2:37 não é um filme pra ser assistido com um balde de pipoca e um grupo de amigos, numa tarde de domingo. É uma obra complexa, extremamente tensa e com uma carga emocional avassaladora. É difícil não estar à beira das lágrimas depois de 1h35mins de projeção.
Este é o primeiro filme de Murali K. Thalluri, que demonstra grande sensibilidade com a sua direção, conferindo um aspecto orgânico e natural às sequências. Nem nenhuma situação parece realmente forçada ou exagerada, e o jogo de câmeras contribui para dar lógica e sentimento às cenas. A trilha sonora, por sua vez, é bastante minimalista, e se encaixa perfeitamente com a situação.
Por fim, o roteiro é muito bem construído e extremamente sensível. Na maior parte do tempo, ele é extremamente tenso, levando o espectador a um pequeno jogo de adivinhação, tentando descobrir quem irá tirar a própria vida no final. Contudo, assim como na vida real, as coisas nunca são como parecem, e o resultado, embora a princípio pareça simplório, é genial. Um enredo que realmente consegue capturar a complexidade da trama sem soar exagerado, bobo, ou recorrer aos lugares-comum do gênero. Um filme realmente incrível.
O Besouro Verde é, essencialmente, um filme curioso. Embora lide com temáticas inerentes ao gênero super-herói, ele é construído de forma que o espectador não sinta que está assistindo mais do mesmo, a começar pelas motivações dos protagonistas. Não há aqui um desejo ou motivo que impele o herói à luta ao crime; se fosse possível apontar um culpado, esse seria o tédio. As ações e as consequências geradas por cada ato elevam os protagonistas à categoria de anti-heróis, fato reforçado por suas palavras e seu comportamento.
A estrutura do filme segue as regras do gênero: existe um vilão, um interesse romântico e um evento que coloca em curso a transformação do protagonista, de cidadão ordinário a herói. Contudo, ao invés de recorrer a estereótipos, cada parte cumpre seu papel com suas peculiaridades. O vilão, Chudnofsky, interpretado pelo grande Christopher Waltz, é comedido, educado e definitivamente insano. Por vezes ele parece mais bondoso do que os próprios protagonistas, como se fosse um pai de família que ingressou no crime para prover o sustento de seus filhos, e nada mais.
Cameron Diaz, por sua vez, interpreta o interesse romântico da dupla de heróis, personificada na secretária pessoal de Britt Reid. Porém, como o próprio filme faz questão de enfatizar, seu papel se resume apenas a isso: ser gostosa frente às câmeras. A personagem, jornalista e criminóloga, poderia acrescentar uma camada de complexidade ao filme com seus diálogos sobre sociologia e psicologia criminal; ao invés disso, o diretor opta por cortar abruptamente todas as suas falas com alguma interrupção grosseira de seu chefe. Embora injustificável, essa decisão de roteiro é coesa com a proposta geral do filme de não se levar a sério em momento nenhum, sendo uma constante paródia de si mesmo.
Por fim, os protagonistas. Britt Reid, em poucas palavras, é um Tony Stark covarde, idiota e incompetente. Rico, mimado, egocêntrico, junkie e com delírios de grandeza. Seth Rogen em nada colabora para tornar o personagem interessante; por outro lado, ele eleva tais características a outro nível, emprestando expressões faciais exageradas e idiossincrasias linguísticas ao Besouro Verde. Já Kato.. Definitivamente, o filme deveria se chamar "Kato! Kato!". A interpretação de Jay Chou, embora não seja primorosa em nenhum momento, é coesa com o propósito do personagem: ser o grande herói. Kato é responsável por todas as boas sequências de ação do filme, assim como é o criador de todas as máquinas, roupas e aparatos utilizados pelo Besouro Verde. Sem contar uma super máquina de espresso, que faz um belo e cremoso café!
O Besouro Verde é o primeiro blockbuster dirigido por Michel Gondry, famoso no cenário independente por suas obras essencialmente lúdicas e existencialistas. Aqui, vemos o diretor mais contido, seguindo normas do estúdio e aplicando técnicas mais tradicionais de direção; contudo, existem pequenos detalhes brilhantes no filme, quase como easter eggs da criatividade alucinógena de Gondry. Destaque para a primeira luta de Kato e o monólogo interior de Britt Reid no final, com um experimentalismo ousado e interessante.
O Besouro Verde é um filme bacana. Não é excepcional, e não é ruim. A primeira experiência de um diretor indie em um cinema pipoca, sem grandes pretensões, assim como o filme. Bem-humorado, sem recorrer a situações pastiche e exageradas. Sequências de ação bastante caricatas e divertidas, levando o espectador a compartilhar do sentimento de deslumbramento do Britt, encantado com as perícias de Kato.
Troll Hunter é um filme curioso, que realiza muito mais do que promete. O formato de documentário amador, tão abordado em obras como REC e Bruxa de Blair, pode parecer batido e simplório; contudo, a intenção do diretor foi justamente a de criar uma sátira a esse gênero, como indicado em alguns pontos.
Desde o princípio, o filme exige um determinado nível de suspensão de descrença devido à sua natureza extremamente folclórica e fantasiosa. A trama, embora pareça simples e mal explicada, é recheada de elementos simbólicos e folclóricos específicos da cultura norueguesa; tal abordagem narrativa pelo filme pode tornar sua apreciação difícil por parte de pessoas de outras culturas.
No aspecto visual, o filme é impecável. A Escandinávia (assim como a Islândia e a Groelândia) são países impressionantes, fantasmagóricos e inesquecíveis. Os trolls, por sua vez, se misturavam de forma suave com o ambiente, sem parecer uma caricatura ou uma grande criatura de borracha se movendo de forma desgovernada por terrenos desconhecidos.
Uma obra realmente interessante, embora não agrade muito a quem não está acostumado com esse tipo de filme.
Skyline é, essencialmente, um filme com um foco muito específico. A preocupação em fazer uma obra única e inovadora dentro do gênero proposto acabou gerando alguns problemas básicos, como elenco e direção. O elenco é pouco convincente, com atuações fracas e exageradas; em um dado momento, a impressão é a única orientação do diretor foi "gritem até suas gargantas secarem". As cenas mais densas são melodramáticas e até mesmo cômicas. Em momentos de tensão, os atores fazem caricaturas de estereótipos do gênero, o que não ajuda no proveito do filme. A direção por vezes é confusa. O uso de slow motion, embora comedido, é desnecessário e retira um pouco da tensão e ansiedade do espectador ao deixar claro a natureza épica da obra; filmes como Cloverfield, que buscam uma abordagem mais crua e real, são mais sucedidos em manter o clima. Em outro momento, há uma cena em "fast forward", para indicar passagem de tempo. Embora seja justificado, o efeito foi mal utilizado, e ficou um pouco ridículo. Contudo, o filme possui alguns pontos fortes. Os efeitos especiais estão impecáveis. Embora o filme tenha apenas gasto R$10 milhões em sua produção, os efeitos foram muito bem elaborados e enchem os olhos, principalmente nos movimentos dos aliens. O grande trunfo de Skyline é o seu roteiro, sua proposta. Herdeiro de convenções do gênero "invasão alienígena", o filme gasta todos os seus esforços para criar elementos que o destaquem dos demais: vários tipos diferentes de aliens; organismos e tecnologia inovadores; propósito dos invasores além do "vamos matar todos". Por fim, o final cria um cliffhanger propício para uma sequência, e que, dando crédito onde ele é devido, bastante original para o gênero.
É um filme interessante pela sua ousadia em criar algo novo a despeito das incontáveis obras de referência e de seus óbvios sacrifícios para que ele atinja seu propósito.
Apesar de grande parte da beleza do filme ser sua incrível história, que é obra de um igualmente incrível escritor, a animação e a direção de arte do filme são soberbas. Uma bela mistura do misterioso e macabro com o lúdico e a fantasia de um mundo muito colorido!
2h37: É Só Uma Questão de Tempo
3.8 245 Assista Agora2:37 não é um filme pra ser assistido com um balde de pipoca e um grupo de amigos, numa tarde de domingo. É uma obra complexa, extremamente tensa e com uma carga emocional avassaladora. É difícil não estar à beira das lágrimas depois de 1h35mins de projeção.
Este é o primeiro filme de Murali K. Thalluri, que demonstra grande sensibilidade com a sua direção, conferindo um aspecto orgânico e natural às sequências. Nem nenhuma situação parece realmente forçada ou exagerada, e o jogo de câmeras contribui para dar lógica e sentimento às cenas. A trilha sonora, por sua vez, é bastante minimalista, e se encaixa perfeitamente com a situação.
Por fim, o roteiro é muito bem construído e extremamente sensível. Na maior parte do tempo, ele é extremamente tenso, levando o espectador a um pequeno jogo de adivinhação, tentando descobrir quem irá tirar a própria vida no final. Contudo, assim como na vida real, as coisas nunca são como parecem, e o resultado, embora a princípio pareça simplório, é genial. Um enredo que realmente consegue capturar a complexidade da trama sem soar exagerado, bobo, ou recorrer aos lugares-comum do gênero. Um filme realmente incrível.
O Besouro Verde
2.7 1,1K Assista AgoraO Besouro Verde é, essencialmente, um filme curioso. Embora lide com temáticas inerentes ao gênero super-herói, ele é construído de forma que o espectador não sinta que está assistindo mais do mesmo, a começar pelas motivações dos protagonistas. Não há aqui um desejo ou motivo que impele o herói à luta ao crime; se fosse possível apontar um culpado, esse seria o tédio. As ações e as consequências geradas por cada ato elevam os protagonistas à categoria de anti-heróis, fato reforçado por suas palavras e seu comportamento.
A estrutura do filme segue as regras do gênero: existe um vilão, um interesse romântico e um evento que coloca em curso a transformação do protagonista, de cidadão ordinário a herói. Contudo, ao invés de recorrer a estereótipos, cada parte cumpre seu papel com suas peculiaridades. O vilão, Chudnofsky, interpretado pelo grande Christopher Waltz, é comedido, educado e definitivamente insano. Por vezes ele parece mais bondoso do que os próprios protagonistas, como se fosse um pai de família que ingressou no crime para prover o sustento de seus filhos, e nada mais.
Cameron Diaz, por sua vez, interpreta o interesse romântico da dupla de heróis, personificada na secretária pessoal de Britt Reid. Porém, como o próprio filme faz questão de enfatizar, seu papel se resume apenas a isso: ser gostosa frente às câmeras. A personagem, jornalista e criminóloga, poderia acrescentar uma camada de complexidade ao filme com seus diálogos sobre sociologia e psicologia criminal; ao invés disso, o diretor opta por cortar abruptamente todas as suas falas com alguma interrupção grosseira de seu chefe. Embora injustificável, essa decisão de roteiro é coesa com a proposta geral do filme de não se levar a sério em momento nenhum, sendo uma constante paródia de si mesmo.
Por fim, os protagonistas.
Britt Reid, em poucas palavras, é um Tony Stark covarde, idiota e incompetente. Rico, mimado, egocêntrico, junkie e com delírios de grandeza.
Seth Rogen em nada colabora para tornar o personagem interessante; por outro lado, ele eleva tais características a outro nível, emprestando expressões faciais exageradas e idiossincrasias linguísticas ao Besouro Verde.
Já Kato..
Definitivamente, o filme deveria se chamar "Kato! Kato!". A interpretação de Jay Chou, embora não seja primorosa em nenhum momento, é coesa com o propósito do personagem: ser o grande herói. Kato é responsável por todas as boas sequências de ação do filme, assim como é o criador de todas as máquinas, roupas e aparatos utilizados pelo Besouro Verde. Sem contar uma super máquina de espresso, que faz um belo e cremoso café!
O Besouro Verde é o primeiro blockbuster dirigido por Michel Gondry, famoso no cenário independente por suas obras essencialmente lúdicas e existencialistas. Aqui, vemos o diretor mais contido, seguindo normas do estúdio e aplicando técnicas mais tradicionais de direção; contudo, existem pequenos detalhes brilhantes no filme, quase como easter eggs da criatividade alucinógena de Gondry. Destaque para a primeira luta de Kato e o monólogo interior de Britt Reid no final, com um experimentalismo ousado e interessante.
O Besouro Verde é um filme bacana. Não é excepcional, e não é ruim. A primeira experiência de um diretor indie em um cinema pipoca, sem grandes pretensões, assim como o filme. Bem-humorado, sem recorrer a situações pastiche e exageradas. Sequências de ação bastante caricatas e divertidas, levando o espectador a compartilhar do sentimento de deslumbramento do Britt, encantado com as perícias de Kato.
E, mais uma vez, Kato!
O Caçador de Troll
3.1 377 Assista AgoraTroll Hunter é um filme curioso, que realiza muito mais do que promete. O formato de documentário amador, tão abordado em obras como REC e Bruxa de Blair, pode parecer batido e simplório; contudo, a intenção do diretor foi justamente a de criar uma sátira a esse gênero, como indicado em alguns pontos.
Desde o princípio, o filme exige um determinado nível de suspensão de descrença devido à sua natureza extremamente folclórica e fantasiosa. A trama, embora pareça simples e mal explicada, é recheada de elementos simbólicos e folclóricos específicos da cultura norueguesa; tal abordagem narrativa pelo filme pode tornar sua apreciação difícil por parte de pessoas de outras culturas.
No aspecto visual, o filme é impecável. A Escandinávia (assim como a Islândia e a Groelândia) são países impressionantes, fantasmagóricos e inesquecíveis. Os trolls, por sua vez, se misturavam de forma suave com o ambiente, sem parecer uma caricatura ou uma grande criatura de borracha se movendo de forma desgovernada por terrenos desconhecidos.
Uma obra realmente interessante, embora não agrade muito a quem não está acostumado com esse tipo de filme.
Skyline: A Invasão
1.9 1,2K Assista AgoraSkyline é, essencialmente, um filme com um foco muito específico. A preocupação em fazer uma obra única e inovadora dentro do gênero proposto acabou gerando alguns problemas básicos, como elenco e direção.
O elenco é pouco convincente, com atuações fracas e exageradas; em um dado momento, a impressão é a única orientação do diretor foi "gritem até suas gargantas secarem". As cenas mais densas são melodramáticas e até mesmo cômicas. Em momentos de tensão, os atores fazem caricaturas de estereótipos do gênero, o que não ajuda no proveito do filme.
A direção por vezes é confusa. O uso de slow motion, embora comedido, é desnecessário e retira um pouco da tensão e ansiedade do espectador ao deixar claro a natureza épica da obra; filmes como Cloverfield, que buscam uma abordagem mais crua e real, são mais sucedidos em manter o clima.
Em outro momento, há uma cena em "fast forward", para indicar passagem de tempo. Embora seja justificado, o efeito foi mal utilizado, e ficou um pouco ridículo.
Contudo, o filme possui alguns pontos fortes. Os efeitos especiais estão impecáveis. Embora o filme tenha apenas gasto R$10 milhões em sua produção, os efeitos foram muito bem elaborados e enchem os olhos, principalmente nos movimentos dos aliens.
O grande trunfo de Skyline é o seu roteiro, sua proposta. Herdeiro de convenções do gênero "invasão alienígena", o filme gasta todos os seus esforços para criar elementos que o destaquem dos demais: vários tipos diferentes de aliens; organismos e tecnologia inovadores; propósito dos invasores além do "vamos matar todos". Por fim, o final cria um cliffhanger propício para uma sequência, e que, dando crédito onde ele é devido, bastante original para o gênero.
É um filme interessante pela sua ousadia em criar algo novo a despeito das incontáveis obras de referência e de seus óbvios sacrifícios para que ele atinja seu propósito.
Coraline e o Mundo Secreto
4.1 1,9K Assista AgoraApesar de grande parte da beleza do filme ser sua incrível história, que é obra de um igualmente incrível escritor, a animação e a direção de arte do filme são soberbas. Uma bela mistura do misterioso e macabro com o lúdico e a fantasia de um mundo muito colorido!