Últimas opiniões enviadas
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O Irlandês
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Em um mundo de sequências desnecessárias, remakes que ninguém pediu e franquias idiotas, assistir um filme desses é um alívio. Principalmente sendo ele uma ficção científica, um gênero tão mal abordado por hollywood nessas últimas décadas.
Sinto que exploraram bem todas as questões pertinentes à impressora e seus desdobramentos. Creio que poderiam trabalhar um pouco mais as dinâmicas dentro da nave e a necessidade de emigração da Terra, mas mencionaram o suficiente pra não dizerem que deixaram batido
.O filme tem uma estrutura interessante. Por boa parte da sessão não tinha ideia de pra onde o roteiro estava indo, porém chegando no ato final consegui visualizar como terminaria. Pra mim esse é um dos defeitos de Mickey 17: essa última parte é arrastada e cansativa. Dava pra supor como as coisas terminariam, mas mesmo assim fica em um lenga-lenga sem fim.
Outro ponto negativo pra mim é o próprio protagonista. Acho que o Mickey 17 não tem um arco de desenvolvimento interessante. Não sei nem se daria pra chamar aquilo de "arco de desenvolvimento" inclusive. Me parece que o roteirista se apoiou demais no plot e pouco nos personagens. Tinha relações muito interessantes lá que ou não foram devidamente exploradas ou não surtiram o efeito desejado. Ter um pouco mais de interações entre o Mickey 17 e 18 faria uma grande diferença no produto final. Quando o 18 morre, o impacto foi mínimo para mim. A personagem Kai é outra que tbm não faz a mínima diferença para a história e poderia ter sido cortada de tds as cenas que participa. E enquanto eu entendo a vontade de parodiar o Trump e Musk, a imitação acaba sendo caricata o suficiente pra eu nem sentir raiva ou ódio dos vilões. Tanto o personagem de Mark Ruffalo como a de Toni Collette são unidimensionais o suficiente para não serem levados a sério. Porém tirando esses dois, temos boas atuações nos outros personagens, com destaque para a Naomi Ackie.
Enfim, como esperado de Bong Joon-ho: um bom filme, mas nada espetacular.
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Moana 2
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Quanto mais eu penso em Moana 2 mais vazio ele parece. É um filme que diz nada. É uma aventura genérica sem o menor peso.
Tenho muita dificuldade em apontar qualquer personagem que apresentou um crescimento. O máximo que consigo pensar é no velho rabugento que ficou menos rabugento e só. Depois de 1h40 de filme o que a Moana aprendeu? Ela já começa a história muito segura de si e sem muita coisa pra provar. E seguindo a narrativa quais erros reais ela comete? Nenhum que eu me lembre.
Em retrospecto imagino que o arco dela poderia ser sobre ela aprender a ser uma líder e saber extrair o máximo de cada um dos tripulantes do barco dela. Mas quando o filme sugere essa dificuldade ela resolve o problema em uma música. Ela não fica frustrada, ela não fica perdida, ela faz tudo perfeitamente. Mais um caso de mary sue.
Outro erro amador é como esse filme apela pra deus ex machinas (alguns literais até). Jurava que aquela deusa seria uma vilã ou algum tipo de obstáculo ou problema colateral de resolver após a missão real. Mas não. Ela ta lá pra ajudar a Moana e tchau. Só isso. A Moana paga algum preço por isso? Também não. Tudo simplesmente conspira a favor dela.
No final não é uma sequência tão patética quanto Frozen II, mas ainda é um filme que poderia muito bem não existir. Quanto mais se procura mais erros aparecem, já os acertos são mais difíceis de identificar.
Engraçado como aquelas sequências da Disney direto para vhs eram melhores que as sequências que eles estão lançando agora.
Últimos recados
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Najan Nascimento dos Santos
Sim testei mas não conectam pares
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Najan Nascimento dos Santos
Amigo estou na empreitada que vc esteve a 5 anos atrás pelo filme "citizen dog" me fala que guardou essa perola por favor.
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Maria Alice França
Vlw muito obrigado :)
Em algum lugar dessas quase 4h havia uma boa história pra ser contada, porém ela não vem à tona porque o Scorsese resolveu fazer um pornô de mafia.
Claramente o objetivo do filme era fazer um estudo de um personagem preso em um contexto de crime organizado, mas a verdade é que esse personagem é mal apresentado e não se sustenta como protagonista.
Frank é um elemento sem carisma e sem agência. Ele entra na vida criminosa só porque sim. Não há algum motivo em especial além de ganhar mais dinheiro. Durante todo o filme ele basicamente não toma decisões, apenas reage ou faz o que é mandado. Mesmo no seu grande momento de escolha, ele escolhe ser obediente. Isso em si não é um defeito, mas sinto que faltou explorar mais o ponto de vista e sentimentos de Frank, e levando em conta a duração do filme, isso sim é um defeito. E dos grandes. Se ele tivesse essa obediência tão grande por medo, gratidão ou ambição mudaria drasticamente o personagem, mas não creio ter visto nenhuma dessas opções. Ao meu ver, depois de tantas menções e comparações com o exército, a motivação que colocaram é que ele é um soldado que respeita a hierarquia e só faz o que mandam. Pra mim isso é uma escolha sem graça ou apelo emocional. E é isso nos leva a termos um personagem principal que deixa de existir a partir do momento que Al Pacino entra em cena. Por que isso? Porque Jimmy Hoffa tinha motivações, ponto de vista e personalidade clara. Por boa parte do filme, ele se torna o protagonista e não consigo enxergar isso como um ponto positivo. Pra mim só mostrou ainda mais a falta de foco do Scorsese ao fazer esse filme.
Creio que os relacionamentos deveriam ser a alma desse filme e não os detalhes das peripécias da mafia. O que Frank fazia ou deixava de fazer poderia ser pulado pra focar nos seus resultados e como ele se relaciona com as pessoas ao seu redor. Só fazendo isso ja teriamos 2h a menos de filme e um retrato mais rico dele. Por exemplo, o filme dá um bom destaque para a Peggy. Quantas cenas vemos de Frank tentando se relacionar com a filha? Temos mais cenas do Russel tentando estabelecer uma ligação com ela do que o seu próprio pai (que tem noção de que ela tem medo dele). E olha que estamos falando do membro da familia dele que tem mais ênfase no roteiro. Curiosamente, Russel e Frank, dois personagens que não tem o afeto de Peggy, acabam entrando em conflito com Hoffa, que consegue facilmente esse carinho. Temos ai um elemento de subtexto que poderia ser muito forte se devidamente explorado, mas não é, porque não vejo o Frank particularmente preocupado com a Peggy até a sequência final.
Pra finalizar, O Irlandês me dá a impressão de ser um filme indulgente e arrogante, onde um diretor lendário se dá ao luxo de fazer uma caricatura de seu auge, acreditando demais no seu talento para realmente rever suas decisões e refinar a sua obra. Uma pena.