Por questões éticas, esse filme nunca deveria ter sido gravado, lançado e distribuído. Uma vez que ele já existe, lamento dizer que ele não é tão ruim quanto nossa moralidade tenta nos convencer que ele é. Trata-se de um conto quase didático sobre amadurecimento, descoberta da sexualidade, crueldade, dominação e submissão num ambiente idílico que ressalta a ambiguidade entre inocência e malevolência. O "sexploitation" dos corpos adolescentes ao longo do filme,
e a tortura até a morte de um pássaro em dado momento
são de fato perturbadores, mas não são apresentados de maneira completamente gratuita - apesar de tudo, ainda servem ao enredo. O que mais diminui o filme enquanto filme é mesmo a péssima direção de atores (num filme com apenas três, seria de se esperar um maior cuidado nisso!) - Martin Loeb e Eva Ionesco não chegam nem mesmo a fingir saber atuar ao longo da película.
Os caras pegam (sem autorização, claro) foto de Sebastião Salgado tirada em Serra Pelada, 1986, e colocam no "documentário" (sic) como cena da guerrilha do Araguaia (às 1h22 da dita película).
Confundem as bolas e mostram foto de generais da ditadura chilena de Pinochet (!) quando querem apresentar a linha-dura da ditadura brasileira (isso ocorre aproximadamente às 1h32 do pseudodoc).
Não sei se o "documentário" se notabiliza mais pelo "rigor" das constatações ou pela "boa-fé" nas afirmações. Não tem como dar menos de meia estrelinha não?
Para um "herói lutando pelo bem maior", é de uma irresponsabilidade impressionante o que Thor faz ao literalmente roubar o Mjolnir de sua contraparte da realidade alternativa em que estava. Não se perguntou pelas consequências de sua ação egoísta e mesquinha? Impressionante ele ainda ter sido aceito como "digno" pelo martelo depois disso.
Da mesma maneira a interferência desastrada de Lang e Stark, que acaba com Loki à solta com o Tesseract. A galera simplesmente vai embora, e foda-se aquela realidade. Bravos "heróis"!
Mas nesse ponto alguém pode dizer: ué, mas no fim devolvem às jóias às suas linhas temporais onde foram pegas. Bom, então afinal, qual a lógica de viagem no tempo que tá valendo no filme? Alteração do fluxo temporal numa realidade única ou realidades distintas, como estabeleceram antes? Se são realidades distintas, a ação dos Vingadores criou uma linha temporal em que Loki fugiu com o Tesseract, e outra em que a joia foi devolvida (isso além da original deles). Fizeram uma bagunça em uma realidade alternativa com tanto direito à existência quanto a deles mesmos.
A cena da pedra da Alma também é de uma incoerência absurda. Se alguém se mata, não é você que tá sacrificando aquilo que mais ama, é a própria pessoa que tá se sacrificando. Fiquei pensando em chamar o Arnaldo César Coelho pra perguntar se pode isso.
Por fim, a Capitã Marvel, autoanunciada como a arma para resolver todas as guerras (e completamente desperdiçada na batalha final) não conseguir arrancar no braço a luva de Thanos, mas o Homem de Ferro conseguir fazer isso sem ele nem perceber: pode ser um ótimo fanservice, mas não faz o menor sentido.
Não me levem a mal, me diverti com o filme também, e dar um fim à saga das joias do Infinito enquanto se lida com aquela quantidade de personagens não é tarefa fácil. Ainda assim, os problemas estão lá... e esses são só alguns dos mais gritantes na lógica do roteiro.
Com tão pouco tempo de filme e tantos herdeiros intelectuais que Foucault deixou, pôr o oportunista do Geoffroy de Lagasnerie como um dos interlocutores privilegiados foi a pior escolha possível. Levou não só à superficialidade, já esperada, mas a erros de interpretação sobre a obra foucaultiana. Outro problema grave vem ao trocar a ordem dos fatores entre a polêmica em torno do As Palavras e as Coisas e as eventuais colaborações de militância política com Jean-Paul Sartre; faz parecer (deliberadamente?) que o afastamento entre Foucault e o marxismo - teórico ou militante - foi mais linear e progressivo do que realmente foi. O filme tem sua utilidade relativa pra quem não conhece nada do careca, mas não vai além disso.
Queria deixar uma sugestão à galera que leu a coluna do Reinaldo Azevedo e, obediente, veio se cadastrar no Filmow pra dar meia estrelinha em Aquarius sem assistí-lo. A sugestão é: assistam o filme. Vai fazer um bem danado pra vocês.
Guardo poucas lembranças desse filme, que vi numa mostra no Rio algum tempo atrás (creio que na época do lançamento, pouco mais de ano atrás), mas lembro que me irritei com ele do começo ao fim. Talvez tudo que senti pelo filme decorra do fato de que a identificação com a protagonista, ou a mera simpatia, para mim, era (é) impossível. Sendo assim, só pude ver nesse longa uma mostra da boçalidade da burguesia brasileira e do pedantismo da ala mais intelectualizada dela. Tem seus momentos de beleza e demonstração de talento sim; mas ambos estão subordinados a uma estética pretensiosa e a um subjetivismo narcísico (que se não estivesse vinculado a uma determinada perspectiva de classe, eu talvez tivesse tolerado melhor).
Os Demônios/Os Possessos é um livro de Dostoievsky que retrata uma célula terrorista niilista (e suas intermináveis e sutis discussões ideológicas), da qual faz parte o suicida Alexei Nilych Kirillov, que planeja matar o emissário do czar e... ops, aqui é o espaço pra comentar "A Chinesa", de Godard, né? Foi mal, galera, confundi...
Incrível a congruência temático/estilística do cinema escandinavo, de "A Carruagem Fantasma" a Lars Von Trier, passando pelos maiores mestres dessa escola (se me permitem chamar assim esse curioso fenômeno de coerência quase secular) - Carl Theodor Dreyer e Ingmar Bergman. No caso de "Häxan", não consegui deixar de lembrar dos "Dias de Ira" (Dreyer) e do "Anticristo" (Von Trier) enquanto assistia: com décadas de diferença, a mesma competência e genialidade na análise da transmutação do medo e desejo que a alteridade feminina provoca no homem em feitiçaria e satanismo. Esse documentário ficcional (ou ficção documental?) só não chega à perfeição por se encerrar com a exposição das equivocadas teorias psicologizantes em voga na época; não pode acompanhar seus sucessores, na (irônica?) atribuição do veredicto: "culpada!" à Mulher - essa bruxa, essa demônia...
Uma resposta direta a "Os Sonhadores"? É a impressão que fica quando (sob a desculpa de uma menção a "Antes da Revolução") uma personagem vira para a tela e chama devagar: Bernardo Bertolucci. Se o filme termina sob o "sono dos justos" em que o sonho da revolução acaba, é só motivo para confirmar: estamos diante de outra tentativa de retratar o amor sob o maio 68, uma tentativa menos luminosamente deslumbrante (embora não menos bela), uma tentativa com menos pretensão de contágio (embora não necessariamente menos contagiante), mas exatamente por isso, uma tentativa mais sincera.
Linda fotografia, montagem genial, direção magistral, e um filme praticamente incompreensível - tive que recorrer à biografia do diretor/roteirista e puxar da memória fatos da história política recente do leste europeu para "montar" um significado. "Porque voltar para um lugar onde você será escravo" é a pergunta petulante de uma italiana que nada entende da Rússia, responde e pensa Gorchakov (óbvio alter-ego de Tarkovsky, ele mesmo auto-exilado na Itália no fim das filmagens da película, depois de dois anos de indecisão e voltas à mãe-pátria), protagonista de um filme cuja hermeticidade explica-se parcialmente pelo fato do script original ter sido escrito para aprovação pela Mosfilm, empresa estatal soviética de cinema - o conteúdo fundamentalmente político do filme TINHA que permanecer velado. Gorchakov dá a dica: somente com a extinção das fronteiras - logo, dos Estados - duas culturas ímpares como a italiana e a russa poderão entender-se. Mas quem ousará atravessar e anular a grande Muralha de Ferro que se ergueu na Europa da Guerra Fria, quem levará luz ao outro lado das águas de Santa Catarina? Só um louco ousaria, e logo, é de loucos que o mundo (e Gorchakov/Tarkovsky) precisa; foi a Razão que construiu até hoje os Estados, as Fronteiras, e logo as guerras. O preço que a loucura paga nessa oposição não é pequeno:
vemos repetir-se no filme o gesto de Ryszard Siwiec, polonês que em 8 de setembro de 1968 imolou-se vivo
em protesto contra a participação das tropas de seu país na ocupação da Tchecoslováquia, sob o comando da mesma URSS que, em 56, invadira a Polônia; os estudantes boêmios Jan Palach, Jan Zajic e o operário checo Evzen Plocek logo o acompanhariam fazendo o mesmo, neste que foi o soturno fim da Primavera de Praga.
Ouvir o "Ode à Alegria" durante esse espetáculo bárbaro, não é nem um pouco irônico, nem descabido: a mensagem ali é a mesma colocada em versos por Schiller, a mesma posteriormente musicada por Beethoven nesse famoso trecho da 9ª Sinfonia;
trata-se de unir a humanidade, trata-se de derrubar as fronteiras. Um grito desesperado, romântico, individual, e apesar e por isso mesmo, incapaz ainda de se transpor numa reivindicação coletiva. E no fim de tudo isso, então é loucura se trancar com a família esperando o fim do mundo por 7 anos? Tudo bem, tudo bem... mas lembremos: no momento das filmagens, o mundo inteiro já aguardava pacientemente seu fim, e já há quase quarenta anos...
Corajoso e urgente, o filme é um resumo brilhante (em forma de metáforas - seria impossível fazer de outro jeito) da conturbada história recente da Polônia da época, ou seja, o período entre a insurreição de Póznan em junho de 56 (que viria a inspirar a revolução húngara do mesmo ano) e a repressão aos movimentos de 68 - que na Polônia foi um ciclo que só terminou com a sangrenta repressão à greve dos estaleiros em dezembro de 1970, não sem antes contar com a extremamente antipopular participação de tropas polonesas (sob coerção soviética) na repressão à primavera de Praga (Tchecoslováquia), que levou ao conhecido suicídio por autoimolação de Ryszard Siwiec, em frente a 100.000 espectadores, incluindo toda a liderança política nacional e a alta diplomacia estrangeira. O destaque do filme, entretanto, é dado claramente à ambígua figura histórica de Wladyslaw Gomulka, que de pretensa liderança reformista torna-se pouco a pouco num mero fantoche da diplomacia soviética. Eu já comentei aí acima que esse filme é genial? Porque ele é.
Filme chato e bobinho. Tô forçando a avaliação pra cima pelo mérito (?) de ser, provavelmente, o filme que isoladamente mais contribuiu pra redução generalizada de neurônios no mainstream hollywoodiano. E falo isso sem ironia - por mais que James Cameron tente se superar cada vez mais na bobalhada dos roteiros, nunca vai conseguir dirigir algo que é incontestavelmente uma REFERÊNCIA - como esse filme aqui é.
Contos de fada foram uma referência? Isso explica tudo o que o filme tem de ruim ou questionável. Digo, tirando os personagens mais sem graça e menos empáticos serem exatamente os dois protagonistas (era a intenção? Se sim, funcionou muito bem. Quem mais, por aí, compreendeu mais - só por ter sido construído com mais honestidade - o personagem pai-cretino-egoísta-filhadaputa do que a mãe-adotiva-prestativa-caridosa-boazinha-que-vai-pro-céu, levante a mão \o/ ).
Bom, tive que vir aqui reclassificar esse filme para baixo depois de assistir "Asas do Desejo"... isso aqui tá ganhando disparado na disputa de pior remake (ou adaptação/ inspiração na mesma idéia? No fundo, tanto faz) que já vi.
Vale mais pelo clima de obcessão, perfeccionismo, paranóia e alucinação que parecem característicos do diretor (só vi esse e "Cisne Negro" até agora) do que pelo mote pseudocientífico que me levou a ver o filme. 12:59, nota pessoal: Aronofsky me parece mestre em criar excelentes situações e se perder na condução delas. 13:00, nota pessoal: talvez eu goste menos desse filme quando reassistí-lo. De qualquer forma, acabo de descobrir que tenho um fraco pela combinação de corte nervoso e fotografia P&B de alto contraste.
Maladolescenza
2.6 68Por questões éticas, esse filme nunca deveria ter sido gravado, lançado e distribuído. Uma vez que ele já existe, lamento dizer que ele não é tão ruim quanto nossa moralidade tenta nos convencer que ele é. Trata-se de um conto quase didático sobre amadurecimento, descoberta da sexualidade, crueldade, dominação e submissão num ambiente idílico que ressalta a ambiguidade entre inocência e malevolência. O "sexploitation" dos corpos adolescentes ao longo do filme,
e a tortura até a morte de um pássaro em dado momento
1964: O Brasil Entre Armas e Livros
3.1 330Os caras pegam (sem autorização, claro) foto de Sebastião Salgado tirada em Serra Pelada, 1986, e colocam no "documentário" (sic) como cena da guerrilha do Araguaia (às 1h22 da dita película).
Confundem as bolas e mostram foto de generais da ditadura chilena de Pinochet (!) quando querem apresentar a linha-dura da ditadura brasileira (isso ocorre aproximadamente às 1h32 do pseudodoc).
Não sei se o "documentário" se notabiliza mais pelo "rigor" das constatações ou pela "boa-fé" nas afirmações. Não tem como dar menos de meia estrelinha não?
Vingadores: Ultimato
4.3 2,6K Assista AgoraAssim... nesse tipo de filme a gente tem que abdicar de exigir coerência e lógica de tudo, em nome do fluxo da história. Mas há limites pra isso.
Para um "herói lutando pelo bem maior", é de uma irresponsabilidade impressionante o que Thor faz ao literalmente roubar o Mjolnir de sua contraparte da realidade alternativa em que estava. Não se perguntou pelas consequências de sua ação egoísta e mesquinha? Impressionante ele ainda ter sido aceito como "digno" pelo martelo depois disso.
Da mesma maneira a interferência desastrada de Lang e Stark, que acaba com Loki à solta com o Tesseract. A galera simplesmente vai embora, e foda-se aquela realidade. Bravos "heróis"!
Mas nesse ponto alguém pode dizer: ué, mas no fim devolvem às jóias às suas linhas temporais onde foram pegas. Bom, então afinal, qual a lógica de viagem no tempo que tá valendo no filme? Alteração do fluxo temporal numa realidade única ou realidades distintas, como estabeleceram antes? Se são realidades distintas, a ação dos Vingadores criou uma linha temporal em que Loki fugiu com o Tesseract, e outra em que a joia foi devolvida (isso além da original deles). Fizeram uma bagunça em uma realidade alternativa com tanto direito à existência quanto a deles mesmos.
A cena da pedra da Alma também é de uma incoerência absurda. Se alguém se mata, não é você que tá sacrificando aquilo que mais ama, é a própria pessoa que tá se sacrificando. Fiquei pensando em chamar o Arnaldo César Coelho pra perguntar se pode isso.
Por fim, a Capitã Marvel, autoanunciada como a arma para resolver todas as guerras (e completamente desperdiçada na batalha final) não conseguir arrancar no braço a luva de Thanos, mas o Homem de Ferro conseguir fazer isso sem ele nem perceber: pode ser um ótimo fanservice, mas não faz o menor sentido.
Não me levem a mal, me diverti com o filme também, e dar um fim à saga das joias do Infinito enquanto se lida com aquela quantidade de personagens não é tarefa fácil. Ainda assim, os problemas estão lá... e esses são só alguns dos mais gritantes na lógica do roteiro.
Cosmópolis
2.7 1,0K Assista AgoraInteligente, hermético e verborréico: Cronemberg mostra que tá cagando pra sucesso comercial a essa altura da vida.
Dá pra assistir como parte de uma "trilogia do capital financeiro" junto com O Lobo de Wall Street (Scorsese) e O Capital (Costa Gravas).
A Cruz de Ferro
4.0 70 Assista AgoraUm excelente filme sobre os americanos na Guerra do Vietnã, travestido de filme sobre nazistas na Segunda Guerra Mundial. Praticamente uma parábola.
Conquista do Planeta dos Macacos
3.4 137 Assista AgoraA melhor continuação do filme original - isso apesar da lambança que a produção obrigou a fazer no "final do final" do filme.
A interferência é tão óbvia que dá pra selecionar os trechos do discurso final de César que foram "enxertados" pra amenizá-lo.
Velozes e Furiosos 8
3.4 745 Assista AgoraNão dou a nota mínima porque afinal de contas existe algum mérito em conseguir fazer um filme tão ruim em todos os aspectos possíveis.
Foucault Contra Si Mesmo
4.2 5Com tão pouco tempo de filme e tantos herdeiros intelectuais que Foucault deixou, pôr o oportunista do Geoffroy de Lagasnerie como um dos interlocutores privilegiados foi a pior escolha possível. Levou não só à superficialidade, já esperada, mas a erros de interpretação sobre a obra foucaultiana. Outro problema grave vem ao trocar a ordem dos fatores entre a polêmica em torno do As Palavras e as Coisas e as eventuais colaborações de militância política com Jean-Paul Sartre; faz parecer (deliberadamente?) que o afastamento entre Foucault e o marxismo - teórico ou militante - foi mais linear e progressivo do que realmente foi. O filme tem sua utilidade relativa pra quem não conhece nada do careca, mas não vai além disso.
Aquarius
4.2 1,9K Assista AgoraQueria deixar uma sugestão à galera que leu a coluna do Reinaldo Azevedo e, obediente, veio se cadastrar no Filmow pra dar meia estrelinha em Aquarius sem assistí-lo. A sugestão é: assistam o filme. Vai fazer um bem danado pra vocês.
Elena
4.2 1,3K Assista AgoraGuardo poucas lembranças desse filme, que vi numa mostra no Rio algum tempo atrás (creio que na época do lançamento, pouco mais de ano atrás), mas lembro que me irritei com ele do começo ao fim. Talvez tudo que senti pelo filme decorra do fato de que a identificação com a protagonista, ou a mera simpatia, para mim, era (é) impossível. Sendo assim, só pude ver nesse longa uma mostra da boçalidade da burguesia brasileira e do pedantismo da ala mais intelectualizada dela. Tem seus momentos de beleza e demonstração de talento sim; mas ambos estão subordinados a uma estética pretensiosa e a um subjetivismo narcísico (que se não estivesse vinculado a uma determinada perspectiva de classe, eu talvez tivesse tolerado melhor).
A Chinesa
3.9 135Os Demônios/Os Possessos é um livro de Dostoievsky que retrata uma célula terrorista niilista (e suas intermináveis e sutis discussões ideológicas), da qual faz parte o suicida Alexei Nilych Kirillov, que planeja matar o emissário do czar e... ops, aqui é o espaço pra comentar "A Chinesa", de Godard, né? Foi mal, galera, confundi...
Haxan: A Feitiçaria Através dos Tempos
4.2 182 Assista AgoraIncrível a congruência temático/estilística do cinema escandinavo, de "A Carruagem Fantasma" a Lars Von Trier, passando pelos maiores mestres dessa escola (se me permitem chamar assim esse curioso fenômeno de coerência quase secular) - Carl Theodor Dreyer e Ingmar Bergman. No caso de "Häxan", não consegui deixar de lembrar dos "Dias de Ira" (Dreyer) e do "Anticristo" (Von Trier) enquanto assistia: com décadas de diferença, a mesma competência e genialidade na análise da transmutação do medo e desejo que a alteridade feminina provoca no homem em feitiçaria e satanismo. Esse documentário ficcional (ou ficção documental?) só não chega à perfeição por se encerrar com a exposição das equivocadas teorias psicologizantes em voga na época; não pode acompanhar seus sucessores, na (irônica?) atribuição do veredicto: "culpada!" à Mulher - essa bruxa, essa demônia...
Amantes Constantes
3.6 135Uma resposta direta a "Os Sonhadores"? É a impressão que fica quando (sob a desculpa de uma menção a "Antes da Revolução") uma personagem vira para a tela e chama devagar: Bernardo Bertolucci. Se o filme termina sob o "sono dos justos" em que o sonho da revolução acaba, é só motivo para confirmar: estamos diante de outra tentativa de retratar o amor sob o maio 68, uma tentativa menos luminosamente deslumbrante (embora não menos bela), uma tentativa com menos pretensão de contágio (embora não necessariamente menos contagiante), mas exatamente por isso, uma tentativa mais sincera.
Um Homem Sério
3.5 574 Assista Agora"No Jews were harmed in the making of this motion picture".
Nostalgia
4.3 185Linda fotografia, montagem genial, direção magistral, e um filme praticamente incompreensível - tive que recorrer à biografia do diretor/roteirista e puxar da memória fatos da história política recente do leste europeu para "montar" um significado. "Porque voltar para um lugar onde você será escravo" é a pergunta petulante de uma italiana que nada entende da Rússia, responde e pensa Gorchakov (óbvio alter-ego de Tarkovsky, ele mesmo auto-exilado na Itália no fim das filmagens da película, depois de dois anos de indecisão e voltas à mãe-pátria), protagonista de um filme cuja hermeticidade explica-se parcialmente pelo fato do script original ter sido escrito para aprovação pela Mosfilm, empresa estatal soviética de cinema - o conteúdo fundamentalmente político do filme TINHA que permanecer velado. Gorchakov dá a dica: somente com a extinção das fronteiras - logo, dos Estados - duas culturas ímpares como a italiana e a russa poderão entender-se. Mas quem ousará atravessar e anular a grande Muralha de Ferro que se ergueu na Europa da Guerra Fria, quem levará luz ao outro lado das águas de Santa Catarina? Só um louco ousaria, e logo, é de loucos que o mundo (e Gorchakov/Tarkovsky) precisa; foi a Razão que construiu até hoje os Estados, as Fronteiras, e logo as guerras. O preço que a loucura paga nessa oposição não é pequeno:
vemos repetir-se no filme o gesto de Ryszard Siwiec, polonês que em 8 de setembro de 1968 imolou-se vivo
Ouvir o "Ode à Alegria" durante esse espetáculo bárbaro, não é nem um pouco irônico, nem descabido: a mensagem ali é a mesma colocada em versos por Schiller, a mesma posteriormente musicada por Beethoven nesse famoso trecho da 9ª Sinfonia;
Sublime Obsessão
3.9 40 Assista AgoraMeu primeiro Douglas Sirk. E se tiver sorte, o último.
Star Wars, Episódio V: O Império Contra-Ataca
4.4 1,0K Assista AgoraMuito melhor que o primeiro da saga.
O Diabo
3.7 28Corajoso e urgente, o filme é um resumo brilhante (em forma de metáforas - seria impossível fazer de outro jeito) da conturbada história recente da Polônia da época, ou seja, o período entre a insurreição de Póznan em junho de 56 (que viria a inspirar a revolução húngara do mesmo ano) e a repressão aos movimentos de 68 - que na Polônia foi um ciclo que só terminou com a sangrenta repressão à greve dos estaleiros em dezembro de 1970, não sem antes contar com a extremamente antipopular participação de tropas polonesas (sob coerção soviética) na repressão à primavera de Praga (Tchecoslováquia), que levou ao conhecido suicídio por autoimolação de Ryszard Siwiec, em frente a 100.000 espectadores, incluindo toda a liderança política nacional e a alta diplomacia estrangeira. O destaque do filme, entretanto, é dado claramente à ambígua figura histórica de Wladyslaw Gomulka, que de pretensa liderança reformista torna-se pouco a pouco num mero fantoche da diplomacia soviética. Eu já comentei aí acima que esse filme é genial? Porque ele é.
Star Wars, Episódio IV: Uma Nova Esperança
4.3 1,2K Assista AgoraFilme chato e bobinho. Tô forçando a avaliação pra cima pelo mérito (?) de ser, provavelmente, o filme que isoladamente mais contribuiu pra redução generalizada de neurônios no mainstream hollywoodiano. E falo isso sem ironia - por mais que James Cameron tente se superar cada vez mais na bobalhada dos roteiros, nunca vai conseguir dirigir algo que é incontestavelmente uma REFERÊNCIA - como esse filme aqui é.
O Garoto da Bicicleta
3.7 323 Assista AgoraContos de fada foram uma referência? Isso explica tudo o que o filme tem de ruim ou questionável. Digo, tirando os personagens mais sem graça e menos empáticos serem exatamente os dois protagonistas (era a intenção? Se sim, funcionou muito bem. Quem mais, por aí, compreendeu mais - só por ter sido construído com mais honestidade - o personagem pai-cretino-egoísta-filhadaputa do que a mãe-adotiva-prestativa-caridosa-boazinha-que-vai-pro-céu, levante a mão \o/ ).
Cidade dos Anjos
3.7 1,5K Assista AgoraBom, tive que vir aqui reclassificar esse filme para baixo depois de assistir "Asas do Desejo"... isso aqui tá ganhando disparado na disputa de pior remake (ou adaptação/ inspiração na mesma idéia? No fundo, tanto faz) que já vi.
Margot e o Casamento
2.9 231 Assista AgoraAinda existe esperança para o cinema norte-americano.
Pi
3.8 768 Assista AgoraVale mais pelo clima de obcessão, perfeccionismo, paranóia e alucinação que parecem característicos do diretor (só vi esse e "Cisne Negro" até agora) do que pelo mote pseudocientífico que me levou a ver o filme. 12:59, nota pessoal: Aronofsky me parece mestre em criar excelentes situações e se perder na condução delas. 13:00, nota pessoal: talvez eu goste menos desse filme quando reassistí-lo. De qualquer forma, acabo de descobrir que tenho um fraco pela combinação de corte nervoso e fotografia P&B de alto contraste.
Onde os Fracos Não Têm Vez
4.1 2,4K Assista AgoraUm filme americano que é pra gente crescida assistir, coisa raríssima. Não é à toa que tem tanta gente que não gosta dele por aqui.