Fellini faz um retrato cuidadoso da vida noturna burguesa da Roma do início dos anos 60, com seus personagens excêntricos, frequentemente entediados e cercados de exploração midiática. O que no início parecia uma representação unicamente charmosa aos poucos vai sendo desconstruída pelo diretor, que revela facetas bem mais sujas desse universo tão atraente nas capas das revistas e jornais pelas quais os paparazzi trabalham. Mastroianni está excelente como um personagem que serve inicialmente como os olhos do espectador naqueles cenários, mas acaba sendo engolido e modificado profundamente por eles.
A cena final, onde Rubini não consegue ouvir (e se conectar) com a garota humilde com quem conversara antes é emblemática e dá o tom final de melancolia.
Cronenberg sempre está à vontade quanto a mostrar a deformação da carne, e aqui ele tem a seu dispor todas as cartas na mão. O roteiro, cheio de absurdos e construções exageradas, é uma desculpa para demonstrar toda a construção visual precisa da lenta transformação de Seth Brundle, com direito a um trabalho de maquiagem de cair o queixo. Nas entrelinhas, é possível pinçar reflexões interessantes sobre a personalidade humana, e, por que não, sobre o amor além da carne.
Com pelo menos um coming of age feminino saindo a cada ano, seria fácil alcançar um esgotamento. Porém a diretora Olivia Wilde (em ótimo debute) sabe disso, e busca se diferenciar com escolhas visuais interessantes e apostando na sintonia do seu elenco. E funciona. O grande destaque do filme é, de fato, as atuações de Beanie Feldstein e Kaitlyn Dever, que sabem transitar bem entre as camadas de seus personagens e têm uma química impagável. No fim das contas, o que acaba pesando é o roteiro escrito a oito mãos, que se alterna entre passagens criativas e um punhado de conveniências, forçadas de barra e piadas fracas. Ainda assim, guarda ótimos momentos e possui uma trilha sonora calibrada para dar a energia necessária às cenas.
A Doce Vida
4.2 316 Assista AgoraFellini faz um retrato cuidadoso da vida noturna burguesa da Roma do início dos anos 60, com seus personagens excêntricos, frequentemente entediados e cercados de exploração midiática.
O que no início parecia uma representação unicamente charmosa aos poucos vai sendo desconstruída pelo diretor, que revela facetas bem mais sujas desse universo tão atraente nas capas das revistas e jornais pelas quais os paparazzi trabalham.
Mastroianni está excelente como um personagem que serve inicialmente como os olhos do espectador naqueles cenários, mas acaba sendo engolido e modificado profundamente por eles.
A cena final, onde Rubini não consegue ouvir (e se conectar) com a garota humilde com quem conversara antes é emblemática e dá o tom final de melancolia.
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A Mosca
3.7 1,0KCronenberg sempre está à vontade quanto a mostrar a deformação da carne, e aqui ele tem a seu dispor todas as cartas na mão.
O roteiro, cheio de absurdos e construções exageradas, é uma desculpa para demonstrar toda a construção visual precisa da lenta transformação de Seth Brundle, com direito a um trabalho de maquiagem de cair o queixo.
Nas entrelinhas, é possível pinçar reflexões interessantes sobre a personalidade humana, e, por que não, sobre o amor além da carne.
Fora de Série
3.9 491 Assista AgoraCom pelo menos um coming of age feminino saindo a cada ano, seria fácil alcançar um esgotamento. Porém a diretora Olivia Wilde (em ótimo debute) sabe disso, e busca se diferenciar com escolhas visuais interessantes e apostando na sintonia do seu elenco.
E funciona. O grande destaque do filme é, de fato, as atuações de Beanie Feldstein e Kaitlyn Dever, que sabem transitar bem entre as camadas de seus personagens e têm uma química impagável.
No fim das contas, o que acaba pesando é o roteiro escrito a oito mãos, que se alterna entre passagens criativas e um punhado de conveniências, forçadas de barra e piadas fracas.
Ainda assim, guarda ótimos momentos e possui uma trilha sonora calibrada para dar a energia necessária às cenas.