A história me lembrou muito uma mistura dos livros Flores Para Algernon e Lolita. Os que amaram e os que odiaram o filme devem concordar nos pontos: fotografia e direção de artes são estonteantes. Ganhou merecidamente o Oscar 2024 de Melhor Atriz, Maquiagem, Direção de Arte e Figurino.
Apesar da execução sublime, admito que a semelhança com "Lolita" me incomodou muito. Por mais que a história principal tenha uma premissa interessantíssima - aqui a referência de Flores para Algernon-, mostrando as fases de desenvolvimento psíquico e intelectual do ser humano, sinto que isso foi quase que uma forma intelectualizada e "cult" de explorar a sexualidade de uma criança, suprindo de forma comercial os desejos de um público reprimido.
O filme usou e abusou, e usou novamente e abusou novamente, de cenas de sexo de uma criança no corpo de uma mulher, explorando a ausência de controle de impulsos da criança como estratégia para entregar o máximo (permitido a um filme que visa o oscar) de excitação sexual de uma sociedade que possui esse tipo de fantasia pedófila, ainda que a reprima em prol da civilidade.
Acredito, sim, que o tema do filme permite que a ideia do desenvolvimento sexual da personagem seja abordado. No entanto, existem tantas questões a serem exploradas no que tange o desenvolvimento humano, que o foco cinematográfico tão intenso na sexualidade, ainda mais intensa na personagem quando é mentalmente criança, e se desintensificando progressivamente conforme a personagem se porta de forma mais adulta, escancara a estratégia comercial desse filme alternativo.
Adaptar um livro tão complexo quanto esse é sempre um desafio. Como adaptação, dou nota 10: muito fiel ao livro, conseguiram otimizar bem o roteiro e tecnicamente me parece impecável. Dado o livro, uma produção menos competente poderia ter falhado miseravelmente com um filme lento. Já como filme independente do livro, acho que conseguiu construir bem o personagem, a imagem ficou linda e, apesar de um pouco lento, conseguiu ser bem imersivo, com mta atenção aos detalhes.
A sátira se dá através das aventuras e, principalmente, desventuras de um curador de um museu de arte contemporânea em todos os seus privilégios. As situações do filme pintam Christian como um homem autocentrado e superficial. Enquanto ele tenta trazer sucesso à sua mais nova e admirada exposição, que possui uma pegada de crítica social, ele mesmo não tem qualquer cuidado sobre os tantos mendigos que aparecem em seu caminho ao longo do filme (e mulheres, no caso da Elisabeth Moss). O único momento que ele age com alguma consciência de classe é depois que o menino implica demais e ele grava um vídeo de desculpas... onde logo as "desculpas" se perdem e ele apresenta todo um discurso sobre como a sociedade é assim e ricos e pobres e bla bla bla. No fim das contas ele mais culpa o sistema capitalista do que assume a culpa pelo comportamento dele.
Acredito que é um bom filme, com um personagem perfeitamente construído e bem interpretado. O roteiro em si não possui uma trama muito envolvente e entendo que o filme teve como ambição conquistar apenas através da construção do personagem principal.
Entendo a galera que não gostou. De fato o filme não traz nenhuma das características excitantes que o caso do Ted teve. O filme só traz o lado "normal" dele, o que foi o que me perturbou. Saí do filme com a reflexão de que todo mundo tem lado bom e lado ruim e que um não anula o outro. Faz você questionar o que passa na cabeça das pessoas normais ao seu redor...
Atende a proposta, que é entreter. Fiquei um tanto decepcionada com o roteiro, acho q usaram demais da "licença poética". Muitas pontas soltas, coisas q n faziam sentido... Mas ainda assim, com certeza vale a pena! Não deixa de ser um filme muito divertido
Uma característica forte da nossa sociedade hoje é que, em quase todo o tempo livre que temos, nossas mentes entram em standby. Pegamos o celular e nos distraímos com informações que não realmente ficam na nossa cabeça, simplesmente entram por um ouvido e saem pelo outro, por serem muito banais. Já somos dependentes disso e não vamos mudar, como sociedade. Eu, pessoalmente, leio muito menos hoje em dia do que a 10 anos atrás. Leio pouco porque sinto menos necessidade de preencher o meu tempo livre com isso, já que já o estou preenchendo com o celular. Esse filme me pegou porque mostrou essa forma alternativa de vida: sem as distrações do mundo moderno e com muita disciplina, essas crianças preencheram seus intelectos, espíritos e corpos com coisas muito mais agregadoras e saudáveis. Todos tocam um instrumento, todos são intelectualizados e pensantes, são críticos. E eu quero isso para mim! Mas, claro, com limites, como o filme também mostra. Quero menos tempo no celular e mais assistindo a um bom filme, lendo um bom livro, fazendo uma atividade artesanal. Acredito que muitos tenham sido atingidos por essa energia boa que o filme passou e que, ao menos por 2 horas, dedicaram o seu tempo livre a algo que os fez bem, não entrando estado de standby mental.
Greta conseguiu representar em Christine toda a mentalidade rebelde e imatura das adolescentes que não se encontraram na cidade pequena em que nasceram.
O menosprezo pela cidade, desvalorização da família, hipervalorização do que é fora do padrão se transformam em amor e admiração pelas raízes e realismo.
De fato um ritual de passagem absurdamente bem representado com um olhar belamente sensível.
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Pobres Criaturas
4.2 1,1K Assista AgoraA história me lembrou muito uma mistura dos livros Flores Para Algernon e Lolita. Os que amaram e os que odiaram o filme devem concordar nos pontos: fotografia e direção de artes são estonteantes. Ganhou merecidamente o Oscar 2024 de Melhor Atriz, Maquiagem, Direção de Arte e Figurino.
Apesar da execução sublime, admito que a semelhança com "Lolita" me incomodou muito. Por mais que a história principal tenha uma premissa interessantíssima - aqui a referência de Flores para Algernon-, mostrando as fases de desenvolvimento psíquico e intelectual do ser humano, sinto que isso foi quase que uma forma intelectualizada e "cult" de explorar a sexualidade de uma criança, suprindo de forma comercial os desejos de um público reprimido.
O filme usou e abusou, e usou novamente e abusou novamente, de cenas de sexo de uma criança no corpo de uma mulher, explorando a ausência de controle de impulsos da criança como estratégia para entregar o máximo (permitido a um filme que visa o oscar) de excitação sexual de uma sociedade que possui esse tipo de fantasia pedófila, ainda que a reprima em prol da civilidade.
Acredito, sim, que o tema do filme permite que a ideia do desenvolvimento sexual da personagem seja abordado. No entanto, existem tantas questões a serem exploradas no que tange o desenvolvimento humano, que o foco cinematográfico tão intenso na sexualidade, ainda mais intensa na personagem quando é mentalmente criança, e se desintensificando progressivamente conforme a personagem se porta de forma mais adulta, escancara a estratégia comercial desse filme alternativo.
Duna: Parte 1
3.8 1,6K Assista AgoraAdaptar um livro tão complexo quanto esse é sempre um desafio. Como adaptação, dou nota 10: muito fiel ao livro, conseguiram otimizar bem o roteiro e tecnicamente me parece impecável. Dado o livro, uma produção menos competente poderia ter falhado miseravelmente com um filme lento. Já como filme independente do livro, acho que conseguiu construir bem o personagem, a imagem ficou linda e, apesar de um pouco lento, conseguiu ser bem imersivo, com mta atenção aos detalhes.
The Square - A Arte da Discórdia
3.6 318 Assista AgoraEntendo que este filme é uma sátira sobre a elite intelectual artística:
A sátira se dá através das aventuras e, principalmente, desventuras de um curador de um museu de arte contemporânea em todos os seus privilégios.
As situações do filme pintam Christian como um homem autocentrado e superficial. Enquanto ele tenta trazer sucesso à sua mais nova e admirada exposição, que possui uma pegada de crítica social, ele mesmo não tem qualquer cuidado sobre os tantos mendigos que aparecem em seu caminho ao longo do filme (e mulheres, no caso da Elisabeth Moss). O único momento que ele age com alguma consciência de classe é depois que o menino implica demais e ele grava um vídeo de desculpas... onde logo as "desculpas" se perdem e ele apresenta todo um discurso sobre como a sociedade é assim e ricos e pobres e bla bla bla. No fim das contas ele mais culpa o sistema capitalista do que assume a culpa pelo comportamento dele.
Acredito que é um bom filme, com um personagem perfeitamente construído e bem interpretado. O roteiro em si não possui uma trama muito envolvente e entendo que o filme teve como ambição conquistar apenas através da construção do personagem principal.
Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal
3.3 585 Assista AgoraEntendo a galera que não gostou. De fato o filme não traz nenhuma das características excitantes que o caso do Ted teve. O filme só traz o lado "normal" dele, o que foi o que me perturbou. Saí do filme com a reflexão de que todo mundo tem lado bom e lado ruim e que um não anula o outro. Faz você questionar o que passa na cabeça das pessoas normais ao seu redor...
Oito Mulheres e um Segredo
3.6 1,1K Assista AgoraAtende a proposta, que é entreter. Fiquei um tanto decepcionada com o roteiro, acho q usaram demais da "licença poética". Muitas pontas soltas, coisas q n faziam sentido... Mas ainda assim, com certeza vale a pena! Não deixa de ser um filme muito divertido
Capitão Fantástico
4.4 2,7K Assista AgoraUma característica forte da nossa sociedade hoje é que, em quase todo o tempo livre que temos, nossas mentes entram em standby. Pegamos o celular e nos distraímos com informações que não realmente ficam na nossa cabeça, simplesmente entram por um ouvido e saem pelo outro, por serem muito banais. Já somos dependentes disso e não vamos mudar, como sociedade. Eu, pessoalmente, leio muito menos hoje em dia do que a 10 anos atrás. Leio pouco porque sinto menos necessidade de preencher o meu tempo livre com isso, já que já o estou preenchendo com o celular.
Esse filme me pegou porque mostrou essa forma alternativa de vida: sem as distrações do mundo moderno e com muita disciplina, essas crianças preencheram seus intelectos, espíritos e corpos com coisas muito mais agregadoras e saudáveis. Todos tocam um instrumento, todos são intelectualizados e pensantes, são críticos. E eu quero isso para mim! Mas, claro, com limites, como o filme também mostra. Quero menos tempo no celular e mais assistindo a um bom filme, lendo um bom livro, fazendo uma atividade artesanal.
Acredito que muitos tenham sido atingidos por essa energia boa que o filme passou e que, ao menos por 2 horas, dedicaram o seu tempo livre a algo que os fez bem, não entrando estado de standby mental.
Thelma
3.5 342 Assista AgoraFica uma moral bem simples:
Nós não temos controle sobre os desejos que reprimimos.
Lady Bird: A Hora de Voar
3.8 2,1K Assista AgoraGreta conseguiu representar em Christine toda a mentalidade rebelde e imatura das adolescentes que não se encontraram na cidade pequena em que nasceram.
O menosprezo pela cidade, desvalorização da família, hipervalorização do que é fora do padrão se transformam em amor e admiração pelas raízes e realismo.
De fato um ritual de passagem absurdamente bem representado com um olhar belamente sensível.