que encontraria com a sinopse e o pequeno elenco tão descabido. O êxodo da companhia Homestead é uma motivação de roteiro simples, mas muito bem sacada. O que deu para concluir no final do filme é que tudo ia bem em seu andamento até a cápsula soltar Chris Pratt dentro daquele complexo sem pessoas.
Se você se esforçar muito consegue sim sentir algo que os atores falharam em passar. É impossível não lembrar de Náufrago aqui. Eliminando qualquer semelhança com filmes do mesmo gênero, a ficção científica acaba aparecendo mais do que a própria história. Uma anomalia bizarra (e provavelmente acidental) do roteiro é a de confiar
um papel importante e até bem executado por Michael Sheen. Embora não seja algo extraordinário, na escala Passageiros, é único.
O filme tenta tocar na temática da vida e do real sentido dela quanto a conformidade. De um jeito ou de outro todos morrem. O caminho trilhado até isso pode ser mudado, redirecionado, buscado, mas nunca atrasado. Quando se coloca esse tema em debate usando o plástico cenário da nave algo químico acontece. Passageiros não me desapontou muito por não ousar. Em diversos momentos da narrativa uma criança poderia julgar o melhor destino para uma cena que melhor
progrediria para um final impactante.
E por sinal, o final de Passageiros é rápido, seco e sem propósito algum de estar lá. Sim, que nem a existência desperdiçadíssima de Laurence Fishburne no elenco. Isso me constrangeu muito.
Queria eu dar uma nota mais baixa, mas o filme me deixou bem pensativo quanto a questões que eu não revisava há anos. Sem isso em particular, é só um filme B que dividirá opiniões no futuro. Pelo menos discutí-lo ainda é válido. Passageiros não é ruim, só é falho.
Intocáveis
4.4 4,1K Assista AgoraMinha teimosia em rever filmes de natureza biográfica é algo do qual não quero me ver livre. Assisti Intocáveis pela primeira vez no cinema. Segunda ou terceira sessão, não me recordo bem. Li muito pouco sobre. Vendado é pouco para definir o meu estado quando sentei na cadeira. Iria Intocáveis ser um extrato de O Escafandro e a Borboleta ou um popular Marley e Eu? Tudo era apreensão até então. Decidi só assistir. E nossa, como curti cada segundo daquele filme.
Intocáveis é, antes de tudo, uma adaptação cinematográfica de uma história real. Isso sempre pesa quando decidimos revidar a mensagem do filme com argumentos fantasiosos de improbabilidade. Não é trabalho de um roteiro ou de um jogo de câmeras, é o relacionamento de duas pessoas que se apresenta ali, perfeito para você. Entre as coisas mais belas que já pude testemunhar pelo cinema a amizade cultivada por intenso amor com certeza ganha um pódio evidente. Antes do dinheiro, fama, poder e independência, existem mínimas virtudes que diferenciam a vida de uma vivência. O filme marca a amizade verdadeira como uma delas. E mais importante que isso, destaca o valor do improvável bem em cima disso.
Embora o filme só sofra alívio cômico pelo bem protagonizado personagem de Omar Sy, Driss, ainda assim marca bem as passagens necessárias para que o destaque se desafogue do drama e da monotonia. François Cluzet poupa comentários. A relação não se limita só ao filme, mas a própria química dos atores passa a evidenciar o quão entrelaçados são na dança com a câmera. É simplesmente impossível deixar de admirar a união dos dois em cada renovação de cenário e situação. Aliás, o cenário aqui
pouco é priorizado, o que me fez sentir falta de mais cenas enquadradas com o mundo e não só com pessoas.
Quando uma direção extrai tão bem o suco de um roteiro a ponto de nos dar uma fórmula tão simples e tão bem desenhada, o que sobra é Intocáveis. Eu quero revisitar o filme sempre que me der na telha, já que nunca é uma má ideia seguir um instinto ou
outro. Acredito que mesmo passando das cinco visitações ao curto filme, não me cansarei de sentir o impacto, valorizar mais as pessoas que eu amo e fazê-las cada vez mais felizes enquanto eu estiver ao seus lados. É um filme para ser sentido, não
comentado, haha. Só tenho a agradecer por filmes assim existirem. E gostando ou não, o público deveria fazer o mesmo.
"A melhor maneira de começar uma amizade é com uma boa gargalhada. De terminar com ela, também" - Oscar Wilde.
Sociedade dos Poetas Mortos
4.3 2,3K Assista AgoraQueria poder rever mensalmente este filme e reimaginar a sua mensagem de uma nova forma. Antigo como é e naturalmente um clássico já para a época, Sociedade dos Poetas Mortos ainda me banca bem-estar. Como é harmônica a pequena classe de promissores jovens da Academia Welton. Embora eu ache que não se limite ao particular, queria eu estar ali. Beber da mesma fonte de tão famintas mentes. Mentes essas que sobretudo eram inquietas e duvidavam de suas próprias jornadas. Afinal, é isso que o filme usa para te tocar do outro lado da tela com poucos núcleos de personagens.
Não dá pra cansar de afirmar que Robin Williams encarna qualquer papel com uma bagagem monstra na interpretação. O destaque para o professor Keating vem pelo quão especial o personagem é para o enredo. De fato, a força motora que destaca uma sala de promissores poetas. Todo mundo já teve um professor de literatura ou português próximo disso, certo? Lembro da primeira vez que assisti esse filme pela recomendação do estudo da maiêutica há anos e anos atrás em uma aula dessas de filosofia. Descobrir talentos que a sociedade reprime por mera estatística e luxúria é o mesmo que matar alguém em silêncio e indiferença.
É impossível para mim descrever tudo aquilo que sou e deixei de ser só por ler o legado de Walt Whitman. No filme ele definitivamente vive em cada diálogo e reviravolta. A pregação do homem de turvo amor e a percepção crua do mundo pelo verso livre não está só presente como também tece o que acontecerá durante a narrativa. Sinto que
mesmo com uma discussão literária importantíssima levantada na trama, há o que se ter de crédito por aquele que quase nunca o tem: o leitor. Se por deixar de seguir os sonhos ou viver às custas de uma conformidade me deixa aceito, então que me recuse a ser quem sou para me tornar quem sinto. Um clássico que com certeza guardo com muito carinho. Vale totalmente a sua duração média para um filme com essa abordagem. Carpe Diem!
“A vida é o pouco que nos sobra da morte" - Walt Whitman.
Histórias Cruzadas
4.4 3,8K Assista AgoraO filme sempre me foi recomendado por amigos, mas não costumava dar bola alguma. Mesmo com os nomes de peso já presentes em filmes que eu tanto gostava, nunca me animei para dar o 'play' em Histórias Cruzadas. O filme é um tapa na cara da história americana de busca pelos direitos iguais. Não é contextual ou parcial, é cru, simplesmente assim. Acho que nenhuma perspectiva seria melhor usada para abordar a história do que a das empregadas. O elenco feminino é fantástico.
Para ser franco, achei que Viola Davis roubaria a cena. Octavia Spencer pode muito bem ter dado a melhor interpretação de uma emprega negra dentro de toda a trama. Seu caráter coadjuvante me emocionou demais (por ser assim mesmo, secundário).
Não pude encontrar um personagem sem motivações senão os masculinos, bem inexplorados.Não conseguirei esquecer o final do filme por um bom tempo. A abordagem da luta pela identidade em filmes tão dinâmicos é rara. Misturar gêneros, mais complicado ainda.
A jornada das empregadas, apesar de diferentes, é única e dá para o mesmo lugar. O Mississippi, apesar de pouco abordado senão pelos diálogos e pelas notícias na televisão, é vivo ao olhar por cada janela. E por falar em janelas, aqui elas
são portas para outros lares e outras histórias. Imaginar uma vida de cuidados e trabalho é algo desconfortável. Aprender a amar aquele que lhe trata com submissão é levado aqui como uma lição de amor ao inimigo. Apesar de falta de escolha, os negros
do Mississippi sobreviveram a dura represália branca na busca pelos seus próprios direitos. E se sobreviveram, contam histórias. Boas histórias.
A força de duas horas desse filme durou até o último segundo. A cena de encerramento foi clássica, mas funcionou bem para a reflexão sobre a história. Histórias Cruzadas não é um relato ou simples sussurro, é um ciclo de uma luta silenciosa que existe e
resiste durante todos esses anos. Que mais histórias tenham suas vozes ouvidas a cada dia. Aconteça o que acontecer, busque estar certo primeiro para quem você é, depois para quem você ama. Octavia, você é fantástica.
"Espere o melhor,
prepare-se para o pior
e aceite o que vier".
De Porta em Porta
4.0 151Eu não poderia ter resgatado esse filme em melhor hora. É um lembrete para a persistência e disciplina como nenhum outro. E como qualquer um deve se lembrar de seus princípios uma vez ou outra, a história de Bill Porter também merece uma recordação.
O erro é uma infelicidade para o fraco e uma noção de caminho para o forte. A derrota não existe até que o viajante da vida se dê por vencido. A trajetória do Sr. Porter não poupa o auto-conhecimento. Ninguém é limitado, mas ainda assim se limita. E sim, muito pelo que os outros dizem. Na verdade, só pelo que o mundo conta.
O filme é uma lição de vida. Só é possível agradecer a William H. Macy por transmitir tão bem a essência do famoso vendedor. Mais do que pela resiliência, Bill Porter inspira a termos sobretudo paz e fé. A vida não melhora ou piora sozinha. A trajetória não é uma ponte por cima de um lago cristalino. Para passar por ela, você se suja na lama funda e descansa em uma rocha ou outra para voltar a seguir.
As coisas vão piorar, pois sempre pioram. A melhora vem da forma como lidamos. Pessoas vêm e vão. E em um momento a caminhada chega ao seu clímax. Um momento em que não se pode voltar. A partir daqui a sua vida muda para sempre. E antes que chegue e você pense em desistir, olhe para trás e veja o que o sustentou até então.
"Só existem dois momentos importantes em nossas vidas. O primeiro é o dia que nascemos e o segundo o dia em que descobrimos o porquê" - Mark Twain.