Muitas vezes, elogia-se um filme por ele "passar voando". Não é incomum, por exemplo,ao término da exibição de um filme, uma pessoa, em tom elogioso, afirmar algo como "ah, nem senti o tempo passar!". A questão é: por que um filme de qualidade teria que desligar-nos do tempo? Por que não o contrário? Elephant, média-metragem de Alan Clarke, faz o contrário. Sua estrutura é rídiga: dividi-se em espécies de "episódios", sempre apresentando a mesma situação; há elementos fixos: a abundância de planos-sequencia, o realce de certos sons (os passos, o barulho do trânsito, e os tiros). Não é o filme do qual diríamos "nem senti o tempo passar", mas aquele do "pensava que não ia acabar nunca". Isto, aqui, não pode ser visto em sentido negativo. Se é dito, em geral, para aqueles filmes em que nos transformam em pacientes crônicos de déficit de atenção, o caso de Elephant, por outro lado é especial: está ligado ao fato de ser uma obra que toca diretamente em emoções desagradáveis, pela situação a que nos expõe incessantemente, assassinatos "aleatórios" e brutais. O que nos choca não apenas por serem atos que causam, já naturalmente, sensações extremas, mas porque Alan Calrke força o espectador a um confronto direto com o objeto observado: as ações da narrativa não apresentam contexto algum, logo não se pode vir a delinear uma trama, muito menos seus "personagens" (entre aspas pois não são envoltos por qualquer arco dramático - não possuem nomes, ou histórias). Não há pontos de referência em Elephant. Comete a covardia de deixar o espectador sem algo para se agarrar, em contato bruto e direto com a imagem. Logo de início, a impressão que se dá é que este média de 40 minutos se estenderá em uma espécie de loop infiinito, daí a sensação de "não acabar nunca". Em Elephant, não há começo, meio ou fim; é, na verdade, uma sucessão de "variações sobre um mesmo tema". Variações que, sim, existem: se há os elementos fixos já ressaltados, de "episódio" para "episódio", há mudanças que, se observadas, podem desestruturar o olhar perante o material filmado, que, num filme como Elephant, é fácil de se se tornar viciado, devido a uma estrutura que segue um fluxo aparentemente imutável. Falo de momentos como aqueles em que a câmera acompanha dois rapazes,que, seguindo a lógica das sequencias anteriores, seriam os assassinos, mas revelam-se vítimas; ou um outro, em que seguimos uma pessoa em um estacionamento, abruptamente abandonada do foco, com a ação depois transcorendo com outros dois personagens que até então não haviam aparecido. Mesmo em sua constância, sua ausência de sustos ou em sua previsibilidade, Elephant não deixa de ser uma obra-prima petrificante de terror.
Texto publicado primeiramente no blog da Produtora Filmes Z, confiram!
The Shore
3.1 2Merda, não apostei nesse no bolão!
Documentário
4.0 28"Saiu o filme do Samuel Fuller, que sacanagem..."
Chumlum
3.7 1Pode ser visto (ou baixado) aqui:
Elephant
3.6 22Muitas vezes, elogia-se um filme por ele "passar voando". Não é incomum, por exemplo,ao término da exibição de um filme, uma pessoa, em tom elogioso, afirmar algo como "ah, nem senti o tempo passar!". A questão é: por que um filme de qualidade teria que desligar-nos do tempo? Por que não o contrário? Elephant, média-metragem de Alan Clarke, faz o contrário. Sua estrutura é rídiga: dividi-se em espécies de "episódios", sempre apresentando a mesma situação; há elementos fixos: a abundância de planos-sequencia, o realce de certos sons (os passos, o barulho do trânsito, e os tiros). Não é o filme do qual diríamos "nem senti o tempo passar", mas aquele do "pensava que não ia acabar nunca". Isto, aqui, não pode ser visto em sentido negativo. Se é dito, em geral, para aqueles filmes em que nos transformam em pacientes crônicos de déficit de atenção, o caso de Elephant, por outro lado é especial: está ligado ao fato de ser uma obra que toca diretamente em emoções desagradáveis, pela situação a que nos expõe incessantemente, assassinatos "aleatórios" e brutais. O que nos choca não apenas por serem atos que causam, já naturalmente, sensações extremas, mas porque Alan Calrke força o espectador a um confronto direto com o objeto observado: as ações da narrativa não apresentam contexto algum, logo não se pode vir a delinear uma trama, muito menos seus "personagens" (entre aspas pois não são envoltos por qualquer arco dramático - não possuem nomes, ou histórias). Não há pontos de referência em Elephant. Comete a covardia de deixar o espectador sem algo para se agarrar, em contato bruto e direto com a imagem. Logo de início, a impressão que se dá é que este média de 40 minutos se estenderá em uma espécie de loop infiinito, daí a sensação de "não acabar nunca". Em Elephant, não há começo, meio ou fim; é, na verdade, uma sucessão de "variações sobre um mesmo tema". Variações que, sim, existem: se há os elementos fixos já ressaltados, de "episódio" para "episódio", há mudanças que, se observadas, podem desestruturar o olhar perante o material filmado, que, num filme como Elephant, é fácil de se se tornar viciado, devido a uma estrutura que segue um fluxo aparentemente imutável. Falo de momentos como aqueles em que a câmera acompanha dois rapazes,que, seguindo a lógica das sequencias anteriores, seriam os assassinos, mas revelam-se vítimas; ou um outro, em que seguimos uma pessoa em um estacionamento, abruptamente abandonada do foco, com a ação depois transcorendo com outros dois personagens que até então não haviam aparecido. Mesmo em sua constância, sua ausência de sustos ou em sua previsibilidade, Elephant não deixa de ser uma obra-prima petrificante de terror.
Texto publicado primeiramente no blog da Produtora Filmes Z, confiram!
Porca Miséria: Dotoloco - #2 Comodismo
3.5 3Se mate!
Nossos Parabéns ao Freitas
3.7 35Esse filme virou uma espécie de clássico cult no meu grupo de amigos.
A Amputada
3.0 37log lady
Nossos Parabéns ao Freitas
3.7 35passarinho que come pedra sabe o cu que tem
Uma Carta Para o Tio Boonmee
3.9 12Qualquer coisa nas mãos do Joe se transforma em um objeto estranho (e sempre muito, muito bonito).
Begone Dull Care
3.8 8 Assista Agora<3!
Flora
3.6 30Bem que podia ser maior, mas é uma boa sacada.
Pai e Filha
4.2 59Maravilhoso!
Di Cavalcanti Di Glauber
3.9 59Di teria adorado.
O Ato de Ver com os Próprios Olhos
4.1 27Filme mais barra-pesada que já vi. Não sei como cotar.