Fui pra esse filme com uma expectativa enorme. Tentei ver na Mostra de SP mas os ingressos estavam esgotados, já que era um dos mais falados pelo prêmio em Cannes.. e o trailer me conquistou completamente. Toda essa antecipação é uma das piores coisas que podem acontecer ao se ver um filme. Entretanto, na espera, vi Força Maior do diretor e entendi um pouco do estilo dele. Ele brinca com o comum, com o usual, como é dito em algum momento no início do filme, enquadra-se e se expõe em um museu de arte moderna e contemporânea as coisas banais do cotidiano, e assim todo um novo significado pode ser atribuído a elas. Acho que o filme segue essa premissa. De cara, parece ser meio desconexo e sem um propósito específico. É longo e poderia cair na categoria de arrastado, mas talvez o público que está criando um gosto a partir de block busters rápidos e com roteiro mastigado precise de um filme desses, no qual você termina com uma sensação de "mas é só isso?" e depois continua refletindo sobre o que viu, quais os questionamentos que o filme levanta e quais respostas são possíveis.
Um filme atual que traz de volta a contemplação e a calma de filmes pré-super heróis. Takes longos (as vezes planos sequência bem grandes mas que quase não se nota pela simplicidade e fluxo da cena), atuações naturais e um roteiro básico foram os elementos que mais me chamaram a atenção. Comparando com outros "filmes do oscar" que ando vendo, ele se limitou a explorar a fundo e introspectivamente basicamente um assunto: a sexualidade de um adolescente. Outros longas se esforçam para colocar milhões de questionamentos sobre tudo que pode ser pertinente hoje em dia e acabam se perdendo na ânsia de mexer em todas as feridas, enquanto Call Me By Your Name chama por simplicidade, mas nem por isso menos densa ou importante.
Um filme com personagens complexas e que demonstram muitos tons de cinza fora o preto e branco que aparece em diversas produções. Um roteiro duramente realista e que toca em vários assuntos pertinentes atualmente, desde racismo e violência policial até machismo, violência doméstica ou como lidar com uma doença terminal. A protagonista feminina forte é outro ponto positivo do longa, e ela também, em seu desespero por justiça, acaba seguindo caminhos tortuosos. Tudo isso daria um filme incrível, como realmente foi Três Anúncios Para um Crime, não fosse um detalhe que me incomodou profundamente, e que ainda estou refletindo sobre:
Dixon, o policial racista, homofóbico, incompetente e infantil se torna o heroi perto do final do longa. O processo que o martiriza, mas não justifica tudo o que ele já fez (desde a cena que vemos o espancamento do publicitário até as alusões de que torturar 'pessoas de cor' é algo normal no cargo dele) me parece, indo em oposição aos questionamentos que o filme traz, perdoar tais atitudes. Pensei se isso tudo seria um processo de transformação do personagem, se após ler a carta de Willoughby ele finalmente se sensibilizou... Talvez se tivéssemos um aprofundamento maior em seu personagem seria possível percebermos uma mudança tão profunda no caráter tão enraizado dele... Mas não tivemos esse espaço devido às diversas discussões que o filme propõe e faz pertinentes
. De qualquer forma, é um bom filme. Não tão bom para tantas indicações ao oscar e tantas premiações no bafta, mas bom. Ah, se tem um prêmio merecido é de melhor atuação para Frances McDormand, claro!
Meu segundo Tarkovski, que fui ver com 2001 na cabeça graças às intermináveis comparações.. O que me deixou com uma expectativa muito alta e buscando algo que me lembrasse a outra obra, mas que apesar de ambas serem profundamente filosóficas, em termos de grandiosidade audiovisual Kubrick está muito a frente (provavelmente devido à sua situação totalmente diferente daquela onde o diretor russo estava inserido, como foi comentado abaixo) Mesmo assim, é um filme muito poderoso e que consegue deixar o espectador angustiado frente ao que se passa e aos questionamentos feitos. A utilização de diferentes cores ao longo do filme foi para mim um dos pontos altos, quando temos inicialmente entre o colorido e aquele cinza azulado de imagens de arquivo, depois sépia para algo nostálgico, preto e branco para sonhos ou delírios, até que tudo se confunde e não há uma separação clara, assim como o que acontece com a mente do protagonista quanto ao que é real ou não.
Exatamente por isso eu achei que o diretor deixaria o final dúbio, em aberto, quando ele "volta para casa". Na minha interpretação ele havia mesmo ficado em Solaris, ainda mais depois de Sísifo ser citado e eu me lembrar de A. Camus dizendo que mesmo em tal situação devemos criar algo que nos faça continuar e sorrir... Dessa forma, ainda mais pelo andar filosófico que todo o filme trazia, achei desnecessário nos entregar o desfecho.
Isso, porém, não tira a importância de toda a problemática acerca da humanidade desenvolvida por todo o filme.
Saí de "A Forma da Água" e fui correndo ver! Impressionante como alguns clássicos tem impacto até hoje, e como são profundas as diferenças entre a única mulher donzela em perigo e a protagonista muda e faxineira que é extremamente bem construída e é a essência da trama de del Toro É por isso que eu adoro cinema hahaha
Não me lembro onde eu ouvi, mas parece que o padrão dos filmes está tão baixo que quando temos um longa que é redondinho e bem feito como A Forma da Água, pensa-se ser uma obra prima. Realmente, é um belo filme com fotografia, som, trilha sonora e até atuações muito boas, mas acho que ganhar e ser indicado para tantos prêmios só demonstra a mediocridade do cinema atual. O que vemos aqui deveria ser o padrão, e não o destaque! Entretanto, o estabelecimento temporal do filme é impecável. Como gostam de dizer por ai, somos transportados para outro período quando assistimos, pelo figurino, os ambientes (como aquele cinema enooorme), as músicas, os filmes e séries e os anúncios comerciais. A produção foi bem cuidadosa nesses aspectos e merece atenção. O plot, por outro lado, que poderia tomar caminhos infinitamente criativos, nos dá soluções fáceis que faz as cenas que deveriam ser dramáticas ficarem rasas, já que não temos nada a perder
(por exemplo a obviedade da ineficácia dos tiros ao final, quando já sabemos dos poderes de cura da Forma...)
Enfim, é um filme bom, mas não tão bom. É uma pena que tome tanto espaço nas premiações, uma vez que na minha concepção, deveria ser apenas mais um dos filmes ok, deixando espaço para aqueles que são realmente, inacreditavelmente, excelentes.
Esse filme e o episódio do show me what you got de rick and morty foram as melhores críticas às religiões que eu já vi na vida, de formas hilárias hahaha
Fazia tempo que eu não via um filme explorar um assunto tão batido com tanta sensibilidade e com uma execução tão boa. O plot é o mais simples possível, mas (e até talvez por isso) abre a possibilidade de se explorar conceitos que nunca poderão ser observados na prática, como por exemplo a questão do tempo. Com uma fluidez que inicialmente não existia - inclusive eu estava quase encaixando o longa na infame categoria dos lenta-metragens - o diretor consegue mostrar, na medida do possível, o tempo como uma dimensão e uma força que está além dos homens, vivos ou mortos. Todo o visual vintage e talvez até hipster do filme ajuda muito na ambientação. A representação do fantasma que criou a identidade visual do filme em posteres e cartazes foi uma sacada genial, uma vez que filmes normalmente tratam essa questão em dois extremos: ou utilizam os próprios atores e simplesmente dizem que eles são um fantasma, ou são seres completamente fora do espectro do normal. Mesmo através dos panos brancos podemos notar os sentimentos que o contexto pede, e até talvez por causa deles o espectador consiga pintar a sua própria imagem naquela situação, criando assim um laço de empatia em uma situação completamente esdrúxula e inconcebível... Enfim, foi uma grata surpresa, ouvi pessoas falarem que tinham gostado e fui atrás e também recomendo. Não é o melhor filme do universo, mas com certeza impacta pelo seu estilo e por alguns questionamentos que provoca, mesmo que, na minha opinião, alguns deles poderiam ter sido mais explorados - mesmo que para nos deixar com mais crises existenciais após assistir ao filme
Foi meu último de 18 filmes em uma semana de Mostra de SP. Dentre eles, vi muito do que trata esse filme: mulheres sendo subjugadas, usadas, reprimidas ou violentadas fisica e psicologicamente. Isso diz muito sobre os tempos em que vivemos, e devemos abrir os olhos para tais questões, sendo que a produção de países tão diversos (dentre eles Espanha, França, Bélgica e agora Geórgia por exemplo) teve como um de seus focos, esse ano, essa temática pesadíssima porém, infelizmente, realista. Para além de tudo isso, é um belo filme! Não conhecia a produção da Geórgia e esse mostrou o talento que existe por lá, assim como a sutileza e densidade ao tratar de assuntos importantes
Belo filme! Me deu um respiro dos filmes pesadíssimos (porém muito bons!) que andei vendo na Mostra de SP... Me lembrou muito Pequenas Margaridas, se gostou desse, procure! Adoro essas brincadeiras com o cinema em si, como esticar ou minimizar o aspect ratio, jogar animações ou stop motion no meio, fazer coisas inesperadas e aparentemente sem nexo narrativo mas que ao final formam um belo filme... Enfim, me pareceu bem experimental e bem descompromissado, apesar de tocar a todo momento em assuntos delicados como sexualidade, tradições ou a questão da imigração e xenofobia, tão latentes hoje em dia.
Drama como só os italianos sabem fazer! O diretor Andrea de Sica, neto do lendário Vittorio de Sica estreia com grande beleza estética e questionamentos agridoces acerca da adolescência, focando nos garotos de um internato a partir de sua própria experiência,
Tenho certeza que teria gostado mais se as pessoas da minha sessão no cinema tivessem comprado a entrada para aproveitar o filme como era meu objetivo. Fui ver uma distopia num futuro próximo e foram essas pessoas que me fizeram perder a fé na humanidade...
Quando eu for rever penso mais sobre e escrevo um comentário à altura...
Se você conseguir interpretar as metáforas e alegorias, vai ser um filmaço. Se não conseguir, vai ser um pesadelo (literalmente, e muito bem feito). Nessa segunda opção, é uma montanha russa e por isso também vai ser um filmaço.
Como é retratado no filme - e como realmente acontece nas sessões em que ele é exibido - existem mensagens a serem interpretadas, e quando não o são é gerada a frustração e a raiva, criando um pesadelo
Como filmar sentimentos. O filme é sobre isso, emoções, aquelas coisas que sentimos e que não sabemos muito bem como expressar, ou como dizer o que são. É o que Dolan tenta passar nesse filme esteticamente lindo e sensivelmente profundo. O diretor mescla uma linguagem crua e técnica como a do documentário, muito pé no chão; e aquela metafórica, como as cenas de sexo (com conversas pré e pós o ato) com as luzes monocromáticas. Inclusive, as cores foram muito bem utilizadas como elemento narrativo, para além do puramente estético Subjetivo como é, acho que o filme sobressai às criticas ao roteiro, uma vez que a sua bagagem emocional com relação à relacionamentos é um elemento muito importante para o impacto que o filme terá em você (assim como 500 dias com ela, por exemplo)
Fellini sempre agridoce. Filme lindo, ainda mais com a trilha essencial de Nino Rota! Aliás, a atuação de Masina foi uma das mais sinceras que já vi na vida...
E que viagem! Mais um motivo para amar Scorsese. Dá pra ver quanto amor ele tem pelo cinema, como ele foi importante na sua vida o tempo todo (o tempo todo MESMO) e como ele fica feliz em tentar passar essa experiência pra um público muito amplo, admiradores dele próprio e do magnífico cinema italiano. Fico orgulhoso demais de ser cinéfilo nessas horas hahah :)
The Square - A Arte da Discórdia
3.6 318 Assista AgoraFui pra esse filme com uma expectativa enorme. Tentei ver na Mostra de SP mas os ingressos estavam esgotados, já que era um dos mais falados pelo prêmio em Cannes.. e o trailer me conquistou completamente.
Toda essa antecipação é uma das piores coisas que podem acontecer ao se ver um filme. Entretanto, na espera, vi Força Maior do diretor e entendi um pouco do estilo dele. Ele brinca com o comum, com o usual, como é dito em algum momento no início do filme, enquadra-se e se expõe em um museu de arte moderna e contemporânea as coisas banais do cotidiano, e assim todo um novo significado pode ser atribuído a elas. Acho que o filme segue essa premissa.
De cara, parece ser meio desconexo e sem um propósito específico. É longo e poderia cair na categoria de arrastado, mas talvez o público que está criando um gosto a partir de block busters rápidos e com roteiro mastigado precise de um filme desses, no qual você termina com uma sensação de "mas é só isso?" e depois continua refletindo sobre o que viu, quais os questionamentos que o filme levanta e quais respostas são possíveis.
Me Chame Pelo Seu Nome
4.1 2,6K Assista AgoraUm filme atual que traz de volta a contemplação e a calma de filmes pré-super heróis. Takes longos (as vezes planos sequência bem grandes mas que quase não se nota pela simplicidade e fluxo da cena), atuações naturais e um roteiro básico foram os elementos que mais me chamaram a atenção.
Comparando com outros "filmes do oscar" que ando vendo, ele se limitou a explorar a fundo e introspectivamente basicamente um assunto: a sexualidade de um adolescente. Outros longas se esforçam para colocar milhões de questionamentos sobre tudo que pode ser pertinente hoje em dia e acabam se perdendo na ânsia de mexer em todas as feridas, enquanto Call Me By Your Name chama por simplicidade, mas nem por isso menos densa ou importante.
Três Anúncios Para um Crime
4.2 2,0K Assista AgoraUm filme com personagens complexas e que demonstram muitos tons de cinza fora o preto e branco que aparece em diversas produções. Um roteiro duramente realista e que toca em vários assuntos pertinentes atualmente, desde racismo e violência policial até machismo, violência doméstica ou como lidar com uma doença terminal. A protagonista feminina forte é outro ponto positivo do longa, e ela também, em seu desespero por justiça, acaba seguindo caminhos tortuosos.
Tudo isso daria um filme incrível, como realmente foi Três Anúncios Para um Crime, não fosse um detalhe que me incomodou profundamente, e que ainda estou refletindo sobre:
Dixon, o policial racista, homofóbico, incompetente e infantil se torna o heroi perto do final do longa. O processo que o martiriza, mas não justifica tudo o que ele já fez (desde a cena que vemos o espancamento do publicitário até as alusões de que torturar 'pessoas de cor' é algo normal no cargo dele) me parece, indo em oposição aos questionamentos que o filme traz, perdoar tais atitudes.
Pensei se isso tudo seria um processo de transformação do personagem, se após ler a carta de Willoughby ele finalmente se sensibilizou... Talvez se tivéssemos um aprofundamento maior em seu personagem seria possível percebermos uma mudança tão profunda no caráter tão enraizado dele... Mas não tivemos esse espaço devido às diversas discussões que o filme propõe e faz pertinentes
De qualquer forma, é um bom filme. Não tão bom para tantas indicações ao oscar e tantas premiações no bafta, mas bom. Ah, se tem um prêmio merecido é de melhor atuação para Frances McDormand, claro!
Solaris
4.2 369 Assista AgoraMeu segundo Tarkovski, que fui ver com 2001 na cabeça graças às intermináveis comparações.. O que me deixou com uma expectativa muito alta e buscando algo que me lembrasse a outra obra, mas que apesar de ambas serem profundamente filosóficas, em termos de grandiosidade audiovisual Kubrick está muito a frente (provavelmente devido à sua situação totalmente diferente daquela onde o diretor russo estava inserido, como foi comentado abaixo)
Mesmo assim, é um filme muito poderoso e que consegue deixar o espectador angustiado frente ao que se passa e aos questionamentos feitos.
A utilização de diferentes cores ao longo do filme foi para mim um dos pontos altos, quando temos inicialmente entre o colorido e aquele cinza azulado de imagens de arquivo, depois sépia para algo nostálgico, preto e branco para sonhos ou delírios, até que tudo se confunde e não há uma separação clara, assim como o que acontece com a mente do protagonista quanto ao que é real ou não.
Exatamente por isso eu achei que o diretor deixaria o final dúbio, em aberto, quando ele "volta para casa". Na minha interpretação ele havia mesmo ficado em Solaris, ainda mais depois de Sísifo ser citado e eu me lembrar de A. Camus dizendo que mesmo em tal situação devemos criar algo que nos faça continuar e sorrir... Dessa forma, ainda mais pelo andar filosófico que todo o filme trazia, achei desnecessário nos entregar o desfecho.
O Triunfo da Vontade
3.8 96 Assista AgoraComo documento histórico e cinematográfico é fantástico, mas como peça publicitária enaltecedora de ideais tão terríveis, é trágico...
O Monstro da Lagoa Negra
3.6 130Saí de "A Forma da Água" e fui correndo ver! Impressionante como alguns clássicos tem impacto até hoje, e como são profundas as diferenças entre a única mulher donzela em perigo e a protagonista muda e faxineira que é extremamente bem construída e é a essência da trama de del Toro
É por isso que eu adoro cinema hahaha
A Forma da Água
3.9 2,7KNão me lembro onde eu ouvi, mas parece que o padrão dos filmes está tão baixo que quando temos um longa que é redondinho e bem feito como A Forma da Água, pensa-se ser uma obra prima.
Realmente, é um belo filme com fotografia, som, trilha sonora e até atuações muito boas, mas acho que ganhar e ser indicado para tantos prêmios só demonstra a mediocridade do cinema atual. O que vemos aqui deveria ser o padrão, e não o destaque!
Entretanto, o estabelecimento temporal do filme é impecável. Como gostam de dizer por ai, somos transportados para outro período quando assistimos, pelo figurino, os ambientes (como aquele cinema enooorme), as músicas, os filmes e séries e os anúncios comerciais. A produção foi bem cuidadosa nesses aspectos e merece atenção.
O plot, por outro lado, que poderia tomar caminhos infinitamente criativos, nos dá soluções fáceis que faz as cenas que deveriam ser dramáticas ficarem rasas, já que não temos nada a perder
(por exemplo a obviedade da ineficácia dos tiros ao final, quando já sabemos dos poderes de cura da Forma...)
Enfim, é um filme bom, mas não tão bom. É uma pena que tome tanto espaço nas premiações, uma vez que na minha concepção, deveria ser apenas mais um dos filmes ok, deixando espaço para aqueles que são realmente, inacreditavelmente, excelentes.
Sully: O Herói do Rio Hudson
3.6 577 Assista AgoraPreferi a versão do Zemeckis
Festa da Salsicha
2.9 816 Assista AgoraEsse filme e o episódio do show me what you got de rick and morty foram as melhores críticas às religiões que eu já vi na vida, de formas hilárias hahaha
Sombras da Vida
3.8 1,3K Assista AgoraFazia tempo que eu não via um filme explorar um assunto tão batido com tanta sensibilidade e com uma execução tão boa. O plot é o mais simples possível, mas (e até talvez por isso) abre a possibilidade de se explorar conceitos que nunca poderão ser observados na prática, como por exemplo a questão do tempo.
Com uma fluidez que inicialmente não existia - inclusive eu estava quase encaixando o longa na infame categoria dos lenta-metragens - o diretor consegue mostrar, na medida do possível, o tempo como uma dimensão e uma força que está além dos homens, vivos ou mortos.
Todo o visual vintage e talvez até hipster do filme ajuda muito na ambientação. A representação do fantasma que criou a identidade visual do filme em posteres e cartazes foi uma sacada genial, uma vez que filmes normalmente tratam essa questão em dois extremos: ou utilizam os próprios atores e simplesmente dizem que eles são um fantasma, ou são seres completamente fora do espectro do normal.
Mesmo através dos panos brancos podemos notar os sentimentos que o contexto pede, e até talvez por causa deles o espectador consiga pintar a sua própria imagem naquela situação, criando assim um laço de empatia em uma situação completamente esdrúxula e inconcebível...
Enfim, foi uma grata surpresa, ouvi pessoas falarem que tinham gostado e fui atrás e também recomendo. Não é o melhor filme do universo, mas com certeza impacta pelo seu estilo e por alguns questionamentos que provoca, mesmo que, na minha opinião, alguns deles poderiam ter sido mais explorados - mesmo que para nos deixar com mais crises existenciais após assistir ao filme
Mãe!
4.0 3,9K Assista AgoraQue engraçado as pessoas pirando de novo com Mother! agora que saiu pra baixar hahaha
Scary Mother
3.7 5Foi meu último de 18 filmes em uma semana de Mostra de SP. Dentre eles, vi muito do que trata esse filme: mulheres sendo subjugadas, usadas, reprimidas ou violentadas fisica e psicologicamente.
Isso diz muito sobre os tempos em que vivemos, e devemos abrir os olhos para tais questões, sendo que a produção de países tão diversos (dentre eles Espanha, França, Bélgica e agora Geórgia por exemplo) teve como um de seus focos, esse ano, essa temática pesadíssima porém, infelizmente, realista.
Para além de tudo isso, é um belo filme! Não conhecia a produção da Geórgia e esse mostrou o talento que existe por lá, assim como a sutileza e densidade ao tratar de assuntos importantes
O Vento Sopra Onde Quer
2.7 3Belo filme! Me deu um respiro dos filmes pesadíssimos (porém muito bons!) que andei vendo na Mostra de SP...
Me lembrou muito Pequenas Margaridas, se gostou desse, procure! Adoro essas brincadeiras com o cinema em si, como esticar ou minimizar o aspect ratio, jogar animações ou stop motion no meio, fazer coisas inesperadas e aparentemente sem nexo narrativo mas que ao final formam um belo filme...
Enfim, me pareceu bem experimental e bem descompromissado, apesar de tocar a todo momento em assuntos delicados como sexualidade, tradições ou a questão da imigração e xenofobia, tão latentes hoje em dia.
Essa é Nossa Terra
3.7 5É tenso como os filmes que deveriam ser vistos como pessimistas cada vez mais estão parecendo realistas...
Apenas Morra
2.7 1Que loucura! Bela comédia de humor negro
Doce País
3.6 25E que comece a onda de Western Australiano! (por favor!!)
Dhogs
3.1 1 Assista AgoraFilme com cara de Mostra de SP! Muito bom!!
Crianças da Noite
3.3 1Drama como só os italianos sabem fazer!
O diretor Andrea de Sica, neto do lendário Vittorio de Sica estreia com grande beleza estética e questionamentos agridoces acerca da adolescência, focando nos garotos de um internato a partir de sua própria experiência,
quando um colega quase matou outro
Já quero mais produções dele!
Pororoca
3.9 23 Assista AgoraQue filme cru, realista e denso! Melhor progressão de personagem que eu já vi. O ator principal mereceu os prêmios que levou
Blade Runner 2049
4.0 1,7K Assista AgoraTenho certeza que teria gostado mais se as pessoas da minha sessão no cinema tivessem comprado a entrada para aproveitar o filme como era meu objetivo. Fui ver uma distopia num futuro próximo e foram essas pessoas que me fizeram perder a fé na humanidade...
Quando eu for rever penso mais sobre e escrevo um comentário à altura...
Mãe!
4.0 3,9K Assista AgoraSe você conseguir interpretar as metáforas e alegorias, vai ser um filmaço. Se não conseguir, vai ser um pesadelo (literalmente, e muito bem feito). Nessa segunda opção, é uma montanha russa e por isso também vai ser um filmaço.
Como é retratado no filme - e como realmente acontece nas sessões em que ele é exibido - existem mensagens a serem interpretadas, e quando não o são é gerada a frustração e a raiva, criando um pesadelo
Amores Imaginários
3.8 1,5KComo filmar sentimentos. O filme é sobre isso, emoções, aquelas coisas que sentimos e que não sabemos muito bem como expressar, ou como dizer o que são. É o que Dolan tenta passar nesse filme esteticamente lindo e sensivelmente profundo.
O diretor mescla uma linguagem crua e técnica como a do documentário, muito pé no chão; e aquela metafórica, como as cenas de sexo (com conversas pré e pós o ato) com as luzes monocromáticas. Inclusive, as cores foram muito bem utilizadas como elemento narrativo, para além do puramente estético
Subjetivo como é, acho que o filme sobressai às criticas ao roteiro, uma vez que a sua bagagem emocional com relação à relacionamentos é um elemento muito importante para o impacto que o filme terá em você (assim como 500 dias com ela, por exemplo)
(Aliás, e essa versão de Bang Bang?? apaixonado.)
Noites de Cabíria
4.5 381 Assista AgoraFellini sempre agridoce. Filme lindo, ainda mais com a trilha essencial de Nino Rota! Aliás, a atuação de Masina foi uma das mais sinceras que já vi na vida...
Minha Viagem à Itália
4.5 24E que viagem! Mais um motivo para amar Scorsese. Dá pra ver quanto amor ele tem pelo cinema, como ele foi importante na sua vida o tempo todo (o tempo todo MESMO) e como ele fica feliz em tentar passar essa experiência pra um público muito amplo, admiradores dele próprio e do magnífico cinema italiano.
Fico orgulhoso demais de ser cinéfilo nessas horas hahah :)