Talvez o maior mérito de A Forma da Água seja a sua sensibilidade aguçada. O amor, tal como a água, preenchendo os espaços vazios na vida e no apartamento de Elisa foram uma das experiências cinematográficas mais gratificantes que tive nos últimos tempos. Uma das coisas que mais me atraem em filmes de fantasia é de como esse gênero serve de metáfora para falar com outras nuances da realidade. Parece que fico mais aberto e disposto a sentir e discutir internamente os temas retratados neles do quê quando assisto a um drama realista por exemplo e aqui, embora os temas não sejam nada novos ou inéditos isto foi o suficiente para me cativar duma maneira que raramente acontece. No filme, a solidão, a rotina apática, a incapacidade de se fazer entender e de se comunicar, a descoberta de um sentimento puro e genuíno que não seria em hipótese alguma bem visto, bem como do ímpeto irrefreável de agir, não importando quais as consequências pelo bem estar do outro ressoaram em mim duma maneira catártica e avassaladora. Eu de fato me vi em Elisa e me vi na Criatura!
Dispensam comentários a fotografia, em lindos e deslumbrantes tons de verde-azulado, a cenografia impecável e os figurinos primorosos da década de 1960, época que também serve de fonte para a excelente trilha sonora e quão não foi minha surpresa ao ouvir Carmen Miranda ali. Guillermo del Toro entrega bem mais do que uma fábula aos moldes de A Bela e a Fera, avançando em águas profundas no que diz respeito àquilo que nos torna humanos e nos faz, nem que seja por alguns instantes, até que as chuvas encham as docas, seres verdadeiramente únicos e especiais.
Documentário para lá de interessante sobre um dos movimentos musicais mais importantes e influentes da história do Brasil recente. Caetano Veloso, Gilberto Gil e Os Mutantes, precursores e expoentes do tropicalismo, ganham destaque em tela e me surpreendi com o quanto eu sequer imaginava de como eles e a arte que produziram na época foram importantes como refúgios da liberdade de pensamento numa época em que a repressão das ideias através da censura se impunha como bastião moralizador da cultura. Só não consegui gostar muito da edição, por vezes bagunçada e estridente demais, mas entendo que isso se deve em parte por reunir material audiovisual de fontes diversas e bastante antigo. Mas fora isso ele cumpre o papel de informar, apresentar novos e variados pontos de vista e de quebra me deixou muito interessado na discografia dos artistas e na produção cultural do período.
O Poder de Diane é um drama nu e cru sobre uma jovem que aceita ser barriga de aluguel para os amigos gays, mas que vê as coisas complicarem quando de repente se vê apaixonada pelo seu eletricista. Temas como propriedades sobre o corpo, feminismo, homofobia e os novos arranjos familiares marcam presença, duma duma forma positiva, mas sem floreios de romantismo. O humor de Diane é a cereja do bolo, numa atuação magnífica e emocionante de Clotilde Hesme! Chorei com a última cena!
A Raposa Má éuma animação deliciosa com animais que toca em temas como a maternidade, educação dos filhos, amadurecimento e os novos arranjos familiares. Divertidíssimo e com o plus de trazer três histórias diferentes. Me identifiquei mais do que deveria com o Lobo, adorei o grupo de Extermínio das Galinhas, mas a estrela é mesmo a Raposa!
Nada me satisfaz mais do que uma história bem contada e este filme é isso e muito mais! Tecnicamente é impecável, do figurino de época à fotografia, passando pelos cenários magníficos e pelas tomadas bem feitas (a cena em plano sequência do cão nas trincheiras na abertura) ao roteiro bem amarrado (narrativa em moldura) além das atuações cativantes, ora divertidas e ora arrebatadoras (quanta expressividade de Nahuel Pérez Biscayart com apenas grunhidos, quanto carisma por parte de Albert Dupontel)! Seja pela história de amizade entre os protagonistas e a garotinha com quem passam a conviver, seja pela redenção do artista tratado com desdém pelo pai ou pela oposição da beleza que ele cria versus as feridas que traz no rosto e na alma ou simplesmente pela sensação de justiça sendo feita, Nos Vemos no Paraíso, não é outra coisa senão Arte, um filme daqueles em que é difícil conter a vontade de levantar da poltrona e aplaudir de pé ao final!
Alguns elementos se repetem na filmografia do Makoto Shinkai, mas acho que aqui ele finalmente pode contar uma história por completo no devido tempo. Os filmes anteriores, principalmente 5 Centímetros por Segundo, sempre me pareceram corridos e até inconclusos. Já em Your Name a história simples funciona muito bem, apesar duma certa confusão até entendermos as diferenças cronológicas entre os tempos dos protagonistas, mas tudo o mais é construído e desenvolvido de forma sublime até culminar num momento catártico ao final explodindo em música no qual não tive alternativa a não ser chorar emocionado. É esteticamente maravilhoso, musicalmente poderoso e profundamente tocante em sua simplicidade sincera! Virou favorito!
Uma comédia divertida, que me arrancou risadas como em tempos não acontecia com um humor satírico bastante evidenciado e inteligentemente construído! A dinâmica entre o casal principal. Boris e Sonja, e e seus diálogos filosóficos envolvendo a existência ou não de Deus, a moralidade do crime de assassinato e a problemática do amor, vida e morte foram as partes que mais me agradaram e divertiram, mas isso é apenas parte do filme e deu para perceber aqui de onde vêm a fama e a aura de genialidade atribuídas a Woody Allen, sem dúvidas um ator e diretor brilhante! Se não me falha a memória é meu primeiro contato com uma obra dele e estou fascinado, assisti durante a mostra #WoodyAllenNoCine organizada pelo canal Futura e me despertou o interesse em conhecer mais da longa filmografia do diretor!
Que filme maravilhoso! É o primeiro do Billy Wilder que assisto, acompanhando a mostra especial #BillyWildernoCine promovida pelo Canal Futura no Cine Conhecimento e fiquei fascinado com a genialidade do diretor!
Com doses certeiras de comédia e drama, o filme tanto diverte quando emociona em sua trama cuja complexidade cresce a cada nova cena desencadeada quase sempre pelas trapalhadas do protagonista. Não faltaram momentos em que eu achei que aquilo tudo teria um desenlace certeiro com tantas pontas soltas e aí sou surpreendido com um desfecho brilhante, com direito até a um sustinho que me fez levantar do sofá exclamando "ah nãoo… :O"!
O filme trabalha o tema do assédio moral em ambientes de trabalho, ao passo que mostra um pouco da eferverscência econômica e dos anseios sociais dos EUA no pós-guerra. A dublagem excelente foi outra boa surpresa e o filme traz diálogos memoráveis com frases tão certeiras que certamente vou levar para a vida. É um clássico de muito bom gosto que eu recomendaria para qualquer pessoa.
Ficou ainda melhor por eu conhecer um pouco da biografia de F. Scott Fitzgerald, autor do conto Babilon Revisited no qual o roteiro deste filme foi inspirado. Impossível separar Fitzgerald de seus personagens e não traçar paralelos entre a vida de ambos: o escritor decadente, o relacionamento problemático com a esposa, a separação e a instabilidade financeira ganham outros contornos O filme mostra como o dinheiro nem sempre é a melhor solução para todos os problemas, às vezes desencadeando outros não previstos tão ou mais complexos de se resolver do que os anteriores. A ganância é tema recorrente nas obras do autor e poucos tecem críticas tão mordazes quanto ele. O filme ainda se destaca por levantar algumas pautas do movimento feminista já amplamente em voga na época, entre elas o culto exagerado ao corpo. Enfim, é um filme com uma boa carga dramática, sensível para questões sociais e conjugais, com uma boa dose autobiográfica e ainda conta com Elizabeth Taylor no elenco atuando maravilhosamente bem!
2001 é provavelmente um dos filmes mais controversos de todos os tempos. Eu simplesmente adoro, seja pelas icônicas cenas e cortes de milhares de anos de Kubrick, seja pela presença da inteligência artificial mais humana de toda a ficção científica personificada no supercomputador HAL9000 (sim! tenho arrepios naquela cena lá) ou pelo seu final enigmático, enebriante e inconclusivo. Aproveitei para rever após ter lido o livro de Arthur C. Clarke e como parte da meta pessoal e a experiência continua causando um deslumbre estarrecedor em mim.
A trama se desenrola em três grandes partes não ligadas diretamente entre si, exceto pela presença do monolito. A fotografia e o design dos itens e cenários continuam modernos e com ares contemporâneos. O filme envelheceu bem e conserva válidos muitos dos conceitos sobre viagens espaciais, prevendo algumas das tecnologias que usamos cotidianamente.
A trilha sonora propicia dois sentimentos distintos e antagônicos. As faixas de Ligeki, sobretudo aquelas em que o monolito aparece causam desconforto e estranhamento e é bem o que sentiríamos diante de uma presença alienígena da qual nada sabemos. As trilhas de música clássica, inclusive a música tema de abertura e a valsa Danúbio Azul, nos fazem sentir diante de coisas verdadeiramente grandiosas e não consigo pensar em nenhum feito humano que se compare com a exploração espacial neste quesito,
Certamente não é um filme que termina nos créditos. É preciso alguns minutos de reflexão para entender o desfecho e pode ser que ele continue sendo incompreensível. Talvez essa seja a grande lição de 2001, tal qual os hominídeos do início, mal fazemos ideia do que nos cerca na imensidão do espaço e o “desconhecido” é o nosso grande e velho conhecido desde sempre. Sem dúvidas uma obra de arte atemporal e que merece ser vista e apreciada várias vezes ao longo da vida.
É um filme emocionante não apenas pelo drama perpetrado pelo naufrágio mas também pelo desenvolvimento de uma autêntica e inusitada relação entre um garoto e um tigre a deriva em pleno oceano. O final catártico e comovente deixou meus olhos marejados. A linha entre ficção e realidade é tênue e somos incapazes de perceber onde a história perde verossimilhança e adentra a fantasia. Cumpre o papel como filme de drama e de aventura com maestria. Desnecessário comentar a fotografia exuberante, com tomadas da superfície oceânica se confundindo com o céu que me encheram os olhos e as belezas coloridas vistas por Pi enquanto esteve a deriva. O único ponto que me incomodou foi o forte discurso gnosticista, mas mesmo ele é pode ser bem encarado considerando o histórico do personagem principal e a experiência pela qual ele passou.
A adaptação de Perdido em Marte para o cinema ficou impecável. O filme complementa perfeitamente o livro numa trama envolvente e que alterna de maneira estonteante cenas de drama e de bom humor. A fotografia, sobretudo nas tomadas "externas em Marte", é deslumbrante. Souberam aproveitar muito bem os núcleos de personagens da nave Ares e da equipe da Nasa em Terra. Mark continua sarcástico e brincalhão mas também vemos o seu lado humano aflorar ao se irritar, ao experimentar a "magnifica desolação" de estar sozinho em outro planeta, ao perder as esperanças e ao tentar e tentar e tentar novamente... Minha cena favorita está lá e o impacto foi o mesmo do que tive ao ler o livro. Aliás momentos de me fazer perder o folego foram o que não faltaram! Como entusiasta da pesquisa e exploração espacial, Perdido em Marte foi um verdadeiro deleite visual! E que trilha sonora gostosinha! Só disco music dos anos 1970! Abba, Donna Summer, Bowie... A comandante Lewis tem muito bom gosto sim, Watney! Que escolha excelente de por I Will Survive para tocar nos créditos! Precisava dizer!
Casablanca me surpreendeu. É um drama romântico com um charme nostálgico daquela época. Mesmo lidando com algumas consequências da segunda guerra, o foco fica num problema local e em personagens civis. Diria que há até uma certa leveza em sua trama, talvez pela atmosfera boêmia e amigável encontrada no Bar do Rick onde a maior parte dos eventos se desenvolve. Sam interpretando "As Time Goes By" é de arrepiar! Mais uma música inesquecível para levar para a vida, bem como Paris de Rick e Ilsa. Atuação impecável, diálogos memoráveis, drama e reviravoltas surpreendentes. É merecidamente um clássico e obrigatório para qualquer amante de cinema e bons filmes.
Filme simples mas que retrata a infância e o cotidiano de duas simpáticas garotinhas de uma forma leve e sensível. A trilha é uma delicia e casa muito bem com cada cena da animação que também é muito bem feita. Destaque para as aparições de Totoro e o GatoBus! Vou dormir mais leve após assistir. =)
A Forma da Água
3.9 2,7KTalvez o maior mérito de A Forma da Água seja a sua sensibilidade aguçada. O amor, tal como a água, preenchendo os espaços vazios na vida e no apartamento de Elisa foram uma das experiências cinematográficas mais gratificantes que tive nos últimos tempos. Uma das coisas que mais me atraem em filmes de fantasia é de como esse gênero serve de metáfora para falar com outras nuances da realidade. Parece que fico mais aberto e disposto a sentir e discutir internamente os temas retratados neles do quê quando assisto a um drama realista por exemplo e aqui, embora os temas não sejam nada novos ou inéditos isto foi o suficiente para me cativar duma maneira que raramente acontece. No filme, a solidão, a rotina apática, a incapacidade de se fazer entender e de se comunicar, a descoberta de um sentimento puro e genuíno que não seria em hipótese alguma bem visto, bem como do ímpeto irrefreável de agir, não importando quais as consequências pelo bem estar do outro ressoaram em mim duma maneira catártica e avassaladora. Eu de fato me vi em Elisa e me vi na Criatura!
Dispensam comentários a fotografia, em lindos e deslumbrantes tons de verde-azulado, a cenografia impecável e os figurinos primorosos da década de 1960, época que também serve de fonte para a excelente trilha sonora e quão não foi minha surpresa ao ouvir Carmen Miranda ali. Guillermo del Toro entrega bem mais do que uma fábula aos moldes de A Bela e a Fera, avançando em águas profundas no que diz respeito àquilo que nos torna humanos e nos faz, nem que seja por alguns instantes, até que as chuvas encham as docas, seres verdadeiramente únicos e especiais.
Tropicália
4.1 289Documentário para lá de interessante sobre um dos movimentos musicais mais importantes e influentes da história do Brasil recente. Caetano Veloso, Gilberto Gil e Os Mutantes, precursores e expoentes do tropicalismo, ganham destaque em tela e me surpreendi com o quanto eu sequer imaginava de como eles e a arte que produziram na época foram importantes como refúgios da liberdade de pensamento numa época em que a repressão das ideias através da censura se impunha como bastião moralizador da cultura. Só não consegui gostar muito da edição, por vezes bagunçada e estridente demais, mas entendo que isso se deve em parte por reunir material audiovisual de fontes diversas e bastante antigo. Mas fora isso ele cumpre o papel de informar, apresentar novos e variados pontos de vista e de quebra me deixou muito interessado na discografia dos artistas e na produção cultural do período.
O Poder de Diane
3.4 21O Poder de Diane é um drama nu e cru sobre uma jovem que aceita ser barriga de aluguel para os amigos gays, mas que vê as coisas complicarem quando de repente se vê apaixonada pelo seu eletricista. Temas como propriedades sobre o corpo, feminismo, homofobia e os novos arranjos familiares marcam presença, duma duma forma positiva, mas sem floreios de romantismo. O humor de Diane é a cereja do bolo, numa atuação magnífica e emocionante de Clotilde Hesme! Chorei com a última cena!
A Raposa Má
3.8 23A Raposa Má éuma animação deliciosa com animais que toca em temas como a maternidade, educação dos filhos, amadurecimento e os novos arranjos familiares. Divertidíssimo e com o plus de trazer três histórias diferentes. Me identifiquei mais do que deveria com o Lobo, adorei o grupo de Extermínio das Galinhas, mas a estrela é mesmo a Raposa!
Nos Vemos no Paraíso
4.0 52 Assista AgoraNada me satisfaz mais do que uma história bem contada e este filme é isso e muito mais!
Tecnicamente é impecável, do figurino de época à fotografia, passando pelos cenários magníficos e pelas tomadas bem feitas (a cena em plano sequência do cão nas trincheiras na abertura) ao roteiro bem amarrado (narrativa em moldura) além das atuações cativantes, ora divertidas e ora arrebatadoras (quanta expressividade de Nahuel Pérez Biscayart com apenas grunhidos, quanto carisma por parte de Albert Dupontel)! Seja pela história de amizade entre os protagonistas e a garotinha com quem passam a conviver, seja pela redenção do artista tratado com desdém pelo pai ou pela oposição da beleza que ele cria versus as feridas que traz no rosto e na alma ou simplesmente pela sensação de justiça sendo feita, Nos Vemos no Paraíso, não é outra coisa senão Arte, um filme daqueles em que é difícil conter a vontade de levantar da poltrona e aplaudir de pé ao final!
Seu Nome
4.5 1,4K Assista AgoraAlguns elementos se repetem na filmografia do Makoto Shinkai, mas acho que aqui ele finalmente pode contar uma história por completo no devido tempo. Os filmes anteriores, principalmente 5 Centímetros por Segundo, sempre me pareceram corridos e até inconclusos. Já em Your Name a história simples funciona muito bem, apesar duma certa confusão até entendermos as diferenças cronológicas entre os tempos dos protagonistas, mas tudo o mais é construído e desenvolvido de forma sublime até culminar num momento catártico ao final explodindo em música no qual não tive alternativa a não ser chorar emocionado. É esteticamente maravilhoso, musicalmente poderoso e profundamente tocante em sua simplicidade sincera! Virou favorito!
A Última Noite de Boris Grushenko
4.0 218 Assista AgoraUma comédia divertida, que me arrancou risadas como em tempos não acontecia com um humor satírico bastante evidenciado e inteligentemente construído! A dinâmica entre o casal principal. Boris e Sonja, e e seus diálogos filosóficos envolvendo a existência ou não de Deus, a moralidade do crime de assassinato e a problemática do amor, vida e morte foram as partes que mais me agradaram e divertiram, mas isso é apenas parte do filme e deu para perceber aqui de onde vêm a fama e a aura de genialidade atribuídas a Woody Allen, sem dúvidas um ator e diretor brilhante! Se não me falha a memória é meu primeiro contato com uma obra dele e estou fascinado, assisti durante a mostra #WoodyAllenNoCine organizada pelo canal Futura e me despertou o interesse em conhecer mais da longa filmografia do diretor!
Se Meu Apartamento Falasse
4.3 422 Assista AgoraQue filme maravilhoso! É o primeiro do Billy Wilder que assisto, acompanhando a mostra especial #BillyWildernoCine promovida pelo Canal Futura no Cine Conhecimento e fiquei fascinado com a genialidade do diretor!
Com doses certeiras de comédia e drama, o filme tanto diverte quando emociona em sua trama cuja complexidade cresce a cada nova cena desencadeada quase sempre pelas trapalhadas do protagonista. Não faltaram momentos em que eu achei que aquilo tudo teria um desenlace certeiro com tantas pontas soltas e aí sou surpreendido com um desfecho brilhante, com direito até a um sustinho que me fez levantar do sofá exclamando "ah nãoo… :O"!
O filme trabalha o tema do assédio moral em ambientes de trabalho, ao passo que mostra um pouco da eferverscência econômica e dos anseios sociais dos EUA no pós-guerra. A dublagem excelente foi outra boa surpresa e o filme traz diálogos memoráveis com frases tão certeiras que certamente vou levar para a vida. É um clássico de muito bom gosto que eu recomendaria para qualquer pessoa.
A Última Vez Que Vi Paris
3.5 14 Assista AgoraFicou ainda melhor por eu conhecer um pouco da biografia de F. Scott Fitzgerald, autor do conto Babilon Revisited no qual o roteiro deste filme foi inspirado. Impossível separar Fitzgerald de seus personagens e não traçar paralelos entre a vida de ambos: o escritor decadente, o relacionamento problemático com a esposa, a separação e a instabilidade financeira ganham outros contornos
O filme mostra como o dinheiro nem sempre é a melhor solução para todos os problemas, às vezes desencadeando outros não previstos tão ou mais complexos de se resolver do que os anteriores. A ganância é tema recorrente nas obras do autor e poucos tecem críticas tão mordazes quanto ele. O filme ainda se destaca por levantar algumas pautas do movimento feminista já amplamente em voga na época, entre elas o culto exagerado ao corpo. Enfim, é um filme com uma boa carga dramática, sensível para questões sociais e conjugais, com uma boa dose autobiográfica e ainda conta com Elizabeth Taylor no elenco atuando maravilhosamente bem!
2001: Uma Odisseia no Espaço
4.2 2,4K Assista Agora2001 é provavelmente um dos filmes mais controversos de todos os tempos. Eu simplesmente adoro, seja pelas icônicas cenas e cortes de milhares de anos de Kubrick, seja pela presença da inteligência artificial mais humana de toda a ficção científica personificada no supercomputador HAL9000 (sim! tenho arrepios naquela cena lá) ou pelo seu final enigmático, enebriante e inconclusivo. Aproveitei para rever após ter lido o livro de Arthur C. Clarke e como parte da meta pessoal e a experiência continua causando um deslumbre estarrecedor em mim.
A trama se desenrola em três grandes partes não ligadas diretamente entre si, exceto pela presença do monolito. A fotografia e o design dos itens e cenários continuam modernos e com ares contemporâneos. O filme envelheceu bem e conserva válidos muitos dos conceitos sobre viagens espaciais, prevendo algumas das tecnologias que usamos cotidianamente.
A trilha sonora propicia dois sentimentos distintos e antagônicos. As faixas de Ligeki, sobretudo aquelas em que o monolito aparece causam desconforto e estranhamento e é bem o que sentiríamos diante de uma presença alienígena da qual nada sabemos. As trilhas de música clássica, inclusive a música tema de abertura e a valsa Danúbio Azul, nos fazem sentir diante de coisas verdadeiramente grandiosas e não consigo pensar em nenhum feito humano que se compare com a exploração espacial neste quesito,
Certamente não é um filme que termina nos créditos. É preciso alguns minutos de reflexão para entender o desfecho e pode ser que ele continue sendo incompreensível. Talvez essa seja a grande lição de 2001, tal qual os hominídeos do início, mal fazemos ideia do que nos cerca na imensidão do espaço e o “desconhecido” é o nosso grande e velho conhecido desde sempre. Sem dúvidas uma obra de arte atemporal e que merece ser vista e apreciada várias vezes ao longo da vida.
As Aventuras de Pi
3.9 4,4KÉ um filme emocionante não apenas pelo drama perpetrado pelo naufrágio mas também pelo desenvolvimento de uma autêntica e inusitada relação entre um garoto e um tigre a deriva em pleno oceano. O final catártico e comovente deixou meus olhos marejados. A linha entre ficção e realidade é tênue e somos incapazes de perceber onde a história perde verossimilhança e adentra a fantasia. Cumpre o papel como filme de drama e de aventura com maestria. Desnecessário comentar a fotografia exuberante, com tomadas da superfície oceânica se confundindo com o céu que me encheram os olhos e as belezas coloridas vistas por Pi enquanto esteve a deriva. O único ponto que me incomodou foi o forte discurso gnosticista, mas mesmo ele é pode ser bem encarado considerando o histórico do personagem principal e a experiência pela qual ele passou.
Perdido em Marte
4.0 2,3K Assista AgoraA adaptação de Perdido em Marte para o cinema ficou impecável. O filme complementa perfeitamente o livro numa trama envolvente e que alterna de maneira estonteante cenas de drama e de bom humor.
A fotografia, sobretudo nas tomadas "externas em Marte", é deslumbrante. Souberam aproveitar muito bem os núcleos de personagens da nave Ares e da equipe da Nasa em Terra. Mark continua sarcástico e brincalhão mas também vemos o seu lado humano aflorar ao se irritar, ao experimentar a "magnifica desolação" de estar sozinho em outro planeta, ao perder as esperanças e ao tentar e tentar e tentar novamente... Minha cena favorita está lá e o impacto foi o mesmo do que tive ao ler o livro. Aliás momentos de me fazer perder o folego foram o que não faltaram! Como entusiasta da pesquisa e exploração espacial, Perdido em Marte foi um verdadeiro deleite visual!
E que trilha sonora gostosinha! Só disco music dos anos 1970! Abba, Donna Summer, Bowie... A comandante Lewis tem muito bom gosto sim, Watney! Que escolha excelente de por I Will Survive para tocar nos créditos! Precisava dizer!
Casablanca
4.3 1,0K Assista AgoraCasablanca me surpreendeu. É um drama romântico com um charme nostálgico daquela época. Mesmo lidando com algumas consequências da segunda guerra, o foco fica num problema local e em personagens civis. Diria que há até uma certa leveza em sua trama, talvez pela atmosfera boêmia e amigável encontrada no Bar do Rick onde a maior parte dos eventos se desenvolve. Sam interpretando "As Time Goes By" é de arrepiar! Mais uma música inesquecível para levar para a vida, bem como Paris de Rick e Ilsa. Atuação impecável, diálogos memoráveis, drama e reviravoltas surpreendentes. É merecidamente um clássico e obrigatório para qualquer amante de cinema e bons filmes.
Meu Amigo Totoro
4.3 1,3K Assista AgoraFilme simples mas que retrata a infância e o cotidiano de duas simpáticas garotinhas de uma forma leve e sensível. A trilha é uma delicia e casa muito bem com cada cena da animação que também é muito bem feita. Destaque para as aparições de Totoro e o GatoBus! Vou dormir mais leve após assistir. =)